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Categoria: Notícias

Seminário São José celebra 177 anos formando padres para a Amazônia

No dia 14 de maio, o Seminário Arquidiocesano São José celebrou, solenemente e com profundo espírito de gratidão, seus 177 anos de existência. A celebração eucarística foi presidida por Dom Hudson Ribeiro, bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, e reuniu seminaristas, formadores e bispos convidados Dom Raimundo Vanthuy Neto, bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira e Dom Adolfo Zon Pereira, bispo da Diocese do Alto solimões. Todos unidos para render graças a Deus por quase dois séculos de história vocacional na Amazônia. É significativo celebrar 177 anos de história Para o reitor do Seminário São José, Pe. Pedro Cavalcante, este foi momento importante para celebrar e recordar a trajetória de formação de padres para a Amazônia. Segundo ele, “hoje afirmamos quanto é significativo celebrar os 177 anos da fundação do Seminário São José. É bom recordar e identificar quem foi que no início acreditou e abriu no coração da Amazônia essa bela aventura pelas vocações sacerdotais diocesanas autóctones . Foi com Dom José Morais Torres , bispo da imensa Diocese do Pará que no dia 14 de maio de 1848 , na antiga Barra do Rio Negro começa a história deste seminário. Ele dizia : ‘será destinado à instrução e educação da mocidade…’ Palavras que conotam a esperança em se ter agentes formados, mas sobretudo um clero próprio e preparado para esta realidade amazônica”. Pe. Pedro pontuou que o seminário percorreu inúmeros desafios que não impediram as graças de Deus sobre a Igreja na Amazônia, formando padres que chegaram ao episcopado e hoje são bispos no Regional Norte 1, como Dom Hudson Ribeiro e Dom Zenildo Lima, que são bispos auxiliares de Manaus; e Dom José Albuquerque, que ée bispo de Parintins. Desafios e avanços “Ao longo desta história, o Seminário enfrentou diversos períodos marcados por dificuldades e desafios , avanços e retrocessos, alegrias e incertezas, chegando a fechar duas vezes suas portas. Fatos estes que não foram capazes de impedir a graça de Deus em realizar os seus desígnios suscitando novos tempos e novos epíscopos e reitores, os quais retomaram com entusiasmo e determinação a abertura do processo formativo a partir de lugar e sede própria […] Olhando essa História com a lente da fé, podemos testemunhar que, o Seminário São José, nossa Casa de Formação, se consolida, torna-se uma realidade fundamental para a Evangelização da Amazônia. Aqui nossas Igrejas locais depositam a confiança. Esperam ver seus jovens seminaristas crescerem, maturarem e contribuírem para que O Evangelho , a Boa Nova seja transmitida e anunciada a partir de uma práxis autêntica e viva no meio das comunidades eclesiais , fruto da experiência com o Cristo Bom Pastor, que nos torna seus discípulos configurados a Ele como o enviado do Pai”, enfatizou Pe. Pedro. Também pediu aos atuais seminaristas, que se preparam para trilhar a vocação do sacerdócio, que compreendam a importância do seminário e contribuam com esta história de evangelização e pastoreio nas igrejas que estão na Amazônia. “Cabe a esta geração, a vocês, peregrinos da Esperança, escrever as novas páginas da história deste Seminário. Espero que este conhecimento histórico não seja estranho às vossas vidas. Ao contrário, que todos os anos, por volta desta data a celebremos e a façamos memória dentro não de um eterno retorno, mas de uma crescente e dinâmica espiral cheia da força transformadora do Espírito, pois somos protagonistas dessa nova etapa do Seminário São José”. Seminarista Francisco Jr

Diocese de Parintins inaugura o mausoleu de seu primeiro bispo, dom Arcângelo Cerquia

No dia 14 de maio de 2025, a Catedral de Nossa Senhora do Carmo de Parintins acolheu a benção do Mausoleu de dom Arcângelo Cerqua, primeiro bispo da diocese. Seu corpo se encontrava em um jazigo temporáreo na entrada da catedral, uma construção iniciada no tempo em que ele foi bispo. Se cumpre assim o desejo deixado pelo bispo em seu testamento espiritual: ser sepultado na catedral. Um desejo que reiterou nos últimos dias de sua vida, em Rancio de Lecco (Itália) ao padre Henrique Uggé. O traslado aconteceu no dia do aniversário de sua ordenação episcopal, sendo instalado próximo do altar da Penitência. Por iniciativa do Instituto Geografico e Histórico de Parintins, com a colaboração e parceria do PIME região amaznica e da Prefeitura de Parinlins, o corpo ãe dom Arcangelo Cerqua foi levado de Ducenta (Itália) a Parintins no dia 16 de julho 2008. Aquele dia, o traslado do aeroporto até a catedral foi uma imensa carreata, uma verdadeira homenagem do povo e das autoridades das cidades que fazem parte da diocese de Parintins. Segundo o padre Henrique Uggé, dom Arcângelo Cerquia deixou três grandes compromissos e desejos: deixo meu coração em Parintins; rezarei sempre pelos habitantes de Parintins; peço aos seminaristas perseverarem até alcançar o altar. O missionário do PIME lembrou os dois pilares da ação missionária de dom Arcângelo Cerqua: atividades sociais e atividades religiosas e pastorais. Entre as atividades sociais, o missionário lembrou a Rádio Alvorada, escolas, hospitais, centros em Parintins e Maués, escola de audiocomunicação, oficinas profissionais, hospital, projeto comunidades e colonias agrícolas. Já entre as atividades religiosas e pastorais, foram citadas a criação de paróquias, seminário, grupos Marianos, JAC (os jovens da Catedral que criaram o Festival Folclórico de Parintins), visitas no interior, pastoral indigenista, pastoral Jda saúde, cursilhos, ECC. O padre Henrique Uggé enfatizou que “sem dúvida dom Arcângelo está nos abençoando e intercedendo por esta diocese que nasceu do seu coração paterno de pastor“. A celebração foi presidida pelo bispo diocesano, dom José Albuquerque de Araújo, e contou com a participação de missionários do PIME, padres da diocese de Parintins e o povo de Deus dessa Igreja local. No início foi realizada a traslação dos restos mortais de dom Arcângelo Cerquia, sendo realizada a continuação a Eucaristia. Na homilia, o bispo diocesano lembrou a figura do primeiro bispo da diocese de Parintins, enfatizando sua missionariedade. Dom José Albuquerque destacou a importância da sinodalidade, de caminhar juntos, de assumir o amor como missão, como resposta, antídoto. Ele agradeceu a presença de tantos missionários e missionárias chaegados ao longo dos anos na diocese de Parintins e pediu a intercesção de dom Arcângelo para que a Igreja seja cada vez mais missionária.

