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Autor: Emmanuel Grieco

52° Assembleia do Regional: compreender a atuação das Igrejas Locais

No segundo dia (16) da 52° Assembleia do Regional Norte 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), iniciou com a Celebração Eucarística na Capela São José. Em seguida, os participantes foram contemplados com uma Análise Conjuntura do cenário Global e a nível local: correlação de forças políticas, econômicas e religiosas. Um ponto fundamental para compreender atuação das igrejas locais. O discurso e a sociedade do cansaço Marcia Oliveira, professora da Universidade Federal de Roraima (UFRR), apresentou os cenários que movimentam os discursos mundiais e que fomentam diversas problemáticas sociais e pastorais. Destacando que no espaço digital se “reforçam crenças, filtros ou ideias divergentes” gerando que ela chamou um “processo de anestesia mental”. Ou seja, as ideias, o poder e como eles transformam as narrativas. “De comodismo da nossa capacidade crítica, né? De pensar e de mudar, de intervir em uma sociedade de forma mais direta, de forma mais incisiva, a partir da nossa capacidade de transformação”, explicou a professora. Em sua fala, fez memória de um diagnóstico presente em todas as dioceses que foi a questão do cansaço, “estamos cansados”. Este processo é uma expressão que corresponde ao modo de ser da sociedade desenvolvido na modernidade ocidental. Dessa forma, a ascensão da extrema direita no mundo como resultado da sociedade de cansaço que reflete a crise da Democracia. Cotidiano político e Ético Dr. Carlos Santiago, (OAB-AM), destacou a necessidade de construir uma composição política para se contrapor ao avanço do extremismo. Essa ideia, pode ser vista em diversas partes do mundo, mas também no Brasil. Do ponto de vista econômico, buscar acordos para avançar com o multilateralismo. Ele enfatizou que o papel do eleitor é entender que a “política se faz cotidianamente” e deve ser construída nos diversos âmbitos da sociedade. Pe. Geraldo Bendahan, coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Manaus, apresentou uma análise eclesial a partir do último censo. Neles constam uma diminuição do número de católicos. Mesmo com esse dado, a discussão abordou que “é possível trabalhar por uma Nova Evangelização que influencie a sociedade”. Ao comentar a exposição de Pe. Geraldo, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1, recordou que no passado o pensamento político e as decisões se baseavam em princípios éticos.  “Ética não é norma, é um horizonte que ajuda a fazer política.” E que ao deixá-la de lado “perdemos o horizonte.” Outro ponto acrescentando pelo arcebispo, foi quanto ao “modo como se usa esses irmãos”, ou seja, a forma como essa política exerce influência sobre a vida e organização da sociedade. Por isso é fundamental um “Evangelização mais sinodal, não tanto sacramental. Que é importante”, mas que precisa considerar a organização das comunidades amazônicas. A Solidariedade de Jesus e a Sinodalidade dos Mártires Durante a Celebração, Dom Tadeu Canavarros, bispo da Prelazia de Itacoatiara, destacou que Evangelho de hoje “nos sinaliza solidariedade. E aí toda a cidade se move em solidariedade a esta viúva. E Jesus não é diferente, se solidariza com ela. Porém, Jesus é movido de uma outra questão mais profunda que a solidariedade, a compaixão. Compaixão é, de fato, algo profundo do coração. Por que não dizer das vísceras? Jesus se aproxima, toca e restitui o Filho a nós”. Ao contextualizar com a Assembleia, destacou que “nós cada vez mais queremos nos aproximar de nossas realidades do regional, das nossas igrejas, tocar, como que nos envolver cada vez mais na realidade que é o nosso regional” e para isso olhar o exemplo dos \mártires que trabalharam de “maneira sinodal, na sinodalidade para enfrentar os desafios da sua época” e no Regional “juntos, não simplesmente olhar a realidade, mas aproximar-se, tocar e restituir, para que a vida realmente seja plena”. Ao final de sua reflexão, fez memória do grave acidente com as Carmelitas de Santa Teresinha, onde perderam a vida a Madre Geral, mais alguns conselheiros, na Tanzânia. E o aniversário natalício de Dom Elói, que foi bispo na diocese de Borba.

