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Cardeal Steiner: “No Sofredor somos convidados a transformar o rosto humano”

“O Evangelho proclamado, narra a transfiguração de Jesus: enquanto Ele rezava no alto da montanha, muda de aparência, a sua veste torna-se branca e brilhante, e na luminosidade da sua glória aparecem Moisés e Elias”, disse o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, no Segundo Domingo da Quaresma. Segundo ele, “eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém. Moisés e Elias a lançar luz sobre a paixão, a morte e a ressurreição.” São Lucas nos diz, lembrou o arcebispo, que “‘seu rosto mudou de aparência’ enquanto rezava e, no rezar, conversava com Moisés e Elias.” Ele ressaltou que “o rosto mudou de aparência, se iluminou, transfigurou, ao ler e meditar os profetas, ao observar Moisés. O rosto, a sua verdade, trouxe à claridade a vida, o anúncio, as palavras dos profetas, a predição dos profetas, que apontavam para a presença da Vida nova. Veio à claridade o dizer de Moisés, as promessas feitas anunciadas pelos profetas e, agora, cumpridas no rosto do Filho de Deus. E na sua força verdadeira do Filho amado iluminou, brilhou, cintilou a verdade dos profetas e da Lei. Os profetas que iluminam o rosto do Filho de Deus e o rosto de Filho de Deus a iluminar a Moisés e os profetas.” “O rosto mudou de aparência, na conversação da paixão, da morte, que Jesus haveria de sofrer em Jerusalém. Foi revelado o rosto do Filho Amado, o rosto do Filho do Homem, no visibilizar os dias da paixão, do sofrimento, da cruz! A aparência mudou, desapareceu a aparência fez-se transparência na prece da Cruz!”, insistiu o cardeal Steiner. “Diante da transfiguração, Pedro João e Tiago, não entenderam, não compreenderam o porquê da desaparência do rosto, ao verem a transparência do seu rosto. Foi então que ouviram da nuvem uma voz dizia: ‘este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que Ele diz!’ Então sim perceberam e viram, o rosto do Filho amado, do Filho de Deus. Jesus não era alguém desconhecido, era o aproximado, o mais próximo, aquele que convidara para subir a montanha, sem saber de encontrar Elias e Moisés. Eles até aquele momento, tinham visto apenas a aparência, a humanidade do Filho do Homem, sem perceber o Filho de Deus. Ao verem Elias e Moisés a conversarem com Jesus viram como resplandecia o rosto do Filho de Deus no rosto do Filho do Homem.” O arcebispo de Manaus comentou que “na luminosidade, na transparência, na transfiguração do Filho de Deus, o Escolhido, entreveem o esplendor da Cruz e da Ressurreição. O Filho amado, cujo rosto brilha, ilumina o caminho da dor e da cruz. Ao vê-lo ali tão perto tão próximo em prece, na ocupação, no encontro com Elias e Moisés, viram a diafania do Homem das Dores. Viram a sua grandeza, a sua beleza, a sua leveza; viram a verdade de nossa humanidade que pende da cruz por amor.” Segundo o cardeal, “na conversação sobre o sofrer e a morte em Jerusalém, entreleram todas as dores, sofreres, doenças, mortes, as desumanidades, as violências, os abusos. Viram a finitude, a fraqueza da humanidade ser transformada, a história dor e do sofre e da morte ser elevada. Resplandecente nas vestes, o rosto sem aparência, o Filho Amado, o rosto do Filho de Deus, quem falavam e anunciavam os profetas, de quem, sonhara e esperara Moisés.” Analisando o texto, ele sublinhou que “o Rosto era cheio de graça, de verdade, de força e vida. E viram todos os rostos humanos, mulheres e homens, os rostos envelhecidos e carcomidos ainda na juventude, todos os rostos não nascidos. Viram na transfiguração do rosto e no brilho das vestes todos os rostos com a mesma força, com a mesma graça e graciosidade. Rostos graciosos, cheios de graça transparentes. Sim, todos estavam ali na sua verdade, no seu nascer: ‘o meu Filho, o escolhido. Escutai o que Ele diz!’. E na escutação do ensinar do Filho amado, a transformação do ser humano revestido de Cristo Jesus.” “Como escreveu São Paulo aos Filipenses: Nós somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o nosso Salvador, o Senhor, Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas (cf. Fl 3,20-21). Na transformação, na transfiguração do rosto de Jesus e na iluminação de suas vestes, no apercebemos pertencentes a esse modo transformativo e por isso, salvífico. Somos na morte de Jesus na cruz também transformados e na sua ressurreição participamos da vida nova!”, lembrou o cardeal Steiner. Segundo ele, “no sofrer de Jerusalém, na morte, tomamos parte do amor de Deus. Esse amor que se manifestou na promessa a Abraão, como ouvíamos na primeira leitura: olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz. Assim será a tua descendência (cf. Gn 15,5). E continuava o texto: aos teus descendentes darei esta terra! Sim, a terra onde Deus viu que tudo era muito bom, o Reino de Deus. O desejo e a promessa de Deus: a participação de todos na abundância, na generosidade, na magnanimidade de amor, o Jardim de Deus que tudo cria e nos gera.” “Estamos no caminho quaresmal”, lembrou o arcebispo, recordando que “expressa o nosso desejo de sempre mais pertencermos ao Reino de Deus, participarmos do mistério amoroso da Cruz e da Ressurreição. O caminho quaresmal, por isso, é por excelência da busca da conversão, e, assim entrevermos no rosto do Amado, o nosso rosto. No tempo de conversão meditamos a fraternidade e a ecologia integral. É a possibilidade de também vermos que tudo o que Deus fez é muito bom.” Ele disse que “Papa Francisco nos lembra que a crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior. Alguns cristãos, até comprometidos e piedosos, diz ele, com o pretexto do realismo pragmático frequentemente se desviam das preocupações pelo meio ambiente. Outros são passivos, não se decidem a mudar os seus hábitos e tornam-se incoerentes. Falta…