Papa Leão XIV continua presença pontifícia em Instagram e X

O Papa Leão XIV, que já tinha uma conta no X como cardeal Robert Prevost, optou por manter uma presença ativa nas redes sociais por meio das contas papais oficiais no X e no Instagram. X e Instagram Ele continuará a partir deste 13 de maio com as contas @Pontifex usadas no X por Bento XVI e Francisco. São publicadas em nove idiomas (inglês, espanhol, português italiano, francês, alemão, polonês, árabe e latim), atingindo um total de 52 milhões de seguidores. O conteúdo publicado pelo Papa Francisco, segundo informou o Dicastério para a Comunicação da Santa Sé. será arquivado em breve em uma seção especial do site institucional da Santa Sé, o vatican.va. No Instagram, a conta se chama @Pontifex – Pope Leo XIV, a única conta oficial do Santo Padre na plataforma, em continuidade à conta @Franciscus do Papa Francisco. Uma dinâmica iniciada em 2012 O conteúdo publicado na conta @Franciscus permanecerá acessível como arquivo “Ad Memoriam”. A presença dos Papas nas redes sociais iniciou com o Papa Bento XVI, em 12 de dezembro de 2012. Nessa data foi lançada no Twitter a conta @Pontifex, sendo herdada poucos meses depois pelo Papa Francisco. O início da conta no Instagram, com o nome @Franciscus, foi em 19 de março de 2016. Ao longo de seu pontificado foram publicadas 50 mil postagens nas nove contas de X e na conta do Instagram. Acostumavam ser mensagens curtas evangelizadoras ou exortações em favor da paz, da justiça social e do cuidado com a criação, alcançando grande interação, especialmente em tempos difíceis, especialmente em 202, ano do início da pandemia, em que as mensagens tiveram um alcance de 27 bilhões.

