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Cardeal Steiner: Advento, “o nascer de Deus em nossa humanidade”

Cardeal Steiner: Advento, “o nascer de Deus em nossa humanidade”

O Cardeal Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presidiu a Celebração do 3° Domingo do Advento na Catedral Metropolitana de Manaus na manhã de 14 de dezembro de 2025. Ele recordou aos presentes que “estamos a caminho de Belém”. Nesse percurso, a liturgia traz o anúncio de diversas manifestações de Deus e que o Advento é a “espera do Filho do Homem o nascer de Deus em nossa humanidade”.

Em sua homilia, o cardeal explicou que o 3° Domingo é chamado de Domingo da Alegria, por ser uma “espécie de antecipação litúrgica para podermos celebrar a alegria do Natal”. Em continuidade, recordou o Evangelho do domingo passado, onde “víamos João Batista às margens do Jordão” e hoje o Evangelho anuncia que ele está na prisão e em dúvidas e manda perguntar: “és tu aquele que há de vir ou devemos esperar por um outro?”.

“João, o preparador, o anunciador, o aplanador das colinas, o endireitador dos caminhos, não sabe mais. Anunciava e agora já não sabe mais. Ele havia tocado, havia batizado seu Senhor e agora na quase ignorância do saber. Havia dito que não sou digno nem mesmo de carregar suas sandálias, agora já não sabe mais quem ele é”, ilustrou o cardeal.

Seria Ele o esperado?

 O arcebispo indagou os fiéis presentes a pensar “O que não faz a prisão, queridos irmãos e irmãs? O que pode fazer a solidão?”. Dando seguimento, explicou a perspectiva em que se encontrava João Batista “não mais rodeado pelas multidões, discussões, não mais pregações, nem mesmo o batismo de conversão”. Ele expôs que a solidão de João é um “nada para anunciar, nada para preparar, nada para endireitar” e com ela João se interroga: “é ele ou devemos esperar por um outro?”.

“Abandonado, sem o vestido das peles de camelo, sem o cinturão de couro em torno dos rins, sem os gafanhotos e o mel silvestre, se interroga, duvida, espera. E agora no desejo da confirmação de uma presença nova que deve batizar no Espírito. Seria ele o esperado, o desejado das nações, o implorado, o rezado nos séculos o Deus conosco, o Deus da história, o Deus de nossos pais, o Deus de Abrão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó?”, novamente apontando as percepções da dúvida de João Batista.

 Em suas palavras o cardeal conduziu os presentes a assumir o questionamento de Batista, “É ele? É ele o nascido em Belém, no quase relento, sem casa, sem lugar, no recolhimento das ovelhas? É Ele? Ele que nascera, Ele cumpridor das escrituras, Ele o esperado, Ele o meu primo, o da minha raça, do meu sangue, da minha parentela, da descendência de Davi. Ele o filho de Maria e José, João não sabe mais”. E outra vez trouxe a passagem do Evangelho “É aquele que devia vir ou devo esperar por um outro?”.

O arcebispo prosseguiu com objeção de João “um grande profeta, um grande curador, anunciador”.  E acrescentou “seria demais, impossível que o desejado, implorado, explorado, esperado por tantas gerações fosse justamente ele, o da minha carne, o do meu sangue, da minha parentela, o de Nazaré?”. Isto porque, segundo ele, o precursor se vê “abandonado, solitário, à espera da morte”, e na dúvida envia de seus discípulos a Jesus para questioná-lo. Como resposta, Jesus pede que contem a João o que “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados”.

Feliz aquele que não se separa de Mim

Em sua homilia, o cardeal explicou que o que viram e ouviram era “o sinal inconfundível de que era Ele e não o outro”. Em suas palavras “Ele era a vida nova que estava por pulular em todas as partes”, e por isso era “feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim”. Dessa forma, escandalizar assume a compreensão de “não se separa de mim”. Porque, em Jesus, “uma vida nova, pois um reino novo, uma nova convivência. Tudo redimido, tudo transformado”, essas transformações é que tornavam visível a presença de Deus.

