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O Regional Norte 1 da CNBB manifesta sua preocupação e solidariedade diante da crise sanitária no Amazonas

  O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB lançou uma nota neste 15 de janeiro diante da crise sanitária no Amazonas, provocada “pela segunda onda da pandemia da Covid-19, que está acontecendo no estado do Amazonas, sobretudo em Manaus”. No texto, assinado pela Presidência do Regional, Dom Edson Tasquetto Damian, Bispo de São Gabriel da Cachoeira, Presidente do Regional Norte I – CNBB, Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus, Vice Presidente do Regional, e Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, Bispo da Prelazia de Borba, Secretário do Regional, “manifesta sua preocupação e sua solidariedade com as pessoas que estão sofrendo as consequências da falta de leitos hospitalares, atendimento médico e oxigênio”. O aumento dos números de contagiados e falecidos vem sendo uma constante nas últimas semanas, especialmente desde o dia 1° de janeiro. Em Manaus, os sepultamentos nos últimos dias estão sendo os mais altos desde o início da pandemia, crescendo o número de pessoas que tem falecidos nas suas casas. Tudo isso tem como causa, segundo a nota do Regional, “o relaxamento das medidas de distanciamento e a falta de cuidado pessoal, sobretudo o uso de máscara e álcool gel”. Além disso, os bispos mostram “nossa indignação diante da situação que estamos vivenciando, dado que os informes dos cientistas e epidemiologistas, que há vários meses vem anunciando a chegada de uma segunda onda, nem sempre tem sido escutado, não sendo tomadas as medidas sanitárias cabíveis”. A nota pede das autoridades “empenho para evitar o maior número de mortes possíveis, e da população amazonense, que os cuidados e o respeito pelos decretos promulgados sejam assumidos por todos e todas, como instrumento que ajude a conter os efeitos da segunda onda da pandemia”. O Regional Norte 1 faz “um apelo para a prioridade do Amazonas na vacina”, manifestando “nossa solidariedade e oração para com aqueles que vivem momentos de dor e sofrimento”. O Regional Norte 1 está promovendo uma campanha solidária, que leva por nome “Amazonas e Roraima contam com sua solidariedade”, que possa ajudar nas diferentes dioceses e prelazias diante das necessidades que estão surgindo neste momento de grave dificuldade. As doações, em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Regional Norte 1 (AM – RR), podem ser realizadas na conta do Banco Bradesco Agência: 0320, C/C: 0541104-4, CNPJ: 33.685.686/0012-03, Chave PIX – CNPJ: 33685686001203.  

“Pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio”, apelam os bispos do Amazonas e Roraima

  A situação que está sendo vivida no estado do Amazonas, especialmente em Manaus, onde a falta de oxigênio está provocando o trágico aumento das mortes, em consequência da segunda onda da pandemia da Covid-19, tem feito com que o arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, em nome dos bispos dos estados do Amazonas e Roraima, tenha um feito um pronunciamento onde lança um apelo contundente: “pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio, providenciem oxigênio”. No vídeo publicado nesta sexta-feira, depois de ser vividos momentos de grande tensão nas últimas horas, o arcebispo de Manaus relata que “na primeira onda da Covid-19, as pessoas morriam por falta de informação, por falta de leitos nos hospitais, por falta de leitos nas UTIs do Amazonas e Roraima. Hoje, na segunda onda, as pessoas vêm a óbito por falta de leitos nos hospitais, por falta de leitos nas UTIs, e por incrível que pareça, por falta de oxigênio”. A situação é tão grave que, em palavras de Dom Leonardo, “as pessoas, mesmo internadas, falta a elas oxigênio”. Foto: Divulgação Secom Diante disso, e do apelo por oxigênio, o arcebispo da capital do estado do Amazonas, enfatiza que “as pessoas não podem continuar a morrer por falta de oxigênio, por falta de leitos nas UTIs”. A situação só será superada na medida em que todos tomem consciência da necessidade de união. Por isso, ele faz o pedido para “deixar de lado as agressões, os negacionismos, nós vamos deixar de lado a política que divide, que corrompe, vamos deixar de lado os lucros acima da pandemia”. Ao mesmo tempo, Dom Leonardo insiste em que “nós coloquemos a serviço de todos a nossa humanidade melhor, e que coloquemos também a serviço de todos as nossas forças espirituais”. O arcebispo também faz um chamado para que “nós cuidemos do distanciamento, usemos máscara e não descuidemos da saúde”.  Ele reconhece com pesar que “nós estamos num momento difícil, nós estamos num momento de pandemia, quase sem saída”. Para superar esse momento tão grave e trágico, ele faz um último apelo para “que todos nós possamos dar a nossa contribuição e nos engajar solidariamente no cuidado da vida de todas as pessoas”.