Papa Leão XIV inicia seu pontificado como Papa da Paz, também na comunicação

Uma das grandes virtudes de Francisco era sua capacidade de se comunicar, não só com palavras, mas também com gestos. Ao longo de seu pontificado, houve frases que entraram para a história e continuarão presentes na mente de muitas pessoas. Uma delas foi dita em um encontro com jornalistas alguns dias após o início de seu pontificado: “Como eu gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres“. Estamos saindo de um pontificado em que as melhores falas surgiram quando ele saiu do roteiro, quando ele improvisou, quando ele se deixou inspirar pelo que viu na época. Encontro com mais de 4.000 jornalistas No dia 11 de maio, o encontro com os jornalistas se repetiu na Sala Paulo VI. Assim como Francisco, em um dos primeiros atos de seu pontificado, Leão XIV se encontrou com mais de 4.000 jornalistas de diversos países. O Papa foi recebido com aplausos e vivas, algo pelo qual ele expressou expressamente sua gratidão, não apenas pela acolhida, mas também pelo trabalho realizado, que ele disse ser essencial para a Igreja em um tempo de graça. Um Papa que se define nestes primeiros dias de pontificado como o Papa da Paz, também no campo da comunicação, pedindo um “compromisso para realizar uma comunicação diferente, que não busque o consenso a todo custo, que não use palavras agressivas, que não abrace o modelo da competição e que nunca separe a busca da verdade do amor com que devemos buscá-la humildemente”. Paz no modo de olhar, ouvir e falar Leão XIV insistiu que “a paz começa em cada um de nós: na maneira como olhamos, ouvimos e falamos dos outros. Nesse sentido, a maneira como nos comunicamos é de fundamental importância: devemos dizer ‘não’ à guerra das palavras e das imagens; devemos rejeitar o paradigma da guerra”. Um clima de guerra está presente em várias formas na sociedade atual, por isso ele expressou “a solidariedade da Igreja com os jornalistas presos por terem buscado e relatado a verdade“, pedindo sua libertação. Uma atitude que leva ao reconhecimento do Papa, que os define como testemunhas, dizendo pensar “naqueles que relatam a guerra mesmo à custa da vida, na coragem daqueles que defendem a dignidade, a justiça e o direito dos povos à informação, porque só pessoas informadas podem tomar decisões livres”. A serviço da verdade Diante do sofrimento desses jornalistas presos, ele apelou pela proteção do precioso valor da liberdade de expressão e de imprensa. Por isso, o Papa agradeceu aos comunicadores que estão “a serviço da verdade”, especialmente nestes tempos difíceis que o mundo vive. Diante das dificuldades atuais, ele pediu que “nunca cedamos à mediocridade”. A este respeito, Leão XIV enfatizou que “a Igreja deve aceitar o desafio dos tempos e, da mesma forma, não pode haver comunicação nem jornalismo fora do tempo e da história”, recordando as palavras de Santo Agostinho: “Vivamos bem e os tempos serão bons”, acrescentando que “nós somos os tempos”. O Papa pediu uma comunicação que nos tire da Torre de Babel em que nos encontramos, marcada pela “confusão da linguagem sem amor, muitas vezes ideológica ou tendenciosa“. Nesse sentido, ele destacou a importância do trabalho e da palavra dos jornalistas, uma comunicação que “não é apenas transmissão de informação, mas criação de cultura, de ambientes humanos e digitais que se tornem espaços de diálogo e discussão”. Uma urgência que aumenta diante dos avanços tecnológicos, da inteligência artificial, uma realidade com grande potencial, mas que “exige responsabilidade e discernimento para orientar as ferramentas para o bem de todos, para que produzam benefícios para a humanidade”. Uma responsabilidade que diz respeito a todos. Desarmados de preconceito, ressentimento, fanatismo e ódio Sobre o trabalho informativo dos últimos dias, ele enfatizou que “eles nos revelaram um pouco do mistério da nossa humanidade e nos deixaram um desejo de amor e de paz“, ecoando as palavras do Papa Francisco em sua mensagem final para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais. Para isso: “Desarmemos a comunicação de todo preconceito, ressentimento, fanatismo e ódio; purifiquemo-la da agressividade. Não precisamos de uma comunicação ruidosa e vigorosa, mas sim de uma comunicação capaz de ouvir, de acolher a voz dos frágeis e dos que não têm voz. Desarmemos as nossas palavras e ajudaremos a desarmar a Terra. A comunicação desarmada e desarmante permite-nos partilhar uma visão de mundo diferente e agir de forma coerente com a nossa dignidade humana.” Uma paz que os jornalistas perceberam, especialmente os mais de 100 que ele cumprimentou pessoalmente, com calma, recebendo até alguns presentes. As atitudes de cada um são importantes e, desde já, o novo Papa se consolida como um homem de paz, em todos os ambientes, lugares e ocupações, inclusive quando nos comunicamos.

