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Dom José Albuquerque: “o tráfico humano deveria incomodar mais, deveria ser algo gritante”

  A necessidade de ter consciência do enfrentamento do tráfico humano é algo que cada vez mais está sendo assumido na Igreja católica. A criação do Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, que acontece todo 8 de fevereiro, na festa de Santa Bakhita, desde o ano de 2015, tem ajudado nesse caminho. Em 2021, o tema de reflexão tem sido “Economia sem Tráfico de Pessoas”, e tem provocado muitos momentos de oração e reflexão em muitos países de mundo. Uma das instituições que no Brasil assumem esse combate é a Rede um Grito pela Vida, que conta com 28 núcleos no país. Um deles é o núcleo de Manaus, que no dia da festa de Santa Bakhita organizava um encontro virtual de oração e reflexão. Nele estava presente Dom José Albuquerque, que começava dizendo que era “um dia de fazer memória”. Segundo ele, “estamos falando de uma realidade que não deveria existir, mas infelizmente, falar de tráfico humano é falar de uma realidade que acompanha a história da humanidade”. O bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, definia o tráfico de pessoas como “a maior violação dos direitos humanos”, como algo que “deveria incomodar mais, deveria ser algo gritante”, dado que estamos diante de um fenómeno que faz “reduzir a pessoa a uma mercadoria”. Relacionando suas palavras com o Dia do Enfermo, que acontece no dia 11 de fevereiro, o bispo lembrava as palavras do Papa, onde enfatiza que “o mundo está doente”. Para Dom José Albuquerque, “não é só uma questão do vírus que está maltratando, que está fazendo as pessoas adoecerem, ceifando vidas no mundo inteiro, mas perceber que existem outros vírus que precisam ser vencidos”. Além da forma de vencer a pandemia, de enfrentar a situação do tráfico humano, ele destacava a necessidade de “trabalhar mais para que haja fraternidade e esperança de tempo melhores, esperança de que Deus está conosco, Cristo caminha conosco, Ele está no meio de nós, por isso que a gente não pode perder a esperança, nosso trabalho não é em vão”. Junto com isso, Dom José insistia na necessidade da denúncia, “mostrar ao mundo essa realidade é missão de todos nós”. Isso é algo que vem de Deus, pois “todas as iniciativas que visam levar esta conscientização ao mundo, é inspiração divina, é o Espírito de Deus que está conduzindo a nossa reflexão e as nossas ações”. O bispo auxiliar de Manaus identificava as vítimas do tráfico humano com “os excluídos, vítimas de toda uma ação maléfica, todo um mecanismo diabólico que faz com que as pessoas se sintam quase que sem saídas, sem respostas, sem esperanças”. Em consequência disso, essas pessoas “se tornam presas fáceis de tantas propostas que vão violar a sua dignidade como ser humano”, enfatizava dom José. O grande perigo, segundo o bispo auxiliar, “é que essa realidade do tráfico, ela sempre é escondida, ela não aparece nos noticiários”, fruto da “desinformação, a ignorância, a conivência dos meios de comunicação que não querem abordar esses temas”. Segundo ele, “ainda tem muita gente que se assusta e desconhece uma realidade que está presente no mundo inteiro”. Dom José Albuquerque colocava como objetivo maior da Igreja “que cada pessoa seja amada, respeitada, cuidada”. Cuidar daqueles que estão a mercê do tráfico nos faz lembrar, segundo o bispo, da história da Salvação, onde aparece a realidade da escravidão. Algo que, segundo ele, também está presente na história da América Latina, “onde as nações foram construídas a partir de uma economia que era fundamentada no tráfico, na escravidão, na apropriação indevida de bens, não só de bens naturais, mas também de culturas e povos”. Fazendo memória do relato do livro do Êxodo, Dom José Albuquerque afirmava que “Deus continua ainda nos nossos dias sofrendo com a gente, chorando com a gente, toda vez que cada um dos seus filhos sofre, é excluído, é traficado, morto, por causa deste grande ídolo, que sempre foi a razão de todas as guerras, de toda divisão, de toda exploração”. Por isso, ele afirmava que “mais do que nunca, nós estamos reféns da idolatria, do deus dinheiro”. O bispo denunciava que aqueles que tem dinheiro, “eles têm a pretensão de pensar que podem comprar tudo, até mesmo vidas humanas”. O bispo destacava dois elementos importantes, a falta de informação, a falta de reflexão, e a indiferença, “a gente percebe o silêncio e muitas vezes até a omissão por parte da gente, por parte dos cristãos, por parte das organizações, dos governos”. Dom José pedia que Santa Bakhita “nos ajude a ter a coragem de falar dessas questões”, afirmando que junto com a vacina da Covid, “precisamos também da vacina da fraternidade, a vacina da esperança, a vacina do amor, do respeito às pessoas”. Que seja um dia “que a gente renove nosso compromisso de ajudar a Igreja a cumprir sua missão, anunciar o Evangelho”, insistindo em que Cristo veio para nos libertar “das idolatrias que regem a economia nesses tempos em que o lucro, o mercado, os grandes projetos estão acima das pessoas, especialmente dos mais frágeis”. Por isso, se faz necessário “incentivar outros a abrir os olhos e denunciar”, insistindo em que as denúncias são necessárias, e a presença de mulheres e homens que sejam comprometidos em assumir a causa do tráfico de pessoas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Com a benção de Dom Leonardo, Rede de Escuta Espiritual da Arquidiocese de Manaus inicia sua missão

