Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Blog

Comissão para o Enfrentamento ao Tráfico Humano aposta em articulação regional

Foto: CNBB/Luiz Lopes Jr Articulação é a palavra forte no planejamento da Comissão Especial Pastoral para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Reunidos na Casa de Retiros Assunção, em Brasília (DF), nestes dias 24 e 25 de setembro, os membros partilharam sobre o trabalho desenvolvido pelos grupos representados, pensaram em sugestões para levar ao Sínodo para a Amazônia, elaboraram contribuições para a continuidade do trabalho e indicaram pistas para fortalecer a relação com redes que atuam na realidade do tráfico de pessoas e da migração. “A comissão agora está em processo de rearticulação para ter uma incidência maior em nível nacional e também nos regionais da CNBB, nas Pastorais Sociais, nas fronteiras, com alguns enfoques específicos, como as crianças, adolescentes, jovens, as mulheres”, resumiu o bispo da prelazia de Marajó (PA), dom Evaristo Spengler, que a partir de novembro assumirá a presidência da Comissão. A busca de maior incidência está no horizonte de atuação do grupo que atua na prevenção ao tráfico humano, na incidência política e na denúncia e responsabilização dos culpados. De acordo com a irmã Eurides Alves de Oliveira, representante da Rede Um Grito Pela Vida, o contexto atual apresenta aumento na mobilidade humana com fluxos intensos, “a miséria bate à porta com muita força” e as crianças são as maiores vítimas. Irmã Eurides | Foto: CNBB/Luiz Lopes Jr Neste “cenário desolador”, o papel da Comissão é dar visibilidade às realidades, sobretudo nos processos de evangelização da Igreja, “que muitas vezes são doutrinários, catequéticos, mas não abordam essas questões”, aponta a religiosa. A ideia é fazer uma sensibilização eclesial para os diversos organismos e pastorais pautarem essas problemáticas, para que alertem a sociedade e deem visibilidade. O grupo deve se empenhar para descobrir iniciativas que existem nos regionais e tentar agregar força para uma atuação mais efetiva em rede, além de buscar ter uma palavra profética diante dos desmontes das políticas públicas e também incentivando as denúncias. Na dinâmica da “chuva de ideias”, facilitada pela consultora Rogenir Costa, os membros da Comissão indicaram as realidades que devem ser tocadas pelas ações do grupo (veja abaixo), com reforço à questão da articulação e fortalecimento de iniciativas. Irmã Marie Henriqueta | Foto: CNBB/Luiz Lopes Jr Para irmã Marie Henriqueta Cavalcante, da Comissão Justiça e Paz do Regional Norte 2 da CNBB, estas proposições consideram que o tráfico de pessoas “é um crime extremamente organizado, silencioso, invisível”. “Então nós pensamos que nos regionais a gente ainda precisa falar muito mais desse tema em outros espaços e articular e fortalecer a Comissão nos outros regionais”. Irmã Marie também pontua para a necessidade de incidir politicamente e integrar os trabalhos que já existem nas áreas de fronteira. Sínodo para a Amazônia A Comissão para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB tem entre seus membros três participantes do Sínodo para a Amazônia convocados pelo Papa Francisco. Eles terão a oportunidade de reforçar a importância da temática na assembleia sinodal. Dom Evaristo | Foto: CNBB/Luiz Lopes Jr Dom Evaristo reforça que o tema já está posto para o debate, uma vez que já está presente no documento de trabalho. “Nós queremos agora que haja algum compromisso formal no documento sinodal em relação a esta chaga humana que tem sido denunciada em todo o mundo”, afirma o bispo. Para o prelado, é importante dar relevo à questão do tráfico humano, da exploração sexual, do abuso sexual, “que é uma prática encontrada no Brasil inteiro, mas de modo especial a Amazônia sofre muito com isso”. “São corpos de crianças, adolescentes, meninas e meninos que são degradados, não são vistos como um ser humano, mas como um objeto de lucro, como objeto de prazer. E a pessoa humana tem que ser valorizada. E o sínodo vai dar uma palavra importante na defesa das crianças, adolescentes, na defesa da vida dos mais fragilizados”. Articulação com redes Para ao planejamento de 2020, a Comissão deverá aprimorar a relação com redes que já atuam no enfrentamento ao tráfico. “O grande desafio é esta articulação da Comissão com essas outras redes que já tem um trabalho de enfrentamento ao tráfico de pessoas em nível de Brasil. A gente tem fortalecido essas articulações com as redes que tem nas regiões de fronteira que já fazem um trabalho tanto de prevenção, de incidência política e relação com as redes que trabalham com os migrantes”, conta a irmã Rose Bertoldo, que atua na Rede Um Grito pela Vida e no Eixo de Fronteiras da REPAM. Entre as ações na parceria com as redes o grupo colabora na formulação de políticas públicas voltadas para a realidade da migração e do tráfico de pessoas, na formação de lideranças nos regionais e na articulação destes regionais com as redes locais que existem. Tudo isso tem sido promovido até o momento por meio de Seminário de formação e capacitação de lideranças. São algumas das redes que já atuam neste campo: Rede Clamor, do Conselho Episcopal Latino Americano; a REDEMIR, articulada pelo Instituto Migrações e Direitos Humanos para a realidade de Migrantes e Refugiados, o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, a rede da Tríplice Fronteira (Brasil, Peru e Colômbia), a rede internacional Thalita Kum, articulada pelas Superioras Gerais de congregações religiosas, além da REPAM entre outras. As prioridades da Comissão para os próximos anos: Incidência nos Regionais e nas pastorais sociais para uma agenda comum para enfrentamento ao tráfico de pessoas Inclusão da temática nas prioridades das Pastorais Sociais no plano 2019-2023 Articulação com as organizações que estão atuando com educação para sensibilização e prevenção Fortalecimento do papel de articulação da Comissão em todo o país Incidência política e profética na temática do enfrentamento ao tráfico de pessoas Aproximação das iniciativas nas fronteiras Dar ênfase ao tema do enfrentamento ao tráfico de pessoas na Semana Social Brasileira Ampliação da articulação entre organizações nacionais que atuam nos temas afetos à comissão em plano nacional e internacional Aproveitar o ambiente do Sínodo para incidência da temática Ampliação do olhar e do…
Leia mais

“O Sínodo pode ajudar na passagem de uma sociedade colonialista para uma sociedade plural, que respeita a todos”.