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Dom Mário Pasqualotto anuncia uma nova Fazenda da Esperança em Parintins

São muitas as dioceses da Região Norte do Brasil que tem Fazenda da Esperança, segundo o bispo auxiliar emérito de Manaus, dom Mário Pasqualotto. Ele lembrou que são 27 fazendas e anunciou em entrevista à Rádio Rio Mar que mais uma fazenda será implantada no município de Parintins, um sonho que já vem de 1993. Nessa diocese já existe uma Fazenda Esperança no município de Maués. O projeto está em fase de documentação do terreno, disse o bispo, e estão sendo dados diversos passos prévios à construção da sede. Nesta sexta-feira, 14 de março de 2025, foi celebrada uma missa, presidida por dom Mário Pasqualotto, na catedral Nossa Senhora do Carmo, que também contou com a presença do bispo diocesano, dom José Albuquerque de Araújo, e do bispo emérito, dom Giuliano Frigenni. Nessa celebração aconteceu o Jubileu dos movimentos e comunidades de vida na diocese de Parintins. Na manhã do domingo 16 de março será celebrada mais uma missa na Vila Amazonia, local onde será construída a Fazenda, e outra eucaristia na noite do mesmo domingo. Dom Mário Pasqualotto insistiu na importância de quando nasce uma Fazenda da Esperança, “a comunidade abrace, conheça, se sensibilize”, relatando como isso foi importante quando foi criada a Fazenda da Esperança em Manaus, insistindo no necessário envolvimento das autoridades locais para que a iniciativa tenha êxito. O bispo destacou a importância do povo “amar esta realidade, sentir a importância deste evento para o bem das famílias”, que muitas vezes passam por graves dificuldades em consequência da droga e do álcool. Ele fez um listado de possíveis modos de ajuda, tanto as pessoas como as lojas. “A Fazenda da Esperança é um lugar que tem a presença de Deus”, disse dom Mário. Ele ressaltou que “Deus está presente onde tem mais sofrimento”. Junto com isso, ele insistiu em que “é Jesus que trabalha, é Ele que mexe com o coração” e na importância da Palavra de Deus. Isso porque a Fazenda da Esperança não é uma clínica, é um centro de espiritualidade, onde os internos vão encontrar Deus, algo que transforma sua vida, descobrindo uma vida nova, que leva a muitas pessoas a consagrar sua vida, algo que o bispo considera um milagre. Finalmente, o bispo animou a destinar a porcentagem que a lei determina na declaração do imposto de renda para obras sociais, dentre elas as obras que a Fazenda da Esperança realiza com crianças e idosos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Retiro do clero de Manaus: Oportunidade para se perguntar sobre a prática cristã e ministerial

Mais de 75 padres participaram de 10 a 13 de março de 2025 do retiro do clero que foi realizado na Maromba de Manaus. Com o tema: “Presbítero, discípulo vocacionado de Jesus Cristo e pastor do rebanho, peregrino e testemunha da esperança”, o retiro teve como pregador o bispo da diocese de Luz (MG), dom José Aristeu Vieira. O retiro é uma oportunidade para aprofundar na reflexão e oração pessoal, para se perguntar sobre a prática cristã e ministerial que faz parte da vida de cada presbítero. Um tempo de deserto, de interiorização, de silêncio interior e exterior, momento de rezar para agradecer pela fé em Jesus Cristo, pela vocação que identifica a cada presbítero e que sempre deve estar ao serviço da Igreja e da salvação do mundo. Tempo de parada e discernimento, tempo de desconectar para conectar com o coração de Deus. Durante o retiro, o pregador foi orientado os participantes a olhar para sua vida pessoal, ministerial e pastoral à luz da Palavra de Deus, buscando caminhos para aprimorar o cuidado consigo mesmo e com o povo que a Igreja lhe confia a cada um. Uma dinâmica sempre necessária, mas especialmente no chamado à conversão no tempo da quaresma e a experimentar a graça de Deus neste Ano Santo Jubilar. O retiro tem sido uma oportunidade para experimentar a consciência do amor de Deus que transforma a vida cristã e a vida presbiteral e leva a viver a gratidão e a esperança como caminho para superar as dificuldades, se identificando e assumindo os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, o despojamento e a disponibilidade missionária na vivência do ministério presbiteral. Nessa perspectiva, o retiro tem oferecido possibilidades de crescimento que ajudam a fazer mais eficaz a evangelização, especialmente