Dom Altevir para 52° Assembleia do Regional: “Grande momento de participar”

O Regional Norte 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB NORTE 1) inicia nesta tarde (15), sua 52° Assembleia. Dom José Altevir da Silva, Secretário do Regional, comentou as expectativas para o encontro que visto é como um “grande momento, porque a Assembleia do Regional é a única regional que não é a Assembleia, realmente, dos bispos, mas com a participação de todas as lideranças que são enviadas de Dioceses e Prelazias”. Nessa perspectiva, destaca a importância do Sínodo da Sinodalidade. Tendo em vista que ele “possa contribuir conosco, assim como também as próprias diretrizes que estão realmente a caminho, contribuir para que nós possamos formar também, ir construindo a nossa diretriz do próprio regional”. “Essa é uma grande expectativa que nós temos. E ajuda a participação de todos, a comunhão, a participação, a missão brotada em nossas igrejas locais, é a grande ferramenta para que essa Assembleia, como as demais, traga realmente seus frutos de uma verdadeira sinodalidade”, afirmou. A Igreja na Amazônia é Sinodal O Bispo de Tefé também enfatizou que “A igreja na Amazônia é uma igreja totalmente sinodal, porque ela vive do caminhar juntos.” Isto porque “Ninguém na Amazônia pode sobreviver sozinho. Por isso, nós vivemos da sinodalidade.” A sinodalidade presente nas dioceses e prelazias do Regional “E agora, especialmente com essa reflexão do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está, de fato, diretamente presente nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, que está já na sua fase final para aprovação. Então, a gente percebe que a Igreja na Amazônia confirma cada vez mais a vivência sinodal dentro do seu trabalho, dentro da evangelização, desde os tempos primórdios”, explicou.

Grito dos excluídos 2025: “Mostrar a realidade em nome do Evangelho”

“Mostrar a nossa realidade porque ela precisa ser transformada e o fazemos em nome do Evangelho”. Foram as palavras do Arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB NORTE 1), cardeal Leonardo Steiner, em agradecimento a todos os participantes do 31º grito dos excluídos e excluídas. O evento aconteceu ontem, 05/09, na avenida Alphaville, às margens do igarapé do Mindú, zona norte da cidade. Uma sociedade mais justa Pensar a vida em primeiro lugar contribui “para termos uma sociedade mais justa, mais fraterna, possamos conviver na Casa Comum e termos um regime que seja cada vez mais democrático”, explicou o cardeal. Por isso, é necessário organização das comunidades, pastorais e movimentos, já que a sociedade brasileira vive um momento de tensão que se reflete nas dinâmicas sociais do país. A caminhada pelas ruas da cidade reforça a atuação da Igreja nas questões sociopolíticas que influenciam diretamente a vida da população. É uma forma de manter vivo o profetismo em meio aos desafios da urbanidade e das constantes ameaças a Casa Comum e a democracia. Dessa maneira, o grito é também por aqueles que não estão presentes, mas que são afetados pelas injustiças. Daí a ênfase na temática do Plebiscito Popular por uma Jornada de trabalho justa sem redução de salário, pelo fim da escala de trabalho 6×1 e por uma tributação fiscal justa com a taxação dos mais ricos, que ganham acima de R$ 50 mil mensais, e isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Uma proposta que beneficiará trabalhadores e trabalhadoras. Gritos de denúncia e esperança Neste ano, a igreja convida todos a serem Peregrinos da Esperança. Por isso, a denúncia das constantes violações às populações vulneráveis, como é caso do massacre do rio Abacaxis, símbolo de resistência das comunidades indígenas e ribeirinhas contra a impunidade e a violência estatal na região continuam atuais. Além de fazer memória a tantas outras vidas ceifadas por interesses particulares dos poderosos. Quanto à Casa Comum, a insistência de recordar a Aliança Interinstitucional em vista da despoluição e saneamento dos igarapés de Manaus,“Água e lixo não combinam”, comunica o desejo de caminhar juntos na construção de uma cidade onde todos se sintam responsáveis e comprometidos com todas as formas de vida. Na tentativa de uma novo modelo de relações onde homens e mulheres se reconhecem como natureza.  Outras temáticas como a violência contra mulheres, quilombolas e a população negra também tiveram destaques, ampliando as vozes que muitas vezes não encontram espaço de fala. A mobilização popular, organizada pela Arquidiocese de Manaus, reuniu lideranças das Pastorais Sociais, Redes, Coletivos e Organismos, agentes de pastorais das Regiões Episcopais, padres, diáconos e a comunidade Religiosa que atuam na cidade.