Guerra nunca mais! Primeiro apelo de Leão XIV ao mundo

Uma multidão esperava o Papa Leão XIV quando ao meio-dia de Roma apareceu na Loggia Central da Basílica de São Pedro para recitar a oração do Regina Caeli. Ele disse considerar “um presente de Deus que o primeiro domingo de meu serviço como bispo de Roma seja o do Bom Pastor”. O Bom Pastor que ele definiu como aquele “que conhece e ama seu povo. O verdadeiro Pastor, que conhece e ama suas ovelhas e dá sua vida por elas”. Domingo do Bom Pastor Igualmente, o Santo Padre recordou que nesse domingo é celebrado o Dia Mundial de Oração pelas Vocações e o Jubileu das Bandas e dos Espetáculos Populares. Ele lembrou as palavras do Papa São Gregório Magno, “as pessoas correspondem ao amor daqueles que as amam”, e rezou pelas vocações, “especialmente para as vocações ao sacerdócio e à vida religiosa. A Igreja tem grande necessidade delas!” O Papa Leão XIV disse que “é importante que os rapazes e as moças encontrem, em nossas comunidades, acolhimento, escuta encorajamento em sua jornada vocacional, e que eles possam contar com modelos confiáveis de dedicação generosa a Deus e a seus irmãos e irmãs”. Para isso, ele lembrou as palavras da Mensagem se Papa Francisco para o dia de hoje, “para acolher e acompanhar os jovens”. Aos pastores pediu serem “capazes de ajudar uns aos outros a caminhar no amor e na verdade”. E aos jovens lhes disse: “Não tenham medo! Aceitem o convite da Igreja e de Cristo, o Senhor!” Paz na Ucrania e em Gaza Após o Regina Caeli, recordou os 80 anos do final da Segunda Guerra Mundial, em 8 de maio, data de sua eleição. Diante do “cenário dramático atual de uma terceira guerra mundial em pedaços, como o Papa Francisco tem afirmado repetidamente, eu também me dirijo aos grandes do mundo, repetindo o apelo sempre oportuno: Guerra nunca mais!”. Nesse momento, o Papa disse trazer em seu coração o sofrimento do povo ucraniano e pediu “que seja feito todo o possível para alcançar o mais rápido possível uma paz genuína, justa e duradoura. Que todos os prisioneiros sejam libertados e que as crianças possam voltar para suas famílias”. Também lembrou da Faixa de Gaza, reclamando “Cessar fogo imediatamente!”, e junto com isso, “a ajuda humanitária deve ser fornecida à população civil exausta e todos os reféns devem ser libertados”. Ele lembrou outros conflitos e pediu “o milagre da paz”. Depois de saudar diversos grupos, o Papa recordou o Dia das Mães, e enviou “uma saudação carinhosa a todas as mães, com uma oração por elas e por aquelas que já estão no Céu”. Missa nas Grutas do Vaticano Antes, ele tinha celebrado Missa nas Grutas do Vaticano, no altar próximo ao túmulo de Pedro. Na homilia, ele refletiu sobre o Bom Pastor, que disse ser o melhor exemplo para sua nova missão. No Dia das Mães, o Papa disse que “uma das expressões mais maravilhosas do amor de Deus é o amor que é derramado pelas mães, especialmente para seus filhos e netos”. Igualmente, ele destacou a importância das vocações, lembrando as conversas dos cardeais nas Congregações Gerais previas ao Conclave, onde foi falado sobre a importância do bom exemplo, vivendo “a alegria do Evangelho, não desencorajando os outros, mas procurando maneiras de incentivar os jovens a ouvir a voz do Senhor, a segui-la e a servir na Igreja”. O Papa falou sobre a universalidade da Igreja, sobre a necessidade de proclamar o Evangelho ao mundo inteiro com coragem, sem medo, com a vida. Ele destacou a importância de ouvir, pedindo que “todos nós aprendamos a ouvir cada vez mais, a entrar em diálogo”. Ouvir a Deus e aos outros, “saber construir pontes, saber ouvir para não julgar, para não fechar as portas pensando que temos toda a verdade e que ninguém mais pode dizer nada”. No final do Regina Caeli, o Papa Leão XIV, na presença do Camerlengo, o cardeal Farrell, o secretário de Estado, cardeal Parolin, o substituto, dom Edgar Peña Parra, e o Secretário de Relações com Estados e Organizações Internacionais, dom Paul Richard Gallagher, e o Regente da Casa Pontifícia, dom Leonardo Sapienza, reabriram as portas do apartamento papal do Palácio Apostólico, removendo os selos afixados na tarde de 21 de abril de 2025, após a morte do Papa Francisco.

