Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Blog

Dom Zenildo Lima: “As comunidades não podem ser igual casa de conjunto habitacional, todas iguais”

A missionariedade é uma dimensão fundamental na vida da Igreja, na vida das comunidades eclesiais de base. Na Amazônia, as CEBs são “um barco missionário que inclui todos e todas”, segundo o bispo auxiliar de Manaus e referencial das comunidades eclesiais de base no Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), dom Zenildo Lima. Uma reflexão presente na VI Assembleia das Comunidades Eclesial de Base da prelazia de Tefé, que se celebra na paróquia São Joaquim de Alvarães de 09 a 13 de julho, com a presença de mil representantes das 14 paróquias e 03 áreas missionárias em que se divide essa igreja local. A Igreja casa O bispo destacou a importância das imagens, seguindo o exemplo de Jesus, que se servia das parábolas, uma dinâmica presente na catequese da Igreja ao longo da história. Dom Zenildo Lima usou a imagem da casa para falar da Igreja, sustentada em quatro pilares, quatro esteios, nas casas de madeira da Amazônia: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. Dom Zenildo Lima refletiu sobre as experiências de vida que as pessoas vivem em suas casas, mas também nas comunidades. A casa como lugar de encontro, em volta da mesa, como local de encontros marcantes, como local onde vamos descobrindo nossa identidade. Nessa perspectiva, o bispo destacou a importância de as comunidades ter sua identidade, de recuperar a identidade de nossas comunidades, onde a gente tem que vivenciar a experiência de encontro amoroso, de encontro afetuoso. “As comunidades não podem ser igual casa de conjunto habitacional, todas iguais”, disse o bispo referencial das CEBs no Regional Norte 1. A Igreja barco Falando da Igreja como barco, dom Zenildo disse que “CEBs não pode ser barco de turismo, tem que ser barco de pesca”. Isso porque “um barco de pesca é simples, funcional, sempre em movimento. Carrega redes, instrumentos de trabalho e pescadores que conhecem a dureza das águas, mas também a alegria da pesca abundante”, segundo o bispo. Nessa perspectiva, ele definiu as CEBs como “comunidades que se reúnem para partilhar a Palavra, a Eucaristia, fortalecer a fé, discernir a vida e sair ao encontro dos irmãos e irmãs com gestos concretos de solidariedade, justiça e anúncio do Reino”. Frente a isso, “um barco de turismo é bonito, confortável, cheio de poltronas, música ambiente e paisagens para admirar. Tudo é feito para agradar os passageiros. Mas ele não pesca, ele passeia. Está ali para entreter, não para transformar. Se uma CEB se transforma num barco de turismo, perde sua razão de ser: deixa de evangelizar e passa a girar em torno de si mesma”, sublinhou dom Zenildo. Uma Igreja que se envolve com a vida do povo É por isso que, em palavras do bispo auxiliar de Manaus, “as CEBs foram pensadas como um jeito de ser Igreja, como expressão da Igreja em saída: uma Igreja que rema contra a corrente, que se envolve com a vida do povo, que escuta as dores da terra e dos pobres. Não podemos correr o risco de cair na tentação do comodismo, de nos contentar com reuniões fechadas, eventos para nós mesmos, e um certo ‘turismo espiritual’ que nos afasta da realidade”. Um barco missionário, que acolhe, que conduz, que entrega. Um barco que promove a inclusão, a corresponsabilidade e a sinodalidade, refletindo sobre relações, processos, vínculos e formação. O bispo, seguindo o Documento Final do Sínodo sobre a Sinodalidade, questionou: Quais as convicções que nos sustentam para estarmos juntos no Barco? Como diferentes sujeitos com diferentes responsabilidades, podem atuar em comunhão? Como se dá a tomada de decisões e o acompanhamento das mesmas nas diferentes instâncias da comunidade? Como experimentamos nosso senso de pertença à comunidade e como ela está enraizada na realidade? Nossas experiências de formação educam para caminharmos juntos? Ajudam a ser comunidades sinodais e em saída missionária? O barco missionário das CEBs tem que ajudar as pessoas a viver como seguidores de Jesus, disse dom Zenildo. O bispo fez um chamado a descobrir que Jesus está conosco, Ele está no barco, ajuda a superar as dificuldades. Mas sabendo que o barco missionário tem que ir ao encontro dos outros, atravessar o rio, mesmo correndo riscos. Diante da diferença com os outros, o bispo questionou como a gente reage, se o faz com agressividade ou se aprende com os outros. O desafio missionário é fazer com que todos tenham vida e para isso é necessário se sentir responsável pelo cuidado das pessoas. Um barco missionário Na reflexão eclesiológica, “a Igreja se compreende, as comunidades de base se compreendem como comunidades eclesiais missionárias, como um barco missionário que inclui todos e todas”, sublinhou dom Zenildo Lima. Segundo ele, “missionariedade, mobilidade, Igreja em saída, inclusão permearam esta reflexão”. O bispo refletiu sobre “os movimentos que acontecem dentro do barco, que são movimentos que exigem sinodalidade, os movimentos que acontecem fora do barco, que são movimentos que exigem comprometimento no que diz respeito ao cuidado da casa comum, no que diz respeito a novas experiências religiosas”. Realidades em que somos “sempre iluminados pela Palavra que apresenta Jesus presente no barco conosco, sempre iluminados pela caminhada da Igreja em nossa região, sempre iluminados pelo testemunho de pessoas que deram a vida por esta Igreja em Tefé”, disse o bispo. Ele definiu a VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da prelazia de Tefé como “grande encontro de uma Igreja sinodal, de uma Igreja em saída, de um compromisso com a plenitude da vida e com a missão”.