dos mais afastados e carentes de esperança e de fé. Tudo isso mediante um ministério que seguindo o espírito, vai além da letra, “um sacerdócio exercido com totalidade da vida, como Jesus, para fazer a vontade do Pai”, segundo refletiu o orientador do retiro, que também fez ver a necessidade de um sacerdócio “para pastorear, santificar o povo, e educá-lo na vontade de Deus e no Reino de Deus.” Uma vocação, um ministério que é carregado em vasos de barro e que tem que fazer com o presbítero não se pregue a se mesmo e sim a testemunhar a força da graça de Deus como peregrinos da fé, se sentindo Igreja diocesana e vivendo a fraternidade presbiteral, sempre enovando o projeto de vida, o projeto vocacional em fidelidade a Cristo e ao Reino, na missão da Igreja local. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1   

13 de março de 2025: 12 anos de um Papa que ainda está aqui

Doente, idoso, constantemente agredido e perseguido, mas o Papa Francisco, depois de 12 anos de caminho, ainda está aqui. O filme “Ainda estou aqui”, que recentemente ganhou vários prémios internacionais, destacando o Oscar a melhor filme internacional, me inspira no dia em que se completa mais um aniversário da eleição do atual pontífice, e assim refletir sobre os passos dados pelo primeiro Papa latino-americano. Poderíamos equiparar a luta de Eunice Paiva, símbolo do enfrentamento à Ditadura Militar no Brasil, com os passos dados pelo atual pontífice. Tanto a advogada quanto o atual pontífice enfrentaram o sistema dominante para fazer realidade um Brasil e uma Igreja de todos, todos, todos. Isso frente àqueles que sempre se empenharam em defender um país e uma Igreja de elites, perseguindo até a morte todos os que enfrentavam o sistema, dado que existem muitas formas de matar. Sua atitude tem que nos levar a refletir sobre a necessária toma de postura diante de situações que perpetuam uma sociedade e uma Igreja elitizada, colocando do lado de fora uma grande maioria. Francisco se posicionou desde o início de seu pontificado em favor de uma Igreja pobre e para os pobres, uma Igreja sinodal, uma Igreja cuidadora, samaritana, presente nas periferias geográficas e existências, no meio daqueles que mais sofrem, se colocando contra a auto referencialidade, o clericalismo e os abusos de todo tipo. Francisco é alguém que questiona fortemente com seu testemunho de vida, marcado pela grande capacidade de escuta, por sua abertura e atenção à realidade concreta do povo, com palavras que chegam ao coração. A missão assumida pelo Papa 12 anos atrás é um serviço em favor do Reino de Deus, de um mundo melhor para todos e todas, uma dinâmica também presente na vida de Eunice Paiva, que nunca abriu mão de seu empenho em favor dos direitos humanos. O compromisso das mulheres e homens que enfrentaram a ditadura militar no Brasil fez com que hoje a democracia determine a convivência no país, mesmo com fortes tentativas de restaurar aquele regime. Se buscava uma sociedade onde ninguém fosse perseguido por seu modo de pensar, de viver, de entender a vida. Sabemos que ainda falta um longo caminho a percorrer, mas não podemos deixar de reconhecer os avanços alcançados. Na Igreja, esse modo de sociedade poderia ser identificado com a sinodalidade, que busca na escuta de todos e todas e no discernimento comunitário, com a participação dos diversos carismas e ministérios, concretizar o caminhar de uma Igreja que responda aos sinais dos tempos, entendendo que a diversidade nos enriquece e que abrir-se aos outros é condição necessária para viver o discipulado missionário hoje. Enfrentar a ordem estabelecida, sobretudo quando ela é consequência de atitudes históricas que geram divisão, fugindo da comunhão e de uma convivência sadia, é algo que provoca perseguição da parte daqueles que se acham detentores do poder. A autoridade não nasce de atitudes autoritárias, ela é fruto do testemunho e do compromisso de vida, uma postura assumida por Francisco, que provoca admiração em muitas pessoas, inclusive naquelas que não fazem parte da Igreja católica. Ele ainda está aqui, nos mostrando que sua luta, seu compromisso, é com a vida para todos, todos, todos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Pastorais Sociais do Regional Norte 1 avançam na preparação do Seminário 20225

As Pastorais Sociais do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), se reuniram nesta quarta-feira, 12 de março de 2025, para dar continuidade à preparação do Seminário das Pastorais Sociais que será realizado no Centro de Formação Maromba da Arquidiocese de Manaus, de 23 a 25 de maio de 2025. A reunião, coordenada pela secretária executiva do Regional Norte 1, Ir. Rose Bertoldo, e pela articuladora das Pastorais Sociais, Ir. Rosiene Gomes, teve como objetivo “a socialização dos trabalhos em equipes que cada uma já foi organizando e pensando em vista da construção do seminário”, segundo a secretária executiva. A religiosa destacou que foram feitos os encaminhamentos necessários para todo o processo de inscrição. Durante a reunião foi igualmente encaminhada a socialização dos preparativos que estão sendo