Encontro dos cardeais com Leão XIV: “Um humilde servo de Deus e dos irmãos, nada mais do que isso”

O primeiro encontro de Papa Leão XIV foi com o Colégio Cardinalício, que acontece um dia antes do Regina Caeli, que rezará neste domingo, 11 de maio, ao meio-dia de Roma, e do encontro previsto para segunda-feira com os jornalistas. Um encontro que contou com a participação daqueles que o elegeram, mas também dos cardeais não eleitores, aqueles que já completaram 80 anos. Uma reunião que iniciou com uma oração, “pedindo que o Senhor continue a acompanhar este Colégio e, sobretudo, toda a Igreja com este espírito, também com entusiasmo, mas com profunda fé”. Primeiro posicionamento Durante o encontro, o novo pontífice realizou um discurso, que pode ser visto como um primeiro posicionamento, para depois ouvir os conselhos, sugestões, propostas, dos cardeais, insistindo em que fossem “coisas muito concretas, das quais já se falou um pouco nos dias que antecederam o Conclave”. O Bispo de Roma definiu os dias precedentes como “dolorosos pela perda do Papa Francisco e exigentes pela responsabilidade que enfrentamos juntos, mas, ao mesmo tempo, ricos de graça e consolação no Espírito, segundo a promessa que o próprio Jesus nos fez (cf. Jo 14, 25-27)”. Ele lembrou aos cardeais que “vós sois os colaboradores mais próximos do Papa, e isto é de grande conforto para mim, que aceitei um fardo claramente muito superior às minhas forças, assim como o seria para qualquer outra pessoa”. Leão XIV enfatizou aos cardeais que “a vossa presença recorda-me que o Senhor, tendo-me confiado esta missão, não me deixa sozinho a carregar tal responsabilidade. Sei, primeiramente, que posso contar sempre, sempre! – com a vossa ajuda, com a ajuda do Senhor, e, pela sua Graça e Providência, com a vossa proximidade e a de tantos irmãos e irmãs que, em todo o mundo, acreditam em Deus, amam a Igreja e apoiam o Vigário de Cristo com a oração e as boas obras”. Agradecimento ao Decano e ao Camerlengo O Papa agradeceu e pediu aplausos para o Decano do Colégio Cardinalício, Cardeal Giovanni Battista Re, “cuja sabedoria, fruto de uma longa vida e de muitos anos de fiel serviço à Sé Apostólica, nos ajudou muito neste tempo”. A mesma coisa com o Camerlengo, Cardeal Kevin Joseph Farrell, “pelo precioso e árduo papel que desempenhou durante o tempo da Sede Vacante e da Convocação do Conclave”. No Tempo Pascal, ele pediu olhar juntos “para a partida do saudoso Papa Francisco e para o Conclave como um acontecimento pascal, uma etapa do longo êxodo através do qual o Senhor continua a guiar-nos em direção à plenitude da vida. E, nesta perspectiva, confiamos ao ‘Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação’ (2Cor 1, 3) a alma do falecido Pontífice e também o futuro da Igreja”. Leão XIV definiu o Papa como “um humilde servo de Deus e dos irmãos, nada mais do que isso”. Palavras que ele fundamentou com o exemplo de Papa Francisco, “com o seu estilo de total dedicação ao serviço e sobriedade essencial na vida, de abandono em Deus no tempo da missão e de serena confiança no momento da partida para a Casa do Pai. Acolhamos esta preciosa herança e retomemos o caminho, animados pela mesma esperança que vem da fé”. Aos cardeais e a ele mesmo, o Papa pediu “tornarmo-nos ouvintes dóceis da sua voz e ministros fiéis dos seus desígnios de salvação, recordando que Deus gosta de se comunicar, mais do que no estrondo do trovão e do terremoto, no ‘murmúrio de uma brisa suave’ (1Rs 19, 12) ou, como alguns traduzem, numa ‘leve voz de silêncio’. Este é o encontro importante, a que não se pode faltar, e para o qual devemos educar e acompanhar todo o santo Povo de Deus que nos está confiado”. Adesão ao Vaticano II Nessa perspectiva, ele destacou “a beleza e sentir a força desta imensa comunidade, que com tanto carinho e devoção saudou e chorou o seu Pastor, acompanhando-o com a fé e a oração no momento do seu encontro definitivo com o Senhor. Vimos qual é a verdadeira grandeza da Igreja, que vive na variedade dos seus membros unidos à única Cabeça, que é Cristo, «Pastor e Guarda» (1Pe 2, 25) das nossas almas”. Uma atitude que levou o Papa a pedir “que hoje renovássemos juntos a nossa plena adesão a este caminho, que a Igreja universal percorre há décadas na esteira do Concílio Vaticano II”. Uma dinâmica assumida pelo Papa Francisco, que “recordou e atualizou magistralmente os seus conteúdos na Exortação Apostólica Evangelii gaudium, da qual gostaria de sublinhar alguns pontos fundamentais: o regresso ao primado de Cristo no anúncio (cf. n. 11); a conversão missionária de toda a comunidade cristã (cf. n. 9); o crescimento na colegialidade e na sinodalidade (cf. n. 33); a atenção ao sensus fidei (cf. nn. 119-120), especialmente nas suas formas mais próprias e inclusivas, como a piedade popular (cf. n. 123); o cuidado amoroso com os marginalizados e os excluídos (cf. n. 53); o diálogo corajoso e confiante com o mundo contemporâneo nas suas várias componentes e realidades (cf. n. 84; Concílio Vaticano II, Const. past. Gaudium et spes, 1-2)”. Leão XIV insistiu em que “trata-se de princípios do Evangelho que sempre animaram e inspiraram a vida e o agir da Família de Deus, valores através dos quais o rosto misericordioso do Pai se revelou e continua a revelar-se no Filho feito homem, última esperança de quem procura com sinceridade a verdade, a justiça, a paz e a fraternidade”, palavras inspiradas no Magistério de seus dois últimos predecessores. Nome de Leão XIV Nesse momento, explicou o motivo de ter escolhido o nome de Leão XIV, explicitando os motivos: “a principal é porque o Papa Leão XIII, com a histórica Encíclica Rerum novarum, abordou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial; e, hoje, a Igreja oferece a todos a riqueza de sua doutrina social para responder a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do…
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Cardeais brasileiros partilham sua experiência no Conclave e sua visão de Leão XIV

