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Cardeal Czerny: Para a Igreja na Amazônia, assumir uma pastoral de conjunto é “a mãe de todas as prioridades”

Os bispos da Amazônia brasileira reuniram-se durante dois dias, 18 e 19 de maio, para refletir sobre a realidade da Amazônia, tendo como pano de fundo as reflexões do Sínodo para a Amazônia. O encontro virtual, que reuniu cerca de 90 participantes, quis ajudar a vislumbrar possibilidades de continuar a construir os novos caminhos propostos pelo Sínodo e de tornar realidade os sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia. Numa tentativa de oferecer reflexões sobre o caminho percorrido pela Igreja na Amazônia nos últimos tempos, com base na sensibilidade em relação ao território e ao seu povo, o Cardeal Michael Czerny, mostrou a importância que a Amazônia tem para o mundo. Partindo da ideia de que Deus guia o seu povo na história da salvação, o cardeal fez um apelo para redescobrir como Deus continua chamando, dando passos, algo que deveria provocar um sentimento de gratidão “pela sua grande providência e para ouvir a sua chamada”.  Na sua análise partiu de Aparecida, que oferece algumas propostas e orientações para um ministério pastoral global na Amazônia, especialmente nos números 474 e 475, onde se nota a necessidade de “evangelizar os nossos povos para descobrir o dom da criação, aprendendo a contemplá-la e a cuidar dela como a casa de todos os seres vivos e a matriz da vida no planeta”. Juntamente com isto, em algo que pode ser considerado como uma proposta clara de uma Igreja em saída missionária, insistiu em “aprofundar a presença pastoral nas populações mais frágeis e ameaçadas”. Trata-se, afirma Aparecida, de “procurar um modelo alternativo, integral e solidário de desenvolvimento, baseado numa ética que inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e humana, baseada no Evangelho da justiça, da solidariedade e do destino universal dos bens, e que supere a lógica utilitária e individualista, que não submete os poderes económicos e tecnológicos a critérios éticos”.  Aparecida reflete sobre a necessidade de políticas públicas “que garantam a proteção, conservação e restauração da natureza”, algo que hoje assume uma importância decisiva face à realidade que se vive na Amazônia brasileira. Ao mesmo tempo, apela a uma consciência comum da “importância da Amazônia para toda a humanidade”, chamando a Igreja a uma pastoral de conjunto, algo que tem avançado com a criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, nascida “misteriosa e providencialmente” em 2014, e a Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA.  Estes são passos importantes, que provocam uma pergunta naquele que foi um dos secretários do Sínodo para a Amazônia: “Porque não ouvimos isto de imediato na Igreja e na sociedade como um todo?”. Não o fazer significou que os últimos 15 anos foram desperdiçados, “pastoralmente, ambiental e integralmente”. Nestes anos, o Cardeal Czerny destaca também a importância do encontro realizado a 27 de julho de 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, com o Episcopado brasileiro, onde a Amazônia foi colocada “como um teste decisivo para a Igreja e a sociedade brasileira”. Isto ajudou a compreender “que a Amazônia é crucial, mesmo decisivamente relevante para o caminho presente e futuro”. O Santo Padre disse que “A Igreja não está na Amazônia como se ela tivesse feito as malas para partir depois de a ter explorado o máximo possível. A Igreja está presente na Amazônia desde o início com missionários, congregações religiosas, padres, leigos e bispos e ainda hoje está presente e é um fator determinante para o futuro da região”.  O Sínodo foi um processo que nem todos compreenderam, na opinião do Cardeal Czerny. É por isso que o descreve como “um processo de conversão que nos faz descobrir como um tema único e inseparável nos espera, não só para ser compreendido, mas, mais importante ainda, para ser vivido”. Tudo isto está recolhido no documento final e nos quatro sonhos da Querida Amazônia, que devem ser vistos numa perspectiva de integridade, de “uma maior eclesialidade, abrindo horizontes”, que deve levar a assumir uma pastoral de conjunto, que o cardeal considera “a mãe de todas as prioridades”, e que deve ter a missão como o seu foco. Para tornar isto uma realidade, “o Sínodo apresenta-nos algumas pistas, especialmente na busca desse rosto amazónico, de uma Igreja inculturada em diálogo intercultural, uma Igreja muito próxima dos povos amazónicos”. Ofereceu alguns exemplos de uma Igreja em saída, sinodal, samaritana, que reconhece a importância dos leigos e o papel da mulher e da juventude, a inculturação e a interculturalidade, a consciência da necessidade de uma conversão integral, refletindo sobre a importância dos processos de reconciliação, referindo-se ao conceito de pecado ecológico, que nos deve levar a “reconciliar-nos com a destruição da casa comum”. Por esta razão, o Cardeal Czerny perguntou: “Quais são os desafios que ainda enfrentamos?” Ele próprio respondeu, dizendo que eles podem ser resumidos dizendo “que a nossa Igreja amazónica e brasileira seja sempre mais missionária e evangelizadora na (re)construção da casa comum na Amazônia”. Para isso, vê a necessidade de “processos de articulação e sinergia e abertura a opções, planeamento e resultados que acolhemos com a graça da novidade do Espírito Santo”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Agenor Brighenti: a Amazônia como novo sujeito e novo paradigma no contexto mundial e eclesial