realizados para o seminário da PreCOP30 em Belém, de 25 e 26 de março e também os seminários da PreCOP30 que será realizado na Arquidiocese de Manaus por regiões episcopais. A secretária executiva insistiu na importância das Pastorais Sociais em nível Regional articular junto às dioceses algum momento para refletir e discutir essa questão da COP30. O Seminário das Pastorais Sociais, destinado a coordenadores/as das Pastorais e Organismos, representantes das dioceses e prelazias e lideranças, tem como tema: “No chão da Amazônia: caminhos no cuidado da Casa Comum”, e como lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn. 1,31). O objetivo geral é “Contribuir na formação de lideranças para atuar no cuidado da Casa Comum, à luz dos documentos Laudato Sí, Laudate Deum, Querida Amazônia, Doc. De Santarém, Texto base da CF 2025 e dos ensinamentos propostos no Jubileu da Esperança 2025”. Por sua vez, os objetivos específicos visam fortalecer as ações de cuidado com a ecologia integral, na defesa e promoção da Vida; promover o diálogo acerca da Ecologia Integral entre as pastorais sociais; socializar aprendizados adquiridos no processo de formação e das experiências compartilhadas favorecendo maior integração entre as pastorais sociais do Regional Norte 1; e propor caminhos para o fortalecimento das ações que contribui para ecologia integral na Amazônia que se entrelacem à vivência do Jubileu ordinário da Esperança. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Juventude Missionária do Amazonas elege nova coordenação em Assembleia Estadual

Nos dias 8 e 9 de março de 2025, a Juventude Missionária do Estado do Amazonas realizou sua Assembleia Estadual na Área Missionária Cidade de Deus, na zona leste de Manaus. O encontro reuniu coordenadores e assessores das dioceses de Borba, São Gabriel da Cachoeira e Coari, além da Arquidiocese de Manaus, com o objetivo de fortalecer a formação das lideranças juvenis, promover a sinodalidade entre os grupos e eleger a nova coordenação estadual do Regional Norte 1 da CNBB. A Assembleia contou com o apoio do pároco local e coordenador do COMIRE N1, Pe. Gutemberg, e foi organizada pela coordenação estadual anterior, formada pelos jovens Cleanderson, Ítalo e Ana Alice, com assessoria de Wal Silva e Joylson Carvalho. O evento também teve a presença do secretário nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé (POPF), Pe. Genilson. Durante o encontro, os participantes tiveram acesso a formações essenciais para o fortalecimento da atuação missionária na região amazônica. Entre os temas abordados, destacam-se a missão em contexto amazônico, ministrada por Matheus Cabral; entre os povos e a missão ad gentes, apresentada pela Ir. Rosanna; missionários da esperança, conduzida por Joylson Carvalho; e POPF: protagonismo e liderança, com Pe. Genilson. A plenária de escuta das lideranças, conduzida pelo jovem missionário Caio Eduardo, promoveu espaços de diálogo e reflexão. Divididos em grupos, os participantes debateram temas como a missão em contexto amazônico, missionários da esperança, entre os povos e dimensão ad gentes, e protagonismo e liderança. As discussões geraram contribuições para a definição das diretrizes da nova gestão. O evento também contou com a presença de Dom Samuel (OFM), bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus e referencial para as missões na Igreja local. Em sua participação, Dom Samuel compartilhou experiências de sua vivência missionária ad gentes na África, inspirando os jovens com seus testemunhos. A nova coordenação estadual eleita para atuar junto às dioceses do Regional Norte 1 será composta por Caio Eduardo, de Presidente Figueiredo, como coordenador; Ítalo Soares, de Novo Aripuanã, como vice-coordenador; Amábilly, de Manaus, como tesoureira; e Ana Alice, também de Manaus, como secretária. Outros jovens também integrarão a equipe em grupos de trabalho, como Lucas, de São Gabriel da Cachoeira, Antônio Osmar, de Borba, e João Gabriel, de Manaus. Os assessores escolhidos para apoiar a nova gestão foram Joylson Carvalho, Ir. Silvana e Hallana Lobato. A Assembleia Estadual reforçou o compromisso da Juventude Missionária com a evangelização na Amazônia e fortaleceu o engajamento dos jovens na missão da Igreja. Fonte: Pontifícias Obras Missionárias

Cardeal Steiner: “A tentação pode ser motivo de amadurecer na fé, aprofundar o desejo da missão”