  A Rede de Escuta Espiritual para as pessoas atingidas pela Covid-19, uma iniciativa da Arquidiocese de Manaus, tem dado um passo a mais com o encontro virtual dos voluntários e voluntárias que realizarão esse trabalho de escuta. Os voluntários tem recebido a benção do arcebispo, Dom Leonardo Steiner, que tem agradecido “a disponibilidade de todos e de todas para esse serviço de consolo”.  Trata-se de uma iniciativa do Conselho Presbiteral da Arquidiocese de Manaus, mas que já vinha sendo sugerida por várias pessoas, segundo o arcebispo, que agradecia ao padre Geraldo Bendaham, coordenador de pastoral arquidiocesano, que se empenhou em pôr em ação essa sugestão. A pandemia da Covid-19 tem provocado uma verdadeira catástrofe em Manaus, uma cidade que segundo números oficiais da Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas, até 6 de fevereiro, já viu partir 6.208 vítimas da Covid-19, o que representa 2.839 mortes por cada milhão de habitantes, provavelmente a cifra mais alta por milhão de habitantes em todo o planeta.  Dom Leonardo Steiner destacou a importância desta pastoral da escuta, algo que algumas outras dioceses tem feito também, segundo ele, mas que “eu vejo que nós como arquidiocese, diante do momento tão difícil que nós estamos vivendo, com tantas mortes, nós temos que colocar à disposição telefones que as pessoas possam recorrer e dizer como estão se sentindo”, insistia o arcebispo de Manaus.  Ele afirmava que “não será um acompanhamento psicológico”, mas não podemos esquecer que “poder falar é muito importante, cada qual poder externalizar aquilo que está sentindo é quase uma terapia, a pessoa interiormente vai ajustando seus conflitos, vai ajustando também suas dores, na medida em que pode falar, a pessoa traz à fala as suas angustias, as suas preocupações, mas também vai fazendo interiormente uma síntese que vai ajudando a encaminhar o seu momento existencial”.  Reforçando aquilo que é o objetivo da nova Rede de Escuta Espiritual, “acolher com amor, escutar e orientar com misericórdia e paciência os sofrimentos e alegrias das pessoas atingidas pelas consequências da Covid-19”, o arcebispo insistia em que “é um serviço nosso de acolhida, um serviço nosso de consolo”. Ele destacou a importância de ajudar com passagens bíblicas, “que são sempre palavras de esperança, são sempre umas palavras de ânimo, são sempre umas palavras de encorajamento”.  Por isso, falou para os voluntários e voluntárias que vão ajudar na rede que “oferecemos sempre a Palavra de Deus, da nossa parte a necessidade da escuta, e da escuta vão surgir também palavras, mas nunca melhor do que a própria Palavra de Deus que nós possamos oferecer”. Dado que é um serviço aberto a todo mundo, que poderá ser acessado através de um número gratuito, Dom Leonardo dizia que “muitas pessoas que não são da Igreja católica vão procurar e o importante é que nós tenhamos um coração aberto, um ouvido aberto para escutar, e ter, se é possível, uma palavra de alento e de conforto”. O arcebispo de Manaus animava os voluntários a “cada um, cada uma pode ir achando a maneira de ir ajudando”, afirmando que “é mais uma iniciativa junto com outras que estão acontecendo, na tentativa de contribuir com esse momento tão difícil”. Dom Leonardo contava que “nós temos recebido telefonemas que as pessoas não têm onde recorrer, assim saberão onde recorrer e nós poderemos dar uma ajuda”. O arcebispo encerrava sua fala pedindo que Deus abençoe a todos aqueles que tem se disponibilizado para realizar esta missão.  Segundo o padre Geraldo Bendaham, “é um grupo que já nasce com muitas experiências de escuta ativa das pessoas que tem sofrimentos, alegrias, tristezas, sonhos, talvez frustrados devido à vida ter sido interrompida repentinamente”. Isso vai ajudar para fazer realidade o objetivo da rede, que “é acolher com amor, escutar e orientar com misericórdia e paciência os sofrimentos e alegrias das pessoas atingidas pelas consequências da Covid-19”. Estamos diante de uma oportunidade para “estender a mão à pessoa, como Jesus diz”, segundo o coordenador de pastoral da Arquidiocese de Manaus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Valmi Bohn: “Na pandemia, as vulnerabilidades sociais aumentaram imensamente”