Números arrepiantes, mas realmente preocupantes?

  Mais uma vez, Manaus está na mídia, mais uma vez a morte tem convertido nossa cidade em manchete nacional e mundial. Os números de contagiados, internados e falecidos, especialmente desde o início do ano, podemos dizer que são arrepiantes, mas realmente são preocupantes? Passar na frente de um hospital ou de um SPA é se deparar com a chegada constante de ambulâncias e carros em busca de uma vaga, algo cada vez mais complicado. As pessoas esperam do lado de fora por notícias que muitas vezes demoram horas para chegar. O choro, fruto da impotência, toma conta de homens e mulheres que veem como seus entes queridos se debatem entre a vida e a morte. Manaus vive uma situação trágica, a pior desde o início da pandemia, como mostram os números da Fundação de Vigilância em Saúde e de sepultamentos nos cemitérios. Negar essa realidade é querer tampar o sol com uma peneira. Mesmo assim, alguns ainda negam essa situação, pois a morte só nos importa quando ela chega perto da gente, bem perto. O pior de tudo, é que ela está chegando cada vez mais próxima, está batendo na porta de casa. Neste dia 13 de janeiro, entre os casos confirmados de Covid-19 no Amazonas, há 1.553 pacientes internados, sendo 1.034 em leitos clínicos e 492 em UTI, nas redes pública e privada. Há ainda 27 em sala vermelha, estrutura voltada à assistência temporária para estabilização de pacientes críticos/graves para posterior encaminhamento a outros pontos da rede de atenção à saúde. Além disso há outros 555 pacientes internados, que aguardam a confirmação do diagnóstico. O Amazonas tem ainda, 374 pessoas na fila à espera de leito para internação. Ou tomamos consciência da realidade ou dificilmente vamos superar uma pandemia que está no meio de nós desde há dez meses e que ninguém sabe quando é que vai acabar. A maior esperança, a vacina, no Brasil só vai chegar no dia D e na hora H, como dizia o Ministro da Saúde nesta semana, precisamente aqui em Manaus. Mais uma declaração que só coloca mais incertezas na população. Que os números não são preocupantes para boa parte dos manauaras é algo que a gente vê nas ruas, onde a falta de cuidados consigo próprio e com os outros é prática habitual. Mais uma vez a falta de empatia, de sentimentos de fraternidade, nos mostra a necessidade de refletir como humanidade e nos questionar sobre os princípios que determinam a nossa vida. Entender que a vida, o cuidado da vida, da própria e da alheia, está acima de tudo, é algo que se torna mais do que necessário neste momento da história. Nunca esqueçamos que a preocupação pelo outro é o que nos faz humanos. Numa sociedade muitas vezes desumana, o desafio a mostrar atitudes diferentes é algo cada vez mais urgente. Educar para o respeito, para o cuidado, para a empatia e a fraternidade está sendo uma urgência inadiável, que não depende do outro, depende da gente. Luis Miguel Modino – Editorial na Rádio Rio Mar

Pedro tomou a Palavra (At. 10, 34)