Recordando que “Quarta-feira passada, com o rito penitencial das cinzas, começamos nosso caminho pascal”, iniciou sua homilia do Primeiro Domingo da Quaresma o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner. Ele explicou que “o caminho pascal se caracteriza pela quaresma, tempo de conversão pelos exercícios da oração, do jejum e da esmola.” No primeiro domingo da quaresma, o cardeal lembrou que “a Palavra de Deus a nos indicar como vivermos frutuosamente os quarenta dias que precedem a celebração da Páscoa. É o caminho percorrido por Jesus, que antes de começar o anúncio do Reino de Deus. Jesus voltou do Jordão cheio do Espírito Santo, que repousara sobre Ele e tendo ouvido que Ele era o Filho amado, foi guiado ao deserto.  É o mesmo Espírito que o conduz ao deserto, onde no jejum e prece de quarenta dias é tentado. Ali, Ele enfrenta, luta, contra o diabo.” Segundo o arcebispo de Manaus, “deserto o lugar da surpresa, da intimidade, que leva, conduz! O conduz, para a solidão, para o silêncio, para o inóspito, para o confronto da aridez, para o caminho da secura e do desverdor, para o estar a sós com o Mistério; lugar para medir-se e deixar-se medir, tomar, pela presença de Deus. O deserto não só é o lugar da solidão e da desolação, da experiência de ser posto à prova, da tentação, no confronto com o mal, do nada negativo e do destrutivo, mas, também o lugar do encontro solitário, limpo, único com Deus; o lugar do aprendizado de sofrer Deus”. Continuando sua reflexão, o cardeal Steiner disse que “o deserto é o lugar onde Deus fala ao coração do homem, e onde brota a resposta da oração. Na solidão, o coração desapegado das coisas e sozinho, nesta solidão, se abre à Palavra de Deus. Mas é também o lugar da provação e da tentação. No deserto, na solidão, no estar a sós com o todo, Jesus recebe a visita do diabo; Ele é tentado. O inimigo, o adversário, tenta a Jesus, desejando arrancá-lo da missão de anunciar o Reino da verdade e da graça. O espírito mau, o inimigo do homem, tenta a Jesus para levá-lo para longe dos planos do Pai. Deseja frustrar os planos de Deus, desviá-lo da harmonia originária da vida.” Ele recordou que “o Evangelho indicava como em cada tentação Jesus vai, com a Palavra de Deus, aclarando a sua missão: diante da tentação de transformar a pedra em pão e saciar a fome responde: ‘A Escritura diz: Não só de pão vive o homem’; diante da tentação do poder e da glória responde; ‘A Escritura diz: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’; diante da tentação de exigir o cuidado de Deus no precipitar-se da morte, responde: ‘A Escritura diz: não tentarás o Senhor teu Deus’. Na fragilidade e necessidades humanas, o diabo insinua a sua voz mentirosa, alternativa à de Deus, uma voz alternativa que mostra outro caminho, um caminho de engano. Jesus na força do Espírito, guiado pela Palavra, após as tentações anuncia o Reino do consolo, do serviço, da vontade do Pai.” O arcebispo de Manaus enfatizou que “Jesus foi tentado, nós somos tentados. Como compreender a tentação?” Ele respondeu com as palavras de Orígenes, que no século II afirmava: “Para algo a tentação serve”. Nesse sentido, disse que “para Jesus foi um medir-se com a Palavra de Deus e ser confirmado na missão de Reino. Para nós a tentação pode ser motivo de amadurecer na fé, aprofundar o desejo da missão”. Ele citou Santo Agostinho, que nos ensina no Comentário aos Salmos que “nossa vida é uma peregrinação. E, como tal, cheia de tentações. Porém, nossa maturidade se forja nas tentações. Ninguém conhece a si mesmo se não é tentado; nem pode ser coroado se não vence, se não luta”, e junto com isso, nos ensina também: “Se rejeitas a tentação, rejeitas também o crescimento. Coloca-te nas mãos do Artífice, sem restrições. Ele te corrige, te lustra e te limpa. Para isso, serve-se de vários instrumentos: são as tentações do mundo. Não fujas das mãos do Artífice e não temas: Deus permite as tentações, não para te arruinar, mas para fazer-te mais forte”. Ao meditarmos as nossas tentações, segundo o cardeal Steiner, “vamos percebendo onde se encontram as nossas fraquezas e, por isso, a Palavra nos pode orientar, e nos afastar do mal. A tentação nos oportuniza conhecer as nossas próprias limitações e fraquezas, mas ao mesmo tempo, nos oferece a oportunidade de caminharmos segundo a vida do Evangelho. Os desafios postos no nos podem levar a grandes percepções que geram a libertação e integração da nossa condição humana.”  “A tentação pode levar ao pecado, mas pode levar à graça de despertar sempre mais para vida graciosa com Deus, no seguimento do Evangelho. A tentação pode nos abrir sempre mais para o horizonte de uma vida bendita, santa. É uma luta!”, disse, recordando com Santo Agostinho que “Ninguém vence sem lutar. Por isso não pedimos a Deus que nos livre das tentações, mas que nos preserve do mal”. Segundo ele, “no Pai nosso somos sempre suplicantes: não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal!”  Nesta Quaresma, o arcebispo de Manaus fez um convite para que “deixemos que o Espírito Santo também nos exorte a entrar no deserto. Não se trata de um lugar físico, mas de uma dimensão existencial permanecendo em silêncio para escutar a Palavra de Deus, para progredirmos no conhecimento do mistério de Cristo e corresponder-lhe por uma vida santa”, recordando a Oração Coleta do 1º Domingo da Quaresma do Ano B. É por isso que “não tenhamos medo do deserto, procuremos mais momentos de oração, de silêncio, para entrarmos em nós mesmos. Não receemos. Somos chamados a caminhar pelas veredas de Deus, renovando as promessas do nosso batismo: renunciar a Satanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções”, disse, inspirado nas palavras de Papa Francisco, no Angelus de 21 de fevereiro de 2021. Igualmente, o…