O Colégio Pio Brasileiro, um pedacinho do Brasil em Roma, segundo o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Jaime Spengler, acolheu o encontro dos cardeais brasileiros com a imprensa. Uma oportunidade para conhecer suas vivências no Conclave e nas congregações gerais prévias. Mais peruano do que norte-americano Uma experiência de diversidade, de partilha das expectativas de cada cardeal, em espírito de fraternidade, de fé, de oração e de diálogo fraterno, segundo o cardeal Spengler. Ele ressaltou a diversidade que faz parte do Papa Leão XIV e sua visão do mundo, difícil de encontrar em muitas pessoas. Dos cardeais eleitores presentes, não estava presente o cardeal João Braz de Aviz, o arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Scherer, foi o único que participou do anterior conclave em 2013. O cardeal Scherer, que vê o novo Papa como alguém mais peruano do que norte-americano, destacou que o conclave é um momento de celebração, precedido de 12 dias de reflexão sobre a vida da Igreja e o perfil do Papa, em vista de se formar uma consciência, dada a responsabilidade enorme eu lhes foi encomendada. Um conclave rápido, enfatizou o arcebispo de Brasília (DF), cardeal Paulo Cesar Costa, que destacou o papel do Papa dentro da Igreja e o papel político, de diálogo com a sociedade, buscando ajudar com que o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja possam iluminar as grandes questões que fazem parte da vida da humanidade. Elementos presentes nas congregações gerais, onde o arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), cardeal Orani Tempesta, destacou a universalidade da Igreja, tendo visto o Conclave como oportunidade para ver como o Espírito Santo vai agindo. O povo de Deus presente O Conclave foi um momento em que os cardeais, que saíram da Capela Paulina invocando aos santos, sentiram a companhia de uma grande multidão, a presença da Igreja, segundo o arcebispo de Manaus (AM), cardeal Leonardo Steiner, que disse que “nós encontramos o Espírito Santo”. Algo que ajudou diante do pouco conhecimento entre os cardeais eleitores e que fez perceber as possibilidades, “pensando a Igreja que está no mundo inteiro, pensando na diversidade de culturas”. O arcebispo de Manaus destacou a importância da oração de tantas pessoas que rezaram pelo Conclave, sentir a companhia do povo de Deus. Ele agradeceu a Deus “pelo Papa que nós temos”, insistindo em que não será a repetição de outro Papa. Nele destacou sua condição de grande missionário, um homem dedicado. O cardeal Steiner destacou a importância da paz para os cristãos, dado que “o cristianismo nasce com um grande anúncio da paz”. O arcebispo de Manaus disse “as questões sociais, elas sempre terão que estar presentes. E o Papa tem uma grande sensibilidade para isso”, lembrando que “a diocese dele (Chiclayo-Peru), era uma diocese bastante pobre e ele se dedicou muito aos pobres”. Um Papa que a exemplo daquele que levou o mesmo nome por última vez, não vai se eximir da importância da Doutrina Social da Igreja, “porque tem a ver com os pobres, com as periferias, com os povos originários, com a questão do meio ambiente, onde a Terra que está sofrendo, onde as pessoas estão sofrendo”. No Papa Leão XIV destacou que “é um homem que tem muita sensibilidade e é claro que devagarinho vai entrando dentro desse mundo todo, como fez Papa Francisco, como fez Papa Bento XVI, dentro da perspectiva de cada um. “Ele vai nos ajudar a entender o caminho, que é o caminho da paz, mas é o caminho também da liberdade e da libertação”, enfatizou o cardeal Steiner. Tempo de comunhão A Igreja inicia após o conclave “um tempo de comunhão na oração e na acolhida do novo Papa, tempo de reforçar nossa comunhão com o apostolo Pedro, Leão XIV, tempo de esperança pela eleição do novo Papa”, segundo o arcebispo de Salvador (BA). Ele destacou que “o novo Papa conhece a realidade da América Latina, foi bispo no Peru, ele traz no coração a América Latina”, lhe definindo como grande missionário. O arcebispo primaz do Brasil, que tem trabalhado com o Papa como membro do Dicastério dos Bispos, destaca seu “jeito simples, fraterno, acolhedor, sempre atento às necessidades de nosso tempo, muito unido ao Papa Francisco”. Igualmente, sublinhou que Leão XIV está muito unido ao Brasil, e que tinha sido convidado para a Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O arcebispo falou sobre a possibilidade, mesmo em tom distendido, de receber o Papa Leão XIV no Brasil. Um Papa que conta com grande experiencia pastoral e que vai fazer muito pela paz, segundo o cardeal Sérgio da Rocha. O Espírito Santo agiu Don cardeais presentes, o arcebispo emérito de Aparecida (SP), dom Raimundo Damasceno, foi o único que não entrou na Capela Sistina para participar do conclave. Ele destacou a oportunidade de participar das congregações gerais, onde tinha a oportunidade de participar todo membro do Colégio Cardinalício. Ele disse que “o Espírito Sato agiu discretamente, mas efetivamente”, ressaltando que “o Papa idôneo para o momento atual, um mundo dividido por tantas guerras”. Um Papado chamado a dar resposta diante de diversas realidades, como é a paz, os migrantes, e tantas outras. Para isso, como tem sido enfatizado ao longo das congregações gerais, o Papa não está só, toda a política do Vaticano é pensada em conjunto, ainda mais com um Papa de muita escuta, como foi ressaltado pelos cardeais presentes.

Papa Leão XIV: Evangelizar um mundo onde “Não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho”