Os bispos da Amazônia brasileira estão reunidos nos dias 18 e 19 de maio para refletir sobre a realidade sociopolítica e eclesial, e avaliar a caminhada da Igreja da região após a realização da Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia. O encontro, que acontece em modo virtual, e conta com a participação de umas 80 pessoas, quer ajudar a vislumbrar possibilidades para seguir construindo os novos caminhos e tornar realidade os sonhos de Francisco na Querida Amazônia. Não podemos esquecer como “é importante manter o hábito de resituar continuamente os processos pastorais no contexto sócio-eclesial, que está sempre em movimento”, segundo o padre Agenor Brighenti. Trata-se de uma ideia nascida da reflexão de Medellín, que deve levar a ler os “sinais dos tempos”. Segundo o membro da Equipe de Reflexão Teológica do CELAM, a profecia de Paulo VI se cumpriu, lembrando suas palavras na mensagem aos Bispos da Amazônia, reunidos em Santarém, em 1972, quando ele disse que “Cristo aponta para a Amazônia”. “Mesmo em meio à gravidade de uma pandemia, que dura mais de um ano, praticamente o mundo inteiro olha para a Amazônia, assim como o olhar da Igreja em geral também está focado na Amazônia”, enfatizava o padre Brighenti. Esse olhar para a Amazônia tem motivos para se alegrar, mas também para se indignar, se tornando algo alentador, mas que também aumenta a responsabilidade. Por isso, ele se perguntava: “Será que a Igreja na Amazônia terá condições de responder às exigências do momento?” Para assim ser, “precisa da colaboração e o apoio de todos os comprometidos com a vida na Região”, afirmava o perito sinodal. A pandemia tem voltado o olhar para a Amazônia, trata-se de uma crise que se desdobra em várias crises: sanitária, econômico-social, política e de instrumentalização da religião. Essa situação de crise, leva o padre Brighenti a se perguntar: “Como e quando sairemos desta pandemia e em que situação sairá a Igreja? Que novos desafios lhe esperam?”, colocando Fratelli Tutti como fonte de luz, também para a Amazônia. A Amazônia tem irrompido no contexto mundial e da Igreja universal, como novo sujeito e novo paradigma, segundo Agenor Brighenti. A Amazônia é novo sujeito pela questão ecológica, que tem a ver com a sobrevivência do planeta, e pelo direito a existir dos povos originários, secularmente invisibilizados, mas que “são portadores de uma sabedoria ainda não conhecida, recebida ou acolhida e que faz toda a diferença nestes tempos de encruzilhada no projeto civilizacional moderno ocidental”. A Amazônia é novo paradigma que leva a descobrir a responsabilidade para com as gerações futuras, e a assumir que “os povos invisibilizados, não são povos atrasados, não-civilizados, mas que tem sua própria civilização”. Essa reflexão tem um impacto na missão da Igreja, que já não pode ignorar a questão ecológica, uma atitude assumida pela Igreja da Amazônia, onde “a ecologia já está e pode estar ainda mais presente na espiritualidade, na educação da fé, na celebração da fé, nas ações concretas”. Nessa pastoral da ecologia, lembrando o apontado pelo Sínodo da Amazônia, “temos muito a aprender dos povos indígenas”, afirma o perito sinodal. Na ação evangelizadora com os povos originários, Agenor Brighenti faz um chamado a superar toda postura colonizadora na evangelização, algo que aparece no Documento Final do Sínodo e no Documento de Aparecida, a ser uma Igreja que faz da periferia o centro, que protege as culturas dos povos da Amazônia, que promove a inculturação da liturgia e dos ministérios, assim como uma inculturação das estruturas da Igreja, “mais sinodais, flexíveis, participativas”, como acontece com a CEAMA e a Assembleia Eclesial Latino-americana y Caribenha. Estamos diante de “uma Igreja gerida por organismos de comunhão e participação como equipes, conselhos e assembleias de pastoral, antídotos do clericalismo, a partir das CEBs”, segundo Brighenti. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Ataques armados de garimpeiros continuam na TI Yanomami e provocam a morte de duas crianças indígenas

