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Cardeal Steiner denuncia na ONU “violações sistemáticas de omissão estatal” nos territórios indígenas

Os ataques aos povos indígenas no Brasil têm se tornado uma constante ameaça, inclusivo no plano legislativo, principalmente com o Marco Temporal. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), é atualmente um dos grandes defensores dos direitos dos povos originários, tanto no Brasil como no âmbito internacional. Nesta terça-feira, 4 de março, o arcebispo de Manaus e presidente do Cimi, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, se dirigiu à comunidade internacional por vídeo durante o Diálogo Interativo da 58ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, que acontece em Genebra, na Suíça. Desde 2022, a ONU tem se preocupado de maneira crescente e tem realizado relatorias especiais contra o Marco Temporal, tendo sido a última no dia 26 de fevereiro, quando, segundo informa o Cimi, “três relatorias especiais do organismo internacional classificaram como um ‘grande retrocesso’ a proposta complementar do ministro Gilmar Mendes à Lei 14.701/23, a Lei do Marco Temporal.” Nesse sentido, a postura do organismo das Nações Unidas foi claro: “expressamos nossa profunda preocupação com a proposta apresentada pela Comissão Especial de Conciliação do STF, que contradiz diretamente a Constituição do Brasil, as decisões do próprio Supremo Tribunal Federal e o direito internacional dos direitos humanos”, segundo diz trecho do pronunciamento das relatorias. Em seu pronunciamento, o cardeal Steiner agradeceu ao Alto Comissionado “seu incansável apoio aos povos indígenas do Brasil”, denunciando abertamente que “os direitos desses povos estão sendo, neste momento, reformados e negociados para atender interesses particulares que querem explotar economicamente os territórios, principalmente o minério. Isto acontece através de uma mesa de negociação criada pela Suprema Corte, que pretende buscar acordos sobre direitos que são indisponíveis e inalteráveis, um retrocesso gravíssimo.” Em suas palavras, o presidente do Cimi deixou claro que “os povos indígenas já manifestaram claramente seu não consentimento à mesa de negociação.” Diante da postura do governo brasileiro, que, segundo lembrou o cardeal Steiner, tem dito que “não pode avançar na demarcação e proteção dos direitos territoriais por causa deste ambiente de inseguridade”, ele sublinhou que “nos territórios existem violações sistemáticas de omissão estatal, como os ataques armados contra a comunidade dos povos Avá-Guarani e Guarani- Kaiowá.” Diante dessa situação, o cardeal disse: “apelamos a este alto comissariado e ao Conselho de Direitos Humanos, reforce a obrigação do Estado brasileiro e a garantia dos direitos dos povos indígenas”, enfatizando que “o caminho é voltar ao que já foi estabelecido pela Corte Suprema em 2023 sob a inconstitucionalidade do Marco Temporal e anular a Lei 14.701.” Tudo isso porque “Direitos Humanos fundamentais não podem ser negociados e conciliados, devem ser garantidos”, concluiu o presidente do Cimi. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Evaristo Spengler: CF 2025, “recuperar neste mundo em que nós vivemos a harmonia com o nosso Criador”

“O que estamos fazendo com a criação que recebemos de Deus, após ser criado?”. Essa é a pergunta que lança o bispo da diocese de Roraima, dom Evaristo Spengler, no vídeo difundido pelas redes sociais da diocese e da Rádio Monte Roraima, com motivo da Campanha da Fraternidade 2025, que tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral”. Uma questão que ele considera crucial. O bispo lembra que “na Quarta Feira de Cinzas, a Igreja do Brasil lança a Campanha da Fraternidade, convidando todo mundo a reflexão sobre a ecologia integral.” Ele recordou o tema da CF 2025, e o lema que vai acompanhar a caminhada da Igreja do Brasil durante a próxima Quaresma: “Deus viu que tudo era muito bom.” Segundo dom Evaristo Spengler, “a ecologia, para ser integral, pressupõe toda a criação, pressupõe que toda a criação está submetida a um mesmo processo sob as mãos de Deus. E a criação não se restringe só aos seres humanos, envolve a fauna, a flora, os animais, as florestas, os ecossistemas, as águas, o ar, as pedras, os rios, os mares, enfim, tudo.” O bispo franciscano recordou a figura do seu fundador, enfatizando que “São Francisco de Assis, há 800 anos, viveu uma relação harmoniosa com toda a criação. Se relacionava com tudo como sendo seus irmãos e irmãs. Chamava de irmãos e irmãs o sol, a lua, a água, o vento, as estrelas.” O bispo da diocese de Roraima, ainda recordou que “à Terra, Francisco deu o título de Irmã e Mãe Terra, porque dela vem os frutos do nosso sustento”, mostrando que esse é o motivo que faz com que o cartaz da Campanha da Fraternidade traz a imagem de São Francisco. Finalmente, dom Evaristo Spengler pediu que São Francisco “nos inspire a recuperar neste mundo em que nós vivemos a harmonia com o nosso Criador, nosso Pai, e com todas as criaturas, nossos irmãos e irmãs.” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Cardeal Steiner: “Ser como o mestre! Ser como Jesus que vive no cuidado de todos, especialmente dos mais necessitados”