                                                                                                     Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira Bispo da Prelazia de Itacoatiara  (AM)   Esta atitude de Pedro na casa de Cornélio é muito importante. Ele como liderança da Igreja nascente sentiu que aquela era a hora de falar, de orientar, de educar na fé e para o seguimento de Jesus. Como Pedro, também nós, precisamos tomar a palavra, ter a iniciativa, não se pode esperar sempre pelos outros.  Perguntemo-nos: diante dos acontecimentos de nossa família, de nossa Igreja, de nossa sociedade, tomamos a palavra e falamos ou somos da turma do vamos deixar para lá para ver como é que fica? Somos parecidos com o Samaritano (cf. Lc 10, 25-37) que ao ver alguém jogado à beira do caminho, semimorto, para a sua viagem, movido de compaixão, para prestar socorro e salvar uma vida? Ou somos parecidos com o sacerdote e o levita desta mesma parábola que Jesus conta, que ao ver quem caiu nas mãos dos assaltantes, não se sensibilizam e continuam o caminho, talvez para chegarem mais rápido na Sinagoga? O Papa Francisco, na Fratelli Tutti, faz o seguinte comentário sobre esta situação que Jesus apresenta na Parábola do Bom Samaritano: “Com quem você se identifica? É uma pergunta sem rodeios, direta e determinante: a qual deles você se assemelha? Precisamos reconhecer a tentação que nos cerca de nos desinteressar pelos outros, especialmente pelos mais frágeis. Dizemos que crescemos em muitos aspectos, mas, somos analfabetos em acompanhar, cuidar e sustentar os mais frágeis e vulneráveis das nossas sociedades desenvolvidas. Habituamo-nos a olhar para o outro lado, a passar à margem a ignorar as situações até ela nos atingirem diretamente” (n. 64). Pedro, com certeza, ouviu Jesus contar a parábola do Bom Samaritano para o Doutor da Lei, que queria saber quem era o seu próximo. Esta parábola de Jesus deve ter estimulado Pedro a tomar a inciativa. Que nós, também, sejamos estimulados pelo Bom Samaritano e sempre que a situação exigir, sejamos pessoas de inciativa, participativas, solidárias, compassivas, caridosas. Tomar a iniciativa para combater a distinção entre as pessoas Afirma Pedro: “Estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas” (At 10, 34). Podemos nos perguntar: se Deus não faz distinção, como nos ensina Pedro, por que nós fazemos? Por que existe tanta distinção, desigualdade no mundo? Por que de um lado 238 brasileiros e brasileiras acumulam aproximadamente R$ 1,3 bilhão, cerca de 18% do Produto Interno Bruto do Brasil PIB em 2019 (cf. https://www.jornalcontabil.com.br/conheca-os-bilionarios-brasileiros-de-2020/) e do outro lado os 10% mais pobres da população possuem apenas 1% do PIB (cf. https://exame.com/economia/brasil-e-nono-pais-mais-desigual-do-mundo-diz-ibge)? Por isto as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) cantam profeticamente: “O mundo que a gente vive é cheio de divisão, mas Deus não quer isto não!”. Que possamos fazer nossa esta convicção de Pedro: o Deus que eu creio não faz distinção entre as pessoas. Ele ama a todos e quer o bem de todos os seus filhos e de todas as suas filhas. Por isto não posso fazer distinção/discriminação e devo combater acirradamente toda e qualquer forma de distinção/discriminação em nossa família, em nossa Igreja e em nossa sociedade. Que esta nossa convicção nos faça comprometidos com a prática da caridade social, que nos impulsiona a amar o bem comum e a buscar o bem de todas as pessoas (cf. Fratelli Tutti, n. 182). Tomar a iniciativa para fazer o bem Pedro, também, nos ensina que “Jesus andou por toda a parte fazendo o bem” (At 10, 38). Mateus registra o recado de Jesus para João Batista, que queira saber se Ele era ou não o Messias (11, 2-3). Jesus não responde diretamente se ele era ou não o Messias, mas pede que os enviados de João Batista digam para ele o que estavam vendo e ouvindo (Mt 11, 4). No recado de Jesus está a explicação do que disse Pedro na casa de Cornélio: “Jesus andou por toda a parte fazendo o bem” (At 10, 34). Vejamos o bem que Jesus andava fazendo: cegos recuperavam a vista, paralíticos andavam, leprosos eram curados, surdos ouviam, mortos ressuscitavam e os pobres recebiam a boa notícia (cf. Mt 11, 5). Este programa de vida de Jesus deve ser o nosso, como seguidores e seguidoras dEle. Devemos andar por toda a parte fazendo o bem: somente assim mereceremos ser chamados de cristãos e cristãs. O próprio Jesus nos provocou dizendo no contexto da última ceia, depois de lavar os pés dos Apóstolos: “Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz a vós” (Jo 13, 15). Perguntemo-nos: qual o bem que eu tenho feito? Qual o bem que nossa família tem feito? Qual o bem que a nossa Igreja tem feito? Qual o bem que temos feito a partir do exercício de nossa cidadania? Podemos fazer o bem colaborando diretamente como voluntário ou indiretamente apoiando atividades de caridade/solidariedade existentes em nossa igreja e na sociedade, para socorrer e ajudar os empobrecidos e excluídos, como pôr exemplo a Caritas, a CPT – Comissão Pastoral da Terra, o CIMI – Conselho Indigenista Missionário, as Pastorais Sociais (Saúde, Criança, AIDS, Sobriedade, Pessoa Idosa, Carcerária), a Rede um Grito pela Vida (no combate ao tráfico de pessoas), a Fazenda da Esperança, alguma ONG (organização não-governamental). No mundo que nós vivemos, fazer o bem como Jesus fez e ensinou, está totalmente interligado com o serviço aos pobres. Os bispos da América Latina e do Caribe em Aparecida (2007), ensinam que devemos dedicar “tempo aos pobres, prestar a eles amável atenção, escutá-los com interesse, acompanhá-los nos momentos difíceis, escolhê-los para compartilhar horas, semanas ou anos de nossa vida, e procurando, a partir deles, a transformação de sua situação” (nº 397). O Papa Francisco, citando São João Paulo II, afirma na Evangelli Gaudium que “sem a opção preferencial pelos…
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A Pan-Amazônia supera os 40 mil falecidos pela Covid-19