Momento do ataque de garimpeiros contra a aldeia Palimiu,no dia 10 de maio, registrado em vídeo pela comunidade Yanomami. Foto: reprodução Há pelo menos uma semana, ataques armados de garimpeiros contra indígenas tem ocorrido de forma sistemática contra a aldeia Palimiu, na região do Uraricoera, no interior da Terra Indígena (TI) Yanomami. No sábado, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) informou que duas crianças morreram afogadas, depois de se perderem durante a fuga do primeiro desta recente sequência de ataques, ocorrido no dia 10 de maio. Após a denúncia da Hutukara Associação Yanomami (HAY), relatando a investida de grupos de garimpeiros armados contra a aldeia, outro ataque aconteceu no mesmo local na noite deste domingo (16), dessa vez com mais ostensividade. De acordo com a HAY, as lideranças Yanomami da comunidade Palimiu em ligação telefônica relataram que 15 barcos de garimpeiros se aproximaram da comunidade e “que, além de tiros, havia muita fumaça e que seus olhos estavam ardendo, indicando o disparo de bombas de gás lacrimogêneo contra os indígenas”. A situação foi relatada em ofício destinado à Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami da Fundação Nacional do Índio (Funai), à superintendência da Polícia Federal em Roraima (PF/RR), à 1ª Brigada de Infantaria da Selva do Exército (1ª BIS) e ao Ministério Público Federal em Roraima (MPF/RR). No sábado, dia 15, a HAY já havia lançado uma nota pública confirmando o falecimento por afogamento de duas crianças Yanomami que, durante os ataques do dia 10, ao fugirem para a floresta, se perderam e caíram no rio. As crianças, de um e cinco anos de idade, foram encontradas dois dias depois (12), já sem vida. Devastação causada pelo garimpo ilegal na TI Yanomami, em registro de maio de 2020. Foto: Chico Batata/Greenpeace Brasil “Estamos muito preocupados com nossos parentes do Palimiu, que estão sofrendo ameaças contra suas vidas”, denuncia a HAY, na nota. “A comunidade de Palimiu está sem nenhuma assistência de saúde: os profissionais de saúde foram removidos por conta dos tiroteios. Também não tem nenhuma força pública de segurança permanente do local, e os garimpeiros continuam diariamente amedrontando a comunidade”. Também em nota, divulgada na semana passada, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) reitera que esses ataques não são isolados e representam ações de violência permanentes contra os povos Yanomami e Ye’kuana e contra seu território, em clara manifestação de interesse pela área estratégica ao garimpo. A nota destaca, ainda, a omissão do governo federal em coibir as atividades criminosas no interior da TI Yanomami e o fortalecimento dos garimpeiros, consequência prática dos discursos pró-garimpo do presidente da República, Jair Bolsonaro, que “acirram conflitos e podem potencializar novos ataques”. “As operações de combate ao garimpo dentro da TI Yanomami mostraram-se até o momento claramente insuficientes e ineficazes, e não atingem as redes de sustento do garimpo e os esquemas de enriquecimento ilegal ao longo da cadeia da exploração mineral”, avalia o Cimi. Cerca de 20 mil garimpeiros vivem e atuam ilegalmente, hoje, dentro da TI Yanomami. Os ataques são recorrentes e já este ano a HAY denunciou outros dois conflitos envolvendo garimpeiros. Um na aldeia Helepi, em fevereiro, e outro na mesma comunidade Palimiu, em abril. Em 2020, dois indígenas Yanomami foram assassinados por garimpeiros. Todas essas investidas foram realizadas em meio à pandemia de covid-19, que atinge duramente os povos indígenas, e a um aumento nos índices de malária. A pedido do MPF, a Justiça Federal de Roraima determinou o envio de tropas policiais para a terra indígena, no dia 13 de maio. Outras decisões da Justiça Federal, em ações do MPF, e do próprio Supremo Tribunal Federal (STF), na ADPF 709, determinaram a retirada dos invasores e a proteção do território e do povo Yanomami. Até o momento, nenhuma das decisões judiciais foi cumprida pela União. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) também emitiu medidas cautelares, em julho de 2020, solicitando ao Estado brasileiro que adote medidas para proteger os direitos à saúde, à vida e à integridade pessoal dos povos indígenas Yanomami e Ye’kwana. Leia, abaixo, a nota da HAY, ou clique aqui para baixá-la em pdf: Assessoria de Comunicação do CIMI Norte 1

18 e 19 de maio acontece Encontro dos Bispos da Amazônia

  Organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, e a Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM-Brasil, os bispos da Amazônia vão se encontrar virtualmente nesta terça e quarta-feira, 18 e 19 de maio. No programa aparecem temas como o Sínodo para a Amazônia, migração, crise ambiental, mudanças climáticas, povos indígenas e os riscos na Amazônia. Segundo informações da REPAM Brasil, o objetivo é partilhar experiências, olhar para a realidade sociopolítica e eclesial e avaliar a caminhada da Igreja da Amazônia após a realização da Assembleia Sinodal e vislumbrar possibilidades para seguirmos construindo os novos caminhos e tornando real os sonhos do Papa Francisco para a Querida Amazônia. Além dos bispos da Amazônia, irão participar do encontro os representantes de organismos e pastorais da Igreja que foram convidados. No primeiro dia, será realizada uma análise de conjuntura eclesial e sociopolítica, enquanto a quarta-feira será momento para apresentar um panorama do caminho pós-assembleia sinodal, momento em que os participantes serão convidados a partilhar o caminho vivido pós-assembleia sinodal. Além dos diálogos e partilhas, os bispos apresentarão uma carta no final do encontro.  Os bispos do Regional Norte 1, reunidos em Manaus, além de participar do encontro, irão tratar outras questões referentes à vida do Regional. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Duas religiosas no combate ao coronavírus no Amazonas: “Deus vindo ao encontro de suas ovelhas cansadas e doentes”

A Igreja do Brasil tem sido instrumento de solidariedade durante a pandemia da Covid-19. São muitos os sinais que deixaram transparecer uma Igreja samaritana, disposta a cuidar as feridas daqueles que estão jogados na beira do caminho. Essa solidariedade tem se manifestado também na Amazônia, onde além da ajuda material, vários missionários e missionárias tem dedicado seu tempo a ajudar o povo, tradicionalmente sofrido, ainda mais neste tempo de pandemia. Enviadas pela Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB, com o apoio de suas congregações, as irmãs Marilde Inês Guarnieri e Lucisnei Rojas Dorado, tem ajudado durante três meses na cidade de São Paulo de Olivença, diocese de Alto Solimões. Elas mesmas definem este tempo como “uma experiência missionária como voluntárias para a vida”. Segundo o seu próprio relato, “há três meses ouvimos o chamado repentino vindo através dos superiores de nossa Congregação e da CRB. Chamado este que ecoou em nosso coração como um grito de socorro para estender nossa mão solidária aos nossos irmãos e irmãs de uma certa região no Amazonas, que estavam sofrendo consequências graves da pandemia da Covid-19”. Quando chegaram em São Paulo de Olivença, o Estado do Amazonas passava por uma situação muito grave, com um número alto e crescente de pessoas infectadas e um alto índice de internações hospitalares, mortes e sequelados. As religiosas contam que naquele tempo, tinha “famílias inteiras comprometidas com este mal”. Elas dizem que “nos sentimos na obrigação em responder, e mesmo sem saber ao certo para onde, e o que deveríamos fazer e sem muito tempo para nos organizar, num ‘Seja o que Deus quiser‘ nos colocamos a disposição e a caminho rumo ao encontro desta realidade”. As irmãs contam que “no dia 13 de fevereiro chegamos em Tabatinga-AM, no aeroporto fomos recebidas por Dom Adolfo que de longe nos acenava e com alegria veio ao nosso encontro, nos abençoando com o sinal da Cruz da cabeça aos pés, não com água benta, mas, com um frasco de álcool em gel em suas mãos, demonstrando a necessidade do cuidado e alegria: exigências fundamentais para o ser missionária neste tempo”. De Tabatinga, sede da diocese de Alto Solimões, as religiosas se deslocaram, no dia 14 de fevereiro, para São Paulo de Olivença, onde foram acolhidas, debaixo de chuva, como elas dizem, pelo padre Marcelo, sendo conduzidas até a casa das irmãs Cordimarianas, “que nos acolheram com carinho”. Segundo as religiosas, “tudo estava organizado, e convivemos fraternalmente durante esse período”. Aos poucos, junto com o padre Marcelo, foram conhecendo a cidade e a realidade do município, onde vivem os povos indígenas Tikuna, Cambeba e Kokama, além de manauaras, peruanos e colombianos. Também conheceram as comunidades da Paróquia. Tudo isso fez com que “aos poucos fossemos conhecendo e nos inserindo nesta realidade de dor e sofrimento que o mundo inteiro está enfrentando”, afirmam as irmãs. Este tempo coincidiu com o tempo litúrgico da Quaresma, Semana Santa, Paixão, Morte e Ressureição de Jesus, contam as religiosas, “onde vivenciamos mais forte o sofrimento de Cristo encarnado neste chão, evidenciado ao contexto de pandemia e o descaso político social bem conhecido por todos”. Em seu relato, elas destacam que “o silêncio imposto pelo isolamento social fazia notável em qualquer espaço desta cidade, um grito abafado de dor e medo diante das perdas de pessoas próximas e queridas, e o medo do desconhecido que poderia chegar a qualquer momento, para qualquer pessoa”. As religiosas dizem que “atuamos diretamente na linha de frente no combate do coronavírus, na assistência hospitalar e na equipe de monitoramento domiciliar do município, auxiliando as equipes que vinham desgastadas pela sobrecarga no cumprimento de horários e funções. Muitos deles foram contaminados pelo vírus da Covid-19, foram internados, uma colega enfermeira que estava na luta contra a Covid-19 veio a óbito, e muitos deles perderam seus familiares”. Mesmo assim, elas destacam que se trata de “uma equipe incansável no combate deste mal, junto a eles compartilhamos momentos de dor e morte, mas também a alegria pelas vidas estabilizadas e recuperadas”. Neste tempo de missão, as irmãs insistem em que “sentimos forte a presença de Deus vindo ao encontro de suas ovelhas cansadas e doentes, Deus que na sua misericórdia e graça se manifestou e nos acompanhou todos estes dias”. Tem sido um tempo para agradecer por tantos gestos bonito de solidariedade, “de pessoas e instituições sensíveis e que tomaram a iniciativa e decisão de ajudar fazendo campanha para adquirir materiais e equipamentos de proteção individual para tornar viável as ações necessárias”.  