Na homilia do oitavo domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner iniciou lembrando que “o Evangelho de hoje continua o sermão da planície que iniciamos a dois domingos em nossa liturgia dominical. Quantos direcionamentos, quantas elucidações, quantas direções, quantas iluminações, quantas implicações, quantos horizontes nos sugere o Evangelho oitavo domingo do tempo comum! Quantas dinâmicas a nos oferecer e desafiar! Ficamos admirados com o caminho que Jesus nos oferece neste na liturgia deste domingo.” Citando texto: “Um discípulo não é maior que o mestre; todo discípulo bem formado será como o mestre”, ele disse que “Jesus nosso mestre e Senhor e nele somos todos discípulos, discípulas! Somos seguidores e seguidoras de Jesus, somos seus discípulos missionários e discípulas missionárias, e, por isso, suas testemunhas. Ele o verdadeiro e único mestre que recebemos, a quem ouvimos, seguimos e anunciamos. Não nos tornamos mestres para os outros. Com Ele mestre, caminhamos juntos, nos ensinamos mutuamente, apreendendo uns com os outros. Ele, caminho, verdade e vida! Só Ele o nosso caminho, a nossa verdade e a razão do viver. Ele a nos ensinar, guiar, transformar, conduzir, despertar para a razão de nosso viver, amar! Ele a guiar, a conduzir, a frutificar.” Seguindo com o texto: “Todo discípulo bem formado será como o mestre!”, ele fez um chamado a “Ser como o mestre! Ser como Jesus que vive no cuidado de todos, especialmente dos mais necessitados no corpo e no espírito. Ele caminhando ao encontro dos enfermos, dos sem olhos, sem língua, manchados no corpo e na alma, excluídos da sociedade e da religião. O mestre da vida e da salvação! Mestre que desperta para a vida, a intimidade, os amores; desperta para o outro, nos conduz pelas sendas da paz. Desperta em nós a esperança que não decepciona. Como nos ensina Papa Francisco: “a partir da intimidade de cada coração, o amor cria vínculos e amplia a existência, quando arranca a pessoa de si mesma para o outro. Feitos para o amor, existe em cada um de nós uma espécie de lei de êxtase: sair de si mesmo para encontrar nos outros um acrescimento do ser. Por isso, o homem deve conseguir um dia partir de si mesmo, deixar de procurar apoio em si mesmo, deixar-se levar”, citando Fratelli tutti 88. “Atraídos, iniciados e guiados por Jesus, nos desviamos de caminhos difíceis, dos abismos existenciais, das violências, das mortes. Ele a nos guiar, somos salvos, redimidos, percorremos veredas verdejantes, mesmo no deserto, pois bem guiados pelos olhos que Jesus nos concede com o dom de sua vida”, enfatizou o arcebispo de Manaus. Sengo ele, “A quem não é dado ver, não despertado para ver da alma, pode levar a outra pessoa para o abismo, seguir caminhos indesejados. Os olhos impedidos do sensorial veem com outra sensibilidade que vê veredas, obstáculos, belezas, grandezas, desvios, encantos. O sentido do ver passa por outros sentidos que possibilitam ver o invisível. O ver invisível que conduz para paisagem sempre mais livres, admiráveis, encantadoras, pois despertados pela graça da fé que faz ver sem ver.” “A cegueira no Evangelho proclamado a nos falar do caminho a percorrer. Mas também de quem está na disponibilidade de ajudar no caminhar”, disse o cardeal, que lembrou as palavras de Papa Francisco no Angelus de 3 de março de 2019: Com a pergunta: “Um cego pode guiar outro cego?” (Lc 6,39), nos indicar sabedoria para conduzir pelos caminhos da salvação, da misericórdia, da esperança, caso contrário corre-se o risco de causar danos às pessoas que a Ele se confiam. Jesus a nos dizer da responsabilidade da nossa presença na vida dos irmãos e irmãs, dos filhos: os pastores de almas, as autoridades públicas, os legisladores, os mestres, os pais. Somos todos alertados do papel delicado de despertar vidas e ajudá-las no caminho da maturação e a discernir sempre o caminho certo pelo qual conduzir as pessoas, nos diz Papa Francisco.” O presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil refletiu sobre “como ir ao encontro do próximo, como participar do ministério do seu ensinar”, lembrando a pergunta do texto evangélico: “Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho?” Segundo ele, “ver é mais que ver com os olhos. Ver é uma abertura própria do humano que possibilita abrir mundos e perceber realidades, belezas, encantos, mas também as decadências, as deficiências, as