A pandemia da Covid-19 está se tornando um foco de morte e desolação em muitos lugares do mundo. Um deles é a Pan-Amazônia, uma região que ao longo da história tem sido atingida por diferentes pandemias, sempre chegadas de fora. Os números da Covid-19 são assustadores, como mostra o último informe da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, com data de 11 de janeiro de 2021. Segundo os números recolhidos pela REPAM, já são 1.715.410 contagiados na Pan-Amazônia e 40.320 falecidos. Mesmo sendo números altos, existe a suspeita de uma alta subnotificação. Na região amazônica a vacina ainda não está sendo aplicada, o que eleva o risco numa população, especialmente os povos originários, com baixa imunidade diante de doenças chegadas de fora. Junto com isso, o sistema de saúde na região é altamente precário, o que exige uma maior atenção por parte dos diferentes estados, que na maioria dos casos não está sendo dada. No caso do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o mais atingido pela doença em toda a Pan-Amazônia, o número de contagiados é de 258.768 e 6.230 falecidos, numa população que não chega em 5 milhões de pessoas. Manaus é a circunscrição eclesiástica com o número mais elevado de contágios e falecidos, com 104.405 contagiados e 3.919 falecidos, segundo números oficiais da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas. Esses números têm aumentado exponencialmente desde o início do ano, o que levou a arquidiocese de Manaus a suspender as celebrações e encontros até o próximo dia 22 de janeiro. Diante dessa realidade, a vacina se apresenta como uma necessidade cada vez mais urgente, ainda mais na região amazônica. Nesse sentido, vários episcopados que fazem parte da Pan-Amazônia têm se posicionado exigindo planos de vacinação urgentes. Em sua mensagem de Ano Novo, o presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), e da Conferência Episcopal Peruana, Dom Miguel Cabrejos, afirmava que “a esperança do acesso à vacina para todos é uma necessidade urgente e uma exigência de todos os setores da sociedade”, palavras que a cada dia que passa cobram maior urgência. No mesmo sentido tem se pronunciado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, a través da sua presidência. Dom Walmor Oliveira de Azevedo tem insistido em que “é urgente cobrarmos celeridade dos nossos governantes para o início da campanha de vacinação”. Diante de tantas notícias falsas sobre a vacina, o presidente do episcopado brasileiro faz um chamado a não nos deixar enganar, insistindo em que “as vacinas, antes de chegar na população, são amplamente testadas por variadas equipes de cientistas independentes, sem compromissos ideológico-partidários”.

“É urgente cobrarmos celeridade dos nossos governantes para o início da campanha de vacinação”, exige Dom Walmor