A experiência vivida pelas religiosas, tem as mostrado que “juntos podemos contribuir concretamente para o Reino no cuidado com a vida”. Elas relatam que “as vacinas foram chegando e graças ao empenho de todos, hoje estamos com números bem reduzidos de infectados”. Isso tem feito com que aos poucos, as atividades no município de São Paulo de Olivença estão sendo recomeçadas. Finalmente, a irmã Marilde e a irmã Lucisnei dizer ser “gratas a Deus por sermos escolhidas e poder contribuir com este projeto”. Por isso ela agradecem, “nosso muito obrigada as nossas Congregações: Irmãzinhas da Imaculada Conceição e Irmãs Franciscanas de Cristo Rei, CRB, REPAM, Dom Adolfo, Padre Marcelo e irmãs Cordimarianas. Gratidão. Paz e Bem”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Mol: “Na Igreja do Brasil, a comunicação, ela não deve ser neutra”

Com motivo do 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, entrevistamos Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. O bispo auxiliar de Belo Horizonte – MG, analisa a mensagem do Papa Francisco para este dia, afirmando que “não dá para fazer comunicação, e ainda mais comunicação da Igreja, do gabinete, do escritório, porque a comunicação não é ajuntamento de informações pura e simplesmente”. A comunicação “não deve ser neutra”, segundo Dom Mol, destacando a coragem de muitos jornalistas “para fazer uma reportagem que vai gerar consciência nova”. O bispo, colocando como exemplo o Papa Francisco, insiste na necessidade de ser “destemidos naquilo que falamos, nos valores que pregamos, que nascem do Evangelho, da pessoa de Jesus”. Ele defende a necessidade de a Igreja investir mais em comunicação e adverte “que não podem ser chamados de católicos aqueles que praticam” as insidias na comunicação, inclusive contra o Papa Francisco. Se faz necessário na comunicação da Igreja, segundo Dom Mol, cuidar das linguagens, estar em comunhão com a Igreja, estar comprometida, libertar e não ser passiva. Diante do 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa Francisco faz um chamado a comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são. O que isso significa para a comunicação da Igreja? Eu acho uma intuição do Papa Francisco muito interessante e muito contemporânea, ou seja, é uma exigência do tempo de hoje. Não dá para fazer comunicação, e ainda mais comunicação da Igreja, do gabinete, do escritório, porque a comunicação não é ajuntamento de informações pura e simplesmente. A comunicação, ela tem a exigência do estabelecimento de uma relação com o outro. Por isso que o Papa Francisco, acho que de uma maneira muito perspicaz, ele diz que a gente precisa ir. Vem e verás, tem que ir, e ir ao encontro das pessoas. Neste encontro é que a gente retira a informação, os dados. Precisamos entender que é uma intuição muito bonita, de um encontro que acontece quando a gente vai para ver, encontro de pessoa com pessoa, é que a gente então faz comunicação, e a partir da comunicação a gente também informa a toda a sociedade. Na mensagem do Papa Francisco, ele agradece a coragem de muitos jornalistas que assumindo essa coragem de ir ao encontro, eles ajudam a dar a conhecer os abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação. Como isso deveria ser plasmado, se é que ainda não está sendo, na comunicação da Igreja, sobretudo no Brasil? Isso deve ser plasmado na Igreja do Brasil, principalmente, por um esforço que precisa ser feito, um esforço de compreensão de que a comunicação, ela não deve ser, e isso pode provocar estranhamento, não deve ser neutra. A comunicação neutra, que muitas pessoas buscam fazer, é uma comunicação que, pretensiosamente sem lado algum, acaba se posicionando em favor do lado de quem tem mais poder, poder político, poder econômico e tudo e qualquer tipo de poder, inclusive religioso. Para plasmar isso dentro da prática eclesial brasileira, é preciso entender que a comunicação tem que ser comprometida, um compromisso com a outra pessoa, um compromisso com a possibilidade, que precisa inclusive ser alimentada pela própria comunicação, de uma nova sociedade, não uma sociedade com remendos, em que fica tudo mais ou menos como está, mas é uma outra sociedade possível. Eu gosto muito de um pensador dos Camarões, negro, historiador, filósofo, Achille Mbembe. Ele diz que a era do humanismo acabou, e por que que acabou, porque nada indica