Menos de 24 horas depois de ser eleito, o Papa Leão XIV presidiu uma missa na Capela Sistina, o mesmo local onde ele foi eleito sucessor de Pedro no quarto escrutínio de um Conclave iniciado na tarde de 7 de maio. Com a participação do Colégio Cardinalício e de mais algumas pessoas, uma mulher leu a primeira leitura, foi um momento de ação de graças, encerrado com aplausos, enquanto o novo pontífice saía da celebração. Tesouro da Igreja Em sua homilia, ele lembrou as palavras de Jesus no Evangelho de Mateus: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. Segundo o Papa, “com estas palavras, Pedro, interrogado juntamente com os outros discípulos pelo Mestre, sobre a sua fé n’Ele, expressa em síntese o tesouro que a Igreja, através da sucessão apostólica, guarda, aprofunda e transmite há dois mil anos”. Ele falou sobre a encarnação e ressurreição de Jesus, o Messias, que “mostrou-nos assim um modelo de humanidade santa que todos podemos imitar, juntamente com a promessa de um destino eterno, que ultrapassa todos os nossos limites e capacidades”. Se referindo ao apóstolo Pedro, o Papa Leão XIV disse que “Deus, de modo particular, chamando-me através do vosso voto a suceder ao Primeiro dos Apóstolos, confia-me este tesouro para que, com a sua ajuda, eu seja seu fiel administrador (cf. 1 Cor 4, 2) em benefício de todo o Corpo místico da Igreja; para que ela seja cada vez mais cidade colocada sobre o monte (cf. Ap 21, 10), arca de salvação que navega sobre as ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo”. Algo que acontece com a Igreja, “não tanto pela magnificência das suas estruturas ou pela grandiosidade dos seus edifícios – como estes monumentos em que nos encontramos – mas pela santidade dos seus membros, do povo que Deus adquiriu, a fim de proclamar as maravilhas daquele que o chamou das trevas para a sua luz admirável (cf. 1 Pe 2, 9)”. Ele refletiu sobre “um aspecto importante do nosso ministério: a realidade em que vivemos, com os seus limites e potencialidades, as suas interrogações e convicções”. Uma pessoa sem importância Diante da pergunta de Jesus aos discípulos: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?”, o Papa disse que o mundo, “considera Jesus uma pessoa totalmente desprovida de importância, quando muito uma personagem curiosa, capaz de suscitar admiração com a sua maneira invulgar de falar e agir. Por isso, quando a sua presença se tornará incómoda, devido aos pedidos de honestidade e às exigências morais que invoca, este ‘mundo’ não hesitará em rejeitá-lo e eliminá-lo”. Junto com isso, para as pessoas comuns o Nazareno “é um homem justo, corajoso, que fala bem e que diz coisas certas, como outros grandes profetas da história de Israel. Por isso, seguem-no, pelo menos enquanto podem fazê-lo sem demasiados riscos ou inconvenientes. Porém, porque essas pessoas o consideram apenas um homem, no momento do perigo, durante a Paixão, também elas o abandonam e vão embora, desiludidas”, disse o Papa. Duas atitudes de grande atualidade, dado que “ainda hoje não faltam contextos em que a fé cristã é considerada uma coisa absurda, para pessoas fracas e pouco inteligentes; contextos em que em vez dela se preferem outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer”. Segundo o Papa, “são ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena”. Lugares de missão urgente Diante disso, ele insistiu que “são lugares onde a missão se torna urgente, porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação – sob as mais dramáticas formas – da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre, e não pouco”. O Papa acrescentou que “ainda hoje, não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre os não crentes, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático”. Neste mundo, lembrando as palavras de Papa Francisco, “somos chamados a testemunhar a alegria da fé em Jesus Salvador”. Leão XIV enfatizou a importância da relação pessoal com Jesus, “no empenho em percorrer um caminho quotidiano de conversão”. Mas depois também, “como Igreja, vivendo juntos a nossa pertença ao Senhor e levando a todos a sua Boa Nova”, lembrando as palavras de Lumen gentium. Finalmente, ele refletiu sobre “um compromisso irrenunciável para quem, na Igreja, exerce um ministério de autoridade: desaparecer para que Cristo permaneça, fazer-se pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado (cf. Jo 3, 30), gastar-se até ao limite para que a ninguém falte a oportunidade de O conhecer e amar”. Tudo sob a intercessão de Maria, Mãe da Igreja.

Papa Prevost, a escolha de Francisco para continuar o processo

A Igreja Católica tem um novo Papa. Depois de cuatro votações, o sucessor de Pedro foi anunciado, mas poderíamos dizer que, nesse caso, o sucessor de Francisco foi anunciado. O primeiro Papa latino-americano tem continuidade em alguém que cresceu em sua vocação e experiência eclesial na América Latina, especificamente no Peru. Missionário e bispo no Peru Nascido em Chicago (Estados Unidos), como jovem agostiniano escolheu o Peru para ser missionário em uma terra onde se tornou bispo da diocese de Chiclayo. Anteriormente, durante 12 anos, havia sido Superior Geral da Ordem de Santo Agostinho, período em que morou bem próximo à Praça de São Pedro, de onde uma rua separa a sede da Casa Geral dos Agostinianos. O novo papa pode ser considerado um construtor de pontes entre o Norte e o Sul, dado seu local de nascimento e missão. Mas ele também é alguém que realizou essa tarefa em nível global, já que os agostinianos realizam sua missão em todo o mundo. Essa é a função do bispo de Roma, ser um pontífice, um construtor de pontes. A secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina, a teóloga argentina Emilce Cuda, que trabalhou com o cardeal Prevost desde que ele foi nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos, um dos mais importantes da Cúria do Vaticano, tem se dedicado a construir pontes entre o Norte e o Sul desde que chegou ao Vaticano. A escolha de Francisco Cuda não hesita em afirmar que o novo Papa “foi o escolhido de Francisco”, com quem se encontrava todos os sábados em Santa Marta. A teóloga enfatiza que “Francisco deu muitos sinais de que depositava sua confiança nele”, uma afirmação que deriva de sua proximidade com o último pontífice, com quem trabalhou diretamente. De fato, diz ela, Francisco “o colocou em um dos lugares-chave da Cúria Romana, que é o dicastério dos bispos”. Além disso, ele foi nomeado cardeal bispo, o que o fez crescer exponencialmente no Colégio de Cardeais. A secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina insiste na sensatez da escolha, pois considera o novo Papa, seu superior direto até a morte de Francisco, “uma pessoa de grande capacidade de decisão, o que não é fácil de encontrar”. Cuda o define como alguém “de poucas palavras e talvez também não muito expressivo, como todos os norte-americanos. Mas há uma distinção entre latino-americanos e norte-americanos, os primeiros falam e outros agem. Acho que o Cardeal Prevost tem a virtude de ser capaz de apoiar com ambos”, enfatiza. Carisma é a capacidade de mobilizar Sobre esse ponto, ela afirma que “embora alguns digam que ele não tem carisma, o carisma não é apenas a capacidade de fazer um show. Carisma é a capacidade de mobilizar as pessoas em uma direção e em uma ação, sem pressão, mas sim para conseguir essa conversão, para ir junto”. Para a teóloga, ter essas características “é o que nos dá a certeza de que ele pode ir adiante com o processo que Francisco iniciou”. Isso porque “o Papa disse que tínhamos que falar sobre processos, tínhamos que iniciar processos”. A teóloga argentina recorda os quatro princípios bergoglianos. “Quando Francisco disse que o tempo é superior ao espaço, esse tempo é um processo. Não se trata de ganhar esse espaço, mas de levar adiante um processo, que não termina em uma geração. É por isso que ele fala de um povo, porque é um povo que leva esse processo adiante. Acho que o Cardeal Prevost tem a capacidade de levar esse processo adiante. Não apenas por causa do desejo de continuar, mas também porque é preciso ter a mesma virtude de ser capaz de tomar a decisão certa no momento certo, como fez Francisco”. Uma pessoa corajosa Entre as capacidades do novo Papa, Cuda destaca que “ele é uma pessoa corajosa”, algo que ele diz ter visto em várias ocasiões, “onde ele não tinha medo de tomar essas decisões e assumir a responsabilidade pelas consequências que poderiam surgir”. Além disso, ela o define como “uma pessoa sensível, mas, ao mesmo tempo, carinhosa, risonha e, quando você diz a ele algo irônico, ele logo começa a rir. Quando o conheci, não achei que ele pudesse ser o Papa, mas fiquei impressionada com o frescor com que ele ri espontaneamente da ironia, das piadas. E isso fala de uma pessoa espontânea, uma pessoa natural. Ele sempre tem um sorriso no rosto”. Cuda diz que não é possível, nem se pretende, “fazer um culto à figura de Francisco, como foi feito com outros pontífices, é seguir o processo, o que também implica uma mudança. Há continuidade no processo, mas a situação histórica muda e esse processo deve ser flexível o suficiente para se adaptar a essa mudança histórica”. Por essa razão, ele não hesita em dizer que “o Cardeal Prevost não é um daqueles que vai fazer um culto a Francisco, mas vai seguir o processo, tendo a capacidade de tomar decisões para fazer as mudanças ou modificações necessárias exigidas pelo conflito histórico em um determinado momento”. Um americano para uma nova lógica global Analisando alguns dos papados recentes, a Secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina considera que “Paulo VI foi a pessoa certa em um momento em que o socialismo passou pelo voto e a Igreja tinha alguém com capacidade de dialogar com aquele momento político histórico. João Paulo II vem da Polônia, um país comunista, e travou a batalha naquele momento histórico. O Papa Francisco vem da América Latina, o berço do populismo, e teve a capacidade de lidar com essas categorias e dialogar com o populismo”. Seguindo essa lógica de análise, ela afirma que “hoje o mundo está claramente distribuído de uma forma geopolítica diferente, e acredito que quem tem a capacidade de dialogar com os Estados Unidos, com sua nova fase – alguns podem chamá-la de imperial, eu a chamo de neofeudalismo – será um norte-americano que possa falar e entender essa lógica”. É por isso que Cuda conclui que “ele é…
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Leão XIV: O papado continua na América

“Habemus Papam”, a frase mais esperada nos últimos dias, foi pronunciada pelo protodiácono, Cardeal Dominique Mamberti. Depois de cinco votações, o Cardeal Robert Prevost, que de agora em diante será conhecido como Leão XIVpareceu na Loggia Central da Basílica de São Pedro. Um norte-americano peruano Com sua eleição, podemos dizer que o papado continua na América, em toda a América, pois o agostiniano nascido em Chicago (EUA) cresceu como religioso no Peru, país onde se tornou bispo da diocese de Chiclayo entre 2015 e 2023. Uma diocese aparentemente de pouca importância, mas que agora entrará para a história como a única em que o novo Papa foi bispo. Foi lá que Francisco o procurou para assumir o Dicastério dos Bispos, um dos mais importantes da Cúria Vaticana. Antes de retornar ao Peru como bispo, onde viveu por 12 anos, em 1985 e 1986 e de 1988 a 1998, o novo Papa foi geral da Ordem de Santo Agostinho de 2001 a 2013, período em que viveu bem próximo à Praça de São Pedro, de onde uma rua separa a sede da Casa Geral dos Agostinianos. Esse aspecto destaca sua capacidade de governar por um longo período uma das maiores ordens religiosas. Um cardeal próximo a Francisco Estamos diante de um pontífice, um autêntico construtor de pontes, a quem o Colégio de Cardeais, sob a inspiração do Espírito Santo, confia para ser o sucessor de Pedro e de Francisco, com quem, nos últimos anos, ele se reuniu todos os sábados durante duas horas em Santa Marta. Encontros nos quais Francisco e o Prefeito do Dicastério dos Bispos procuraram concretizar, neste momento da história, como tornar realidade um processo que agora continua de maneira diferente, mas com o mesmo objetivo: avançar na Igreja proposta pelo Concílio Vaticano II, uma Igreja povo de Deus, uma Igreja de todos, todos, todos.