  Mais uma vez, o negacionismo da pandemia da Covid-19 e da importância da vacina, tem provocado o posicionamento de Dom Walmor Oliveira de Azevedo. Num vídeo publicado nesta segunda-feira, 11 de janeiro, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, tem definido a pandemia da Covid-19 como “um deserto que todos nós, família humana, estamos atravessando, uma travessia difícil, angustiante”, lembrando que, oficialmente, já são mais de “200 mil mortes no Brasil, famílias enlutadas”. Desde o início da pandemia, a morte se tornou algo próximo de todos os brasileiros e brasileiras. Segundo Dom Walmor, “cada um de nós conviveu ou conhece alguém que perdeu a vida para a pandemia”. Diante dessa realidade, ele insiste em que “para vencer essa travessia precisamos caminhar juntos”, algo cada dia mais complicado num país onde a divisão tem se instalado como política de estado. O presidente da CNBB lembra que “a ciência oferece-nos diferentes vacinas, fruto de muitas pesquisas”. Junto com isso, lembra que “muitos países já iniciaram campanhas de imunização e avançam no enfrentamento deste vírus, que é invisível, mas letal”. Enquanto isso, no Brasil não está claro quando será que vai começar a vacinação. Por isso, o arcebispo de Belo Horizonte – MG, adverte que “nós não podemos ficar para trás”. Ele enfatiza em seu pronunciamento que “é urgente cobrarmos celeridade dos nossos governantes para o início da campanha de vacinação”. Num país onde as notícias falsas inundam as redes sociais e os aplicativos de mensageria, Dom Walmor insiste em que “não podemos nos deixar enganar por notícias falsas”. Está querendo ser transmitido à sociedade brasileira a ideia de que as vacinas podem provocar consequências graves na saúde da população, quando na verdade, como lembra o presidente da CNBB, “as vacinas, antes de chegar na população, são amplamente testadas por variadas equipes de cientistas independentes, sem compromissos ideológico-partidários”. Não podemos esquecer, como lembra o arcebispo de Belo Horizonte, que “graças às vacinas, a humanidade venceu doenças e pandemias ao longo da sua história”, enfatizando que “os riscos de se vacinar são infinitamente menores do que as ameaças da doença que a cada dia mata mais pessoas”. Diante da situação da saúde pública, cada vez mais ameaçada no país, uma realidade que piorou ainda mais neste tempo de pandemia, Dom Walmor faz um chamado à população brasileira para que “insista junto às autoridades públicas para que fortaleçam o Sistema Único de Saúde, o SUS, para que cada pessoa, rica ou pobre, tenha direito a se vacinar”. “A vacina nos ajuda a superar a Covid-19”, insiste o presidente da CNBB. Frente a isso, ele adverte que “a pandemia se tornará ainda mais perigosa se a desinformação prevalecer, afastando as pessoas da vacina”. Para poder superar a pandemia, Dom Walmor faz um pedido a todos os brasileiros, dizendo: “convença a seus familiares e amigos sobre a importância da vacina, evite compartilhar notícias falsas que busquem desacreditar a pesquisa científica”. Junto com isso faz um chamado a que “sejamos mais corresponsáveis uns pelos outros”, lembrando que isso “é dever cidadão, e especialmente um compromisso dos que professam a fé cristã”.

Encontro reúne bispos do Regional Norte 1 para avaliar a caminhada e as diretrizes vigentes