que o poder, por exemplo, dos Estados Unidos sobre outros muitos países, vai arrefecer, que em muitos países, a perseguição e a morte dos negros vão cessar. O humanismo acabou porque a faixa de Gaza é a maior prisão a céu aberto que existe no mundo. O humanismo acabou porque a fome aumenta, porque a desigualdade vai se tornando cada vez pior, ou seja, mais gente pobre, sem recursos para poder se defender e viver dignamente, enquanto uma minoria, cada vez menor no mundo, cada vez tem mais. Aí vai uma indicação muito interessante do Thomas Piketty, que escreveu “O Capital do Século XXI”, onde fez uma análise do imposto de renda em vários países, onde diz que a desigualdade alcançou um patamar que dificilmente se consegue agora resolver. A comunicação, ela não pode existir de forma neutra, a comunicação precisa ser comprometida com a possibilidade de uma nova sociedade. Por isso, o Papa elegia muitos jornalistas, a mensagem do Papa usa a palavra muitos jornalistas, não são todos, pois tem jornalistas que estão aí para manter o status quo, e são famosos, ganham muito dinheiro com o jornalismo, mas não estão ao serviço disso que o Papa diz. Acho interessante que ele cita outros profissionais da comunicação, operadores de câmera, editores, cineastas, que trabalham, sofrem grandes riscos inclusive, e que estão ali para melhorar a sociedade, defender a condição humana, mostrar as desigualdades, defender o direito dos pobres, os direitos humanos, e assim por diante. Há muitos jornalistas que fazem isso, e fazem com competência, e fazem com muito amor, porque inclusive, de fato, se arriscam muitas vezes, para fazer uma reportagem que vai gerar consciência nova. Também nós precisamos, junto com o Papa, agradecer a coragem de muitos jornalistas.  O senhor fala que não dá para fazer uma comunicação sem compromisso. Poderíamos dizer que o Papa Francisco é alguém que nas suas palavras sempre mostra o caminho a seguir, e geralmente não deixa ninguém indiferente, recebendo elogios e ataques, muitas vezes despiedados. Como o exemplo do Papa Francisco deveria se fazer presente na vida dos jornalistas, dos comunicadores, mas também na vida de todos os batizados, da hierarquia, dos bispos, que muitas vezes são os mais escutados dentro da Igreja? A gente precisa rever nossa maneira de seguir a Jesus. A questão de sermos, a exemplo do Papa Francisco, destemidos naquilo que falamos, nos valores que pregamos, que nascem do Evangelho, da pessoa de…
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Numa sociedade dividida, agressiva, cheia de mentiras, Dom Leonardo incentiva os comunicadores a ser palavra de esperança, comunhão e amor

Foto: reprodução Facebook Catedral Nossa Senhora da Conceição A Arquidiocese de Manaus comemorava neste domingo, 16 de maio, o Dia Mundial das Comunicações Sociais. A Eucaristia celebrada na Catedral Metropolitana, onde se fez presente uma representatividade dos agentes da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese, das paroquias, áreas missionárias e comunidades, foi momento para que Dom Leonardo Steiner agradecesse o trabalho por eles realizado, especialmente neste tempo de pandemia, em que tanto tem ajudado a fazer presente a caminhada da Igreja na vida do povo. Em sua homilia, o arcebispo de Manaus lembrava a “mensagem significativa” enviada pelo Papa Francisco com motivo do 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, onde nos lembra o texto do Evangelho de João, “Vem e verás”, assim como o tema deste ano: “Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”. Dom Leonardo recordava que o Papa Francisco, “ele insiste na necessidade de a comunicação, mas a comunicação que busca a verdade encontrando as pessoas, histórias, situações concretas”. Não podemos esquecer que a comunicação é chamada a “buscar situações sociais de desgoverno, mas também as belezas transformativas da sociedade”. Segundo Dom Leonardo Steiner, “para tal, faz-se necessário encontrar pessoas, histórias, verificar com os próprios olhos as situações das pessoas, das comunidades”. Nesse sentido, o arcebispo enfatizava que “não são notícias criadas, inverdades, mas são realidade experimentadas, comunicadas, para que todos nós possamos participar da verdade, da harmonia, da injustiça, da verdade”. O modelo de comunicador, segundo Dom Leonardo, está no próprio Jesus, incentivando “a todas as pessoas que servem nos meios de comunicação a serem sempre um sinal de esperança, uma palavra de esperança, uma palavra de comunhão, uma palavra de amor”. O arcebispo afirmava que “a nossa sociedade está tão dividida, está tão agressiva, está tão cheia de mentiras, há necessidade de nós comunicarmos belezas, buscarmos comunicar tudo aquilo que Jesus nos ensinou, mas é claro, não podemos deixar de denunciar aquilo que não está conforme à dignidade da nossa humanidade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Pequenas ações que tem impacto significativo nas comunidades