O arcebispo acentuou que esses sinais não eram os milagres que causam “admiração e estupefação”. E sim “do cuidado e do desvelo de Deus, a aproximação de Deus em dar olhos, em conceder liberdade, em dar corpos limpos”, como explicou o cardeal. A visita de Deus aos pequeninos e necessitados “os enche de vida nova, os renova, os liberta, os coloca de pé, eles caminham com os próprios pés, veem com os próprios olhos, ouvem com os próprios ouvidos, mas todos purificados e limpos”.

“É que vivem na purificação não própria. mas na purificação de Deus. Então, não necessitava esperar por o outro. Somente um Deus humanado poderia cuidar assim dos cegos, dos coxos, dos leprosos, dos surdos, dos mortos, dos pobres. Sim, João, sou eu, o da tua parentela, o filho de Maria José que você conheceu. Sou eu, aquele o esperado, implorado, desejado, ansiado por séculos. Sou eu, não precisas esperar por um outro” explicou o cardeal.

É a criança de Belém

O presidente destacou a beleza do texto apresentado da primeira leitura do Livro do Profeta Isaías “vida nova, parece tudo resplandecer, tudo brilhar, mas cheio de vida e de transformação”. Com a palavras do profeta, refletiu a quantidade daqueles que voltaram para casa curados “Os que o Senhor salvou voltarão para casa. Quantos voltaram para casa curados? Nos textos do Evangelho encontramos”. No retorno iam “a Sião cantando louvores com infinita alegria, brilhando os seus rostos, cheio de gozo e de contentamento, não mais a dor e o pranto. Vida nova, porque presença nova de Deus entre nós”. Essa percepção responde ao questionamento de João a sim mesmo sobre a pessoa de Jesus “Assim era ele, João não precisava esperar por outro”.

Hoje, queridos irmãos, queridas irmãs, queridos telespectadores, radiouvintes, Domingo da Alegria. Alegria pré-anunciada pelo profeta, alegre-se a terra que era deserta e intransitável. E não devemos nós esperar por um outro? E não estamos nós a esperar por um outro Deus? Talvez até gostaríamos que fosse um outro, um Deus mais forte, mais retumbante, mais guerreiro, resolvedor dos nossos problemas, mas não, é o homem de Nazaré, é a criança de Belém”, refletiu o cardeal.

Ele explica que o “nosso Deus” não corresponde a “um Deus dos meus sonhos, das minhas necessidades, um Deus dos meus pedidos e das minhas promessas”. O Deus de Belém é “próximo, aproximado de Belém, o Filho de Maria, o nosso Filho, carne da nossa carne, sangue do nosso sangue”. E por isso, na explicação do cardeal não “precisamos esperar por um outro, porque é Ele, como nós, não outro de nós, sendo totalmente diferente de nós”.

O arcebispo realça que é feliz aquele que acolhe o Menino de Belém “como um filho e que nele “encontra todos como irmãos e irmãs e não como inimigos. A nova humanidade pela encarnação, recordou o cardeal cintando Papa Francisco, convida a “reconhecer a sua promessa nos mais necessitados”. Dessa maneira, tem-se que “a fé toca a carne, transforma a vida de cada um”, o que implica preparar-se “segundo o Espírito da Palavra de Deus, permanecendo constantes até a vinda definitiva do Senhor”.

Rezar em família diante do Presépio

“Vermos e deixarmos-nos tocar por aquele que veio e por isso não necessitamos esperar por outro. Façamos em nossas casas, então, queridos irmãos e irmãs, um pequeno presépio. Se não tivermos um dinheirinho para um presépio, peçamos às crianças que façam um pequeno desenho, coloquem lá. E a família à noite, ao menos rezar uma Ave Maria. Ao menos rezar uma Ave Maria. para estarmos preparados e não precisarmos perguntar: ‘és tu ou devemos esperar por um outro?’”, insistiu para um aprofundamento da preparação para o Natal.

Por fim, pediu que a súplica das orações “nos confirme na esperança de uma nova humanidade, sem agressões, sem opressões, sem guerras, sem desumanidades, sem assassinatos”. E que também faço que todos reconheçam o Senhor “nos mais necessitados, nos mais frágeis, nos mais pequeninos”. E assim, que “nosso coração entre quase na ânsia de estarmos a caminho de Belém e vermos o que Deus reservou para cada um de nós. Vamos a Belém, irmãos e irmãs. Vejamos aquele que não é diferente de nós, o Emmanuel, o Deus conosco”.

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