Missiologia: “A dimensão da Esperança no Chão da Amazônia”

“A dimensão da Esperança no Chão da Amazônia a partir da Missão da Igreja” foi o tema que norteou o II Simpósio de Missiologia e III Semana Filosófica e Teológica. Um espaço para refletir, partilhar e aprofundar as dinâmicas da missão Evangelizadora. Organizado pela Faculdade Católica do Amazonas, o Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE NORTE 1) e o Seminário Arquidiocesano São José. Responsabilidade missionária O Arcebispo de Manaus e Presidente do Regional Norte 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Leonardo Steiner, esteve presente na segunda noite do evento e interpelou os presentes “E qual é a nossa missão? A missão aquela que Jesus nos confiou. Nós não estamos inventando, nós somos uma herança. Nós recebemos uma herança missionária. E essa minha herança missionária diz no texto de Marcos: ‘Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda a criatura!’ (Mc 16,15)”. Em suas palavras “a herança de missão que não é uma herança dada aos bispos, aos padres. Não, é uma herança que todos nós recebemos”, explicou. Esta afirmação faz com que “especialmente agora que o Papa retomou a questão da Sinodalidade, de irmos pensando que todos nós temos uma responsabilidade missionária“. As muitas Amazônias Na primeira noite, Pe. Matheus Marques, pároco Área Missionária São João Paulo II, conduziu a conferência de abertura com a proposta de “Os caminhos da Missão da Igreja na Amazônia: Memória e Esperança”, em sua fala destacou a complexidade desses caminhos, visto que “são muitas as Amazônias” seja do ponto de vista geográfico que se estende para além do território brasileiro, seja pela Amazônia que está no Brasil que também é diversa. Dando seguimento, explicou que os dados apresentados são muito situados. Falam a partir de “uma expressão da Amazônia” que é o Regional Norte 1, a Arquidiocese de Manaus. Marques afirma que existe “uma história em comum, que essas Amazônias, ou que a região amazônica participa”. O recorte feito pelo conferencista, abrange o período da romanização, porque, segundo ele, é possivelmente “um período formador de identidade, ou que quis ser, ou que se propôs ser, formador de uma identidade eclesial” até “uma possibilidade de amazonização da igreja”. As comunidades gestam testemunhos missionários Ir. Carmelita, da Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), expressou que, ao fazer memória de sua história de vida, percebe seu chamado à vocação missionária aconteceu num processo marcado pela “mão de Deus”. Afilhada de missionários ativos na região de Eirunepé, onde ela nasceu, vivenciou uma infância “ligada à igreja, às coisas da igreja, toda essa movimentação de interior” comum das regiões amazônicas. Ao mudar-se com família para Manaus, conheceu os padres e as irmãs Agostinianos que eram “muito dinâmicos”. Nessa perspectiva, o colégio e a proximidade com a Igreja de Santa Rita permitiu que crescesse e fecundasse aquela semente da vocação missionária, explicou. E fez memória de dois nomes, Ir. Cleusa e Frei Laurindo, e da convivência na paróquia, onde descobriu a existência das missões. Em relação aos desafios, abordou a adaptação entre a agitação da comunidade paroquial e a rigidez da educação salesiana. E também de discernir o sonho da vida religiosa em meio as agitações sociais que o país vivia. Além disso,  destacou e a dificuldade em deixar a família e que trabalho desenvolvido no bairro, na morada “aliviou para que pudesse entrar e caminhar” junto à congregação. O diálogo com paradigma missionário Na Querida Amazônia, Papa Francisco apresenta a realidade existente na região “Numa Amazônia plurirreligiosa, os crentes precisam de encontrar espaços para dialogar e atuar juntos pelo bem comum“. Esse cenário aponta para a necessidade de pensar o Ecumenismo e o Diálogo inter-religioso. Dom Hudson, bispo auxiliar de Manaus e Diretor Acadêmico da faculdade, junto ao Prof. Dr. Pe. Ricardo Gonçalves permearam essa realidade por meio da conceituação dos termos e condução feita pela Igreja ao longo dos tempos. “Aprofundar como esta temática, este diálogo, está presente em vários documentos da Igreja, nos ajuda a vivenciar, refletir a vida de Jesus, que também foi uma vida de diálogo com outras realidades, com outros contextos diferentes deste. Então agradecemos e diria que as palavras-chave dessas colocações, muito profundas, que nos ajudam a entender a visão ampla da missão é a palavra diálogo, a palavra paz, a palavra unidade, a palavra diversidade. E tudo isso nos convida a uma abertura a uma compreensão e a uma corrida nesse mundo”, resumiu Ir. Rosana Marchetti, Missionária da Imaculada. O Cardeal Steiner refletiu que “esse modo aguerrido de às vezes combater o Ecumenismo e o diálogo inter-religioso” parece vir daqueles que “não conseguiram perceber o fundo da Fé. Eles acham que eles é que têm fé e não percebem que a Fé que nos têm“. e por esse motivo “talvez não compreendam a grandeza e a profundidade, e por isso não conseguem ver que existem outras possibilidades de uma relação com Deus. Existem outras maneiras de chamar Deus de Pai. Existem outras maneiras de se sentir filho e filha de Deus”, explicou. A dinâmica das cidades e a ação missionária da Amazônia urbana Os painéis temáticos do 2° dia do Simpósio abordaram a “Pastoral Urbana: Sinais de Esperança nas periferias geográficas e existenciais”, ministrado pelo Secretário Nacional da Pontifícia União Missionária (PUM), Pe. Rafael Lopez, e “As dinâmicas de atuação da Infância e Adolescência Missionária (IAM) na Igreja”, apresentado pela assessora da IAM, Merci Soares. Pe Rafael apresentou que “a pastoral urbana é ação missionária realizada no ambiente urbano em uma ‘Igreja em saída’ com as portas abertas, indo ao encontro das pessoas e realidades”. E também que seus desafios são reflexos do modo como as cidades estão organizadas: a vida acelerada, diversidade cultural, desigualdades sociais, pluralismo religioso, anonimato, violência, exclusão, novas formas de comunicação e modos de viver a fé. A experiência vivida pela IAM também se depara com a realidade da Pastoral Urbana nas periferias geográficas e existenciais. Merci fez memória de que em muitas situações falta aquilo que “não é só material, mas é também material, que é preciso”. Isso porque não…
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31° Grito dos Excluídos e Excluídas: “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia”