Com recursos recebidos do Fundo de Solidariedade, o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com a parceria de diferentes instituições, distribuiu cestas básicas e kits de higiene entre a população vulnerável. Neste sábado, 15 de maio, dentro das atividades da Rede um Grito pela Vida, as Irmãs do Imaculado de Maria, de Manaus, distribuíram 72 cestas básicas e 72 kits de higiene na comunidade Ribeirinha do Abelha, no Tarumã. O transporte das doações contou com a contribuição de lideranças da comunidade, que se deslocaram em pequenas lanchas até o porto da Marina do Davi, em Manaus, ajudando no transporte até a comunidade. Trata-se de uma comunidade onde a Rede Um Grito Pela Vida, já realizou um trabalho de prevenção às violências, abuso, exploração sexual e tráfico de pessoas, algo que tem sido feito nas diversas comunidades daquela região, devido a realidade de vulnerabilidade das crianças, adolescentes e juventudes. Por ser uma área de turismo, é necessário fazer um trabalho permanente de prevenção. Neste sábado, antes da entrega das doações foram realizadas duas rodas de conversa nos dois portos da comunidade. Em cada roda de conversa foi falado sobre a partilha que a CNBB através do Fundo de Solidariedade tem realizado neste tempo de pandemia da Covid-19, em parceria com a Rede Um Grito Pela Vida e as Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Também foi dialogado sobre os cuidados permanente que a comunidade deve ter em relação ao contágio pelo coronavírus. Logo em seguida foi abordado o tema do 18 de maio, sobre o cuidado e proteção de crianças e adolescentes com relação ao abuso e exploração sexual, informando a comunidade sobre os cuidados e como procurar ajuda quando sabem que alguém está sendo violado em sua dignidade. Muitas famílias perderam o emprego por conta da Covid-19 e se encontram adoecidas pelo contagio do vírus, sem condições de buscar trabalho. São mais de 200 famílias na comunidade do Abelha, muitas vivem do bolsa família. São catraieiros, e os que conseguem emprego trabalham em Manaus. Com a cheia do rio, dificulta a pesca, que para muitos é o modo de sobrevivência. É gratificante ver como as famílias recebem agradecidas as cestas básicas, partilham a realidade de dor e sofrimento causado pela fome, falta de saúde básica e condições dignas de sobrevivência, pelo desemprego e falta de oportunidade para as juventudes. São comunidades onde muitos jovens são envolvidos na droga e alcoolismo. Junto com isso, é visível a desnutrição das crianças. Um dos moradores da comunidade, o senhor Raimundo Gomes, agradecia “pela grande ajuda que nos deram trazendo aqui, na nossa mesa, esse alimento”. Ele diz ter ficado “muito feliz por ter algo para comer e por saber que vai ter alguma coisa a mais na mesa de cada um da comunidade”. São pequenas ações, mas tem um impacto significativo nas comunidades. Irmãs do Imaculado Coração de Maria, Manaus

Fazendo Bonito em São Gabriel da Cachoeira, um debate em torno ao Abuso e Exploração de Crianças e Adolescente

São Gabriel da Cachoeira, dentro das programações do 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, organizava nesta sexta-feira, 14 de maio, um encontro virtual para refletir sobre uma realidade muito presente na sociedade. A Live, que teve por nome “Fazendo Bonito em São Gabriel da Cachoeira” contou com a participação de Alissia Regina Pereira Pinheiro– psicóloga clínica no CEPEN, que assumiu a função de mediadora, Nathália Gusmão– assistente social-SEMSA/SGC, Marianne Kaliny Ferreira da Silva-enfermeira IFAM/CSGC, Dom Edson Taschetto Damian– Bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira, Maria Aparecida Marques Fernandes– irmã Catequista Franciscana e psicóloga da SEDUC/ SGC, e Franciane Souza– psicóloga IFAM/CSGC. O encontro foi momento para refletir sobre as faces da violência sexual, com ênfase no abuso e exploração sexual, a rede municipal de atendimento no enfrentamento ao abuso sexual, o papel da escola, família, e comunidade no enfrentamento ao abuso sexual, e a Operação Kuñatai. Segundo foi refletido durante a Live, a violência e exploração sexual de crianças e adolescentes, por sua incidência e constância, desafia continuamente o fortalecimento da rede de proteção, pois calar é consentir! Diante dessas situações, é preciso dar visibilidade e não deixar impune esta ação criminosa que traz tantos malefícios para pessoas ainda em desenvolvimento, no caso as crianças e adolescentes. A rede de proteção se fortalece, segundo refletido, com o protagonismo juvenil, o envolvimento das famílias, igrejas, escolas, entidades e a rede de atendimento: Conselho Tutelar, delegacia, Unidade Básica de Saúde, CREAS estão aptos, estruturados e com profissionais sensíveis para esta demanda. Por isso, é preciso coragem, agir com a força do coração para continuar esta luta em defesa da vida! Com informações da Ir. Maria Aparecida Marques Fernandes, Catequista Franciscana  