restruturações do viver e conviver. Essa possibilidade humana que nos leva a percepção da vida verdadeira, da comunhão com Deus, da vida em santidade. Um ver que pode ter sua opacidade, o ver que distorce a verdade, as virtudes, o bem-querer. No Evangelho vem denominado de trave, isto é um empecilho significativo, impeditivo. O que impede inclusive de libertar os olhos de ciscos que em determinadas ocasiões fazem lagrimejar e impedir de ver a beleza e a grandeza. É pouco, mas ofusca no lagrimejar; um incomodo. Mas os olhos que foram limpos e, com Ele a nos guiar, até vemos sem ver; olhos de salvíficos, de benditos. Com ele sempre vermos, mesmo sem a retina dos olhos.” Ele lembrou que “Santo Agostinho, nos ajuda na meditação do Evangelho diante da ensinar de Jesus: ‘Irmão, deixa-me tirar o cisco que tens no olho’. Primeiro, diz ele, afasta o ódio para longe de ti; poderás então corrigir aquele a quem amas. E Ele chama ‘hipócrita’ com justiça, porque censurar os vícios deve ser uma atitude própria de homens justos e bondosos; quando tivermos de censurar ou corrigir, façamos com escrupulosa preocupação esta pergunta a nós próprios: e eu, nunca cometi este erro? E fiquei curado? Mesmo que nunca o tenhamos cometido, recordemos que somos humanos e que podíamos tê-lo cometido. Se, por outro lado, o tivermos cometido, recordemos a nossa fragilidade, para que seja a benevolência, e não o ódio, a ditar-nos a reprovação ou a censura. Um homem peca por cólera, e tu vais repreendê-lo com ódio. Ora, entre…
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Retiro dos seminaristas: Momento de graça na vida dos chamados a serem peregrinos da Esperança e presbíteros segundo o coração do Senhor

Os seminaristas do Seminário São José, onde se formam os seminaristas das igrejas locais do Regional Norte 1, realizam de 1º a 4 de março de 2025 o retiro do início do ano, um momento de grande importância, especialmente neste Ano Jubilar. São jovens que estão nas etapas do Discipulado, da Configuração e da Síntese vocacional, que estão vivenciando “três dias de recolhimento, de meditação, de silêncio, de reflexão e contemplação do Mistério daquele que os chamou para segui-lo, mas sobretudo para servi-lo naqueles mais necessitados e empobrecidos desta sociedade tão injusta e tão desumana”, segundo o reitor, padre Pedro Cavalcante. Ele insistiu em que “no processo formativo, cultivar a vida espiritual é fundamental para termos futuros presbíteros que transmitam este Mistério não somente com palavras, mas sobretudo com atitudes, exemplos, gestos e com a própria vida, revelando assim o rosto humano e divino de Jesus Cristo que veio dar a vida por todos e para que todos tenham a vida plena”, ressaltando que “esta é a vida do padre diocesano.” O reitor ainda sublinhou que “é sempre um momento forte da graça de Deus na vida dos que foram chamados a serem peregrinos da Esperança e presbíteros segundo o coração do Senhor.” Os seminaristas realizam o retiro divididos em três grupos: aqueles que fazem parte do 1º ano do Discipulado, junto com os seminaristas da arquidiocese de Manaus que se formam no Seminário padre Luiz Souza, fazem o retiro no Seminário São José, orientados pelo padre Marciney Marques, formador do Seminário São José e presbítero da diocese de Parintins. Os seminaristas do 2º e 3º ano do Discipulado se deslocaram até a Casa de Retiro dom Luciano Mendes, no km 43 na AM 010, sendo acompanhados pelo padre Graciomar Lima, do clero da prelazia de Itacoatiara. Finalmente, aqueles que fazem parte da etapa da Configuração estão na Casa de Retiro São José das irmãs salesianas, sendo o pregador o padre Leonardo dos Santos, reitor do Seminário propedêutico padre Luiz Souza. O tema do retiro dos seminaristas da Teologia é “Nenhum Caminho será longo, quando se têm Amigos”, tendo como lema, “O que esperais e discutíeis pelo Caminho,” Segundo o pregador, o retiro é um chamado a ser “Peregrinos do Último Lugar.” O reitor do Seminário propedêutico de Manaus disse ter se inspirado em diversos textos e reflexões bíblicas, buscando aprofundar em diversas perspectivas sobre a amizade, dado que “não basta seguir Jesus, ser padre, ter uma missão pastoral bem empenhada, sem esse espírito da amizade, da fraternidade, da mesa, da comunhão”, inspirado, entre outros textos no livro do cardeal Tolentino, “Nenhum Caminho será Longo”. Igualmente, ele disse ter se inspirado na figura do carteiro de Pablo Neruda, querendo expressar que como condutor ou pregador do retiro, ele se sente, “nada mais do que um carteiro que entrega as cartas das experiências vividas. E eu utilizo delas para facilitar outros a fazerem o caminho.” O padre Leonardo disse querer ajudar os seminaristas a refletir sobre a dimensão da amizade, a dimensão do seguimento, da pertença, a sensibilidade de um coração aberto à espiritualidade, um espírito de fraternidade, como peregrino da esperança, mas peregrino do último lugar.” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Lançamento da Campanha da Fraternidade em Manaus: “A ecologia integral é uma questão de fé”