O Cardeal Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus e Presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participou da coletiva de imprensa do 31° Grito dos Excluídos e Excluídas 2025 que acontecerá no dia 05 de setembro com o tema “Vida em primeiro lugar” e o lema “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia”. O arcebispo reforçou que o Grito quer “refletir, discutir e proclamar o cuidado da Casa Comum e da Democracia, porque sempre tem um fundo, um horizonte que guia essas expressões que é a vida em primeiro lugar” e também que “é um privilégio morarmos aqui, é um privilégio morarmos numa região aonde nós ainda podemos apreciar a natureza no seu nascer.” Imposição de grupos de interesse Mas essa perspectiva se contrapõe já que “vemos e nos preocupamos porque a natureza cada vez mais é destruída e com projetos que estão no Congresso Nacional, nós veremos que a destruição acontecerá ainda mais, especialmente se for aprovada a mineração em Terras Indígenas”, como destacou o cardeal, principalmente pela dificuldade em demarcações das Terras Indígenas. Steiner também questionou se “os deputados e senadores, deputadas e senadoras permitiriam a mineração nas próprias terras, mas como a terra dos outros, como se trata de terras indígenas, então pode” o que situa a democracia em um espaço de “imposição de um determinado grupo de pessoas, com interesse, especialmente as empresas mineradores”. Ele enfatizou que o desejo desse grito é “trazer a vida em primeiro lugar, sempre a vida em primeiro lugar”, destacou que hoje “é possível perceber a nossa visão é mais larga quando falamos da vida” e dessa maneira falamos “da vida humana, da vida da natureza, da vida das nossas relações por isso também falamos da vida democrática” que também “corre perigo” ainda que nossas “instituições tenham funcionado, mas nós temos diversas dificuldades em relação à democracia” Cuidado da Casa Comum é fundamento da dignidade “A vida com seu valor, com a sua dignidade, com seus direitos e a necessidade do cuidado e a casa comum é fundamental para que a vida tenha dignidade, por isso a gente grita” foi o destaque feito por Pe. Alcimar Araújo, Vice-Presidente da Cáritas Arquidiocesana de Manaus, justamente para que no “processo democrático garantir aquilo que é o direito da natureza, o direito dos povos” e “a democracia nos possibilita isso: manifestar as nossas opiniões, nos organizarmos e com o coletivo, com força organizado podermos pressionar os governos” Ele insistiu que “na democracia se não há participação popular, há controle dos grupos de interesse do congresso” e que “a representação massiva do congresso não é uma representação Popular, mas a representação de grupos organizados do agronegócio, mineradoras, bancos, dos empresários, assim por diante.” Esses mesmos grupos “financiam campanhas para defender os seus direitos e nós muitas vezes como população os elegemos”, explicou. Disse também que “precisamos fazer a nossa parte porque a democracia não é só votar e deixar que eles trabalhem, a gente precisa participar, é preciso caminhar para uma democracia participativa em que a sociedade tenha consciência do seu papel, da sua responsabilidade para com as questões sociais” principalmente “porque uma vez que a gente não cuida daquilo que é o comum, algumas pessoas vão sofrer bastante”. Um Grito sobretudo de Esperança O coordenador de pastoral da Arquidiocese de Manaus, Pe. Geraldo Bendaham, comentou que “se nós gritamos, se tem um grito é porque tem dor, a gente pode gritar de alegria, mas fazer esse grito dos excluídos é por causa da dor, a dor é pessoal, é comunidade, mas é também social, sobretudo a dor é ecológica. O grito é para mostrar a sociedade, para o mundo que estamos muito preocupados, temos que demonstrar a nossa indignação com tudo que tá acontecendo”.  Em sua fala conduziu os presentes a se perguntarem se “está tudo bem com a nossa sociedade? com o nosso mundo?” e respondeu com a negativa “não tá bem, não tá bem economicamente, não tá socialmente, não tá bem ecologicamente” e convidou a “não ficar nesse pessimismo, em catástrofe” e que se faz necessário “manter a esperança, por isso que o grito é também de Esperança, nós temos a esperança no agora, no presente, de que esse grito também nos ajude para que as presente e futuras gerações possam ter um mundo melhor, sem lixo nos igarapés, por exemplo.” Na coletiva foram apresentadas as seguintes datas: no dia 29/08 será o lançamento da campanha “Água e lixo não combinam” em favor da despoluição e saneamento dos igarapés de Manaus, com a participação de 40 entidades públicas e privadas que serão convidadas para assinatura de uma Carta Compromisso, Parque do Mindú, às 15h. E no dia 05/09, às 15h, na rotatória do Novo Aleixo, Alameda Alphaville, e segue em direção ao Parque dos Gigantes.