  No dia 8 de fevereiro, festa de Santa Bakhita, é celebrado o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, que neste ano tem como tema “Economia sem Tráfico de Pessoas”. Com motivo dessa data, Adriana Ribeiro no programa “Arquidiocese em Notícias”, da Rádio Rio Mar, entrevistava a irmã Valmi Bohn, coordenadora nacional da Rede um Grito pela Vida. Segundo a irmã Valmi, a Rede um Grito pela Vida é um grupo de mulheres e homens que trabalham na prevenção do tráfico humano. O início dos trabalhos no Brasil aconteceu em 2007, a partir do pedido da assembleia da União Internacional das Superioras Gerais – UISG, acontecida em 2006. No início, a rede estava formada por um grupo de religiosas e religiosos e depois foram chegando as leigas e os leigos, segundo sua coordenadora nacional. A religiosa da Divina Providência, afirma que “o principal objetivo da rede é conscientizar, sensibilizar, prevenir as pessoas sobre os graves problemas do tráfico humano, em especial os jovens e crianças, as mulheres, também os homens, no que faz referência ao trabalho escravo”, insistindo em que “nosso compromisso é enfrentar o tráfico humano através dessa prevenção”. Trata-se de uma rede da qual podem participar todas as pessoas, que tem muitos parceiros na sociedade civil e no âmbito governamental. A Rede um Grito pela Vida está em Manaus desde 2010 e atualmente tem extensões do núcleo em Itacoatiara, Tefé, Borba e Anori. Segundo a irmã Valmi Bohn, está sendo estudado a possibilidade de começar em outros lugares depois da pandemia, quando seja possível fazer a formação com o pessoal que quiser participar. A pandemia tem condicionado o trabalho da rede, que agora é mais virtual. “Antes da pandemia a rede tem trabalhado muito com palestras sobre o tráfico humano nas escolas, comunidades católicas e evangélicas, grupos de migrantes, indígenas, mulheres, casais, campanhas nas ruas, nos terminais de ônibus…”, segundo sua coordenadora nacional. No mês de fevereiro a intenção de oração do Papa Francisco é sobre as mulheres vítimas da violência, para que sejam protegidas pela sociedade e seus sofrimentos sejam considerados e escutados. Segundo a irmã Valmi, “uma de cada três mulheres já sofreu violência, infelizmente é uma realidade muito cruel, existe”. Ela insiste em que “diante da pandemia, as vulnerabilidades sociais aumentaram imensamente, e quem mais sofre as consequências são exatamente as crianças, os jovens e as mulheres que estão vivendo em casa, no seu isolamento, e muitas dessas violências não aparecem”. Ao falar sobre o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas e o tema dessa jornada, “Economia sem Tráfico de Pessoas”, a religiosa lembra que Santa Bakhita foi sequestrada aos 9 anos e foi vendida para a escravidão. Segundo ela, “o tema lembra que o modelo económico dominante no mundo é uma das principais causas do trafico humano. Uma economia sem tráfico é um convite que está sendo feito para promover novas experiências de economia que possam ajudar a superar todas as formas de exploração”. A irmã Valmi denuncia que “existem problemas estruturais, como o desemprego, a fome, o recorte dos gastos públicos, que aumentam o risco de tráfico de pessoas, especialmente nas crianças, mulheres e jovens mais vulneráveis a serem sometidos a esses trabalhos desumanos e à escravidão”. Essas realidades tem se enfatizado no tempo da pandemia, em que “está aumentando muito o desemprego, a fome, a miséria, fazendo que os ricos sejam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, aumentando o número de pessoas vulneráveis ao tráfico de pessoas”, insiste a coordenadora nacional da Rede um Grito pela Vida. Para o dia 8 de fevereiro está prevista uma programação a nível nacional e internacional, no Brasil existem 28 núcleos da Rede um Grito pela Vida, afirma a irmã Valmi. O núcleo de Manaus vai organizar uma live de oração, às 16 horas (acesse aqui), que vai contar com a presença de Dom José Albuquerque, bispo auxiliar de Manaus, e uma eucaristia, às 19 horas, no horário de Manaus (acesse aqui). Os dois momentos no formato virtual, que podem ser acompanhadas no facebook. As pessoas também podem acender uma vela ou fazer uma oração especial para que termine o tráfico de pessoas, segundo a irmã Valmi Bohn. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Gota a gota, as Igrejas do Regional Norte 1 continuam lutando para salvar vidas