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Curso “Proteção e Prevenção de Abusos e Violências em Ambientes Eclesiais”: buscar melhores práticas e diretrizes no Regional Norte1

A prevenção do abuso sexual na Igreja Católica é crucial devido ao impacto devastador sobre as vítimas e a comunidade. Um caminho sem volta atrás que o Papa Francisco tem impulsionado, sobretudo com o Motu Próprio “Vos Estis Lux Mundi”, que estabelece diretrizes para as comissões de proteção de abusos, enfatizando transparência e prestação de contas, sublinhado a importância de uma resposta contínua e eficaz aos casos de abuso sexual, exigindo que os responsáveis estejam sempre atualizados sobre as práticas e diretrizes. Para avançar nesse caminho é preciso formação, um passo que está sendo dado no Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1). O Núcleo Lux Mundi e a Conferência dos Religiosos do Brasil, em parceria com a Faculdade Católica do Amazonas, sob a direção e empenho do bispo auxiliar de Manaus, dom Hudson Ribeiro, e da CNBB Regional Norte 1, sob a articulação da secretária executiva, Ir. Rose Bertoldo, após um processo de construção coletiva está realizando o Curso: “Proteção e Prevenção de Abusos e Violências em Ambientes Eclesiais”, com a participação de 60 pessoas das nove dioceses e prelazias do Regional. Os participantes do curso, iniciado no mês de fevereiro e que será encerrado no mês de agosto, são membros das Comissões Diocesanas de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis; psicólogos e advogados voluntários que atendem na rede de proteção; educadores das Escolas Católicas vinculados à Associação Nacional de Educação Católica (ANEC); formadores de Seminaristas e Casas de formação da Vida Religiosa; agentes Cáritas; padres, diáconos, religiosas (os), leigas (os), vinculados ao programa de proteção de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis. O curso é um instrumento que permite uma compreensão profunda das complexidades dos abusos, incluindo os aspectos psicológicos das vítimas, os procedimentos legais e canônicos, e as estratégias de prevenção, em vista de responder de maneira imediata e adequada às comunicações, e manter ambientes seguros e acolhedores dentro das instituições eclesiásticas. Junto com isso, a formação se torna essencial para assegurar a transparência e a credibilidade dos serviços/comissões de proteção e cuidado, e assim mostrar um compromisso contínuo com a justiça, a verdade e o apoio às vítimas. A formação constante permite estar preparados para lidar com novos desafios e evoluções na legislação e nas diretrizes da Igreja, se manter informados sobre as melhores práticas internacionais e os desenvolvimentos no campo da proteção de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis, fortalecendo a capacidade da Igreja de prevenir abusos e de responder com compaixão e justiça quando eles ocorrem, alinhando-se plenamente ao Magistério de Papa Francisco e dos Direitos Humanos. O curso representa um programa mais organizado, sistematizado e integrado, a partir de um olhar bíblico, da espiritualidade, dos documentos da Igreja, da psicologia, da antropologia, da moral, em vista de formas de intervenção, que junte iniciativas pontuais na área da prevenção, segundo dom Hudson Ribeiro. Ele destaca que tendo em conta a realidade do Regional Norte1, com grandes distâncias e custo nos deslocamentos, foi feita a opção por um curso em modalidade online, onde os participantes recebem o material para uma leitura previa que permita um maior aproveitamento. O bispo auxiliar de Manaus lembra que o Regional Norte 1 construiu o Manual de Proteção de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis, que ele define como “uma resposta de comunhão aqui da Igreja do Regional Norte 1”. O propósito é uma articulação que faça com que “não haja paralelismo e a gente não fale linguagem diferenciada”, e que ele vê como “um momento de grande esperança no Ano Jubilar”. Um curso que diminui custos, une forças e é construído coletivamente desde diversos locais do Brasil tendo como referência a realidade local. Tudo isso superando os desafios que nascem das distâncias, da dificuldade no acesso à internet, o que faz com que o curso seja gravado e enviado a cada participante buscando a possibilidade do acesso ao conteúdo por aqueles que não conseguiram participar ao vivo. Trata-se de um projeto piloto, “uma proposta ousada”, ressalta dom Hudson, que possa servir como exemplo para a Igreja do Brasil, oferecendo “uma sistematização de um programa pensado, refletido, articulado e que é um sinal de comunhão da nossa Igreja”, enfatiza o bispo. Isso tudo, segundo dom Hudson Ribeiro, “tem exigido da gente um acompanhamento sistematizado, e que o pessoal que se prontificou para ser facilitador estude e elabore o material dentro de uma linguagem acessível, mas não simplificado. Com uma certa profundidade, mas que também traga presente as especificidades amazônicas, de âmbito cultural, de desafios da territorialidade, da geografia, do espaço onde nós ocupamos, que tenha presente também tudo aquilo que já se construiu aqui: os valores culturais, o modo de ser Igreja, a dinâmica eclesial, que