VI Assembleia das CEBs de Tefé reflete desafios e perspectivas em um mundo polarizado

Na vida das comunidades eclesiais de base, onde o protagonismo laical é um elemento que as define, o ofício divino das comunidades é um dos modos comuns de oração, que mais uma vez se fez presente na VI Assembleia das Comunidades Eclesial de Base da prelazia de Tefé, que se celebra na paróquia São Joaquim de Alvarães de 09 a 13 de julho, com a presença de mil representantes das 14 paróquias e 03 áreas missionárias em que se divide essa igreja local. Os participantes continuam refletindo sobre quatro temáticas: ecologia integral e sinodalidade; compromisso para a justiça social; missionariedade; e desafios e perspectivas em um mundo polarizado. Essas reflexões fazem parte da vida das comunidades, uma necessidade para poder responder aos desafios atuais. O fenómeno da polarização Um dos maiores desafios que enfrenta a sociedade atual é a polarização, um fenómeno que também se faz presente na Igreja católica. O secretário executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Daniel Seidel, refletiu sobre essa realidade, mostrando a necessidade de procurar soluções que ajudem a superar dinâmicas em que uns ganham e outros perdem, dado que o trabalho comunitário é o que salva. Diante da atual realidade brasileira, Seidel refletiu sobre realidades presentes no atual panorama no país. O Brasil é um país onde a democracia está ameaçada, com um claro desequilíbrio entre os três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Fenómenos como a distribuição do orçamento público, a judialização de muitas leis, a enorme influência das redes sociais, a desinformação. Junto com isso, a COP30 é um momento importante diante desse cenário mundial e brasileiro, que demanda o compromisso da sociedade e da Igreja. O sociólogo analisou o papel de Papa Francisco e Papa Leão XIV, a contribuição no campo da ecologia integral com a Laudato si´, o Sínodo para a Amazônia, assumindo o caminho iniciado pela Igreja da região desde Santarém 1972, um caminho que está dando continuidade o Papa Leão XIV, que acaba de celebrar pela primeira vez a Missa pela Criação. Papas que nasceram na experiência da Igreja latino-americana, na profecia da sinodalidade, do reconhecimento das mulheres nos ministérios eclesiais e nos espaços de decisão na Igreja. Agenda de lutas Existe uma agenda de lutas, que as comunidades eclesiais de base são desafiadas a assumir. Dentre elas aprender com os povos originários o bem-viver; se envolver no plebiscito popular sobre a jornada de trabalho e a taxação dos super-ricos; a Campanha a Vida por um Fio de autoproteção de lideranças e comunidades ameaçadas; enfrentamento à extrema direita, ocupando os espaços nas redes digitais; conversão pastoral, ecológica, cultural e sinodal, para fazer realidade os sonhos de Papa Francisco em Querida Amazônia: social, ecológico, cultural e sinodal; garantir a aplicação do Sínodo sobre a Sinodalidade: participação, comunhão e missão, dando passos corajosos para ser uma Igreja com rosto amazônico, samaritano, em saída para as periferias. Todo isso, sem medo, com a inspiração da divina Ruah. Na sociedade brasileira existem, segundo Daniel Seidel, heranças históricas que marcam a consciência política: colonialismo, racismo e discriminação regional, a cidadania pelo trabalho, autoritarismo, machismo, preconceito e violência contra as mulheres, consumismo e materialismo. São fenómenos que mostram a atual mudança de época, que tem como sinais o antropoceno, que provoca mudanças climáticas e aquecimento global; crise das instituições e valores; necropolítica; ultraliberalismo e fundamentalismo; fé-sentido-experiência; pandemia que coloca em questão a ideia de super-homem; distopia e utopia. Essa realidade demanda profecia, anúncio e denúncia que gera esperança. Uma atitude que demanda discernimento dos apelos que Deus faz na realidade, que leva a denunciar as injustiças, estruturas e sistemas que negam a vida e cultuam a morte. Todo discípulo é chamado a anunciar a boa notícia, a esperançar, a reaprender o valor da sobriedade feliz, a seguir o exemplo de Maria, a utilizar as redes sociais como instrumento de comunicação estratégica e incidência política e cultural.