  Foto: Prelazia de Borba A luta pela vida tem sido assumida como a grande prioridade das dioceses e prelazias que fazem parte do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos. Uma atitude que está sendo abraçada por muitas pessoas que vivem sua fé no Amazonas e Roraima. Os BIPAPs e concentradores de oxigênio que chegaram em Manaus no domingo 31 de janeiro, já estão começando a ser operativos em diferentes hospitais do interior do Amazonas. Já chegaram notícias até a secretaria executiva do Regional do recebimento desses aparelhos nas prelazias de Itacoatiara, Borba, Tefé, na diocese de Coari, além dos que ficaram na arquidiocese de Manaus. Nos próximos dias estarão chegando nas outras dioceses, onde a distância dificulta a logística de entrega. Foto: Diocese de Coari Estão sendo distribuídos 50 BIPAPs e 20 concentradores de oxigênio, assim como máscaras, macacão, oxímetros, termómetros, luvas, toucas… Trata-se de materiais de extrema necessidade diante da grave crise sanitária que está sendo vivida no Estado do Amazonas, que segundo informações da Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas do dia 4 de fevereiro já tem 276.551 casos e 8.716 óbitos no Estado, 9.257 casos e 599 falecidos nos 4 primeiros dias do mês de fevereiro. Os bispos do Regional Norte1 continuam agradecendo a generosidade de tantas pessoas que tem se solidarizado diante da realidade que está sendo vivida, inclusive o Papa Francisco, sempre atento ao que está acontecendo nas últimas semanas.Essas doações tem motivado a solidariedade local, como tem acontecido na Prelazia de Itacoatiara, onde o clero local está doando mais um BIPAP para o Hospital Regional José Mendes da cidade de Itacoatiara, que atende os municípios que fazem parte da prelazia. Foto: Prelazia de Itacoatiara Foto: Prelazia de Tefé  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 

