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Diocese de Roraima comemora 300 anos de Evangelização: “Uma sucessão de unções e entregas”

A diocese de Roraima celebrou no dia 19 de julho de 2025, fazendo memória da chegada dos primeiros missionários no ano 1725, 300 anos de evangelização. Um Jubileu que tem como tema: “300 anos de fidelidade e novos desafios numa Igreja sinodal”, que iniciou sua comemoração com uma caminhada até a catedral, onde foi recordada a história dos três séculos de missão evangelizadora. Memória da história vivida Na celebração eucarística, que contou com a presença das autoridades e de grande número de participantes, chegados das comunidades, áreas missionárias, paróquias, pastorais e movimentos, o bispo diocesano, dom Evaristo Spengler, fez memória da história vivida nessa igreja local, “escrita, sim, com suor, com perseguições, com superação, com busca de novos caminhos, com coragem e com doação”. O bispo ressaltou que “só foi possível esse caminho, porque os que vieram antes de nós firmaram-se na fé e na esperança. A fé em Jesus Cristo, anunciada pelos missionários, aqui se entrelaçou com as sementes do verbo, já plantadas no coração dos povos originários.  Esse anúncio fez germinar frutos de vida, de dignidade, de respeito e de justiça.” Tudo isso em uma terra, “enriquecida com a pluralidade de pessoas provenientes de tantos recantos”, onde “todos aqui foram acolhidos, irmanados pelo evangelho. O evangelho se fez história na vida do nosso povo”. Semente plantada Dom Evaristo Spengler destacou “três símbolos que iluminam nosso caminho: a semente que é plantada, o óleo que unge e o rio que corre.” Segundo o bispo, “a semente e os pés no chão são sinais da Igreja que caminha junto”. Ele disse que “a Igreja que se fixou em Roraima, chegou aqui muito simples, despojada, desprovida de recursos e com poucos missionários”, recordando a chegada de 9 carmelitas, que “trouxeram apenas uma semente a ser plantada: a boa notícia do Reino de Deus”.   Uma palavra que “ao longo dos séculos, germinou: em pequenas comunidades, em escolas de fé, em gestos de solidariedade, na luta pela vida, em lideranças para a Igreja e para a sociedade”, segundo o bispo. Ele sublinhou que a Igreja “dedicou-se à promoção humana, à saúde, à educação, à formação de profissionais, etc. A evangelização aqui nunca foi colonização! Foi inculturação, sempre encarnada no chão e na história do povo.” Uma Igreja que caminhou com o povo, “com os pés descalços nas estradas empoeiradas e enlameadas, com mãos calejadas construindo comunidades e com os braços fraternos acolhendo a todos.” Uma missão que continua hoje, “mantendo os pés firmes na luta pela justiça; trilhando com os pés enlameados onde a vida clama; caminhando com pés sinodais, para fortalecer a esperança.” Óleo que unge Falando do óleo, o bispo explicou que “a unção é um gesto do Espírito Santo. Deus unge seus profetas, seus discípulos, para curar, consolar, libertar os pobres e os cativos”, sublinhado que “esta unção não é privilégio de poucos, é de todos os batizados.” Nesse sentido, dom Evaristo Spengler definiu a evangelização em Roraima como “uma sucessão de unções e entregas”, citando os missionários e missionárias, as várias ordens e congregações, as mães indígenas, os catequistas, os agentes de pastoral. Uma unção que “continua viva e operante em nosso meio”, com “comunidades vivas, dinâmicas e comprometidas com o Evangelho”, que ele identificou com “uma Igreja toda ministerial”, onde “cada fiel descobre a sua vocação e assume com generosidade o serviço ao Reino”, mediante “serviços exercidos com fé e simplicidade”. O bispo fez um chamado a avançar “ainda mais nesse caminho de comunhão e corresponsabilidade”, colocando como desafios atuais “denunciar todas as formas de violência e agressão à vida; acolher os migrantes, o povo em situação de rua, os doentes, os prisioneiros; servir com as mãos estendidas às crianças, aos jovens, aos idosos e a todas as famílias”. Rio que corre Se referindo ao rio que corre, imagem do “Rio Branco, que atravessa todo o nosso Estado e também o nosso coração”, o bispo disse que “ele é testemunha da evangelização, caminho da missão, veia de vida para o nosso povo.” Nessa perspectiva, dom Evaristo Spengler ressaltou que “a evangelização aqui foi paciente como um rio, contornando obstáculos, gerando vida e esperança nas malocas, nas periferias, nos acampamentos, nas vicinais, nas cidades e suas periferias.” Ele definiu o rio como “sinal da presença de Deus que flui, purifica e dá vida”, uma imagem que chama a “ser como esse rio: livres, fecundos e em constante movimento.” Nesse sentido, “a missão que recebemos não pode ficar estagnada, nem presa ao medo ou ao comodismo”. “Agora é tempo de avançar com coragem, sem medo, com generosidade!”, disse o bispo de Roraima. Para isso, precisamos ser discípulos e discípulas com os pés no chão e o coração aberto. Discípulos que mergulhem com ousadia na missão. A missão não é tarefa de poucos. Não é só para os religiosos nem apenas para os ministros ordenados. Essa missão é tarefa de todos nós”, fazendo um chamado a não parar diante dos obstáculos, e sim “aprender a contorná-los, a enfrentá-los, ou, se necessário, a abrir novos caminhos.” Diante disso, dom Evaristo pediu aos presentes: “sejamos rios de esperança que fertilizam este chão amazônico com o Evangelho da vida!” Para manter esse rio, o caminho é dialogar com a sabedoria nesse mundo tão polarizado; proteger a Casa Comum, como guardiões da criação, segundo o bispo. Finalmente, dom Evaristo Spengler fez um chamado a “um novo Sim para Roraima”, destacando que “esta celebração não é apenas memória, é profecia e envio”. Para isso ele pediu ser “Semeadores do Reino, Ungidos pelo Espírito e como um Rio que leva esperança.” Ele pediu a intercessão de Nossa Senhora do Carmo, que acompanhou os primeiros missionários, para que “nos ensine a dizer ‘sim’ como ela.” Uma Igreja que cuida da vida, um convite recebido no momento final da celebração em que foram entregues 450 mudas de planta a cada uma das comunidades que conformam a diocese de Roraima. Fotos: Kayla Silva – Rádio Monte Roraima FM

Solidariedade do Regional Norte 1 da CNBB pela Páscoa de Pe. Orlando Barbosa

O Regional Norte 1 mostra sua solidariedade pela Páscoa de Pe. Orlando Gonçalves Barbosa, padre da arquidiocese de Manaus.

PL da Devastação é aprovado no Dia Nacional de Proteção às Florestas

Na madrugada desta quinta-feira (17/07), o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei n° 2.159/2021, Lei Geral do Licenciamento Ambiental, o PL da Devastação. Contrariando todo o discurso de protagonismo ambiental do Brasil, a Câmara de Deputados opta pelo enfraquecimento das leis ambientais do país. A decisão ocorre no dia em que o país celebra a importância da preservação das matas nacionais e internacionais. Esta opção, revela uma dinâmica de interesses e contraria às inúmeras frentes  de participação popular que buscam a mitigação dos efeitos na mudança do clima. O Paradigma ético do Cuidado com a Casa Comum Na carta encíclica Laudato Si’, sobre o Cuidado da Casa Comum, Papa Francisco expõe que os “poderes econômicos continuam a justificar o sistema mundial actual, onde predomina uma especulação e uma busca de receitas financeiras que tendem a ignorar todo o contexto e os efeitos sobre a dignidade humana e sobre o meio ambiente. Assim se manifesta como estão intimamente ligadas a degradação ambiental e a degradação humana e ética” Nossos representantes políticos partilham dessa mesma perspectiva, e a recente aprovação do novo Marco do Licenciamento Ambiental escancara a ideia de distanciamento entre homem e natureza e expõe a necessidade de refletirmos decisões pelo horizonte do cuidado, Francisco também explicita isso ao dizer que o “crescimento econômico tende a gerar automatismos e a homogeneizar, a fim de simplificar os processos e reduzir os custos.” E segue dizendo que “é necessária uma ecologia econômica, capaz de induzir a considerar a realidade de forma mais ampla. Com efeito, «a protecção do meio ambiente deverá constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não poderá ser considerada isoladamente».[114]” Diálogo e transparência O Brasil se prepara para Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro, onde estarão reunidos líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil para discutir as mudanças no clima.  Na encíclica, o papa reforça que “Se a informação objectiva leva a prever um dano grave e irreversível, mesmo que não haja uma comprovação indiscutível, seja o projecto que for deverá suspender-se ou modificar-se.” A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já havia se unido a diversas organizações da sociedade civil, movimentos sociais, comunidades tradicionais e povos originários para denunciar que o projeto desmonta mecanismos essenciais de controle e prevenção de danos socioambientais. A denúcia como dinâmica de cuidado É necessário retornamos ao cuidado, num resgaste ontológico, manifestando-o concretamente no cotidiano. Cuidado para com a cidade, com tudo, para com todos. De refletirmos o modo de ser ético que cuida. Ético porque se incorpora na emergência daquele que necessita. Hoje impera a dicotomia que divide a natureza e ser humano, floresta e cidade. E isto, é retirar da essência humana mais profunda: seu pertencimento ao ambiente natural. Francisco é claro ao convidar “a um debate honesto e transparente, para que as necessidades particulares ou as ideologias não lesem o bem comum” Este é o momento de acrescentar ao cuidado o posicionamento de denúncia, de confrotar as dinâmicas de morte, de enriquecer os processos educativos que permitam ao ser humano abandonar o sujeito de consumo, que submete tudo a uma uniformidade egoica e desgastante, e construir o sujeito ecológica capaz de reconhecer o todo nas partes e se reconhecer como parte do todo. O texto, aprovado com 267 votos, será enviado para análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pode sancionar ou vetar.