Festa do Carmo na Diocese de Parintins celebra Jubileu de 70 anos

A diocese de Parintins celebra em 2025 o Jubileu de 70 anos. Erigida a 12 de julho de 1955, pelo Papa Pio XII, como prelazia de Parintins, foi desmembrada da arquidiocese de Manaus, tendo como padroeira Nossa Senhora do Carmo, sendo confiada aos padres do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras (PIME). Em 30 de outubro de 1980 a prelazia foi elevada a diocese pelo Papa João Paulo II, no mesmo ano em que foi concluída a Catedral de Nossa Senhora do Carmo. Peregrinantes com Maria O Jubileu está fazendo parte da festa de Nossa Senhora do Carmo, que está sendo realizada de 06 a 16 de julho e que em 2025 tem como tema: “Peregrinantes com Maria, a Rainha de toda a Criação”. Maria, que é Mãe da Esperança, guia um festejo, do mesmo modo que guia a caminhada da diocese de Parintins, que iniciou com uma procissão fluvial, uma carreata e o Círio, que conduziu a imagem da padroeira até a Catedral. O novenário está sendo momento de festa para a Igreja de Parintins, contando com a participação do povo das paróquias, comunidades, pastorais, organismos públicos. Um caminho que será encerrado com a grande festa de dia 16 de julho, que tradicionalmente concentra milhares de devotos, chegados de todos os municípios dessa igreja local. Missa e Procissão Solene No dia da festa está previsto diversas celebrações eucarísticas ao longo do dia na catedral de Nossa Senhora do Carmo. A festa será encerrada com a Missa e Procissão Solene, às 17 horas, percorrendo as ruas da cidade de Parintins, onde os devotos acompanham esse momento de fé tão importante na vida dos parintinenses. A alegria do Jubileu é oportunidade para a Igreja de Parintins agradecer a Deus pelo percurso percorrido ao longo de 70 anos. Uma Igreja missionária, que levou o Evangelho nos rios e igarapés dessa região do Baixo Amazonas com o empenho de muitos homens e mulheres, bispos, padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas, que ao longo dos anos entregaram sua vida para fazer presente o reino de Deus.

Dário Bossi chama as CEBs da Prelazia de Tefé a “criar uma sociedade do cuidado”

A Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da prelazia de Tefé, que acolhe a paróquia São Joaquim de Alvarães, de 09 a 13 de julho, está sendo uma oportunidade de reflexão para os mil participantes chegados das 14 paróquias e 03 áreas missionárias que fazem parte desta Igreja local, que anuncia o Evangelho na região do Médio Solimões. Quatro temáticas Depois de refletir sobre os influenciadores digitais na Igreja católica, os participantes irão abordar quatro temáticas: ecologia integral e sinodalidade; compromisso para a justiça social; missionariedade; e desafios e perspectivas em um mundo polarizado. Para refletir sobre “Casa Comum: Ecologia Integral na Sinodalidade”, uma urgência diante do avanço do negacionismo, que desmonta a urgência de cuidar da Casa Comum, o assessor do tapiri, o padre Dário Bossi, partiu da realidade, lançando uma pergunta: “O que está acontecendo com a nossa casa?”, que foi respondida desde diversas perspectivas: saúde e bem viver, organização social, e espiritualidade. Nas comunidades da prelazia de Tefé, com relação à saúde e ao bem viver, foi denunciado a poluição dos rios consequência da falta de cuidado, fazendo um chamado a fortalecer os laços familiares como base de desenvolvimento das pessoas e o cuidado como atitude que nasce da condição de discípulos e discípulas. Daí a importância da organização social, que tem a ver com a educação, com a necessidade de se organizar como comunidade para reivindicar, para avançar nas políticas públicas, que garantam maior atenção à população. Nesse cuidado, a espiritualidade católica, mesmo diante do abandono dessa dimensão, leva a um compromisso de cuidado com as pessoas e o meio ambiente, diante do tráfico de drogas ou o garimpo ilegal. Um compromisso que não é fácil de assumir diante do medo que as pessoas experimentam em consequência das ameaças. As motivações de nossas decisões Diante dessa realidade, a missão é cuidar, uma atitude pessoal e coletiva, que leve a “criar uma sociedade do cuidado”, segundo o padre Bossi. Ele fez um chamado a refletir sobre as motivações que nos levam a tomar as decisões, a empreender as mudanças, a ser uma Igreja presente em todos os lugares onde as pessoas e a Casa Comum sofrem. Aos 10 anos da Laudato si´, um texto atual, que gera esperanças e dialoga com outras espiritualidades, o assessor fez uma apresentação das linhas mais destacadas da encíclica de Papa Francisco. O padre Bossi referiu-se à insurreição do planeta, que levou o Papa Francisco a dizer que “Deus perdoa sempre, as pessoas perdoam às vezes, a natureza não perdoa nunca”. Tudo isso diante dos povos crucificados e de uma natureza martirizada, uma realidade que tem a ver com a nossa fé, com a missão da Igreja. Isso porque “responder a esta insurreição é uma resposta cristã”, enfatizou o assessor. Unir forças, criar laços na defesa da Casa Comum “A ecologia integral une forças, cria laços, para responder ao grito da Terra e o grito dos pobres”, sublinhou o assessor da Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Isso demanda um esforça comum de educação para o cuidado, que é oposto a dominar. O desafio é substituir o domínio pelo cuidado, um convite que Francisco fazia em Laudato si´, superar uma economia que mata, que demanda outras maneiras de viver as relações econômicas. Dário Bossi recordou as palavras do secretário geral da ONU, Antônio Guterres, que disse que a humanidade declarou guerra à natureza, o que demanda a paz com a natureza. Para promover a paz com a natureza, inspirado em Francisco de Assis, fez algumas propostas: defender os territórios e os modos de vida; conectar-se às ancestralidades; acreditar nas novas gerações, apostar em quem vem depois; a partir de baixo, quem muda a história não são os poderosos, quem faz a diferença na história é o povo, dado que “nós somos semeadores de mudança”, geradores de mudança, definindo ações concretas, nascidas de uma Igreja sinodal, que pode de fato traçar à luz das indicações e das pistas que o Papa Francisco nos deu. Longe de ser questões distantes, a ecologia integral e a sinodalidade mostram “uma extrema conexão entre a visão, a perspectiva, a utopia e o sonho, que o Papa Francisco projetou para nós, e o trabalho cotidiano, cheio de contradições, mas também de compromissos, de esperança, de boas práticas e de boas notícias que temos aqui no território”, segundo o padre Bossi. Ele destacou a importância de “uma leitura crítica, completa, capaz de fazer conexões e conversas, que compreende o papel da Igreja, que não pode se isolar no mundo espiritualizado, mas é chamada a acolher a espiritualidade de quem caminha no cotidiano escutando o grito dos pobres e da terra e respondendo a ele”.