Acabar com um sistema econômico que trata a pessoa como mercadoria

  Numa sociedade onde o lucro determina as relações entre as pessoas, somos chamados a refletir como humanidade, a construir um mundo marcado por relações de fraternidade, que nos leve ver o outro como um irmão, como uma irmã. O Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, que todos os anos acontece no dia 8 de fevereiro, nos leva a refletir em 2021, na sua 7ª edição, sobre o tema “Economia sem tráfico de pessoas”. O Papa Francisco, no Discurso proferido no Encontro Mundial dos Movimentos Populares, em Santa Cruz de la Sierra, no dia 9 de julho de 2015, ele dizia: “Digamos não a uma economia de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir. Esta economia mata. Esta economia exclui”. Estamos diante de um sistema econômico, em palavras do Santo Padre que castiga “a terra, os povos e as pessoas de forma quase selvagem”, que deixa sentir “o cheiro daquilo que Basílio de Cesareia chamava ‘o esterco do diabo’: reina a ambição desenfreada de dinheiro”. Somos chamados a refletir sobre o modelo econômico dominante, uma das principais causas do tráfico de pessoas. Não podemos esquecer que os lucros anuais decorrentes do tráfico no mundo são 150,2 bilhões de dólares, dois terços dos quais são provenientes da exploração sexual. Estamos diante de um modelo cujos limites e contradições têm sido agravados pela pandemia da Covid-19. Uma parte importante desse modelo econômico, dado os altos lucros que gera, é o tráfico de pessoas, vistas como mercadorias, submetidas pela especulação financeira e pela concorrência.  O sistema econômico global que domina o mundo só será superado na medida em que seja assumida uma visão “estrutural e global” do tráfico de pessoas, que ajude a desequilibrar todos aqueles mecanismos perversos que alimentam a oferta e a procura de “pessoas para explorar”. A reflexão sobre esse sistema econômico nos leva a entender que é o coração de toda a economia que está doente. Trata-se de uma economia onde tudo é dominado pelo preço dos produtos, onde as empresas se tornaram vítimas de uma lógica em que cada vez mais, a empresa é valorizada pelo preço das suas ações no mercado financeiro e não pelo valor acrescentado gerado pelo seu capital humano.   Fratelli tutti nos diz que “o direito de alguns à liberdade de empresa ou de mercado não pode estar acima dos direitos dos povos e da dignidade dos pobres” (FT 122). Não podemos esquecer que são os pobres as maiores vítimas do tráfico de pessoas, muitas vezes em consequência de falta de oportunidades no âmbito local, o que é aproveitado pelas máfias, que com falsas promessas conseguem aliciar as vítimas. Diante dessa realidade, a mesma encíclica nos diz que “a superação da desigualdade requer que se desenvolva a economia, fazendo frutificar as potencialidades de cada região e assegurando assim uma equidade sustentável” (FT 161). Diante das “graves carências estruturais que não se resolvem com remendos ou soluções rápidas meramente ocasionais” (FT 179), são precisas mudanças profundas e transformações importantes, procurando uma economia que vise o bem comum. Essa, que pode ser considerada uma crítica do Papa ao neoliberalismo, que a pandemia do coronavírus tem escancarado suas mazelas. Nesse sentido, podemos dizer que o tráfico de pessoas é a ponta do iceberg, é o espelho de aumento de um mal-estar de um neoliberalismo vigente baseado em uma (falsa) ideia de liberdade econômica em que toda instância ética, social e política é estranha e um obstáculo. O Papa Francisco, em Fratelli tutti, nos diz que “hoje como ontem, na raiz da escravatura, está uma conceção da pessoa humana que admite a possibilidade de a tratar como um objeto. (…) Com a força, o engano, a coação física ou psicológica, a pessoa humana – criada à imagem e semelhança de Deus – é privada da liberdade, mercantilizada, reduzida a propriedade de alguém; é tratada como meio, e não como fim” (FT 24). Essa escravatura moderna, o tráfico de pessoas, é um “problema mundial que precisa de ser tomado a sério pela humanidade no seu conjunto” (FT 24). Podemos dizer que o Papa Francisco é hoje um dos principais impulsores dessa luta contra o tráfico humano. Ele quer que toda a Igreja se envolva nessa dinâmica, algo que na Igreja latino-americana é coordenado pela Rede CLAMOR, que engloba diferentes redes nacionais e regionais. A ligação entre o tráfico de pessoas e o tráfico de droga e armas é forte, nos lembra o Papa Francisco na sua última encíclica, uma realidade que está muito presente na vida dos imigrantes, submetidos a muitas situações de fragilidade, tanto antes como durante o percurso das suas viagens, inclusive depois de ter chegado no local de destino, onde as condições de vida são muitas vezes precárias. Fratelli tutti nos faz um chamado a “cuidar da fragilidade” para evitar chegar na “cultura do descarte”. Neste ano, o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas nos leva a refletir sobre a necessidade de uma economia sem tráfico, que é uma economia que valoriza e zela pelo ser humano e pela natureza, que incluem e não explora os mais vulneráveis. Desde o Comitê Internacional do Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o tráfico de pessoas, a proposta é entender e assumir como modelo econômico a “Economia de Francisco“, o grande movimento de jovens economistas, empresários e agentes de transformação de todo o mundo convocados pelo Papa Francisco para compartilhar ideias e projetar iniciativas para a promoção do desenvolvimento humano integral e sustentável, no espírito de Francisco. Como Igreja é importante conhecer as “Orientações Pastorais sobre Tráfico de Pessoas Vaticano”, onde é mostrado que o Tráfico de Pessoas “assume o controle das suas vítimas e conduze-las a locais e situações em que são tratadas como mercadorias, para serem compradas e vendidas e exploradas como trabalhadoras ou mesmo como ‘matérias-primas’ de formas múltiplas e inimagináveis”. Uma das causas de tudo isso, segundo as orientações, está no “aumento do individualismo e do egocentrismo, atitudes que tendem a considerar…
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A pandemia do Tráfico de Pessoas e da violência contra as mulheres