Entrevista com Felício Pontes, Procurador Regional da República Por Pe. Luis Modino O Papa Francisco, em Laudato Si, diz que tudo está interligado, uma afirmação que se constata nas palavras de Felício Pontes, Procurador Regional da República. Nascido numa família de origem ribeirinha na Amazônia, ele é um dos grandes defensores dos povos da região, combatendo o modelo predatório que destrói o bioma amazônico e a vida de seus povos. Em virtude disso, ele foi convocado pelo Papa Francisco para fazer parte da assembleia do Sínodo para a Amazônia, que vai acontecer de 6 a 27 de outubro, no Vaticano. Para estranheza de alguns, “Nós estamos num caminho dentro da Igreja que coincide muito com caminho que a área jurídica está trilhando na Pan-Amazônia.”, afirma o procurador, numa tentativa de reconhecer a importância dos aportes das populações locais, depois de 500 anos de um modelo europeu. “A Igreja agora se deu conta de que não há como buscar um rosto amazônico sem levar em consideração aqueles pensamentos, tradições, a cultura, das sociedades que vivem na Amazônia”, algo que teve um impulso significativo com o Sínodo para a Amazônia. Na opinião de Felício Pontes, “se o Sínodo conseguir dar esse passo, de fazer com que as propostas que vieram da base sejam incorporadas pela Igreja Católica, o processo de transição de uma sociedade hegemônica e colonialista para uma sociedade plural, que respeita a todos, será mais célere”. Dentro do processo sinodal, o Procurador Regional da República destaca o processo de escuta, “que foi uma das coisas mais extraordinárias que se passou na Igreja nos últimos anos”, até o ponto de afirmar, “que desde o Concílio Vaticano II não se tem algo tão participativo dentro da Igreja”. O senhor sempre trabalhou na defesa dos povos da Amazônia desde seu trabalho como Procurador da República. O que significa para alguém que sempre trabalhou nisso e que além disso é cristão, católico, que agora a Igreja convoque um Sínodo para ter como foco principal a defesa da Amazônia e de seus povos?  Nós estamos num caminho dentro da Igreja que coincide muito com o caminho que a área jurídica está trilhando na Pan-Amazônia. Nós também recebemos o Direito europeu para ser implantado as Américas. Esse Direito não levou em consideração os povos originários. Ao contrário, era um Direito que no primeiro momento escravizou esses povos e promoveu o genocídio. Num segundo momento, esses povos foram tutelados, considerando que não tinham desenvolvimento mental suficiente para serem sujeitos de direito. Somente no fim do Século passado, é que a legislação, por luta dos povos da floresta, se deu conta de que todas essas pessoas são sujeitos de direitos, e possuem o direito à autodeterminação. Eles têm o direito de traçar os seus próprios destinos e não seus destinos serem traçados por outras pessoas. O Sínodo da Amazônia propõe uma nova relação da Igreja Católica para com os povos originários, comunidades quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais que habitam a região. Esses novos ventos amazônicos encontram eco não apenas na Igreja Católica, como também nas instituições jurídicas, onde esse processo é chamado de interculturalidade. Em resumo, não se pode mais impor nossa cultura quando se está diante de uma cultura diferente. É necessário reconhecer a importância desses grupos minoritários para as decisões estatais. É necessário internalizar as diversas cosmovisões nas estruturas institucionais do Estado. É necessário valorizar o conhecimento desses grupos como dádiva à humanidade. Em verdade, trata-se da consagração do pluralismo político, que é a tal ponto importante no sistema jurídico brasileiro que a Constituição o elencou em seu artigo 1º como um dos fundamentos da República, ao lado da dignidade da pessoa humana. Nós estamos num caminho dentro da Igreja que coincide muito com caminho que a área jurídica está trilhando. Ela está pela primeira vez levando em consideração as opiniões, crenças, tradições e espiritualidade dos povos originários, dos povos e comunidades tradicionais. O Direito já deu passos à frente. Temos decisões judiciais hoje, tanto nos tribunais do Brasil, da Colômbia, do Peru, da Bolívia, como da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre a Pan-Amazônia que estabelecem que deve ser, antes de tudo, levado em consideração a opinião e os modos de vida dessas comunidades. Isso já é jurisprudência, não é só lei. Então, o que nós vivemos é um processo de transição. Foram quase 500 anos sobre uma mesma doutrina, que não levava em conta o direito e a opinião das comunidades que vivem na Amazônia, com maneiras muito peculiares de viver. A partir de agora se inicia um novo processo. Os povos da floresta têm direitos. E não se pode impor nada sem levar em consideração opiniões, crenças, tradições dessas comunidades que aqui moram. Mas de fato, a gente vê que desde muitos governos, essa política é considerada como um empecilho. O caso mais recente foi o que aconteceu no Equador com as petroleiras, que a justiça deu a razão aos povos indígenas contra o governo, e o governo prometeu rever essa decisão. Por que entre os governos da Pan-Amazônia, em geral, existe essa tentativa de tirar dos povos indígenas os direitos conquistados?  Estamos num tempo de transição. Nós ainda não consolidamos a nova doutrina, que eu chamo de doutrina pluralista, ou doutrina da autodeterminação dos povos. Há muitas pessoas ainda que consideram que os planos de desenvolvimento deveriam ser feitos apenas pelas pessoas que estão na cidade, ou que tiveram alguma educação formal dentro da universidade. Essas seriam as pessoas indicadas para isso, e as outras pessoas, outros saberes, não seriam levados em consideração. Trata-se de “colonialidade”. Os conquistadores europeus fizeram isso com os ameríndios. E, hoje, os neoconquistadores, pessoas do próprio país mesmo, fazem isso com a população amazônida. São, normalmente, oriundos de outras regiões desses países, que se sentem como únicos conhecedores dos processos de desenvolvimento. É um grave erro. Sei que não é fácil para aquelas pessoas que estudaram a vida toda no sentido de que é a sociedade hegemônica que deve estabelecer os projetos de desenvolvimento.…
Leia mais

Comire realiza assembleia e elege nova coordenação

O Conselho Missionário Regional (Comire) do Regional Norte 1 realizou sua Assembleia anual nos dias 20 e 21 de setembro, com a presença de aproximadamente 25 pessoas das Igrejas do Alto Solimões, Tefé, Coari, Manaus, Borba, São Gabriel da Cachoeira, Roraima. O evento foi sediado no Centro de Treinamento Maromba, na Arquidiocese de Manaus. A programação iniciou dia 20 com a Eucaristia às 18he finalizou com a missa de envio no sábado, dia 21, às 18h, e partilhou-se os seguintes temas: o Mês Missionário Extraordinário; o Sínodo para a Amazônia; o programa Missionário Nacional; as notícias sobre o Congresso Missionário Nacional em 2022, a ser sediado em Manaus, o Congresso Missionário Americano (CAM VI) em 2023. No sábado, pela manhã, os missionários do Conselho Missionário dos Seminaristas (Comise), incluindo leigos e leigas, participaram da Assembleia e acompanharam o tema “A missão ad gentes e a territorialidade amazônica’, apresentado por padre Raimundo Gordiano, como parte do último momento formativo antes do envio à Semana Missionária de outubro (em Beruri, diocese de Coari). Houve a partilha das experiências missionárias das Igrejas locais e o envio da nova coordenação eleita para esse serviço: Irmã Carla Porfírio (coordenadora); Pe. Raimundo Gordiano (vice-coordenador); o jovem Alex – da Arquidiocese de Manaus (secretário); o seminarista Matheus (tesoureiro); e Pe. Marcelo Gualberto e Francinete (membros de apoio). Batizados e enviados, somos missão no mundo. Por Pe. Gordiano.

Seminários sobre o Tráfico Humano são celebrados na Amazônia

Por Pe. Luis Miguel Modino O combate à exploração sexual e ao tráfico de pessoas tem se tornado uma das prioridades da Igreja católica nos últimos anos, uma bandeira que tem no Papa Francisco um dos seus principais portadores. Com motivo do Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças, que acontece todo 23 de setembro, tem acontecido diferentes seminários ao longo deste final de semana na Amazônia brasileira. Dentre eles cabe destacar o celebrado em Tabatinga e Manaus. Muitas vezes essa problemática é vista como algo distante, mas devemos nos questionar, se fosse alguém que você ama? uma pergunta que tem sido ponto de partida do 4º Seminário de Enfrentamento ao Tráfico de Mulheres e Crianças para fins de Exploração Sexual, organizado pela Arquidiocese de Manaus e a Rede um Grito pela Vida, com o apoio da Caritas Manaus, que contou com mais de cem participantes. Isso deve nos levar a assumir as palavras de Dom José de Albuquerque, bispo auxiliar de Manaus, que insistia em que “não podemos ficar indiferentes, temos que nos sensibilizarmos”. Para isso, o bispo fazia a proposta de que esses assuntos estejam “entrem nas pautas de nossas instituições e paróquias, são coisas que acontecem bem perto de nós”. No mesmo sentido, o coordenador de Pastoral da Arquidiocese, Padre Geraldo Bendaham, via a necessidade de “não tornar as pessoas mercadoria”, numa sociedade que não respeita a dignidade da pessoa. Por isso, se faz necessário segundo o padre, a importância de “descobrir os esquemas de exploração para denuncia-los”. Nessa luta, a Rede um Grito pela Vida, tem um papel em destaque. Dela faz parte a vida religiosa e, cada vez mais, um bom número de leigos e leigas, como afirmava a Ir. Rosineuda Rocha, que faz parte da coordenação do núcleo de Manaus. Falar de tráfico é dizer que essa é uma problemática além fronteiras, por isso a importância do Seminário da Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Tríplice Fronteira, que reuniu mais de 50 participantes do Peru, a Colômbia e o Brasil, os dias 20 e 21 de setembro, em Tabatinga – AM. Como também foi reconhecido em Manaus, Verónica Rubi, uma das coordenadoras da rede, mostrava aos presentes o que é o tráfico humano e como essa é uma realidade oculta, mas que merece nossa atenção, pois “se fechamos os olhos nos tornamos cúmplices”, o que levou os participantes a identificar as situações de morte presentes na região. Como entender uma sociedade de gente vendendo gente, perguntava a Ir. Eurides Alves de Oliveira na contextualização da realidade do tráfico humano. A religiosa definia o tráfico de mulheres e crianças com fins de exploração sexual como uma “mercantilização dos corpos e da dignidade”, afirmando que a pessoa se tornou mercadoria de consumo. Desde o ponto de vista histórico, numa perspectiva amazônica, a professora Iraildes Caldas Torres, enraizava essa realidade no tempo da conquista portuguesa, um tempo em que a exploração sexual das mulheres indígenas se tornou instrumento de dominação, assumido pelos próprios nativos, relatando situações de homens que oferecia suas filhas e inclusive suas esposas aos portugueses. Isso foi criando uma consciência de que a mulher não existe e que elas eram as culpadas da situação, o que desembocou em que atualmente muitas mulheres, vítimas dessa situação, não denunciem. A Igreja está desenvolvendo tanto em nível mundial como local o combate dessa realidade. A Seção Migrantes e Refugiados, que faz parte do Dicastério do Vaticano para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, publicou Orientações Pastorais sobre o Tráfico de Pessoas, como apresentava a Irmã Rose Bertoldo, que em abril participou em Roma de um seminário sobre essa temática e que, coincidindo com a data deste seminário, tem sido nomeada auditora do Sínodo para a Amazônia pelo Papa Francisco, em consequência de seu trabalho e conhecimentos sobre o tráfico humano. Ela dizia que “nós mulheres somos quem mais cuidamos da vida na Amazônia, da vida humana e do meio ambiente”, questionando aos presentes com a pergunta: como é que o ser humano pode se satisfazer a partir da dor de outra pessoa? Ela denunciava que “muitas vítimas não confiam nas autoridades, na polícia, que muitas vezes acusa em vez de defender”. A religiosa fazia referência ao encontro que vai ser celebrado em Roma nesta semana em ocasião dos 10 anos da Rede Talitha Kum uma das muitas redes eclesiais que favorecem o trabalho de prevenção, se referindo ao trabalho da vida religiosa e da Cáritas nos programas de reintegração das vítimas do tráfico humano. Em nível local, a Igreja católica na região vem desenvolvendo um importante trabalho, como reconhecia Dom Edson Damian, presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, e bispo de São Gabriel da Cachoeira, destacando o grande trabalho da Rede um Grito pela Vida. Ele parabenizava as muitas mulheres presentes no seminário, de quem destacava sua coragem, que etimologicamente significa agir com o coração. O bispo falava da sua diocese, “uma região de fronteira onde tudo é permitido, onde tudo é possível”, recordando muitas palavras do Papa Francisco em referência ao tráfico e destacando um grande número de mulheres que estarão presentes na assembleia do Sínodo para a Amazônia, dentre elas várias representantes do combate a essa problemática. Nesse trabalho local, o Padre Geraldo Bendaham, destacava a importância da Campanha da Fraternidade de 2014, com o tema: Fraternidade e Tráfico Humano, que provocou um ampla ressonância dentro e fora da Igreja. Algumas consequências dessa campanha foi o Seminário Internacional celebrado em Manaus em 2015 ou o conteúdo da X Assembleia Pastoral da Arquidiocese, em 2018, que faz um planejamento para quatro anos, onde aborda essa questão ao falar sobre a superação da violência. Desde a Cáritas Arquidiocesana de Manaus estão se desenvolvendo, em parceria com a Rede um Grito pela Vida, ações de prevenção, sensibilização e combate ao tráfico humano, como relatava Rosivane Souza dos Anjos, psicóloga da instituição, especialmente a través do projeto Iça. Esse fenómeno “reveste-se de…
Leia mais

Vaticano divulga lista de participantes do Sínodo

A lista dos participantes da Assembleia do Sínodo dos Bispos para a Amazônia foi divulgada no último sábado pelo Vaticano. Para a atividade que será realizada entre os dias 6 e 27 de outubro, foram convocados pelo papa Francisco 118 brasileiros para os mais diferentes serviços  (Lista completa dos Participantes do Sínodo) O Cardeal Cláudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM e da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia/CEA, terá um papel fundamental na assembleia. Ele foi nomeado, ainda maio desse ano, relator do Sínodo. O também Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, será um dos presidentes delegados. Ao todo, participam pelo Brasil 56 bispos das dioceses e prelazias da Amazônia e 2 padres administradores das Igrejas particulares que estão sem bispo nomeados. Ao grupo dos padres sinodais, aqueles que têm direito a voto, somam-se os padres representantes da União dos Superiores Gerais (USG). O Brasil também terá um número significativo de mulheres na Assembleia Sinodal. 19 mulheres, 13 religiosas e 6 leigas, estão no grupo nomeado pelo Papa Francisco. Entre elas estão auditoras e peritas que contribuirão nas reflexões e discussões, mas não poderão votar. Outro destaque para a convocação do Sínodo são os representantes de outra igrejas de tradição cristã, chamados na lista de delegados fraternos. Quatro representantes brasileiros de três igrejas estarão na Assembleia em outubro. Confira a lista de brasileiros e os serviços que desempenharão no Sínodo para a Amazônia: Relator Geral Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (Brasil), Presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB, Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM Presidente Delegado Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica  Comissão de Informação Maria Irene Lopes dos Santos, Religiosa da Congregação das Carmelitas Missionárias de Santa Teresinha do Menino Jesus, Assessora da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB, Diretora Executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil Comitê de Litígios Dom Wellington Tadeu de Queiroz Vieira, Bispo de Cristalândia Conselho Pre-Sinodal Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (Brasil), Presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB, Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM Dom Erwin Krautler – bispo emérito da Prelazia do Xingu Dom Neri José Tondello, Bispo de Juína/MT Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho/RO Maria Irene Lopes dos Santos, Religiosa da Congregação das Carmelitas Missionárias de Santa Teresinha do Menino Jesus, Assessora da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB, Diretora Executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil Bispos do Brasil Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte, Presidente da CNBB Dom José Albuquerque de Araújo, bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus/AM Dom Benedito Araújo, Bispo de Guajará-Mirim/RO Dom Bernardo Johannes Bahlmann, Bispo de Óbidos/PA Dom Sebastião Bandeira Coêlho, Bispo de Coroatá/MA Dom Fernando Barbosa dos Santos, Bispo da Prelazia de Tefé/AM Dom Vilsom Basso, Bispo de Imperatriz/MA Dom Pedro Brito Guimarães, Arcebispo de Palmas/TO Dom Derek John Christopher Byrne, Bispo de Primavera do Leste-Paranatinga/MT Dom Rubival Cabral Britto, Bispo de Grajaú/MA Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus Dom Evaldo Carvalho dos Santos, Bispo de Viana/MA Dom José María Chaves dos Reis, Bispo de Abaetetuba/PA Dom Vital Chitolina, Bispo de Diamantino Dom Adriano Ciocca Vasino, Bispo da Prelazia de São Félix Dom Jesús María Cizaurre Berdonces, Bispo de Bragança do Pará Dom Pedro José Conti, Bispo de Macapá/AP Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá/PA Dom José Belisário da Silva, Bispo de São Luís/MA Dom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima Dom José Altevir da Silva, Bispo de Cametá/PA Dom Antônio de Assis Ribeiro, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém/PA Dom Wellington Tadeu de Queiroz Vieira, Bispo de Cristalândia Dom Philip Dickmans, Bispo de Miracema do Tocantins Dom Jacy Diniz Rocha, Bispo de São Luiz de Cáceres/MT Pe. José Celestino dos Santos, Administrador Diocesano de Ji-Paraná Dom Giuliano Frigeni, Bispo de Parintins/AM Dom Flavio Giovenale, Bispo de Cruzeiro do Sul/AC Dom Juventino Kestering, Bispo de Rondonópolis – Guiratinga/RO Dom Canísio Klaus, Bispo de Sinop/MT Dom Jan Kot, Bispo de Zé Doca/MA Dom Romualdo Matias Kujawski, Bispo de Porto Nacional/TO Dom Sebastião Lima Duarte, Bispo de Caxias/MA Dom Francisco Lima Soares, Bispo de Carolina/MA Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, Bispo da Prelazia de Itacoatiara/AM Dom Protógenes José Luft, Bispo de Barra do Garças/MT Pe. Odirley Maia, Administrador Diocesano de Santarém/PA Dom Armando Martín Gutiérrez, Bispo de Bacabal/MA Dom Teodoro Mendes Tavares, Bispo de Ponta de Pedras/PA Dom Meinrad Franz Josef Merkel, Bispo de Humaitá/AM Dom João Muniz Alves, Bispo da Prelazia do Xingu/PA Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho/RO Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, Bispo da Prelazia de Borba/AM Dom Giovane Pereira de Melo, Bispo de Tocantinópolis/TO Dom Joaquín Pertíñez Fernández, Bispo de Rio Branco/AC Dom Marian Marek Piątek, c.ss.r., Vescovo Bispo de Coari/AM Dom Elio Rama, Bispo de Pinheiro/MA Dom Irineu Roman, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém/PA Dom Santiago Sánchez Sebastián, Bispo da Prelazia de Lábrea/AC Dom Wilmar Santin, Bispo da Prelazia de Itaituba/PA Dom José Valdeci Santos Mendes, Bispo de Brejo/MA Dom Evaristo Pascoal Spengler, Bispo da Prelazia do Marajó/PA Dom Edson Tasquetto Damian, Bispo de São Gabriel da Cachoeira/AM Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo de Belém/PA Dom Neri José Tondello, Bispo de Juína/MT Dom Carlo Verzeletti, Bispo de Castanhal/PA Dom Dominique Marie Jean Denis You, Bispo de Santíssima Conceição do Araguaia/PA Dom Adolfo Zon Pereira, Bispo de Alto Solimões/AM – Pela União dos Superiores Gerais Padre Pedro Saul Ruiz Alvarez – Superior Regional dos Padres Xaverianos Padre Dario Bossi – Missionário Comboniano, Superior Provincial dos Missionários Combonianos no Brasil e Assessor da REPAM-Brasil e da Rede de Igrejas e Mineração Padre Celestino Ceretta – Sociedade do Apostolado Católico – Palotinos; vigário paroquial, auxiliar da área pastoral de Ponta Negra, em Manaus/AM e professor de História da Igreja na Amazônia. Padre José Amarildo Luciano da Silva – Congregação do Santíssimo Redentor – Superior Provincial dos Redentoristas em Manaus Padre…
Leia mais

Igreja do Amazonas e de Roraima refletem sobre novos caminhos para ser presença em toda a Amazônia

Bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas, dentre eles representantes de 12 povos indígenas, estiveram reunidos em Manaus, na 47.ª Assembleia do Regional Norte 1 (Amazonas e Roraima) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para acolher as novas Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (2019 – 2023) e recordar a caminhada feita em preparação ao Sínodo para a Amazônia a ser realizado de 6 a 27 de outubro, em Roma, reforçando o compromisso de levar ao Papa Francisco alguns clamores houve durante as escutas e que estão no Instrumentum Laboris, documento norteador deste sínodo. Com o objetivo geral de evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude, as novas Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (2019 – 2023) nos trazem a imagem da casa, com quatro pilares de sustentação: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. “As diretrizes têm uma proposta muito clara de formar Comunidades Eclesiais Missionárias e para que fique mais fácil de tratarmos esse assunto, apresentam-nas na imagem da casa, do lar, que é também símbolo da comunidade que acolhe, envia, protege, forma, evangeliza e salva, e essa casa possui quatro pilares. O pilar da Palavra reconhece a importância da Palavra de Deus e o necessário avanço no processo de iniciação à vida cristã; o Pão que nos alerta para a liturgia, para a nossa espiritualidade, fonte de vida e de compromisso; a Caridade nos interpela a ser tal como Jesus, capazes de investir a nossa vida, talentos e capacidades e até comunicação e economias a serviço da vida plena, para que todos tenham vida e vida em abundância; e a Ação Missionária que nos convoca a uma missionariedade permanente, um processo eclesial necessário em toda a igreja do Brasil, em especial para a nossa Amazônia. Por isso estudar e conhecer as diretrizes é entrar no coração das comunidades e fazer com que todas sejam um ambiente de paz, justiça, verdade, uma página viva do Evangelho”, explicou Dom Mário Antônio que é o segundo vice-presidente da CNBB e bispo da Diocese de Roraima. Também se recordou a caminhada realizada nas comunidades em preparação para o Sínodo, sendo este último com ampla e diversificada preparação através de muitos processos de escuta, principalmente ao clamor dos pobres, ribeirinhos e povos originários da Amazônia (indígenas) com sua sabedoria e sua forma de viver respeitando a natureza, tendo uma estimativa de 390 povos existente da Pan-Amazônia. Pe. Zenildo Lima, reitor do Seminário São José e integrante do grupo que realizou a síntese das escutas realizadas no Regional Norte 1, esteve responsável por recordar aos participantes da assembleia a caminhada preparatória desse Sínodo que teve uma trajetória muito particular, tendo como ponto de partida a Encíclica Laudato Si, onde o Papa apresenta um conceito de Ecologia Integral e chama a atenção para o compromisso de defesa do meio ambiente ligada a um processo de justiça social, com a consciência de que tudo está interligado. “Aqui na assembleia retomamos a caminhado do sínodo a partir de algumas categorias: o diálogo, que traduz a necessidade que temos de entrar em contato com uma nova cosmovisão, uma nova compreensão da realidade, por isso o diálogo da igreja com diversas populações amazônicas é um convite para ela rever a sua linguagem e a sua estrutura ministerial; a profecia, pois existem muitos ruídos e incompreensões sobre o papel da igreja católica diante da realidade, sendo papel da igreja sair da sacristia, assumir essas lutas, fazer companhia para esses povos, assumimos suas lutas, profeticamente assumimos essa pauta, pois é papel da igreja seguidora de Jesus; e a Presença, muito invocada neste sínodo que nos pede para sair de uma pastoral de visita para assegurar presença na comunidade, que implica em rever a organização da comunidade eclesial e da igreja, rever os ministérios que tem e o modo como acontecem e estão presentes nas comunidades, para que os protagonistas, líderes nativos, cristãos leigos e leigas, homens e mulheres, tenham mais participação na igreja. É com esse espírito que esta assembleia delega aos bispos a voz dos povos que estão na Amazônia”, explicou Pe. Zenildo. Flavio Ferraz, leigo e professor indígena, da etnia Wanano, de São Gabriel da Cachoeira onde há 23 povos e quase 90% da sua população é de indígenas, considera importante acolher as novas diretrizes, em especial quando trata da missionariedade. “A complexidade dos povos indígenas desafia a adentrar no processo missionário, com ponto focal no chamado do Papa para o Sínodo que nos dá oportunidade de colocar tudo que se passa com os povos indígenas para poder traçar novas diretrizes nesse caminho missionário. Vários leigos indígenas na região tem um processo missionário, e acreditamos que no pós-sínodo podemos sonhar com representantes de decisão, padre ou bispo indígena, para que possamos ter força nesse processo missionário nesta vasta Região Amazônica”, explicou Flávio.E Denis da Silva, também indígena da etnia Tukano, que exerce o ministério extraordinário da Sagrada Comunhão e é coordenador de liturgia na comunidade Santana, pertencente à Paróquia N. Sra. Aparecida, em São Gabriel da Cachoeira, acredita que todo esse processo vem fortalecer a ação da igreja junto aos povos indígenas, além de fazer ecoar suas vozes e seus clamores. “A igreja é a única instituição em quem os povos ainda confiam e isso é muito importante, e através dos depoimentos que surgiram nas escutas a gente percebe o quanto que a igreja deve estar presente nesses locais, porque é uma forma também de ecoar a voz das pessoas que estão sendo deixadas à margem da sociedade”, destacou. “Estamos muito felizes com tudo isso que está acontecendo. Nós estamos sendo ouvidos e isso é importante, pois antes não tínhamos participação nas decisões que a Igreja toma. Hoje está se ouvindo o povo. Mas estamos apreensivos e ansiosos,…
Leia mais

Representantes das nove dioceses e prelazias elaboram carta do 47.ª Assembleia do Regional Norte 1

Representantes das nove dioceses e prelazias elaboram carta do 47.ª Assembleia do Regional Norte 1 Os participantes da 47.ª Assembleia do Regional Norte 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, totalizando 90 pessoas dentre bispos, padres, diáconos, religiosas e religiosos, leigos e leigas, dentre eles indígenas de 12 etnias, das nove (arqui)dioceses e prelazias elaboraram e aprovaram uma carta sobre este momento de acolhida das novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e resgate do caminho em preparação ao Sínodo Especial para Pan-Amazônia e “conduzidos pelo Espírito de Deus olhamos para nossa Igreja como casa do Pão, da Palavra, da Caridade e da Ação Missionária em busca de novos caminhos”. Sua versão final foi apresentada pelo Pe. Zenildo Lima, ao final da coletiva de imprensa realizada na manhã do dia 19 de setembro.  Confira a carta na íntegra.   

Novas Diretrizes da CNBB e Sínodo são destaques da 47ª. Assembleia do Regional Norte 1

Com o tema  “Igreja da Amazônia: Casa do Pão, da Palavra, da Caridade e da Missão em busca de novos caminhos”, o Regional Norte 1 da CNBB – AM/RR realiza de 16 a 19 de setembro, no Centro de Treinamento Maromba. A 47ª. Assembleia, com a presença de 90 pessoas, dentre bispos, padres, religiosos(as) e leigos (as), das nove dioceses/prelazias dos estados do Amazonas e Roraima (Manaus, Parintins, Borba, Itacoatiara, Coari, São Gabriel da Cachoeira, Tefé, Alto Solimões e Roraima). Segundo o presidente do Regional Norte 1, Dom Edson Damian, esta assembleia é um espaço em que as dioceses e prelazias estão reunidas para acolher com generosidade e criatividade as novas Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (2019 – 2023), documento n. 109, aprovadas na 57ª. Assembleia Geral dos Bispos da CNBB, em maio de 2019, cujo objetivo geral é evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude.  Também está sendo tratado a respeito da caminhada realizada nas comunidades em preparação para o Sínodo, sendo este último com ampla e diversificada preparação através de muitos processos de escuta, principalmente ao clamor dos pobres, ribeirinhos e povos originários da Amazônia (indígenas) com sua sabedoria ancestral e sua forma de viver respeitando a natureza), tendo 179 (44%) dos 390 povos presentes na Pan-Amazônia participado de alguma forma deste sínodo no processo de escuta, respondendo ao pedido do papa Francisco que os povos indígenas fossem os principais protagonistas, fossem escutados com especial atenção. A assembleia também é um momento de partilha do que cada prelazia e diocese tem realizado a partir das três causas comuns: Migração, Meio ambiente e Indígenas.  As coordenações das diversas pastorais e organismos também tiveram espaço para relatar as principais atividades realizadas, desafios e conquistas, desde a última assembleia, de setembro de 2018 a setembro de 2019. A Assembleia segue até o dia 19, no Centro de Formação Maromba. Confira o registro fotográfico https://www.facebook.com/pg/cnbbnorte1/photos/

O desafio da vida urbana nas comunidades cristãs na Amazônia

Por Diác. Francisco Andrade de LimaSecretário executivo Regional Norte 1 – CNBB] Apesar de vermos e ouvirmos falar de uma Amazônia de Natureza exuberante, de muitos povos: indígenas, ribeirinhos, quilombolas… a Amazônia cada vez mais vai sendo devastada, e os povos “empurrados” para as cidades, ou a forma de vida das cidades vai chegando nas comunidades mais longínquas. Isso vai dando uma característica para a região amazônica que é a predominância da maioria das pessoas morando nas cidades e, consequentemente, um alto percentual sofrendo as dificuldades da urbanização desordenada, agravada pela fragilidade das políticas públicas e outras iniciativas estatais que poderiam favorecer a vida na cidade. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em sua 57ª Assembleia Geral, aprovou as Novas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, incluindo já no Objetivo Geral, o aspecto urbano: “Evangelizar no Brasil, cada vez mais urbano”. Para os Bispos do Brasil “não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa, mas de chegar a atingir e como que pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (DGAE 31). Também o Sínodo para a Amazônia no Instrumentum Laboris, dedica dois capítulos, um na segunda parte (julgar) e outro na terceira parte (agir) sobre os desafios da evangelização no mundo urbano. Sugere que precisamos aproveitar do que o mundo urbano oferece de positivo para a evangelização, e a partir da evangelização nas cidades possamos irradiar também para as demais comunidades, daí a necessidade de termos uma pastoral que trabalhe em comunhão, para que assim se possa de fato atingir os mais pobres e excluídos das cidades que na maioria dos casos são provenientes das comunidades ou regiões remotas, seja da própria região, seja migrante que vindos de situações de conflitos, fugindo da fome e tantas outras mazelas levam ao crescimento urbano em nossa Amazônia. Quando chegam cidades trazem se deparam com grandes desafios, a Campanha da Fraternidade de 2016, sob o tema “casa comum, nossa responsabilidade”, que versava sobre o saneamento básico, revelou o grande déficit quanto a este direito nas cidades localizadas no perímetro amazônico. A região correspondente a Amazônia legal tem em média 8% de esgoto coletado e destes 16% é tratado. Existem também dificuldades quanto ao acesso à agua potável, condições de moradia digna e tratamento de resíduos domésticos, industriais e hospitalares. Outro fato preocupante no que se refere aos habitantes da cidade diz respeito as diferentes situações de violência que tem atingido sobretudo a juventude, os negros, os indígenas e as mulheres. As referências citadas acima revelam o grande desafio das cidades da região para a Igreja. Pergunta-se como marcar presença em uma realidade tão plural, complexa, onde estão em atuação diferentes interesses e jogos de forças, reflexo do que acontece em âmbito maior. Muito do que é a sociedade, seja esta nacional e mundial, se desenvolve e decanta-se na grande cidade. Aí se desenvolvem as relações, os processos e estruturas que constituem as formas de sociabilidade. O espaço urbano indica o que acontece em dimensões mais amplas, no todo da humanidade. Os fenômenos urbanos estão ligados a outros fenômenos em escala planetária. Demanda a necessidade de uma leitura atenta do que acontece na cidade e suas implicâncias na vida das pessoas com as quais nos envolvemos pelos compromissos pastorais. Há ainda outras variantes que podem ser observadas como influenciadoras da “vida na cidade”, especialmente porque atingem os meios populares. Um dos elementos é o espaço. Na grande cidade o espaço tem uma influência profunda na vida da pessoa. Daí o grande peso econômico da especulação imobiliária. A superpopulação e as condições de vida desta população fazem da luta pelo espaço algo primordial na grande cidade. Neste dado há de se considerar o espaço público, o espaço da rua, podemos nos perguntar: Porque tanta gente morando na rua? Onde moram? De onde vieram? Vão ficar sempre morando nas ruas? Na exortação apostólica Evangelli Gaudiun o Papa Francisco lembra que não podemos ignorar que, nas cidades, facilmente se desenvolve o tráfico de drogas e de pessoas, o abuso e a exploração de menores, o abandono de idosos e doentes, várias formas de corrupção e crime. Na perspectiva eclesial cabe lembrar o mundo urbano como lugar das profundas transformações sócio econômicas, culturais e religiosas que impactam a vida e que, por sua vez, interferem no agir das Igrejas. Se queremos ter uma atuação que realmente repercuta na vida do mundo urbano, teremos que corajosamente mudar a metodologia e a forma de organização da Igreja, as Novas Diretrizes da ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, propõe que atuemos em pequenas comunidades missionárias, que acolhe, mas também envia, onde o grande trabalho a ser feito é o processo de Iniciação a Vida Cristã, na perspectiva da escuta e vivência da Palavra, da partilha do pão e da caridade. Neste espaço devemos atuar como cristãos provocando uma outra forma de relação com a cidade, marcada pela solidariedade e compromisso mútuo. São propostas históricas, contudo inovadoras porque hoje o discurso que atrai é o do individualismo, do fazer e viver por si, ignorando a coletividade. Em apoio a esta proposta lembramos a Encíclica Laudato Si que sugere outro patamar de relacionamento. Diz que sempre é possível desenvolver uma nova capacidade de sair de si mesmo rumo ao outro. Sem tal capacidade, não se reconhece às outras criaturas o seu valor, não se sente interessado em cuidar de algo para os outros, não se consegue impor limites para evitar o sofrimento e a degradação que nos rodeia. É possível, na experiência urbana, apontar outro caminho que não o fechamento individualista, nestes sentido o modelo de comunidades missionárias será uma grande alternativa para indicar um caminho diferente ao individualismo, podemos trabalhar a preocupação com o (a) outro (a). Diz o Papa na Laudato…
Leia mais

Leigos realizam encontro anual da Comissão do Laicato do Regional Norte 1

Nos dias 14 e 15 de setembro aconteceu o Encontro Anual com a Comissão do Laicato do Regional Norte 1, com o tema “Eu vi, ouvi e desci” e lema “O rosto do laicato da Amazônia”. Conforme a coordenação do encontro, foi um momento de partilha de experiências na caminhada dos cristãos leigos e leigas, a partir da articulação dos conselhos e comissões do laicato e na vivência da sinodalidade das ações atentos aos clamores de nossa Amazônia e dos povos que aqui vivem. O encontro aconteceu em Manaus, no Centro de Formação Maromba e contou com cerca de 30 representantes de sete dioceses do Regional Norte 1 – AM/RR. Conforme a coordenadora do evento e membro da Comissão de Leigos do Regional, Patrícia Cabral, este foi realizado com o intuito de integrar leigos das dioceses e prelazias visto que se encontram em fase de articulação. “Ainda estamos em uma caminhada de articulação, desde 2015, do Conselho de Leigos nas dioceses e prelazias, sendo que hoje temos em Manaus, Tefé, Parintins, Roraima, Itacoatiara, Borba. Além de visar o fortalecimento da caminhada do conselho, também refletimos a vivencia do Sínodo, onde nos estamos, com quem a gente pode contar, como a gente pode trabalhar principalmente o seguimento dos cristãos leigos e leigas na sociedade, nesta igreja em saída, dentro da dimensão que também é igreja em outros espaços, além dos templos e das pastorais”, destacou Patrícia, que atualmente preside o Conselho de Leigos e Leigas na Arquidiocese de Manaus. Os presentes puderam refletir sobre os documentos em que a igreja fala da prática pastoral, em especial dentro do movimento referente ao sínodo da Amazônia, da Teologia Ecológica que exige uma reflexão crítica dos leigos, com o teólogo George Alexandre de Vasconcelos, professor do Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior da Amazônia (ITEPES), que atua na linha da Teologia Pastoral, especificamente na linha de pesquisa Instituições Religiosas, realizando estudos sobre a história da igreja na Amazônia. “Trouxe uma reflexão no sentido de mostrar uma dimensão ecológica, a preocupação da igreja, em uma perspectiva mais prática na qual a igreja vem dizer que o leigo necessita ter essa consciência, enquanto sujeito da ação evangelizadora da igreja e, dentro de uma dimensão profética, o leigo cristão e consciente não pode se calar e deve intervir na realidade, precisa refletir sobre essa realidade de maneira participativa, dando seu  testemunho e levando a sua prática, ligada à prática de Jesus na qual nós fundamentamos a nossa reflexão teológica e prática pastoral”, explicou George. A programação contemplou também uma reflexão sobre o rosto do laicato da Amazônia, uma  abordagem sobre a caminhada do Conselho Nacional de Leigos e Leigas do Brasil (CNLB) local, com momentos para partilhar e identificar como os leigos estão caminhando nas dioceses e prelazias, o que conseguiram no âmbito do envolvimento dos cristãos leigos e participação nos espaços políticos e o planejamento da comissão de leigos dentro do Regional Norte 1, identificando se é possível estipular um prazo, visando trabalhar uma grande assembleia de leigos para sair da condição de comissão e passar a ser um Conselho de Leigos e Leigas do Regional Norte 1. Também houve a apresentação do Instrumento de Trabalho do Sínodo, pelo diácono Francisco Lima, secretário executivo do Regional Norte; e uma dinâmica para melhor compreensão da Ecologia Integral e o Sínodo, com Diego Aguiar, membro do Eixo de Formação e Métodos Pastorais do Comitê da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). Por Ana Paula Gioia –  Pascom Regional Norte 1