ela tem suas particularidades.” Se busca assim, “ser um sinal maior de esperança, com respostas um pouco mais concretas.” Dom Hudson coloca como exemplo um agente de pastoral, que dizia que uma das piores sensações ao lidar com essas questões de abuso é um sentimento de impotência, de querer fazer e não se sentir competente por falta de formação, por falta de orientação, por dizer agora o que eu faço com tudo isso. Ao mesmo tempo, saber para onde encaminhar as vítimas, se sentir um pouco mais seguro, um pouco mais competente para saber como ajudar, que é um dos objetivos específicos desse curso, criar essa sensação de esperança. Igualmente, o bispo auxiliar de Manaus destaca a importância da Casa Esperança, uma iniciativa da Arquidiocese de Manaus, voltada também para o Regional Norte 1, articulada com as igrejas locais, inaugurada recentemente. Uma casa voltada para o atendimento de crianças, adolescentes e mulheres que sofreram a violência sexual, com atendimento na área psicológica, jurídica e social, mas também a lidar com pesquisas que possam gerar informações suficientes para que haja incidência nas políticas públicas do território e haja mudança no atual quadro em que se encontra a violência contra crianças e adolescentes, com foco no abuso e exploração sexual. Um atendimento presencial e online, que possibilita chegar mais perto, onde de…
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Diocese de Roraima apresenta a Campanha da Fraternidade: “A mudança começa nas nossas comunidades”

  Foto: Rádio Monte Roraima No início da quaresma, um tempo em que a Igreja “nos chama à conversão, à mudança de vida, a voltar ao evangelho, a voltar àquele projeto de Deus em nossa vida e na nossa sociedade”, segundo salientava dom Evaristo Spengler, a diocese de Roraima apresentou à imprensa a Campanha da Fraternidade 2025. O bispo ressaltou que “essa conversão não basta ser individual, é necessário também uma conversão comunitária, uma conversão social e que produza frutos.”  Nessa tessitura se coloca a Campanha da Fraternidade, que em 2025 tem como tema: “Fraternidade e Ecologia integral”, e como lema “Deus viu que tudo era muito bom”. Diante disso, o bispo questionou: “como é que Deus está enxergando o mundo hoje, vendo tanta destruição, tanta contaminação, tanta pobreza, Deus ainda aplaudiria que tudo está muito bom?”, vendo a Campanha da Fraternidade como instrumento que quer fazer esse questionamento: “o que nós estamos fazendo com a criação que Deus nos delegou?” Ele insistiu na necessidade do ser humano cuidar da Criação, zelar por ela. Segundo o bispo, “a Criação não é só o ser humano, não é só o homem e a mulher”, recordando que a Campanha da Fraternidade deste ano está determinada pela realização da COP30 em Belém do Pará, os 10 anos do lançamento da encíclica Laudato Si e os 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis. Uma campanha que quer ajudar-nos a descobrir as causas da atual crise climática, que em grande parte vem da ação humana, relatando diversos exemplos disso na diocese de Roraima: desmatamento acelerado, criação extensiva de gado, monocultivo. Algo que prejudica claramente o lavrado, uma terra fraca para o cultivo, que acaba com a biodiversidade e pode desertificar a região. Igualmente refletiu sobre o garimpo e a ameaça de uma grande hidroelétrica. O bispo denunciou a pressão do poder económico com relação à COP30, pedindo uma legislação que cada vez mais tem que se adequar à preservação e não à destruição. Junto com isso a necessidade de conscientização de cada cristão e cada cidadão, de evitar o consumo desenfreado, de uma mudança de mentalidade e de prática, de ação para no avançar caminho a um grande desastre. A Campanha da Fraternidade tem como um dos seus instrumentos de reflexão o Texto Base, elaborado por uma equipe, da qual fez parte a professora da Universidade Federal de Roraima, Marcia de Oliveira, que foi perita no Sínodo para a Amazônia. Ela levou para a reflexão da equipe as questões centrais da Amazônia, destacando no Texto Base o chamado ao bem viver como proposta alternativa a esse modelo capitalista que tem causado essa crise climática sem precedência na história da humanidade. Nessa perspectiva, foram inseridas no texto diversas experiências exitosas que garantem que “as regiões ou os territórios ocupados pelos povos indígenas são territórios de grande preservação, são territórios de convivência, são territórios que estabelecem aqueles princípios da casa comum apresentados pelo Papa Francisco na encíclica Laudato Si e eles representam para nós um grande modelo de vida, um grande modelo de ecologia integral”, enfatizou a professora. Marcia de Oliveira destacou a importância do tempo quaresmal como “um tempo de escuta, de reflexão, de conversão”, insistindo em que “eu não posso me converter se eu não reconheço onde é que eu estou falhando, onde é que eu estou interrompendo processos de participação e de vivência.” Nesse sentido, ela vê a necessidade de processos de revisão da nossa vida diante da questão ecológica, vendo a Campanha da Fraternidade como “um grande convite a revermos de