No período de 23 a 26 de novembro, aconteceu no Centro de Treinamento Maromba, o encontro dos bispos do Regional Norte 1 (AM/RR), que  este ano ocorreu de forma diferenciada, pois em virude da Pandemia causada pelo novo Coronavírus, o que era para ser a 48º Assembleia Regional, acabou se tornando uma reunião com 13 bispos representando arqui/dioceses e prelazias que compõem o Regional, onde deu-se continuidade ao processo de preparação das novas diretrizes do Regional, assim como foi feito a avaliação das diretrizes que estão vigentes, além de tratar de vários temas importantes a respeito da caminhada da igreja na Amazônia e momentos de partilha da 1ª Assembleia da Conferência  Eclesial da Amazônia. “De fato esse encontro ao longo da semana foi muito importante, pois mesmo sem haver a assembleia, foi o momento de refletir o processo que nós vivemos e ver como iremos caminhar daqui para frente com todos esses desafios que estamos passando, assim também como alguns assuntos internos da igreja e a reflexão sobre o caminho feito pela Rede Eclasial Pan-Amazônica (REPAM) e sobre o processo de formação de nossos seminaristas e também do nosso Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior (ITEPES)”, comentou o secretário do Regional, Diácono Francisco Lima. Para o vice-presidente do Regional Norte 1 e bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, Dom Tadeu Canavarros, foi um momento de viver a fraternidade episcopal e somar as experiências das igrejas que compõem o Regional. “É um momento de somar as forças, com partilhas e convivência, pois se não fosse a pandemia, estaríamos realizando a 48ª Assembleia com aproximadamente 80 pessoas, entre coordenadores diocesanos de pastoral, delegados das pastorais, religiosos e religiosas, leigos e leigas participantes de serviços, organismos, grupos e movimentos, mas por questões de segurança resolvemos fazer um encontro privativo só com os bispos, que depois vão repassar todos os encaminhamentos para a vivência do Sínodo e decisões que foram tomadas para ajudar o Regional nas atividades pós pandemia”, disse. De acordo com o Presidente do Regional Norte 1 e bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, Dom Edson Damian, o encontro aconteceu segundo todas as normas de segurança e o único que não pode estar presente foi Dom Marcos Piatek, bispo da Diocese de Coari, pelo fato de ter sido acometido pela Covid-19 e ainda está passando pelo processo de recuperação. “Nós bispos estávamos com muita saudade uns dos outros e esse encontro nos aproximou e nos ajudou a manter viva a esperança nesses momentos de crise. Com exceção de Dom Marcos, todos os bispos estiveram presentes, inclusive três eméritos (Dom Sergio Castriani, Dom Mário Pasqualotto e Dom Gutemberg Régis), com toda a suas experiências dando força aos novos aqui no Regional”. Ainda de acordo com Dom Edson, no decorrer dos quatros dias o encontro ainda contou com a participação de Carlos Santiago, fazendo uma análise da conjuntura política pós-eleições; também foi realizada a recepção da exortação pós-sinodal “Querida Amazônia” e ainda teve a participação do Regional Norte 1, na conferência, realizada pelas redes sociais, do Encontro Nacional dos Bispos do Brasil, ocorrida no dia 25 com três horas de reunião pela parte da manhã e mais três horas pela parte da tarde, contando com a participação virtual de mais de 200 bispos da CNBB. “Para nossa alegria, coincidentemente no meio da nossa reunião do Regional, ocorreu o encontro nacional de todos os bispos da CNBB, na parte da manhã tivemos uma meditação do Cardeal Tolentino, lá do Vaticano, que nos falou sobre como a igreja está vivendo a pandemia e as lições que vamos aprender após ela. Pela parte da tarde, a teologa Maria Clara Bingemer,  falou sobre a situação da pandemia no Brasil e como deve ser a nossa pastoral após ela”, disse Dom Edson. Por Érico Pena