O cuidado da Casa Comum, a promoção da ecologia integral, é uma preocupação no Magistério do Papa Francisco, um caminho assumido pela Igreja da Amazônia, pela arquidiocese de Manaus. A Campanha da Fraternidade 2025, que tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, uma temática abordada pela nona vez na Igreja do Brasil durante o tempo da Quaresma, é mais uma oportunidade para refletir sobre essa temática e sentir a necessidade de avançar no caminho da conversão ecológica. A arquidiocese de Manaus lançou nesta quinta-feira a Campanha da Fraternidade, que lembra os 10 anos da Laudato Si´, segundo o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, que sublinhou a necessidade da conversão ecológica, dado que o tempo da Quaresma nos faz um chamado à conversão, como a Igreja tem feito ao longo da história, conversão pessoal, conversão social, segundo pediu o Papa João Paulo II, e conversão ecológica, a pedido do Papa Francisco. Afirmando que “não estamos desligados, como nós sabemos pela Laudato Si, de toda a realidade em que nós vivemos”, o arcebispo de Manaus disse que “necessitamos de converter as nossas ações, as nossas relações, para criarmos um pouco mais de harmonia.” Isso porque “se continuarmos no modo como estamos de dominação e de destruição do meio ambiente, nós como Terra e como humanidade não teremos futuro.” Diante disso, ele fez um chamado à esperança, seguindo a temática do Ano Jubilar, ressaltando que “a Campanha da Fraternidade nos aponta a esperança, através da conversão ecológica.” A Campanha da Fraternidade ajuda a refletir diante das catástrofes ecológicas que aconteceram, a grande seca, as enchentes, buscando “sobre quanto seja importante cuidar da nossa Casa Comum”, disse a coordenadora de Pastoral da arquidiocese de Manaus, Ir. Rosana Marchetti. A religiosa lembrou o objetivo da campanha, que nos chama a “um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra.” Um chamado “para que nós possamos deixar descansar a terra”, seguindo o espírito do ano jubilar na Bíblia. Nessa perspectiva, ela disse que “escutar o grito da terra, escutar os gritos dos pobres, é algo que interpela a nossa fé.” “Os santos padres diziam que a glória de Deus é a vida do homem e da mulher. A gente pode parafrasear dizendo que a glória de Deus é a vida de tudo aquilo que existe”, disse o bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima. Ele insistiu em que “a questão socioambiental, a questão da ecologia integral, para nós é, sim, também um problema religioso, uma questão de fé. O que está em ameaça é a glória de Deus na medida em que a vida do que existe é ameaçada.” O bispo auxiliar insistiu em que “há muito a igreja que está na Amazônia se reconhece como uma Igreja irmã da Criação”, afirmando que “toda a Igreja que está desenvolvendo sua ação evangelizadora na Amazônia entende como horizonte de realização do Reino de Deus toda a realidade criada.” Nesse sentido, dom Zemildo Lima lembrou que essa temática se fez pressente na décima Assembleia Pastoral Arquidiocesana, onde “nós reconhecemos que este horizonte da casa comum, que enfim é o horizonte do Reino de Deus, é uma condição indispensável, podíamos dizer uma condição sine qua non, para o nosso exercício de evangelização.” Uma reflexão que levou à arquidiocese de  Manaus a assumir que “é muito importante que em todos os nossos processos, processos missionários, processos formativos, processos de solidificação das nossas comunidades, processos da celebração da fé, passem por esta perspectiva ecológica, por esta perspectiva socioambiental”, levando a ecologia integral a permear toda a ação evangelizadora e a partir daí́ articular processos pastorais organizados, com ministérios do cuidado da Casa Comum, dado que “guardar a Casa Comum é também um ministério eclesial”, sublinhou o bispo auxiliar. Assim surgiu na arquidiocese de Manaus a Comissão de Ecologia Integral, que tem articulado as numerosas iniciativas presentes nas comunidades, fazendo o trabalho mais eficaz. Na frente dessa comissão está Frei Paulo Xavier Ribeiro, que a definiu como “uma tentativa de potenciar esse processo de a partir da ação evangelizadora da Igreja de Manaus, essa dimensão da ecologia integral”, um caminho que tem levado a descobrir inúmeras atividades, com adultos, jovens e crianças, citando alguns exemplos que ajudam na incidência política e no compromisso com a vida das famílias, a vida da sociedade. O frei Capuchinho destacou “o encaminhamento disso com responsabilidade, com honestidade, um critério que pode vigilumbrar ações