  A violência contra as mulheres é “uma covardia e uma degradação para toda a humanidade”. Quem diz isso é o Papa Francisco no vídeo com que todo mês difunde sua intenção de oração. Neste mês de fevereiro, ele pede para rezar pelas mulheres vítimas de violência, pois “hoje segue havendo mulheres que sofrem violência, violência psicológica, violência verbal, violência física, violência sexual”. Na próxima segunda-feira, 8 de fevereiro, no dia em que a Igreja católica celebra a festa de Santa Bakhita, uma escrava africana que depois se tornou religiosa na Itália, acontece o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, que na sua 7ª edição, nos leva a refletir sobre o tema “Economia sem tráfico de pessoas”. Estamos diante de uma grande oportunidade para refletir sobre o modelo econômico dominante, uma das principais causas do tráfico de pessoas. Não podemos esquecer que os lucros anuais decorrentes do tráfico no mundo são 150,2 bilhões de dólares, dois terços dos quais são provenientes da exploração sexual. Neste tempo de pandemia da Covid-19, a pandemia do tráfico de pessoas, da exploração sexual e da violência contra as mulheres, que são realidades muito presentes na sociedade mundial, também na Amazônia, têm sido agravadas. Nesse modelo econômico, onde na mente de muita gente tudo pode ser comprado e vendido, sempre que isso gere lucros, e a gente não pode esquecer que estamos diante de um crime que gera altos lucros, as pessoas são vistas como mercadorias, sendo submetidas pela especulação financeira e pela concorrência. Diante disso, o Papa Francisco, na encíclica Fratelli tutti nos diz que “o direito de alguns à liberdade de empresa ou de mercado não pode estar acima dos direitos dos povos e da dignidade dos pobres” (FT 122).   Se faz necessário mudar o sistema econômico global, e para isso tem que ser assumida uma visão “estrutural e global” do tráfico de pessoas, que ajude a desequilibrar todos aqueles mecanismos perversos que alimentam a oferta e a procura de “pessoas para explorar”. A reflexão sobre esse sistema econômico nos leva a entender que é o coração de toda a economia que está doente. Trata-se de uma economia onde tudo é dominado pelo preço dos produtos, onde as empresas se tornaram vítimas de uma lógica em que cada vez mais, a empresa é valorizada pelo preço das suas ações no mercado financeiro e não pelo valor acrescentado gerado pelo seu capital humano.  Não podemos esquecer que são os pobres as maiores vítimas do tráfico de pessoas, muitas vezes em consequência de falta de oportunidades no âmbito local, o que é aproveitado pelas máfias, que com falsas promessas conseguem aliciar as vítimas. Diante dessa realidade, a mesma encíclica nos diz que “a superação da desigualdade requer que se desenvolva a economia, fazendo frutificar as potencialidades de cada região e assegurando assim uma equidade sustentável” (FT 161). Reflitamos sobre essa realidade, mas também sobre a violência contra as mulheres, pois “o número de mulheres espancadas, ofendidas e violadas é impressionante”, nos diz o Papa Francisco no vídeo. São muitas as mulheres que lançam “um grito de socorro que não podemos ignorar. Não podemos olhar para o outro lado”. É mais uma pandemia que provoca morte e sofrimento, que precisa de cada um de nós para ser superada. Rezemos juntos com o Papa Francisco.   Luis Miguel Modino, Assessor de Comunicação CNBB Norte 1 (Editorial Rádio Rio Mar)