As taxas de Trump: Uma conta que sempre pagam os mais pobres

Uma das notícias que acaparam as manchetes nos últimos dias é a taxação que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem imposto sobre o Brasil. Aumentar em 50 por cento o preço dos produtos brasileiros no território estadunidense, uma prática que, com diversas porcentagens, também atinge outros países, tem consequências graves, que irão pagar os mais pobres, tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos. Intromissão na política interna Ainda mais surpreendente do que a medida são as motivações que estão atrás dessa decisão. Uma disposição que é uma intromissão na política interna do Brasil e que pretende defender interesses pessoais de um réu, para assim reverter as decisões da justiça brasileira. Uma atitude inaceitável para um país democrático, um sistema político que seria claramente prejudicado se o governo brasileiro aceitasse pressões externas. A Igreja católica, através de documentos como Populorum Progressio, uma encíclica do Papa Paulo VI, e Caritas in Veritate, encíclica do Papa Bento XVI, oferece uma perspectiva sobre o uso de taxas e seu impacto nos países em desenvolvimento e as populações. Taxas que também têm um forte impacto nas bolsas e no comercio internacional, provocando uma guerra comercial a grande escala que irá atingir a economia mundial, existindo a clara possibilidade de uma recessão econômica e de aumento dos preços dos produtos. Desenvolvimento das economias locais Paulo VI, em 1967, insistia em Populorum Progressio na importância de umas relações comerciais justas. De fato, a doutrina católica promove os preços justos nas relações comerciais para garantir que os países recebam ingressos suficientes para respeitar sua dignidade. Por sua vez, o Papa Bento XVI escrevia em 2009 na encíclica Caritas in Veritate, que as taxas são um problema que obstaculiza o desenvolvimento econômico dos países pobres. Ele defendia o desenvolvimento das economias locais, algo que se consegue na medida em que os produtos podem ser comercializados nos mercados do mundo, o que dificulta claramente a imposição de taxas. As atitudes colonialistas dos Estados Unidos com relação a América Central e América do Sul é algo evidente nos últimos cem anos. O país tem se intrometido militarmente, economicamente, religiosamente e culturalmente. A tentativa de dominação tem sido uma constante na política estadunidense, uma atitude que não pode ser aceita do ponto de vista moral. Defender interesses pessoais O cuidado daquilo que é comum a todos é uma dinâmica que não pode ser deixada de lado no exercício da política. Quando aqueles que exercem o poder executivo se deixam levar por interesses pessoais ou de grupos de poder, nos deparamos com personagens que estão traindo sua função primeira como governantes. Uma atitude que aparece como pano de fundo nas medidas adotadas pelo presidente estadunidense. No final das contas, a conta das decisões erradas dos que mandam é paga pelos mais pobres, que sofrem as consequências no bolso e no recorte dos direitos trabalhistas. Para quem tem muito, o sofrimento sempre é menor do que para aqueles que dependem do pouco que eles têm para garantir seu sustento e suas condições de vida. Mais um capítulo de uma história que se repete ao longo dos anos. Editorial Rádio Rio Mar