que nos ajudam a consolidar um mundo diferente.” Na arquidiocese de Manaus, segundo relatou o coordenador de Pastoral, padre Geraldo Bendaham, estão sendo realizadas diversas atividades em volta da Campanha da Fraternidade, como está sendo a formação comunidades, áreas missionárias, paróquias, setores, regiões episcopais. Junto com isso, ele destacou a importância das novenas nas famílias, que ajudarão na conscientização, na oração, para restabelecer novamente o amor à natureza. Mais um ano, na Quarta-feira de Cinzas será realizada a abertura da campanha, que em 2025 se concretizará numa caminhada ecológica da Catedral até o Parque Rio Negro, tendo como elemento de reflexão o cuidado da água. O cardeal Steiner insistiu em que “como discípulos missionários, como discípulas missionárias, nós queremos que a ecologia faça parte da caminhada da nossa fé, para podermos assim cuidar melhor da obra que Deus entregou nas nossas mãos.” Ele falou sobre a reflexão de Papa Francisco, que faz um chamado para passar do desejo de dominar ao desejo de cultivar e cuidar. Segundo o arcebispo, “temos que ter uma relação de maior respeito, de maior cuidado, não de domínio, de destruição”, lembrando o modo de São Francisco de Assis se relacionar com as criaturas, “se relacionava como irmão e irmã”, o que deve nos levar a “retomar esse modo de uma relação fraterna com todas as criaturas.” O cardeal Steiner denunciou que “o que comanda hoje é o mercado, é a economia, é poder tirar da Natureza o mais que nós podemos, mas não em vista dos pobres, em vista de quem já tem.” Isso diante de uma realidade que nos mostra…
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A enfermidade do Papa Francisco, mais uma prova de um mundo e uma Igreja doente

  A enfermidade do Papa Francisco, uma pneumonia bilateral, que provocou seu internamento no Hospital Gemelli de Roma, tem sido uma das notícias mais impactantes nas últimas duas semanas. As reações em torno a esse fato têm que nos levar a refletir como sociedade e como Igreja e assumir as doenças que nos atingem. No final de muitas de suas mensagens e discursos, Francisco acostuma dizer “rezem por mim”, mas também é conhecido que, em diversos momentos, ele tem pedido, meio brincando, mas também fazendo um chamado a refletir, que essa oração seja a favor e não contra. Infelizmente, nos deparamos com pessoas, muitas delas que se dizem católicas, que pedem a morte do Papa e dizem rezar para que assim seja. No último domingo, o Evangelho nos levava a entender a necessidade de sermos misericordiosos, de amar sempre e a todos, inclusive aos inimigos. A gente fica pensando diante daqueles que desejam a morte do Papa, certamente com um sentimento que nunca pode vir de Deus e sim de uma ideologia que tem levado à polarização na sociedade e na Igreja. Católicos, inclusive bispos, que promovem sentimentos de ódio contra os outros, inclusive contra o Papa. Pessoas que sempre escolhem o caminho contrário àquele que nos indica o Sumo Pontífice como atitude vital. Um caminho que também é o contraponto daquilo que Deus nos diz em sua Palavra, principalmente na mensagem do Evangelho, que está claramente enfrentada com qualquer tentativa de polarização, uma atitude cada vez mais presente na sociedade e na Igreja católica e em outras Igrejas. Devemos dizer abertamente que aqueles que promovem a polarização se afastam de Deus, aqueles que fomentam sentimentos de ódio estão longe de Deus. Tudo o que nos leva a gerar esses sentimentos tem que nos fazer refletir, ainda mais pelo fato de sermos cristãos. O discipulado tem que nos levar a um compromisso com a vida, a gerar sentimentos de comunhão, a saber caminhar juntos na diversidade de pensamentos. Também tem que nos levar a refletir o excesso de vontade de mostrar que se reza pelo Papa, especialmente da parte daqueles, inclusive cardeais, que em muitos momentos tem se posicionado abertamente contra ele e desprezado suas palavras e ensinamentos. Quando alguém reza, e essa é uma necessidade na vida de todo cristão, não precisa publicá-lo constantemente. Tem pessoas que se aproveitam do mal alheio para ser mostrar, para tirar proveito. Que ele tenha recuperado sua agenda de trabalho, que continue trabalhando do quarto do hospital onde ele está internado, é um claro sinal de que sua saúde melhora e que não vai demorar para ele voltar para o Vaticano. A prudência é necessária, mas sem cair no pessimismo. Uma pessoa de 88 anos, com uma grande carga de trabalho, com doenças crónicas que arrasta por muitos anos, é normal que sofra achaques de saúde, mas isso não pode ser oportunidade para confabular e gerar notícias falsas ou interessadas. É claro que o mundo precisa de Francisco, daquele que é luz para tanta gente, daquele que é voz de tantas pessoas que nunca são escutadas e sempre são colocadas do lado de fora da história. Pensar o contrário, ainda mais rezar contra, é sinónimo de mentes doentes, que perderam sua humanidade e estão longe do Deus de Jesus Cristo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Prelazia de Itacoatiara realiza formação para a Campanha da Fraternidade 2025