CNBB REFORÇA A ESPERANÇA, A CARIDADE E A MISSÃO DA IGREJA NO BRASIL NO CONTEXTO DA PANDEMIA

 A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu, como resultado da reunião realizada nesta quarta-feira, 25 de novembro, uma Mensagem ao Povo Brasileiro em tempo de pandemia. O documento foi referendado pelos mais de 200 bispos, num total de 297 pessoas, compreendendo assessores das comissões episcopais e representantes de pastorais e organismos vinculados à CNBB que participaram da reunião. A mensagem busca refletir sobre a presença e missão da Igreja na realidade brasileira e expressar uma mensagem de esperança e proximidade no contexto do novo Coronavírus. O documento destaca ainda que a Igreja no Brasil é impelida a perseverar na caridade, dando continuidade, nas paróquias, comunidades eclesiais missionárias e instituições religiosas de todo país, das redes de solidariedade em defesa da vida que se multiplicaram-se neste ano em razão da pandemia. “Como discípulos missionários, queremos crescer nesse tempo difícil, empenhados em remover as desigualdades e sanar a injustiça. A humanidade aguarda uma vacina que, distribuída com equidade, possa ajudar a garantir a vida e a saúde para todos”, diz um trecho do documento. Confira, abaixo e a seguir em formato pdf, a íntegra da mensagem (aqui).  Mensagem ao Povo de Deus em tempo de pandemia   Feliz aquele que suporta a provação, porque, uma vez provado,receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam. (Tg 1,12) Amado Povo de Deus, nós bispos do Brasil, reunidos num encontro virtual para refletir sobre a atual presença e missão da Igreja, queremos expressar nossa mensagem de esperança e proximidade. Neste ano irrompeu inesperadamente a pandemia da COVID19, alterando nossas rotinas, revelando outras enfermidades de nosso tempo e causando grande impacto num já fragilizado sistema de saúde, na seguridade social, nos sistemas produtivos, na educação, na vida familiar, social e religiosa em geral. O Papa Francisco alerta que “a tribulação, a incerteza, o medo e a consciência dos próprios limites, que a pandemia despertou, fazem ressoar o apelo a repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades e, sobretudo, o sentido da nossa existência”. (Fratelli Tutti, 33) Estamos num tempo de muitos questionamentos e cabe-nos escutar o que o Espírito tem a dizer para a Igreja (Ap 2,7) nesse contexto. A provação tem favorecido importantes aprendizados e oportunidades para a vivência e o anúncio do Evangelho. Reconhecemos, com gratidão, o empenho de tantas comunidades cristãs que foram criativas para manter a ação evangelizadora, especialmente pelas mídias sociais, promovendo a transmissão de celebrações litúrgicas, catequeses e aconselhamento aos fiéis. A Igreja doméstica foi fortalecida, em sintonia com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, que promovem a comunidade cristã como Casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Missão. Percebe-se o protagonismo dos leigos e, especialmente, das mulheres na promoção da Igreja nas casas. Igualmente somos impelidos pelo Evangelho a perseverar na caridade. Nas paróquias, comunidades eclesiais missionárias e instituições religiosas de todo país, multiplicaram-se as redes de solidariedade em defesa da vida. Por isso, foi coloca em prática a ação solidária É Tempo de Cuidar, voltada a atender demandas de primeira necessidade das pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social no contexto da pandemia. Unidos a outras entidades da sociedade civil, estamos buscando concretizar o Pacto pela Vida e pelo Brasil, conclamando toda a sociedade para que, nesse tempo de pandemia, ninguém seja deixado para trás. Como nos tem provocado o Papa Francisco, precisamos escutar o clamor das famílias, trabalhar por uma economia “mais atenta aos princípios éticos” (Fratelli Tutti, 170), oferecer uma política melhor, sem desvios na garantia do bem comum, propor uma educação humanista e solidária, comprometidos na permanente construção da democracia. É urgente combater o racismo que se dissimula, mas não cessa de reaparecer. (Fratelli Tutti, 20) Queremos assegurar a vida desde a concepção até a morte natural, preservar o meio ambiente e trabalhar em defesa das populações vulneráveis, particularmente indígenas e quilombolas. Preocupa-nos o crescimento das várias formas de violência, entre elas, o feminicídio. “Cada ato de violência cometido contra um ser humano é uma ferida na carne da humanidade; cada morte violenta “diminui-nos” como pessoas”. (Fratelli Tutti, 227) Como discípulos missionários, queremos crescer nesse tempo difícil, empenhados em remover as desigualdades e sanar a injustiça. A humanidade aguarda uma vacina que, distribuída com equidade, possa ajudar a garantir a vida e a saúde para todos. Pedimos que Deus acolha junto a Si os que morreram neste tempo e dê consolação e paz às famílias enlutadas. Abençoamos especialmente os incansáveis profissionais da saúde, os professores, os cuidadores e todos que atuam em serviços essenciais. Nossa prece também pelos presbíteros, diáconos permanentes, consagrados e consagradas, leigos e leigas de nossas igrejas, para que se sintam encorajados. O Advento é um tempo de renovar nossa esperança. Confiantes, afirmamos que a fé em Cristo nunca se limitou a olhar só para trás nem só para o alto, mas olhou sempre também para a frente (Spe Salvi, 41). Não desanimemos, não estamos sozinhos: o Senhor está conosco! Acompanhe-nos a Santa Mãe de Deus, Senhora Aparecida, consolo dos aflitos, saúde dos enfermos e esperança nossa! Invocamos sobre todos a bênção da Santíssima Trindade, que sua misericórdia continue fortalecendo e animando o povo brasileiro. Brasília-DF, 25 de novembro de 2020 Dom Walmor Oliveira de AzevedoArcebispo de Belo Horizonte-MGPresidente da CNBB Dom Mário Antônio da SilvaBispo de Roraima-RR2º Vice-Presidente Dom Jaime SpenglerArcebispo de Porto Alegre-RS1º Vice-Presidente Dom Joel Portella AmadoBispo auxiliar do Rio de Janeiro- RJSecretário-Geral da CNBB

“O Sínodo representa uma esperança para a vida das comunidades e da Igreja da Amazônia”