Muticom 2025 abre chamada de trabalhos acadêmicos sobre comunicação e ecologia integral

Mutirão de Comunicação será realizado em Manaus e recebe, até 20 de julho, resumos expandidos de pesquisas voltadas à comunicação, sustentabilidade e transformação social O 14º Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom 2025) está com chamada de trabalhos acadêmicos aberta para o evento, que acontecerá de 25 a 28 de setembro de 2025, no Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques, em Manaus (AM). O evento é promovido pela Comissão Episcopal para a Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e traz como tema central “Comunicação e Ecologia Integral: transformação e sustentabilidade justa”. A programação do Muticom será marcada por debates científicos e produção coletiva de conhecimento, com foco no papel da comunicação diante dos desafios socioambientais contemporâneos. A proposta metodológica do Muticom se organiza em Rios Temáticos, que são espaços formativos destinados à escuta, ao diálogo e à construção coletiva de saberes. É nesses rios que acontecerão as apresentações presenciais de comunicações acadêmicas, nos dias 26 e 27 de setembro de 2025, em formato de resumo expandido. Modalidade de submissão e temáticas Os interessados poderão submeter seus trabalhos na modalidade “Pesquisa que Transforma”, que contempla comunicações acadêmicas, em andamento ou já concluídas, que articulem teoria e prática no campo da comunicação ou em áreas afins. Os trabalhos devem estar vinculados a um dos 12 Rios Temáticos, que abrangem tópicos como: narrativas transmidiáticas, jornalismo ambiental, espiritualidade ecológica, ativismo digital, educomunicação, direito à informação, comunicação popular e saberes tradicionais. A lista completa dos rios e suas respectivas ementas está disponível na chamada oficial. Normas para submissão A submissão deverá ser feita por meio de resumo expandido (de 4 a 6 páginas), com texto formatado em fonte Times New Roman 12, espaçamento simples, conforme orientações disponíveis na chamada. Cada autor(a) poderá submeter até dois trabalhos, sendo um individual e outro em coautoria. Estudantes de graduação deverão obrigatoriamente submeter em coautoria com profissional formado. As submissões devem ser realizadas até o dia 20 de julho de 2025, via formulário disponível online:  FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO Benefícios aos aprovados Autores(as) com trabalhos aprovados terão isenção da taxa de inscrição e participação garantida no evento. Os resumos integrarão um e-book com ISBN, com lançamento e distribuição digital gratuita após o Muticom. Sobre o Muticom O Mutirão Brasileiro de Comunicação é realizado há mais de 50 anos e se consolidou como o principal espaço de articulação, formação e inovação no campo da comunicação eclesial no Brasil. A edição de 2025 será especialmente marcada pelo diálogo entre comunicação e ecologia integral, em memória aos 10 anos da encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco e em sintonia com os apelos do Papa Leão XIV por justiça ecológica, social e comunicacional. Cronograma da chamada de trabalhos: Informações Dúvidas devem ser encaminhadas para o e-mail:  ricardocalvarenga@gmail.com A íntegra da chamada, o edital, com normas detalhadas e temáticas dos rios, está disponível no link:  EDITAL – CHAMADA PARA ENVIO DE TRABALHOS Por Equipe Pedagógica – Muticom

Mensagem da Assembleia das CEBs de Tefé: “em saída, ao encontro dos pequenos e mais pobres”

No final da VI Assembleia das Comunidades Eclesial de Base da Prelazia de Tefé, realizada na paróquia São Joaquim de Alvarães, os participaram publicaram uma mensagem onde recolhem o vivenciado de 09 a 13 de julho.

Dom Altevir: “fortalecer as CEBs como espaço de compromisso com a justiça, com os pobres, com o Reino de Deus”