A Prelazia de Itacoatiara promoveu a formação da Campanha da Fraternidade 2025, que traz como tema: “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema inspirado no livro do Gênesis: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). O encontro foi conduzido pela Irmã Rosiene Gomes de Freitas, referência das pastorais sociais do Regional Norte 1, e aconteceu no auditório do Centro Pastoral São Paulo VI. Durante a formação, os participantes foram convidados a refletir sobre a responsabilidade cristã no cuidado com a criação, promovendo a sustentabilidade e a justiça socioambiental à luz do Evangelho. O momento foi marcado por partilhas, estudo do texto-base e aprofundamento das das tematicas que nortearão as ações da Prelazia ao longo da campanha, fortalecendo o compromisso comunitário com a Casa Comum e com a dignidade de todas as formas de vida. Prelazia de Itacoatiara

Juventude Missionária realiza Ação Sem Fronteiras na Diocese de Borba (AM)

  Nos dias 21, 22 e 23 de fevereiro, aconteceu na Diocese de Borba a I Ação Sem Fronteiras Diocesana da Juventude Missionária, realizada na cidade de Novo Aripuanã, Amazonas. Foram dias muito significativos para os jovens e para toda a Diocese de Borba, especialmente para a Forania São Lucas, que compreende a Paróquia Nossa Senhora da Conceição e a Área Missionária Santo Antônio Maria Claret. O local do encontro foi na quadra esportiva da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. A coordenação diocesana da JM foi a protagonista, conduzindo a programação da Ação Sem Fronteiras, com a assessora diocesana somando esforços nesta ação. Com alegria, participaram 35 jovens inscritos de várias paróquias, representantes da JM, da PJ e do grupo de Jovens Orionitas. Eles chegaram de barco, canoa ou carro, trazendo nas bagagens muitas expectativas, curiosidades e corações abertos. Participaram também duas assessoras da JM dos grupos de base. Além dos inscritos, tivemos a participação das lideranças e jovens locais, que acompanharam esse momento, totalizando cerca de 60 pessoas. No primeiro dia, pela manhã, ocorreu o credenciamento e as dinâmicas de integração. A abertura da Ação Sem Fronteiras aconteceu com a Santa Missa na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, seguida pela programação. Contamos com a presença do jovem Caio Eduardo Oliveira Barbosa, que assessorou o tema do encontro: “Jovens missionários, da esperança entre os povos”, com o lema: “A esperança não decepciona.” À noite, concluímos com as oficinas, realizadas por lideranças locais. Em seguida, Ir. Silvana e o jovem Antônio Ítalo deram explicações sobre o livro de orientações e o guia das visitas às famílias. Foram organizadas sete equipes para visitar as famílias das comunidades, sendo uma delas uma comunidade ribeirinha que possui a JM. Finalizamos esse momento com oração e descanso. No dia 22 de fevereiro, logo cedo, as equipes se organizaram para o momento de oração e, em seguida, partiram para a missão, realizando visitas nas casas. Durante as visitas, tiveram encontros com as lideranças das comunidades para troca de experiências. À tarde, retornamos ao local do encontro para o momento de Espiritualidade e Adoração ao Santíssimo. Concluímos a noite com a Noite Cultural, cheia de diversão, alegria e leveza, com bingo, brincadeiras e apresentações de danças regionais, entre outras atividades. No dia 23 de fevereiro, domingo pela manhã, realizamos a partilha das experiências significativas de cada equipe, um momento ímpar e profundo, de emoção, cuidado com a vida, partilha da fé e da experiência de Deus vivenciadas nas visitas às famílias, e dos desafios enfrentados na missão, especialmente para quem foi à comunidade ribeirinha. Em seguida, realizamos a avaliação, destacando muitos pontos positivos que impulsionam a caminhada, com a expectativa de continuar realizando a segunda Ação Sem Fronteiras. Após um momento de lazer, com passeio, jogo de futebol e roda de conversa, à tarde concluímos com a Celebração Eucarística na Área Missionária. Foram dias de partilha, de conhecimento, aprofundamento, espiritualidade, troca de experiências, convivência, criação de novas amizades, anúncio da Palavra de Deus, missão, falar de Jesus e sentir seu amor. Por fim, caminhamos em comunhão, numa Igreja sinodal e missionária, nesta “terra Sagrada” de Novo Aripuanã. A ação Sem Fronteiras diocesana teve o apoio do Bispo Diocesano, Dom Zenildo Pereira da Silva, da coordenação diocesana e estadual, Ítalo Goes e Caio Eduardo e a assessoria Diocesana da JM de Borba. Por Ir. Silvana Pauletti, Assessora Diocesana da JM