Papa Francisco ajuda a fazer realidade o sonho do Povo da Rua de Manaus

Um espaço que quer ser referência para o povo da rua de Manaus tem sido inaugurado nesta sexta-feira, 14 de maio de 2021, graças a sensibilidade do Papa Francisco, que enviou boa parte dos recursos para atender o povo sofrido, que enfrenta graves dificuldades em consequência da pandemia da Covid-19. O espaço tem sido construído na paroquia de Nossa Senhora dos Remédios, no centro da cidade, um local de grande presença do povo da rua, que passa o dia e a noite na praça do mesmo nome que fica em frente da Igreja. Quem tem dado nome ao novo Centro de Acolhida do Povo da Rua é Dom Sérgio Eduardo Castriani, falecido no passado mês de março, que em plena pandemia, segundo relatava Dom Leonardo Steiner, preguntava com a pouca voz que ainda lhe restava, o que estava sendo feito com o povo da rua, com aqueles que sempre tiveram um lugar especial em seu coração.   A silhueta de Dom Sérgio, alguém que segundo a coordenadora da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de Manaus, “não media esforços para que o povo da rua possa estar melhor amparado”, e facilmente reconhecível na placa de inauguração, desvelada por Dom Leonardo e dona Marisa Ferreira Campos, catadora de material reciclável, onde a gente pode ler: “O Povo da Rua agradece ao Papa Francisco os recursos para este espaço de acolhida”. Um espaço que deve ser uma casa, insistia o arcebispo de Manaus, onde deve ser vivido o acolhimento, “para que todas as pessoas que não tem casa, possam se sentir em casa”, um espaço onde “eles sejam bem recebidos e estão sempre em casa, porque se encontram com irmãos e irmãs”. A benção da casa, onde tem sido invocada a Benção de Deus, tem sido vista como oportunidade para que “todos nós tenhamos a alegria de poder servir, a alegria de poder acolher”, afirmava o arcebispo, pedindo que a casa seja um local em que pessoas encontrem “um lugar para conversar, um lugar para serem ouvidas”. A importância dessa atitude era reconhecida por dona Marisa, que dizia que “não é só uma comida que a gente precisa”, destacando a oportunidade de conversar que o povo da rua encontra naqueles que são voluntários na pastoral, algo que a faz se sentir “privilegiada e honrada” pela atenção recebida. A pandemia tem sacado o melhor e o pior das pessoas, mas a gente sempre tem que destacar àqueles que se tornam um exemplo para os outros. É o caso do senhor Aldenir Vieira Barbosa, idealizador da lavanderia do centro de acolhida. Como ele mesmo, dono de uma lavanderia, relatava, escutou o padre Hudson Ribeiro, que acompanha a Pastoral do Povo da Rua, na Rádio Rio Mar, a rádio da Arquidiocese de Manaus, falando que ele mandava lavar a roupa do povo da rua numa lavanderia. Diante disso, ligou para o padre Hudson e disse que ele gostaria de ser útil, lavando a roupa do povo da rua gratuitamente, e agora doando as máquinas para o novo centro. O Centro de Acolhida também tem contado com a parceria do Ministério Público do Trabalho. Em seu nome, a procuradora Alzira Costa, agradecia ao padre Hudson por ter ampliado a sua capacidade de amar, pela possibilidade de olhar o povo da rua de outra maneira. Tem sido um momento para perceber “quanto a caridade, ela tem um nome, que se torna e se traduz em obras concretas, através, sobretudo da nossa mutua colaboração”, destacava Dom Tadeu Canavarros, bispo auxiliar de Manaus, que fazia referência a Fratelli tutti, um texto que nos ajuda a descobrir que “aquele que mora na rua é meu irmão, minha irmã”, pedindo que esse espaço de acolhida possa ajudar a “crescer na nossa fraternidade”. A inauguração tem sido momento para agradecer às pessoas que fizeram possível o novo ambiente, segundo Dom Leonardo Steiner. Ele relatava as ajudas que têm sido dadas ao povo da rua, números significativos, “no sentido de nos estarmos juntos dessas pessoas, desses irmãos e irmãs”. O arcebispo lembrava das palavras de Teresa de Calcutá, “aqueles que o Estado e a sociedade não querem, nós cristãos queremos”. Dom Leonardo insistia em que “é a nossa missão como Igreja, a misericórdia evangeliza mais do que as nossas palavras, porque isso é visibilização da Palavra, visibilização do Reino de Deus, é a visibilização de Jesus”. O arcebispo fazia um pedido ao governo de um espaço para o pernoite do povo da rua. O padre Hudson Ribeiro explicava brevemente o funcionamento do centro e agradecia a parceria da Caritas Arquidiocesana de Manaus e da Fazenda da Esperança, assim como outras entidades e paróquias, destacando acima de tudo o trabalho dos voluntários da Pastoral do Povo de Rua e a paróquia dos Remédios e a abertura do seu pároco, o padre Mauro Cleto, para ceder o espaço. Finalmente agradecia a sensibilidade de Dom Leonardo Steiner por fazer com que “o sonho se faça realidade, e se faça realidade a partir do clamor do próprio povo”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1