Uma Igreja que vive a alegria do Evangelho, com protagonismo laical e feminino. Uma Igreja onde a sinodalidade se concreta na escuta a todos e é vivenciada nas pequenas comunidades espalhadas na beira dos rios da região do Médio Solimões. Tudo isso apareceu na VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da Prelazia de Tefé, que acolheu a paróquia São Joaquim de Alvarães de 9 a 13 de julho. Aqueles que sustentam a vida das comunidades Mil participantes, dentre eles um bom número de jovens, mas também gente que tem vivido ao longo de décadas sua fé em comunidades distantes. Na prelazia de Tefé esse protagonismo laical se concretizou no grande número de catequistas, coordenadores de setor e tantos outros ministérios e serviços. Homens e mulheres que fizeram carne o Evangelho, que sustentaram a vida de fé das comunidades, diante do pouco número de presbíteros presentes nessa igreja local. O desafio diante de um momento tão importante e enriquecedor é levar o vivenciado, a alegria presente entre os participantes, de volta para as comunidades, segundo ressaltava o bispo local, dom José Altevir da Silva. Uma experiência, um modo de ser Igreja, que tem tocado o coração dos visitantes, segundo testemunhou o diretor das Pontifícias Obras Missionárias de Porto Rico, José Orlando Camacho Torres, padre espiritano, que já foi missionário na prelazia de Tefé. Ser cada vez mais uma Igreja sinodal em saída Um encontro que tem refletido sobre os caminhos a seguir como Igreja nos próximos anos, ser cada vez mais uma Igreja sinodal em saída, tema que guiou os passos da assembleia. Foram sugeridas algumas pistas de ação que serão incluídas nos caminhos que fazem parte do Plano Pastoral da prelazia de Tefé. Propostas com relação aos influenciadores digitais, que levem a implantar e fortalecer as equipes da Pastoral da Comunicação nas paróquias e comunidades tendo em conta a realidade local, incentivando a formação nesse âmbito e criando estratégias para ajudar na evangelização através das mídias sociais. A Igreja de Tefé pretende, no campo da ecologia integral buscar parcerias com órgãos públicos, chegar nas famílias como espaço de formação e conscientização sobre o cuidado da casa comum. Um trabalho a ser realizado também na catequese e com espaços de formação nas comunidades, criando uma Pastoral Ecológica que atue de forma transversal. Comunidades que em vista da fraternidade e a justiça social incentivem os mutirões, fortaleçam as ações de acolhida, com maior presença da Caritas para assim realizar ações concretas em parceria com as pastorais sociais. Em uma igreja local que tem vivido a missionariedade ao longo da história, a prelazia de Tefé busca avançar na formação para fortalecer a espiritualidade e criar oficinas para promover a união, promover e formar novas lideranças e trabalhar a Pastoral Vocacional, fazer visitas missionárias e gerar processos que vão além dos eventos. Uma Igreja que quer avançar na superação da polarização, incentivando o diálogo nas comunidades, fomentando a formação em fé e política, de modo especial entre a juventude, progredindo na sinodalidade, com seminários sobre essa temática para ajudar a construir pontes e não muros. Mulheres que sustentam a caminhada da Igreja A assembleia foi encerrada com uma caminhada nas ruas de Alvarães e uma Eucaristia de envio presidida pelo bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva. Ele iniciou sua homilia reconhecendo a importância das mulheres nas comunidades, mulheres que o bispo quer tenham cada vez mais presença nas instâncias de decisão da igreja local, “porque são elas que sustentam com a graça de Deus a caminhada da nossa igreja”. Uma celebração que encerrou dias de assembleia, onde “nós vivemos momentos de escuta, de comunhão, de partilha, e acima de tudo de renovação da esperança”, enfatizando que “o pobre vive da esperança, e nós vamos saindo daqui com esperança renovada”. A Palavra do Senhor está nas comunidades O bispo recordou que na primeira leitura do XV Domingo do Tempo Comum “o Senhor nos lembra que a sua palavra não está distante”, afirmando que ela está “no coração, nos lábios, na Amazônia profunda, nas comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas, nos rostos jovens e comprometidos que nós vimos durante esta assembleia. Junto com isso, a palavra do dia, na segunda leitura, quando diz que “Cristo é a imagem de Deus invisível”, isso nos mostra que “como comunidade, somos treinados a perdoar”. A exemplo do samaritano, o bispo fez um chamado a ser uma igreja que se compadece, que não passa longe, que abraça, a igreja da proximidade, uma igreja que se detém, que cuida e serve com a Igreja Samaritana. Por isso, o bispo disse que “saímos dessa assembleia como missionários cheios do Espírito, com o coração ardente, prontos para receber as comunidades que representamos, rostos jovens, laicais, rostos dos leigos e leigas, rostos tão diferentes”. Fé encarnada, luta pela justiça, cuidado da casa comum Uma assembleia que foi tecida pela beleza da diversidade e agora deve “levar as comunidades à fé encarnada, iluminada pela luta e em busca da justiça, da dignidade e do cuidado para nossa casa comum”. O bispo agradeceu o povo de Alvarães pela acolhida e aos participantes, especialmente aqueles que precisaram de 16 dias fora de casa para participar da assembleia, que disse ser testemunho de “amor à causa da vida”. Uma assembleia que mostrou que “o Espírito já está soprando novos ventos sobre a nossa missão”. O bispo pediu que “Nossa Senhora da Amazônia, nossa companheira na missão, nos acompanhe ao longo dos rios, florestas e cidades da Amazônia. Que sejamos samaritanos na Amazônia, sensíveis à dor, firmes na esperança ousados na profecia.” Para isso, “sigamos juntos, pois o reino de Deus está próximo, está entre nós, está em nós!” Um verdadeiro Pentecostes Uma assembleia que encerra “com o coração cheio de gratidão e alma renovada”, disse o bispo, que definiu os dias vividos como “um verdadeiro Pentecostes: o Espírito Santo soprou em nossas comunidades, renovando esperanças, reacendendo compromissos, fortalecendo laços”, disse dom Altevir no final da celebração. Ele destacou o caminho de preparação da assembleia…
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Assembleia das CEBs de Tefé se posiciona contra PL da Devastação