  Francisco Lima, auditor sinodal. (Foto: enviada por Luis Miguel Modino) Por  Luis Miguel Modino. O Sínodo para Amazônia que neste mês de outubro completa um ano de sua Assembleia Sinodal, foi um momento marcante na vida da Igreja da Amazônia, mas também na vida de quem participou desse momento. Um dos auditores foi Francisco Lima, Secretário Executivo do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que o define como “algo que marcou muito a minha vida”. Na Igreja da Amazônia, ao longo do processo de preparação, o Sínodo “criou uma expectativa muito grande”, resgatando elementos presentes desde o encontro de Santarém, em 1972, e trazendo “um sinal de esperança muito grande para as nossas comunidades, para as nossas igrejas particulares”, em palavras do diácono permanente. Segundo ele, o Sínodo evidenciou o rosto dos povos da Amazônia e a presença muito forte que as mulheres têm nas comunidades, sendo importante “continuar esse processo de valorização dos povos da Amazônia, de valorização das mulheres que estão nas comunidades da Amazônia”. O propósito é envolver as dioceses e prelazias “para que assumam essa continuidade do Sínodo para a Amazônia”, insistindo na questão da presença nas comunidades como o grande desafio. Para alguém que é diácono permanente, que o Documento Final apresentou como uma possibilidade de presença nas comunidades, esse “é um caminho longo que ainda precisaremos avançar na reflexão, no discernimento”, mas ele considera que ele “é um caminho provável”. Eis a entrevista. Estamos comemorando um ano da celebração da Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia. O que significou na sua vida participar de um Sínodo da Igreja? É um momento histórico na vida da gente, nunca eu imaginaria de poder participar de um momento desses na Igreja. Foi algo que marcou muito a minha vida, o fato de estar lá, em Roma, naqueles dias, exatamente um ano atrás, poder viver aquele tempo, que na verdade foi todo um processo que culminou naquela Assembleia Sinodal lá em Roma. Isso de fato marca muito a vida da gente, tanto no âmbito mais pessoal como também de atuação junto às comunidades, no serviço que a gente exerce. Participar de algo assim, muda completamente até a visão que a gente tem de Igreja. Isso a gente vai revisando depois de um momento tão significativo, que não terminou com a conclusão do Sínodo, mas que começou toda uma nova missão dentro desse contexto da Igreja da Amazônia. Para alguém que nasceu na Amazônia, que conhece a realidade da Igreja da Amazônia, especialmente do Regional Norte 1, que compreende grande parte do estado do Amazonas e o estado de Roraima, onde trabalha como secretário executivo, o que tem representado o Sínodo para a Amazônia para a Igreja local? A Igreja do Regional Norte 1, o processo que nós fizemos no Sínodo, criou uma expectativa muito grande. Representa uma esperança para a vida das comunidades e da Igreja, apesar de que o Sínodo vem, também por outro lado, resgatar muitos aspectos que essa Igreja da Amazônia já vem construindo, e que talvez por um tempo ficou meio que esquecido. Se a gente retoma, por exemplo, o encontro de Santarém, em 1972, e a gente pega o documento Querida Amazônia, a gente vai perceber que tem muitos elementos que vêm de ali, que é um processo que essa Igreja caminhou, que foi se perdendo no caminho, e que o Sínodo resgata. O Sínodo para a Amazônia, ele traz um sinal de esperança muito grande para as nossas comunidades, para as nossas igrejas particulares aqui do Regional Norte 1. O próprio Sínodo, ele reforça esse rosto dessa Igreja amazônica, que é um rosto de uma Igreja de leigos e leigas, um rosto de uma Igreja constituída por muitas mulheres que ao longo do tempo mantiveram a fé dessas comunidades. Então, o Sínodo traz de fato essa esperança dessa Igreja viva que está no meio das comunidades, e que precisa acordar, que as vezes a gente percebe que em algum momento, ela esteve adormecida. O Sínodo vem para mexer com essa estrutura e fazer com que essa Igreja retome esse caminho. Por outro lado, o Sínodo, desde seu processo inicial, ele fez com que surgissem também novos olhares, novos caminhos, uma nova proposta. O Papa Francisco já tinha lançado a Laudato Si’, isso também trouxe novos elementos para essa Igreja da Amazônia. Apesar de, como eu disse, trazer essa esperança, de trazer esse acordar dessa Igreja, também aponta novos rumos, novos caminhos. Você fala sobre as mulheres, e de fato a presença das mulheres e dos povos indígenas foi considerada por muitos dos participantes da Assembleia Sinodal como algo importante, inclusive determinante. O Documento Final do Sínodo e Querida Amazônia impulsionam o papel das mulheres na Igreja da Amazônia. Como trazer para a vida das comunidades, onde muitas vezes são as mulheres as que estão na frente, como reconhece Querida Amazônia, toda essa reflexão do processo sinodal? O Sínodo, ele nos traz um processo diferente de construção. A Amazônia, eu sempre tenho dito isso, ao longo da sua história, mesmo a Igreja, em muitos momentos, ela foi muito pensada de fora para dentro. Esse rosto da Amazônia, esse rosto dos povos da Amazônia, nunca foi tão evidenciado quanto no Sínodo para a Amazônia. Desde o momento inicial, quando o Papa Francisco convoca a Igreja da Amazônia para um processo de escuta, e ele diz que é preciso ouvir esses povos, que é preciso valorizar o que esses povos pensam, o que esses povos dizem, e que é preciso dar voz a esses povos. O Sínodo vem e reforça tudo isso, e a presença de tantas mulheres, de tantos indígenas, de tanta gente que foi da Amazônia para Roma, para participar daquele Sínodo, evidencia isso com muita força. Acho que é um momento histórico que a gente está vivendo e que a gente conseguiu, de certa forma, conquistar, que é os povos da Amazônia ganhando voz, ganhando vez, ganhando visibilidade. Isso o Sínodo conseguiu concretizar, e nós…
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