Encontro Nacional do SAV-PV sobre direção espiritual e projeto de vida, com representantes do Regional Norte1

O Centro de Estudos Sumaré, no Rio de Janeiro, acolhe de 24 a 26 de fevereiro de 2025, o Encontro Nacional do Serviço de Animação Vocacional – Pastoral Vocacional, com o Tema: “A Direção Espiritual e Projeto pessoal de Vida no Discernimento Vocacional “. O assessor do encontro é o bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo, dom Cícero Alves. Entre os 85 participantes, em representação do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), se fazem presentes o bispo de Parintins e membro Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, dom José Alburquerque de Araújo, a coordenadora do SAV-PV Regional Norte 1, Ir. Gervis Monteiro, a Ir. Michele Silva e o padre Jair Vieira Alves, da diocese de Borba. Segundo o bispo de Parintins, “o objetivo desse encontro, que acontece todos os anos, é realizarmos um momento de formação.” Na programação, junto com o momento formativo, aparece os encaminhamentos para as atividades que vão acontecer a nível nacional e também compartilhar o que vai acontecer nos regionais no que diz respeito à animação vocacional. Dom José Albuquerque de Araújo sublinhou que “o nosso foco é ajudar os nossos animadores vocacionais a se prepararem para, por exemplo, o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que acontece no quarto domingo do tempo da Páscoa, fazendo repercutir a mensagem que o Papa sempre escreve por ocasião desse dia. O bispo destacou igualmente a proposta de divulgar o material, o subsídio que já está aprovado, está sendo já comercializado para o Mês Vocacional deste ano, que acontece em agosto. Ele também se referiu à preparação do 5º Congresso Vocacional no Brasil, que vai acontecer em setembro de 2026, que será precedido pelos congressos nos regionais. Um encontro que segundo a Ir. Gervis Monteiro é uma oportunidade para aprofundar sobre o projeto de vida e a direção espiritual. A religiosa Paulina enfatizou que o encontro, “realmente nos ajuda para que nós possamos ter cada vez mais facilidade e capacidade e nos preparar para acompanhar melhor as pessoas do nosso Regional e, claro, do Brasil todo, porque aqui estamos representando todos os regionais do Brasil do Serviço de Animação Vocacional.” “O encontro tem sido muito interessante nessa dimensão do aprofundamento da direção espiritual, projeto de vida”, disse a Ir. Michele Silva. Ela ressaltou a significativa presença da Vida Consagrada, “que também se adentra nessa temática para melhor desenvolver o serviço de animação vocacional nas diversas regiões do Brasil.” Igualmente, a religiosa do Imaculado Coração de Maria afirmou que “para nós também está sendo um momento bem oportuno para aprimorar o nosso trabalho que está iniciando, como SAV, na CRB”, destacando que esse trabalho busca “desenvolver processos que ajudem principalmente as nossas juventudes a descobrirem a vocação.” O padre Jair Vieira Alves afirmou que no encontro se faz presente “o desejo de uma cultura vocacional em todas as dioceses do Brasil.” O reitor do Seminário Propedéutico e animador do SAV e a Pastoral Vocacional na diocese de Borba, disse que “o encontro está sendo muito proveitoso pelo fato de que o testemunho, a experiência, a partir da temática, faz com que nós possamos nos fortalecer e descobrir a grandeza do ministério que é o serviço de animação vocacional.” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Na Quaresma, Papa Francisco pede uma conversão à Sinodalidade e à Esperança

Um chamado a caminhar juntos na esperança é o pedido de Papa Francisco para a Quaresma 2025, fazendo assim uma referência à vivência da sinodalidade e a praticar a esperança, tema do Ano Jubilar. O texto explica o sentido da Quaresma: nos prepararmos para a Páscoa, oferecendo “algumas reflexões sobre o que significa caminhar juntos na esperança e evidenciar os apelos à conversão que a misericórdia de Deus dirige a todos nós, enquanto indivíduos e comunidades.” O Santo Padre parte da necessidade de caminhar, tendo como referência o Êxodo, fazendo um apelo à conversão.  Para isso, ele suscita algumas perguntas e sugere durante a Quaresma, “confrontar-nos com a realidade concreta de algum migrante ou peregrino e deixar que ela nos interpele, a fim de descobrir o que Deus pede de nós para sermos melhores viajantes rumo à casa do Pai.” Um caminho juntos, sinodal, que ele define como “a vocação da Igreja”, pedindo “percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários.” Isso porque “o Espírito Santo impele-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos.” Papa Francisco explica o que significa caminhar juntos: tecer a unidade, caminhar lado a lado, sem pisar ou subjugar o outro, sem alimentar invejas ou hipocrisias, sem deixar que ninguém fique para trás ou se sinta excluído.” Para isso, ele pede seguir o mesmo rumo e escuta com amor e paciência. O Santo Padre questiona “se somos capazes de trabalhar juntos ao serviço do Reino de Deus, como bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos”, com gestos concretos, sendo acolhedores com todos, uma conversão à sinodalidade. E fazer isso, “na esperança de uma promessa”, fazendo um apelo à esperança, à confiança em Deus e a sua grande promessa, a vida eterna. Nesse ponto, Francisco questiona novamente sobre nossa convicção do perdão de Deus, lhe pedir ajuda, nos comprometermos com a justiça, a fraternidade, o cuidado da casa comum, garantindo que ninguém seja deixado para trás. Nesse caminho quaresmal, ele pede a intercessão da “Virgem Maria, Mãe da Esperança”. Caminhemos juntos na esperança Queridos irmãos e irmãs! Com o sinal penitencial das cinzas sobre as nossas cabeças, iniciamos na fé e na esperança a peregrinação anual da Santa Quaresma. A Igreja, mãe e mestra, convida-nos a preparar os nossos corações e a abrir-nos à graça de Deus para podermos celebrar com grande alegria o triunfo pascal de Cristo, o Senhor, sobre o pecado e a morte, como exclamava São Paulo: «A morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» (1Cor15, 54-55). Realmente, Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é o centro da nossa fé e a garantia da nossa esperança na grande promessa do Pai, já realizada n’Ele, Seu Filho amado: a vida eterna (cf.Jo10, 28; 17, 3)[1]. Nesta Quaresma, enriquecida pela graça do Ano Jubilar, gostaria de oferecer algumas reflexões sobre o que significacaminhar juntos na esperançae evidenciar os apelos à conversão que a misericórdia de Deus dirige a todos nós, enquanto indivíduos e comunidades. Antes de tudo,caminhar. O lema do Jubileu – “Peregrinos de Esperança” – traz à mente a longa travessia do povo de Israel em direção à Terra Prometida, narrada no livro do Êxodo: a difícil passagem da escravidão para a liberdade, desejada e guiada pelo Senhor, que ama o seu povo e sempre lhe é fiel.E não podemos recordar o êxodo bíblico sem pensar em tantos irmãos e irmãs que, hoje, fogem de situações de miséria e violência e vão à procura de uma vida melhor para si e para seus entes queridos.Aqui, surge um primeiro apelo à conversão, porque todos nós somos peregrinos na vida, mas cada um pode perguntar-se: como me deixo interpelar por esta condição? Estou realmente a caminho ou estou paralisado, estático, com medo e sem esperança, acomodado na minha zona de conforto? Busco caminhos de libertação das situações de pecado e falta de dignidade? Seria um bom exercício quaresmal confrontar-nos com a realidade concreta de algum migrante ou peregrino e deixar que ela nos interpele, a fim de descobrir o que Deus pede de nós para sermos melhores viajantes rumo à casa do Pai. Esse é um bom “exame” para o viandante. Em segundo lugar, façamos esta viagemjuntos. Caminhar juntos, ser sinodal, é esta a vocação da Igreja[2]. Os cristãos são chamados a percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários. O Espírito Santo impele-nosa sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos[3]. Caminhar juntossignifica ser tecelões de unidade, partindo da nossa dignidade comum de filhos de Deus (cf.Gl3, 26-28); significa caminhar lado a lado, sem pisar ou subjugar o outro, sem alimentar invejas ou hipocrisias, sem deixar que ninguém fique para trás ou se sinta excluído. Sigamos na mesma direção, rumo a uma única meta, ouvindo-nos uns aos outros com amor e paciência. Nesta Quaresma, Deus pede-nos que verifiquemos se nas nossas vidas e famílias, nos locais onde trabalhamos, nas comunidades paroquiais ou religiosas, somos capazes de caminhar com os outros, de ouvir, de vencer a tentação de nos entrincheirarmos na nossa autorreferencialidade e de olharmos apenas para as nossas próprias necessidades. Perguntemo-nos diante do Senhor se somos capazes de trabalhar juntos ao serviço do Reino de Deus, como bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos; se, com gestos concretos, temos uma atitude acolhedora em relação àqueles que se aproximam de nós e a quantos se encontram distantes; se fazemos com que as pessoas se sintam parte da comunidade ou se as mantemos à margem[4]. Este é o segundo apelo: a conversão à sinodalidade. Em terceiro lugar, façamos este caminho juntosna esperançade uma promessa. Aesperança que não engana(cf.Rm5, 5), mensagem central do Jubileu[5], seja para nós o horizonte do caminho quaresmal rumo à vitória pascal. Como o Papa Bento XVI nos ensinou na EncíclicaSpe salvi, «o ser humano necessita do amor incondicionado. Precisa daquela certeza que o…
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