Padre Francisco Level, uma palavra de fé e esperança para quem precisa

O Padre Francisco Level da Paróquia São Joaquim e Santa Ana, na cidade de Autazes, Prelazia de Borba, visitou nesta quarta feira, 03 de fevereiro, o Centro de Referência Izaura Torres, onde abençoou os profissionais de saúde que estão trabalhando diariamente na linha de frente no combate ao covid-19. Na oportunidade, o padre abençoou todos os pacientes que se encontram internados. Sua visita foi uma grata surpresa para os profissionais que se empenham em cuidar da vida de tantas pessoas internadas nos hospitais. Uma palavra de fé e esperança nesse momento difícil que estamos passando, é o que precisamos. Fonte: Autazes: um gesto de surpresa

Diocese de São Gabriel suspende missas e celebrações até 22 de fevereiro

Em nota publicada no dia 3 de fevereiro, assinada por Dom Edson Damian, a Diocese de São Gabriel da Cachoeira afirma que “diante da situação dramática e incontrolável da pandemia em nosso Estado, decidimos manter a decisão divulgada do dia 11de janeiro”. As celebrações e missas ficam suspensas até o dia 22 de fevereiro, ficando abertas as igrejas para a oração pessoal. Junto com isso, pede-se que “as famílias prossigam as orações em casa, a reza do terço, a leitura e a meditação da Palavra de Deus e acompanhem a Santa Missa pelos vários canais de televisão”. Em relação às vacinas, definidas “como um dom em favor da vida de todos“, que já está sendo aplicada em São Gabriel, a nota recomenda que “se acolha com a maior boa vontade e que se motivem as pessoas para recebe-la”, pedindo evitar divulgar “notícias desvirtuadas ou falsas sobre as vacinas”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Regional Norte1  