forma muito profunda a nossa relação com a natureza e entrarmos num processo de conversão ecológica.” Foto: Rádio Monte Roraima Com relação à COP 30, a professora denunciou que as COPs têm sido convertido em espaços de negociação da natureza, mostrando a necessidade de levar adiante “uma proposta de mobilização de toda a igreja do Brasil para, durante o processo de preparação e realização da COP, como sociedade, como organizações da sociedade civil, a gente estabelecer outras reflexões e estabelecer outras alternativas, outros mundos possíveis.” Por sua vez, o vigário episcopal para a Pastoral da diocese de Roraima, padre Celso dos Santos, insistiu em que a Campanha da Fraternidade está dentro do processo quaresmal, destacando o método do Texto Base, que parte da necessidade de olhar a realidade, da situação que se vive, marcada por uma crise civilizatória com muito impacto na questão ambiental. Desde aí procurar como Igreja parâmetros para nos orientar, a partir da fé, da Palavra de Deus, da Tradição da Igreja, tendo em conta que “a casa comum tem seus limites e nós já estamos quase que ultrapassando esses limites”, o que tem que nos levar a nos questionar: “Qual é a nossa responsabilidade de cristãos e de cristãs para com esta realidade?”, disse o padre Celso. Uma reflexão que tem que nos levar a “um novo agir, um agir com responsabilidade”. Nesse sentido, o vigário de Pastoral destacou que “é importante que neste tempo de quaresma, onde todas as nossas comunidades se reúnem, celebram, possam de fato viver a sua fé no chão que estão inseridas. A mudança começa, claro, nas nossas comunidades. Mas isso também exige que nós lutemos por políticas que de fato mudem essa relação predatória com a terra, com o meio ambiente.” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Deixar atrás o individualismo e nos convertermos ao cuidado

Na ressaca do Oscar, do carnaval e de tantas outras situações que nos envolvem iniciamos o Tempo da Quaresma, mais uma oportunidade para reforçar uma atitude que sempre deve estar presente em nossa vida: a conversão. Em 2025, o Papa Francisco nos faz um chamado a nos convertermos à esperança e à sinodalidade, e a Igreja do Brasil nos lembra a necessidade da conversão ecológica. A conversão é bem mais do que uma atitude pessoal, ela tem a ver com a dimensão comunitária, social, algo que faz parte da condição humana. Com o decorrer do tempo, o individualismo tem tomado conta da vida de muita gente, também do modo de viver a religião. Somos individualistas até na hora de fazer os nossos pedidos para Deus, esquecendo que Ele é comunidade e reduzindo o próprio ser de Deus, de quem muita gente quer a exclusividade, esquecendo que sua capacidade de amar é infinita, é para todos. Ser comunidade, vivenciar a sinodalidade, caminhar juntos, são atitudes que se pretendem opacar, colocando a individualidade como aquilo a ser mostrado acima de tudo. Muita gente esquece que juntos somos mais e que nos abrirmos aos outros nos enriquece, pois é na diversidade que cada um de nós descobre caminhos de crescimento, também naquilo que tem a ver com Deus, um Dios que é Trindade, comunidade de amor. Cada vez nos deparamos com mais pessoas com dificuldade para escutar, para se abrir à palavra dos outros. Os preconceitos dominam o pensamento das pessoas, impedem se abrir à possibilidade de crescer com aqueles que nos aportam novos conhecimentos, novas propostas, perspectivas diferentes. Não podemos ter medo da diversidade, pois nossa capacidade crítica nos oferece a possibilidade de encontrar no outro aquilo que nos ajuda a crescer. Uma falta de interesse pelos outros que também está presente com relação a nossa casa comum. O descaso para com o Planeta é uma atitude assumida por muitas pessoas, também por muitos que de diversos modos têm conseguido se colocar à frente dos governos, tendo em suas mãos a possibilidade de decidir com relação a questões que podem atingir gravemente o futuro da humanidade e do Planeta Terra. O negacionismo climático, a renúncia a abrir mão de todo tipo de comodidade, querer disfrutar de comodidades que colocam em risco o meio ambiente, são posicionamentos cada vez mais presentes. Muita gente faz ouvidos surdos diante do grito da Terra, um grito que ressoa nos mais pobres, dado que eles são as vítimas das mudanças climáticas, que cada vez mais provocam mais e maiores desastres naturais. Diante disso, qual é a nossa esperança? Temos motivos para continuar esperando, para continuar acreditando na vida, para continuar acreditando na humanidade? Vamos a nos deixar dominar por pequenos grupos que pretendem estabelecer um pensamento que busca seu benefício exclusivo às costas daqueles que defendem a vida para todos que Deus oferece? É tempo de esperança, de fé, de praticar a caridade, de entender o modo de Deus, que é o cuidado, a escuta, a comunhão. A Quaresma tem que nos levar a sair de nós, a assumir a dinâmica de Deus e assim experimentar que sua proposta sempre é válida e faz realidade seu Reino e a possibilidade de viver em Ressurreição, de viver para sempre. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar