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Cardeal Steiner denuncia na ONU “violações sistemáticas de omissão estatal” nos territórios indígenas

Cardeal Steiner denuncia na ONU “violações sistemáticas de omissão estatal” nos territórios indígenas

Os ataques
aos povos indígenas no Brasil
têm se tornado uma constante ameaça, inclusivo no
plano legislativo, principalmente com o Marco Temporal. O Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), é atualmente um dos grandes defensores dos direitos dos povos
originários, tanto no Brasil como no âmbito internacional.

Nesta terça-feira,
4 de março, o arcebispo de Manaus e presidente do Cimi, cardeal Leonardo Ulrich
Steiner, se dirigiu à comunidade internacional por vídeo durante o Diálogo
Interativo da 58ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas
, que
acontece em Genebra, na Suíça.

Desde 2022,
a ONU tem se preocupado de maneira crescente e tem realizado relatorias
especiais contra o Marco Temporal, tendo sido a última no dia 26 de fevereiro,
quando, segundo informa o Cimi, “três relatorias especiais do organismo
internacional classificaram como um ‘grande retrocesso’ a proposta complementar
do ministro Gilmar Mendes à Lei 14.701/23, a Lei do Marco Temporal.”

Nesse sentido,
a postura do organismo das Nações Unidas foi claro: “expressamos nossa profunda
preocupação com a proposta apresentada pela Comissão Especial de Conciliação do
STF, que contradiz diretamente a Constituição do Brasil
, as decisões do próprio
Supremo Tribunal Federal e o direito internacional dos direitos humanos”, segundo
diz trecho do pronunciamento das relatorias.

Em seu pronunciamento,
o cardeal Steiner agradeceu ao Alto Comissionado “seu incansável apoio aos
povos indígenas do Brasil”, denunciando abertamente que “os direitos desses
povos estão sendo, neste momento, reformados e negociados para atender
interesses particulares que querem explotar economicamente os territórios
,
principalmente o minério. Isto acontece através de uma mesa de negociação
criada pela Suprema Corte, que pretende buscar acordos sobre direitos que são
indisponíveis e inalteráveis, um retrocesso gravíssimo.”

Em suas
palavras, o presidente do Cimi deixou claro que “os povos indígenas já
manifestaram claramente seu não consentimento à mesa de negociação.” Diante da
postura do governo brasileiro, que, segundo lembrou o cardeal Steiner, tem dito
que “não pode avançar na demarcação e proteção dos direitos territoriais por
causa deste ambiente de inseguridade”, ele sublinhou que “nos territórios
existem violações sistemáticas de omissão estatal
, como os ataques armados
contra a comunidade dos povos Avá-Guarani e Guarani- Kaiowá.”

Diante
dessa situação, o cardeal disse: “apelamos a este alto comissariado e ao
Conselho de Direitos Humanos, reforce a obrigação do Estado brasileiro e a
garantia dos direitos dos povos indígenas
”, enfatizando que “o caminho é voltar
ao que já foi estabelecido pela Corte Suprema em 2023 sob a inconstitucionalidade
do Marco Temporal e anular a Lei 14.701.” Tudo isso porque “Direitos Humanos
fundamentais não podem ser negociados e conciliados, devem ser garantidos”,
concluiu o presidente do Cimi.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

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