Paróquia de Canumâ, na Prelazia de Borba, promove celebrações nas famílias

A Paróquia Nossa Senhora do Rosário, no Distrito de Canumã, Município e Prelazia de Borba, desde que foi anunciado o decreto do município de Borba a respeito da prevenção da Covid-19, o distrito aderiu a proposta. Diante disso não foram mais realizadas celebrações presenciais na Igreja. Propomos para realizar as Celebrações e reza na família. Foram encaminhadas propostas de celebração pelo WhatsApp e outras rezas criadas pela família mesma. Família santuário da vida, igreja doméstica. Com alegria partilhamos um pouco desta caminhada! Com informações e fotos da Ir. Silvana Pauletti, religiosa das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, Administradora Paroquial. https://prelaziadeborbaam.org.br/canuma-celebracoes-nas-familias/

Nasce a nova Inspetoria salesiana Nossa Senhora da Amazônia

  Neste dia 2 de fevereiro, em que a Igreja celebra o Dia da Vida Consagrada, tem sido criada a nova Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia, fruto da unificação das duas Inspetorias das Filhas de Maria Auxiliadora na região amazônica. Segundo a nova inspetora, a irmã Maria Carmelita Conceição, “em meio à pandemia que ceifa milhares de vidas, nessa hora triste do nosso planeta, ecoam gritos de dor, sofrimento, mas uma pequena luz brilha nos olhos: é a esperança”. A nova inspetoria nasce movida pela esperança, sabendo da presença e auxilio de Nossa Senhora. Neste dia, em que tem sido criadas as novas inspetorias salesianas no Brasil, segundo a irmã Carmelita, “o momento não nos permite euforias, mas não impede nosso coração de louvar a Deus que fez e continua fazendo maravilhas”. A Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia nasce após uma caminhada que deu início em 2013, “são sete anos de caminho, esforços, renúncias e planos”, afirma a inspetora. Ela afirma que mesmo celebrando de maneira discreta, o coração está repleto de alegria, pois “Algo novo está nascendo!”. Dadas as restrições vigentes na Arquidiocese de Manaus, a missa tem sido adiada para o momento em que segundo a religiosa, “pudermos manifestar nosso louvor e ação de graças ao Deus da Vida, como tempo de celebrar e alegrar-se”. A celebração tem sido de forma sincronizada em todas as comunidades da nova Inspetoria: de Salinas, no Pará a Pari Cachoeira, no Amazonas, quase na fronteira com a Colômbia, realizada na oração da manhã do dia 2 de fevereiro, segundo a inspetora, “com nossas velas acesas e corações atentos para acolher a novidade de Deus pelas mãos de Maria”. O presidente da CNBB Regional Norte 1, Dom Edson Damian tem manifestado à irmã Carmelita e irmãs Filhas de Maria Auxiliadora, que “acompanhei com atenção e orações o discernimento que as duas inspetorias realizaram nos últimos anos em vista da unificação”. A diocese de São Gabriel da Cachoeira, onde é bispo Dom Edson, conta com uma forte presença das Filhas de Maria Auxiliadora, inclusive com um bom número de vocações.   Segundo o presidente do Regional, “chegou o dia tão esperado de iniciar uma nova etapa histórica para prosseguir com a união de irmãs e recursos a presença centenária das Filha de Maria Auxiliadora na Amazônia“. Ele lembrava que “neste dia em que a CNBB nos convoca para três momentos de oração para manter a Luz da Esperança no enfrentamento da pandemia da Covid-19 que assola nosso país e, de forma dramática, o Estado do Amazonas”, reza pelas Filhas de Maria Auxiliadora “para que prossigam com vigor, generosidade e esperança sua presença missionária profética na Amazônia e de modo especial na Igreja do Rio Negro, onde continuam presentes em quase todas as paróquias”. Finalmente, Dom Edson Damian pede que “o Espírito Santo as conduza na fidelidade ao carisma salesiano sob a proteção materna e carinhosa de Nossa Senhora da Amazônia. Contem sempre com minha prece, gratidão e amizade fraterna”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Regional Norte1