A VI Assembleia das Comunidades de Base da Prelazia de Tefé, que está realizada em Alvarães, com a participação de mil representantes das 14 paróquias e três áreas missionárias que fazem parte dessa prelazia, deu a conhecer uma carta onde faz um “Apelo pela Vida, pela Casa Comum e contra o PL da Devastação”. Grito de alerta, esperança e libertação O texto (leia aqui a carta completa) faz “ecoar um grito de alerta, esperança e de libertação, diante da iminente votação do Projeto de Lei 2.159/2021, conhecido como PL do Licenciamento Ambiental, o PL da Devastação, que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, e pode ser votado a qualquer momento.” Segundo os assinantes, “esse projeto representa uma grave ameaça à Casa Comum, pois pretende enfraquecer drasticamente o controle social e ambiental sobre grandes empreendimentos, permitindo a dispensa de licenciamento para atividades de alto impacto ambiental; o fracionamento dos processos, dificultando a avaliação real dos danos; a redução ou eliminação da consulta aos povos indígenas e comunidades tradicionais; o enfraquecimento dos órgãos ambientais, como o IBAMA e o ICMBio”. A carta rejeita “a lógica do lucro desenfreado que alimenta esse projeto. É a mesma lógica que desmata, polui, expulsa famílias, povos e comunidades, silencia vozes, envenena rios e destrói o futuro das gerações. O capital que tudo quer dominar despreza a floresta, os peixes, os povos e os sonhos.” Diante disso mostra a importância “dos saberes e cuidados tradicionais necessários para preservar e sustentar a existência.” Igualmente, o texto lembra o chamado do Papa Leão XIV em sua mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, em 2025: “num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das alterações climáticas, do desflorestamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade”. SIM à vida Igualmente, a carta se une à nota da CNBB sobre o PL do Licenciamento Ambiental, de maio de 2025. Os assinantes dizem “NÃO ao PL da Devastação”, e “SIM à vida, à floresta em pé, à pesca artesanal viva, às águas livres, aos territórios preservados, às culturas respeitadas, as terras indígenas e quilombos demarcadas, a cidade saudável e confortável, à espiritualidade enraizada no chão que é dom de Deus.” Igualmente, se critica “o modelo econômico dominante baseado na lógica da privatização da terra e das águas”, e a “engenharia política onde o congresso nacional brasileiro tem um papel de defesa dos interesses dos grupos econômicos em prejuízo dos territórios e das comunidades.” Diante disso, a carta conclama todo o povo brasileiro a “escutar o clamor da Amazônia e dos seus povos, para resistir ao retrocesso, e a assumir a conversão ecológica como caminho de fé e compromisso com a justiça”. Finalmente, os assinantes afirmam que “aceitar a destruição do meio ambiente e apoiar o PL da Devastação é trair o sonho de Deus para a humanidade”, e pedem “que os planos de Deus para a Casa Comum, planos de paz, beleza e cuidado, não sejam destruídos pela ganância de poucos em detrimento da dignidade de muitos”.

Fraternidade e Compromisso Social: Valores centrais na vida das CEBs

A Fraternidade como Caminho de Compromisso para a Justiça Social, inspirada na frase evangélica: “Vós sois todos irmãos”, tem sido tema de reflexão na VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da Prelazia de Tefé, que reúne em Alvarães mil representantes das 14 paróquias e três áreas missionárias da prelazia. Dignidade de todos e solidariedade“A fraternidade é um caminho essencial para a justiça social, pois ela implica em reconhecer a dignidade de todos e promover a solidariedade, o cuidado com o próximo e o respeito mútuo. Ao cultivar a fraternidade, criamos uma sociedade mais justa, igualitária e pacífica”, disse o padre Ademar Henriques, professor da Universidade Estadual do Amazonas. Um valor central, que “atua como um motor para a construção de uma sociedade mais justa”, que convida a “transcender as diferenças e a reconhecer a humanidade comum em todos, promovendo a solidariedade e o respeito mútuo”, segundo o assessor. Uma atitude que se manifesta em diversas esferas, que se concretiza na “ação social em prol de uma sociedade mais justa”, disse o padre Ademar. Mais do que um ideal, estamos diante de “um caminho concreto para a transformação social”, sustentado no cuidado e a igualdade, caminho de soluções para as desigualdades, de inclusão social e superação de preconceitos. O princípio da fraternidade é a liberdade, e se faz presente no amor ao próximo, a justiça social, a tolerância, a paz e a solidariedade. Daí a necessidade de cultivá-la e incentivá-la em todos os níveis. Acesso de todos a serviços básicos Ligado ao conceito de fraternidade está o conceito de justiça social, que busca reduzir desigualdades e garantir o acesso equitativo a recursos, direitos e oportunidades, promovendo uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todos têm acesso aos serviços básicos. Para avançar na justiça social se faz necessário avançar em equidade, igualdade, inclusão, respeito à diversidade, acesso à proteção social, reconhecimento e aplicação dos direitos humanos. Nessa conjuntura, o assessor questionou: “Qual a importância da justiça social em nossas comunidades?” Segundo o padre Ademar Henriques, a justiça social promove a coesão social, favorece a estabilidade social e prosperidade, a cidadania, a redução das desigualdades. Princípios e virtudes A partir da análise de Leonardo Boff, o assessor se referiu a quatro princípios e quatro virtudes. Entre os princípios está o cuidado, o respeito, a responsabilidade universal e a cooperação incondicional. Por sua vez, as virtudes são a hospitalidade, a convivência com o diferente, a tolerância e a comensalidade. Esses princípios e virtudes devem levar as comunidades a refletir sobre como eles se fazem presentes na vida das pessoas e da própria comunidade. Uma temática que deve levar as comunidades a “refletir sobre a fraternidade como compromisso social, levando em conta que todos nós somos irmãos. Todos nós temos as nossas diferenças, mas todos nós temos nossa igualdade. Todos nós temos o nosso cuidado, mas também nós temos as nossas responsabilidades”, segundo o assessor. O professor da Universidade Estadual do Amazonas vê isso como um caminho para que “em nossas comunidades a gente possa concatenar as ideias”, em vista de alcançar “uma linguagem universal, uma linguagem fraterna, uma linguagem onde o respeito a todos possa ser feito a partir do cuidado que eu possa ter com os meus irmãos”.

Dom Zenildo Lima: “As comunidades não podem ser igual casa de conjunto habitacional, todas iguais”

A missionariedade é uma dimensão fundamental na vida da Igreja, na vida das comunidades eclesiais de base. Na Amazônia, as CEBs são “um barco missionário que inclui todos e todas”, segundo o bispo auxiliar de Manaus e referencial das comunidades eclesiais de base no Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), dom Zenildo Lima. Uma reflexão presente na VI Assembleia das Comunidades Eclesial de Base da prelazia de Tefé, que se celebra na paróquia São Joaquim de Alvarães de 09 a 13 de julho, com a presença de mil representantes das 14 paróquias e 03 áreas missionárias em que se divide essa igreja local. A Igreja casa O bispo destacou a importância das imagens, seguindo o exemplo de Jesus, que se servia das parábolas, uma dinâmica presente na catequese da Igreja ao longo da história. Dom Zenildo Lima usou a imagem da casa para falar da Igreja, sustentada em quatro pilares, quatro esteios, nas casas de madeira da Amazônia: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. Dom Zenildo Lima refletiu sobre as experiências de vida que as pessoas vivem em suas casas, mas também nas comunidades. A casa como lugar de encontro, em volta da mesa, como local de encontros marcantes, como local onde vamos descobrindo nossa identidade. Nessa perspectiva, o bispo destacou a importância de as comunidades ter sua identidade, de recuperar a identidade de nossas comunidades, onde a gente tem que vivenciar a experiência de encontro amoroso, de encontro afetuoso. “As comunidades não podem ser igual casa de conjunto habitacional, todas iguais”, disse o bispo referencial das CEBs no Regional Norte 1. A Igreja barco Falando da Igreja como barco, dom Zenildo disse que “CEBs não pode ser barco de turismo, tem que ser barco de pesca”. Isso porque “um barco de pesca é simples, funcional, sempre em movimento. Carrega redes, instrumentos de trabalho e pescadores que conhecem a dureza das águas, mas também a alegria da pesca abundante”, segundo o bispo. Nessa perspectiva, ele definiu as CEBs como “comunidades que se reúnem para partilhar a Palavra, a Eucaristia, fortalecer a fé, discernir a vida e sair ao encontro dos irmãos e irmãs com gestos concretos de solidariedade, justiça e anúncio do Reino”. Frente a isso, “um barco de turismo é bonito, confortável, cheio de poltronas, música ambiente e paisagens para admirar. Tudo é feito para agradar os passageiros. Mas ele não pesca, ele passeia. Está ali para entreter, não para transformar. Se uma CEB se transforma num barco de turismo, perde sua razão de ser: deixa de evangelizar e passa a girar em torno de si mesma”, sublinhou dom Zenildo. Uma Igreja que se envolve com a vida do povo É por isso que, em palavras do bispo auxiliar de Manaus, “as CEBs foram pensadas como um jeito de ser Igreja, como expressão da Igreja em saída: uma Igreja que rema contra a corrente, que se envolve com a vida do povo, que escuta as dores da terra e dos pobres. Não podemos correr o risco de cair na tentação do comodismo, de nos contentar com reuniões fechadas, eventos para nós mesmos, e um certo ‘turismo espiritual’ que nos afasta da realidade”. Um barco missionário, que acolhe, que conduz, que entrega. Um barco que promove a inclusão, a corresponsabilidade e a sinodalidade, refletindo sobre relações, processos, vínculos e formação. O bispo, seguindo o Documento Final do Sínodo sobre a Sinodalidade, questionou: Quais as convicções que nos sustentam para estarmos juntos no Barco? Como diferentes sujeitos com diferentes responsabilidades, podem atuar em comunhão? Como se dá a tomada de decisões e o acompanhamento das mesmas nas diferentes instâncias da comunidade? Como experimentamos nosso senso de pertença à comunidade e como ela está enraizada na realidade? Nossas experiências de formação educam para caminharmos juntos? Ajudam a ser comunidades sinodais e em saída missionária? O barco missionário das CEBs tem que ajudar as pessoas a viver como seguidores de Jesus, disse dom Zenildo. O bispo fez um chamado a descobrir que Jesus está conosco, Ele está no barco, ajuda a superar as dificuldades. Mas sabendo que o barco missionário tem que ir ao encontro dos outros, atravessar o rio, mesmo correndo riscos. Diante da diferença com os outros, o bispo questionou como a gente reage, se o faz com agressividade ou se aprende com os outros. O desafio missionário é fazer com que todos tenham vida e para isso é necessário se sentir responsável pelo cuidado das pessoas. Um barco missionário Na reflexão eclesiológica, “a Igreja se compreende, as comunidades de base se compreendem como comunidades eclesiais missionárias, como um barco missionário que inclui todos e todas”, sublinhou dom Zenildo Lima. Segundo ele, “missionariedade, mobilidade, Igreja em saída, inclusão permearam esta reflexão”. O bispo refletiu sobre “os movimentos que acontecem dentro do barco, que são movimentos que exigem sinodalidade, os movimentos que acontecem fora do barco, que são movimentos que exigem comprometimento no que diz respeito ao cuidado da casa comum, no que diz respeito a novas experiências religiosas”. Realidades em que somos “sempre iluminados pela Palavra que apresenta Jesus presente no barco conosco, sempre iluminados pela caminhada da Igreja em nossa região, sempre iluminados pelo testemunho de pessoas que deram a vida por esta Igreja em Tefé”, disse o bispo. Ele definiu a VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da prelazia de Tefé como “grande encontro de uma Igreja sinodal, de uma Igreja em saída, de um compromisso com a plenitude da vida e com a missão”.