CEBs da Prelazia de Tefé: Tornar presente o Reino de Deus

As comunidades eclesiais de base da prelazia de Tefé estão reunidas na paróquia São Joaquim de Alvarães, de 09 a 13 de julho, para sua VI Assembleia. Mil pessoas chegadas das 14 paróquias e 03 áreas missionárias que fazem parte dessa Igreja local, que buscam impulsionar “Uma Igreja sinodal em saída: vida plena e missão”, tema do encontro. Comunidades que tornam presente o reino de Deus Após uma animada celebração de abertura, os participantes do encontro iniciaram seus trabalhos, divididos em 04 grupos, tapiris na linguagem da Amazônia, para refletir sobre os influenciadores digitais na Igreja, ecologia integral e sinodalidade, compromisso para a justiça social, a missionariedade, e os desafios e perspectivas em um mundo polarizado. São as comunidades eclesiais de base que evangelizam o interior da Amazônia, mas também levam a Boa Notícia às periferias das cidades. Elas assumem as palavras de Papa Francisco, que dizia que “evangelizar é tornar presente o reino de Deus no meio de nós”, segundo lembrou o assessor da Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, padre Dário Bossi. O missionário Comboniano disse que tornar presente o reino no meio de nós é cuidar, curar, as feridas do mundo, sendo uma Igreja hospital de campanha; é viver de graça, uma dificuldade no mundo hoje, onde tudo é retribuído, mas que é assumido nas CEBs; é uma Igreja que caminha leve, com pouca coisa; é doar a paz, como Igreja que visita, que se desloca, que não fica no comodismo, quer conhecer, quer encontrar qualquer pessoa que seja, católica ou não católica, uma Igreja que vai ao encontro. Mergulhar nas águas mais profundas Comunidades eclesiais de base que se concretizam na luta comum pela preservação do lago, pelos direitos, segundo o bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva. Comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, “que evangelizam com os pés nas margens dos rios”, segundo o bispo. Ele fez um chamado a “dar um verdadeiro mergulho nessas águas mais profundas, da escuta, nas águas profundas da conversão pastoral, nas águas profundas do compromisso profético, nas águas profundas da defesa pela vida em nossa casa comum”. Dom Altevir insistiu na necessidade do protagonismo feminino e juvenil nos espaços de decisão da Igreja, na convivência pacífica na casa comum, a força do laicato e da participação popular nas estruturas comunitárias, a influência da realidade social, política em nossa fé, ficando atento ao que vai ser ameaça para a nossa fé. Ele se referiu aos novos horizontes de evangelização em um mundo polarizado, e aí ser sinal de reconciliação e de justiça. O bispo da prelazia convidou os participantes a viver a assembleia com o coração aberto, com o espírito em diálogo com todos. Os influenciadores digitais As redes sociais é uma realidade que faz parte da vida das pessoas em todos os cantos do planeta, também no interior da Amazônia, onde aos poucos a internet se fez presente na vida do povo. Daí a importância da reflexão sobre os influenciadores digitais na Igreja católica, uma temática abordada por José Abilio Barros Ohana. Ele definiu as redes sociais como ambiente de conversa, refletindo sobre a repercussão na vida das pessoas e das comunidades. Não podemos esquecer que o Brasil é o segundo país que mais usa as redes sociais. Uma realidade que encerra riscos, dado que que a desinformação e as mudanças climáticas são os grandes riscos no mundo de hoje, segundo o assessor. Ele insistiu em que rede social é espaço de conversa, mas não de construção, algo que se faz realidade na vida concreta, também no campo religioso, que precisa da caminhada em comunidade. A vivência religiosa não pode se limitar ao mundo virtual, uma reflexão importante diante de uma vivencia cada vez mais ligada a influenciadores digitais, seguidos fielmente por milhões de pessoas, que colaboram com elas, inclusive financeiramente. O fim é a comunidade Se faz necessário entender que a rede social não pode ser o fim da vida da comunidade, é um meio, o fim é o território, é a comunidade, segundo Abilio Ohana. Ele defende a necessidade da regulação do uso da internet, em vista de serem usadas para o bem comum e não para o prejuízo das pessoas, dos territórios, da vida, amparados por grandes grupos econômicos com interesses próprios econômicos, políticos, de poder, que são contrários à vivência da Igreja sinodal. O critério é o Evangelho, o desafio é o como, segundo Abilio Ohana. Ele fez um chamado a dar as mãos com aqueles que constroem nos territórios, destacando a importância da Pastoral da Comunicação. Nas comunidades eclesiais de base o mundo digital ajuda, mas também atrapalha o trabalho que é feito no território. Daí a importância dessa reflexão, “um momento importante de alerta, de conversa, de receber o retorno de quem realmente mora nos territórios”, destacou o assessor.

Dom Altevir: CEBs, “um chamado às águas mais profundas”

A prelazia de Tefé realiza de 09 a 13 de julho, na cidade de Alvarães, a VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base. Um encontro que mostra uma Igreja que ‘luta e que acredita que o amanhã pode ser e vai ser bem melhor”, segundo disse o bispo da prelazia e secretário do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), dom José Altevir da Silva, na saudaçao aos mil participantes. O bispo acrescentou que “é com profunda alegria e gratidão a Deus que eu acolho a cada uma, a cada um de vocês, cada comunidade aqui presente e aquelas que vocês trouxeram, cada um de vocês, porque vocês são delegados, representando as nossas comunidades.” Celebrar a vida e resistência com alegria Nas palavras do próprio bispo, o encontro “é um sinal de alegria muito grande, por isso acolho vocês, nossas comunidades dessa amada Prelazia de Tefé. Sejam todos bem-vindos para a nossa VI Assembleia das CEB´S. Tempo de escuta, o tempo de partilha, oração, discernimento, onde o Espírito Santo sopra e nos guia na missão. Este é o momento sagrado, onde fortalecemos a nossa caminhada sinodal, reafirmando o protagonismo do povo de Deus reacendendo o compromisso com o Reino de Deus no coração da Amazônia em nossa amada prelazia.”  Acentuou ainda que “é tempo de celebrar a vida, a resistência e a esperança que brota no chão das comunidades, dos rios, igarapés, do sonho de cada jovem, criança, adulto, idosos. É tempo de renovação da fé, da escuta mútua e comunhão. Que Maria, Nossa Senhora que caminha conosco, Mãe de Deus e nossa mãe, discípula-missionária nos acompanhe com ternura e coragem. Por isso, com o coração cheio de esperança, alegria, vibração.” O bispo incentivou que esses mesmos sentimentos tomassem conta de “cada uma, de cada um de nós nessa Igreja Particular, eu declaro oficialmente aberta a VI Assembleia Eclesial de Base da Prelazia de Tefé.” Lutar juntos fortalece nossas comunidades Dom Altevir recordou o que significa essa experiência de “viver em comunidades eclesiais de base. Quando vamos juntos, lutar pela preservação do lago. Quando a comunidade vai junta lutar para que as espécies de peixes sobrevivam. Quando a comunidade está junto para celebrar, para lutar pelos seus direitos. Isso é vivência de comunidade de base, aumentando cada vez mais o fortalecimento das nossas lutas nas águas e nas terras dessa querida Prelazia.”  O bispo ofereceu também um “caloroso acolhimento as comunidades ribeirinhas que evangelizam com os pés nas margens dos rios, lagos e igarapés.” Ele também enfatizou que ela ocorre “com o coração no Evangelho, ou seja, uma mão na Bíblia e a outra na vida. É assim que o catequista local faz para evangelizar. Uma mão na Bíblia, outro na vela para clarear o caminho das comunidades, para sustentar essa caminhada.” A presença laical é a beleza da assembleia Com um número expressivo de participantes, o prelado fez questão de saudar à todos “nosso clero, os religiosos e religiosas, seminaristas, diáconos permanentes, cristãos leigos e leigas, uma salva de palmas para os cristãos leigos e leigas, são vocês a beleza dessa assembleia.”  O bispo dirigiu seus cumprimentos à imprensa “que cumpre o seu papel de levar ao mundo o testemunho daquilo que nós estamos vivenciando.” Em sua fala evocou que “uma igreja sinodal em saída é o tema que nos une e o lema nos inspira também a evangelizar nas águas mais profundas. Então essa assembleia, nós somos chamados a dar um verdadeiro mergulho nessas águas mais profundas, da escuta, nas águas profundas da conversão pastoral, nas águas profundas do compromisso profético, nas águas profundas da defesa pela vida em nossa Casa Comum.” Diálogo para vencer a indiferença Dom Altevir reforçou que “o nosso objetivo geral é fortalecer a sinodalidade da Igreja na Prelazia de Tefé e para isso nós vamos refletir temas centrais à nossa missão, como o protagonismo feminino e juvenil”, ressaltando a “mulher dentro das áreas de decisões da Igreja” com um pedido de palmas. E também a “convivência pacífica na Casa Comum, o compromisso de todos nós, a força do laicato e da participação popular nas estruturas comunitárias, a influência da realidade sócio-política e nossa fé, que é o tema transversal e que posteriormente seria aprofundado juntamente com a temática dos influenciadores digitais na Igreja Católica.” Em relação à essa temática “é uma situação que não podemos recuar. E nós devemos nos preparar para saber com inteligência, sabedoria e muita fé, conviver e aproveitar o melhor que isso pode oferecer, porque sem dúvida tem coisa boa também. Ficar atento ao que vai ser ameaça para a nossa fé e também descobrir novos horizontes de evangelização em um mundo polarizado, onde queremos ser sinal de reconciliação e de justiça”, disse o bispo.  Ao final, dom Altevir convidou os participantes a viverem esses dias “com o coração aberto, com espírito de diálogo com todos para vencer a indiferença” e pediu que o “Espírito Santo nos conduza e Maria Mãe da Igreja, da Igreja na Amazônia, interceda por nossa caminhada”.

Brasil: um país onde ser diferente coloca a vida em risco

17 anos. Essa era a idade de Fernando Vilaça da Silva, que faleceu nesta segunda-feira, 7 de julho, depois de ser espancado no bairro Gilberto Mestrinho, em Manaus, na madrugada do sábado dia 5. Ele sofreu traumatismo craniano, hemorragia intracraniana e edema cerebral após ser espancado ao reagir a ofensas homofóbicas proferidas por um grupo de pessoas durante uma confraternização na rua. Crimes que ficam impunes Mais um episódio que mostra que no Brasil ser diferente é perigoso, muito perigoso, colocando em risco a vida das pessoas. O problema é que a sociedade assiste impassível a esses episódios, que muitas vezes ficam impunes. Inclusive as pessoas que dizem, dizemos ter consciência da gravidade dessas situações, fazemos pouco ou nada para mudar essa realidade. Não é a primeira vez que esses episódios se repetem, inclusive muitas vezes não são nem revelados. São situações que aumentam o clima de violência presente na sociedade brasileira, onde a intolerância para com aqueles que são ou pensam diferente se tornou motivo para acabar com eles. A convivência entre diferentes é sinal de que a sociedade é sadia, e essa convivência está se tornando cada vez mais difícil. A orientação sexual, as opções políticas ou religiosas, e tantas outras situações que fazem parte da vida das pessoas têm se tornado motivos de enfrentamento que gera violência, que provoca a morte das pessoas. O acontecido com o adolescente Fernando é um exemplo disso, mas provavelmente não será o último episódio semelhante. Gerar atitudes de respeito Se faz necessário parar e refletir, procurar espaços que gerem atitudes de respeito para com os outros, especialmente para com aqueles que não são iguais à gente. A família, a escola, as igrejas, e tantas outras instituições presentes na sociedade, devem ser espaços que gerem nas pessoas atitudes que favoreçam a convivência com todos, superando preconceitos que destroem o convívio social e acabam com a vida de pessoas inocentes. Junto com isso, se faz necessário a aplicação das leis que regulam a vida do país. A impunidade faz com que situações similares possam se repetir. Todos aqueles que desrespeitam a lei devem ser julgados, como único caminho para superar a violência cada vez mais institucionalizada. Uma tarefa de todos Superar essa realidade é uma tarefa comum, que deve implicar o conjunto da sociedade, que tem que ser assumida por cada um, cada uma de nós. Devemos superar as palavras, as atitudes que geram violência, que provocam o enfrentamento com o diferente, que não permitem descobrir a riqueza da diversidade. Somos nós, eu e você, que vamos fazer com que a realidade possa mudar. Aqueles que morrem são bem mais do que nomes, são pessoas concretas, muitas vezes com toda a vida por diante, como foi o caso de Fernando. Qual o sentimento que sua morte provoca em cada um, cada uma de nós? O que estamos dispostos fazer, o que vamos fazer para que essas situações não se repitam? É hora de refletir, mas também de nos envolvermos para que ninguém morra por ser diferente. Editorial Rádio Rio Mar

VI Assembleia de CEBs da Prelazia de Tefé: “reafirmar o protagonismo do povo de Deus”

As comunidades eclesiais de base tem sido parte fundamental da evangelização da Igreja de Tefé. Nas terras, águas e florestas do Médio Solimões a prelazia de Tefé empenhou-se em ser uma Igreja sinodal, com protagonismo de todos, e em saída, missionária, empenhada em evangelizar. Fortalecer a Sinodalidade Essas temáticas se fazem presentes na VI Assembleia das CEBs da prelazia de Tefé, que reúne na cidade de Alvarães, de 9 a 13 de julho, mil participantes chegados das comunidades, algumas delas bem distantes. Tem participantes que navegaram por mais de cinco dias para chegar no encontro e que só chegarão em casa depois de 15 dias de ter saído. Mas isso, uma realidade presente em diversas regiões da Amazônia, não apaga a alegria do encontro. O objetivo da assembleia é “Fortalecer a Sinodalidade da Igreja na Prelazia de Tefé”, e assim reavivar a fé e a vida em comunidade como Igreja. Isso em um encontro que é partilha, oportunidade para lançar as redes em águas mais profundas. Um encontro de peregrinos de esperança que, movidos pela dinamicidade do Divino Espírito Santo, tem se sentido acolhidos em uma Igreja que ao longo dos anos assumiu um caminho comunitário, formativo, missionário, profético e vocacional. Uma Igreja sinodal que quer alargar seu compromisso com a Casa Comum e com a defesa da vida dos irmãos e irmãs mais vulneráveis. Tempo de escuta, partilha, oração, discernimento “Uma Igreja em saída, uma Igreja que luta e que acredita que o amanhã pode ser e vai ser bem melhor”, segundo o bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva. Ele acolheu os participantes, representantes das comunidades, que o bispo disse ser “um sinal de alegria muito grande.” Um encontro que é “tempo de escuta, tempo de partilha, oração, discernimento, onde o Espírito Santo sopra e nos guia na missão. Um momento sagrado, onde fortalecemos a nossa caminhada sinodal, reafirmando o protagonismo do povo de Deus, reacendendo o compromisso com o reino de Deus no coração da nossa amada Amazônia”, segundo o bispo. Ele fez um chamado a ser sinal da “resistência e a esperança que brota no chão das comunidades”, a fazer realidade os sonhos. Para isso, o bispo pediu que Maria, Nossa Senhora, que caminha conosco, Mãe de Deus e Nossa Mãe, discípula, missionária, nos acompanhe com ternura e coragem. Por isso, com o coração cheio de esperança, alegria, vibração, tome conta de cada um e de cada uma de nós, dessa igreja particular de Tefé”. Comunidades geradoras de transformação Um encontro de comunidades que, segundo o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus e referencial das Comunidades Eclesiais de Base no Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), “são geradoras de transformação do lugar, do chão, do território.” À luz das leituras do dia, o presidente da celebração eucarística se perguntou “como é que o amor de Deus escolheu a nós, para sermos geradores de novas relações”. Comunidades formadas por pessoas, com suas histórias de vida, que “também tem fragilidade”, mas que Deus escolheu surpreendentemente “para que a gente faça um povo que gera relações novas”, a exemplo de José, um homem sábio, com “a capacidade, a sabedoria, a iniciativa de gerar relações novas.” No texto da primeira leitura do dia, dom Zenildo Lima ressaltou que “apresenta a construção de uma resposta a partir da capacidade de gerar novas relações”. Situações que nos desafiam Neste encontro e para este encontro, sublinhou o bispo auxiliar de Manaus, “a gente está trazendo das nossas comunidades, dos nossos lagos, dos nossos rios, do nosso chão, da nossa floresta, das nossas cidades, todas as situações que nos desafiam para que o Senhor nos torne capazes de gerar relações que superem essas dificuldades.” Ele mostrou seu desejo de a exemplo de José, “os povos de hoje aprendessem a reorganizar, a reinventar relações”, e assim conseguir “um cenário bem diferente”. Segundo dom Zenildo, “esses dramas que os povos vivem, esses dramas que a nossa gente vive, tem a ver com a dureza do coração da gente, tem a ver com o modo como a gente percebe o outro, como a gente considera o outro, como a gente trata o outro, tem a ver de como a gente pensa quem é e o que é o outro.”  Ele ainda acrescentou que “hoje há um desequilíbrio de relações dos povos e há situações dramáticas de carência porque nós, homens e mulheres, não conseguimos, a partir de nós, gerar relações novas”. Ser povo que gera relações 12 irmãos, uma família marcada por conflitos, que vai gerar o povo de Israel. Jesus também escolhe doze homens, também marcados pela fragilidade e os conflitos, mas que “foram escolhidos por uma nova experiência de ser povo de novo que gera relação”, disse o bispo. Uma experiência de ser povo novo que dom Zenildo chamou a assumir à comunidades da prelazia de Tefé, com a força do Senhor que propõe construir relações novas. É por isso que “a gente não se retrai, a gente não se esconde atrás, a gente se coloca à disposição desta missão, a gente se coloca à disposição deste chamado, desta vocação a qual Deus nos envolve, nos chama, nos confia, nos constitui um povo novo capaz de gerar relações novas”, ressaltou o bispo. Diante dos desafios, dom Zenildo disse que “nós nos colocamos diante deles profundamente confiantes em Jesus, nós nos colocamos diante deles profundamente comprometidos, nós nos colocamos diante deles acreditando que nós podemos gerar mudanças. Porque essa sempre foi a história da construção de Deus na vida de um povo, tornar homens e mulheres, com seus dramas, com seus conflitos, capazes de fazer parte de um povo novo”. Pode contar comigo Cada um dos participantes do encontro foi convidado pelo bispo auxiliar de Manaus a dizer a Deus: “estou aqui, Senhor, pode contar comigo, a partir desta minha experiência de fé em uma comunidade.” Um chamado diante de “um cenário mundial de muitas guerras, com tanta violência, tudo o que a gente está…
Leia mais

Cardeal Steiner: “A Amazônia hoje é brasileira por causa dos religiosos que levaram o Evangelho”

O arcebispo de Manaus e presidente Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Steiner, esteve na tarde desta terça-feira, 08/07, na 27ª Assembleia Geral Eletiva da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB). Com convicção serena, recordou que o Brasil deve à Vida Religiosa, em particular com a Igreja na Amazônia, onde muitos consagrados e consagradas ofereceram generosamente suas vidas ao serviço do povo e da missão evangelizadora. Vida religiosa: os primeiros missionários O cardeal Steiner fez memória da presença religiosa na construção do país perguntando “O que seria do Brasil se não fossem os religiosos especialmente?” e enfatizou que “a Amazônia hoje é brasileira por causa dos religiosos que levaram o Evangelho. A minha palavra é uma palavra de gratidão. Nós, o Brasil, devemos muita à Vida Religiosa. Os primeiros que vieram foram os religiosos, os meus irmãos Frades Menores.” A Encarnação do Verbo na Amazônia através dos Religiosos Ao dirigir-se ao público presente, o presidente do regional disse que “O Verbo se fez carne na Amazônia através dos religiosos, das religiosas e continuou sendo assim. Então a gratidão à Vida Religiosa. Existem religiosos e religiosas que nós não sabemos onde foram parar na Amazônia.” O cardeal recordou os irmãos e irmãs que “foram levadas pelas águas, foram levados pelas matas, nós não sabemos onde estão os corpos, sabe Deus.” Essa perspectiva realça a dimensão da entrega para à missão vivida pelos religiosos que se dedicam, especialmente, à região amazônica. A Vida Religiosa como uma travessia Ao abordar a temática da assembleia, o arcebispo de Manaus refletiu que “essa Vida Religiosa que tinha vibração e que continuou tendo vibração, uma Vida Religiosa que tem esperança, uma Vida Religiosa que faz travessia, a Vida Religiosa é uma travessia.”  A CRB recordou que o cardeal Steiner “é uma voz profética na defesa da vida, da ecologia integral e dos povos amazônicos e que sua presença fortalece o compromisso da Vida Religiosa Consagrada com as causas urgentes do nosso tempo” Sentinela de esperança A 27ª AGE acontecerá de 8 a 11 de julho, no Colégio Marista, em Brasília (DF), com o tema “Vida Religiosa Consagrada: Sentinela de esperança em tempos de travessia.” A assembleia reunirá Superiores e Superioras Maiores de Institutos e Congregações do Brasil para a eleição da presidência e da diretoria da CRB Nacional, que assumirá a condução da entidade no período de 2025 a 2028.

VI Assembleia das CEBs da Prelazia de Tefé de 9 a 13 de julho: “Uma Igreja Sinodal em Saída”

A prelazia de Tefé se prepara para a VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base. De 9 a 13 de julho, a paróquia Santa Teresa de Alvarães acolherá este grande momento de comunhão, escuta e missão. O tema do encontro é “Uma Igreja Sinodal em Saída”, tendo como lema: “Evangelizar nas águas mais profundas”. Mil participantes Com a participação de mil pessoas, chegadas das comunidades, áreas missionárias e paróquias, o encontro tem como objetivo geral “Fortalecer a Sinodalidade da Igreja na Prelazia de Tefé.” Dentre os objetivos específicos podemos citar fortalecer e animar a caminhada das comunidades; fortalecer e dinamizar a visibilidade do protagonismo feminino nas comunidades; sensibilizar para uma convivência pacífica e organizada na casa comum; garantir a participação laical, feminino, juvenil, quilombola e indígena nas instâncias comunitárias e de poder; entender como a realidade sócio-política influencia na vivência religiosa; propor estruturas formativas contextualizadas para o laicato assumir papeis efetivos na Evangelização na Igreja e na sociedade; avivar o papel evangelizador das comunidades de base; e celebrar a caminhada Evangelizadora das Comunidades da Igreja particular de Tefé. Os subtemas a serem abordados ao longo da VI Assembleia das CEBs são os influenciadores digitais na Igreja católica, com a assessoria de José Abílio barros Ohana; Casa Comum: Ecologia Integral na Sinodalidade, com a assessoria do Pe. Dário Bossi; A Fraternidade: Caminho de compromisso para a Justiça Social – Vós sois todos irmãos, com a assessoria de Manuel do Carmo da Silva Campos; CEBs, um barco missionário que inclui todos e todas, com a assessoria de dom Zenildo Lima; e desafios e perspectivas em um mundo polarizado (dentro e fora da Igreja), com a assessoria de Daniel Seidel. Os temas têm sido trabalhados previamente nas comunidades e ao longo da assembleia serão realizados seminários simultâneos e uma plenária final no último dia, tendo uma celebração de abertura e outra de encerramento. Compromisso histórico da prelazia A prelazia de Tefé tem um longo histórico de discussões e ações voltadas aos cuidados socioambientais. Um caminho que tinha como ponto de partida o fato de que as pessoas necessitavam do ambiente natural para manter seus modos de vida. Em uma região rica em peixe e madeira, o povo enfrentou a fome e teve seus territórios invadidos e apropriados por atravessadores, grandes empresários e outros interesses externos. As comunidades estavam vulneráveis a extorsões e enganos, arrendando lagos e vendendo sua mão de obra a preços baixos, sem conseguir sair da miséria e ainda perdendo seus recursos naturais. Sem apoio do poder público, já que muitas prefeituras sequer olhavam para as comunidades ribeirinhas, a Igreja era a única fonte de apoio. Com a ajuda das pastorais e organismos, a Igreja começou a articular com os ribeirinhos movimentos de retomada dos territórios, por meio de ações formativas e de organização comunitária, promovendo o cuidado dos lagos e da pesca. As comunidades criaram comitês de organização, liderados por animadores de setor, catequistas locais e outras lideranças, que avançaram nas discussões sobre o cuidado e a proteção dos seus mananciais de alimentação e bem-viver. Unidades de conservação As terras indígenas no território da Prelazia começaram a ser homologadas. As primeiras unidades de conservação criadas na região foram de proteção integral, que hoje são coordenadas e assessoradas por pessoas formadas pela Igreja. Aos poucos, foram desenvolvidos os acordos de pesca, promovendo uma relação equilibrada entre pescadores urbanos e comunitários, além do manejo coletivo do pirarucu, com base na união entre saberes científicos e tradicionais. Também foram promovidos manejos de madeira, produtos não madeireiros, turismo de base comunitária e agroecossistemas. Atualmente, os principais problemas enfrentados na região decorrem da ausência do Estado e da falta de políticas públicas efetivas. Essa lacuna favorece a expansão de crimes ambientais e da violência, como o narcotráfico, o garimpo ilegal, a pirataria fluvial e outras formas de exploração, que cooptam ou amedrontam as populações locais.