Formise Regional reúne seminaristas para refletir sobre missão presbiteral na Amazônia

O Seminário Arquidiocesano São José, em Manaus (AM), acolheu, na segunda-feira, 4 de agosto, o Formise Regional, um encontro promovido pelo Comise Labontè (Conselho Missionário de Seminaristas) com o objetivo de aprofundar a consciência missionária dos futuros presbíteros da Igreja na Amazônia. O evento teve início com um momento oracional, reunindo seminaristas em espírito de oração e comunhão. A programação contou com a presença marcante da Irmã Regina da Costa Pedro, religiosa das Missionárias da Imaculada (PIME) e atual diretora das Pontifícias Obras Missionárias (POM) no Brasil. Igreja em Saída encarnada na realidade Durante sua fala, Irmã Regina provocou os participantes a refletirem sobre o tema: “As provocações do CAM 6 para a vida missionária dos presbíteros da Igreja da Amazônia: como responder aos desafios atuais da missão a partir da vocação presbiteral?” A partir dos apontamentos do 6º Congresso Americano Missionário (CAM 6), ela destacou a urgência de uma Igreja em saída, encarnada nas realidades do povo amazônico e comprometida com a evangelização integral, que una fé e compromisso social. Escuta sensível, proximidade e disposição A religiosa ressaltou que a vocação presbiteral, especialmente no contexto amazônico, exige uma escuta sensível, proximidade com as comunidades e disposição para enfrentar os desafios impostos pelas distâncias geográficas, pelas vulnerabilidades sociais e pela pluralidade cultural da região. O encontro se configurou como um espaço de formação, partilha e fortalecimento do compromisso missionário, reafirmando o papel dos seminaristas como protagonistas de uma Igreja viva e atuante na Amazônia. Ao final da atividade, os participantes expressaram gratidão pela oportunidade de refletir sobre a missão à luz dos apelos contemporâneos da Igreja, renovando o desejo de seguir o chamado presbiteral com ardor missionário e fidelidade ao Evangelho. Seminarista Lucas Santos Maia (Diocese de Roraima) – Assessor de Comunicação do Comise Labontè

Cimi lança Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil: “estar ao lado daqueles que mais precisam”

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou nesta segunda-feira, 28 de julho, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2024, que retrata os diversos tipos de violência e seus responsáveis. O relatório analisa as violências e violações praticadas contra os povos originários no Brasil, divididas em três seções: violência contra o patrimônio indígena, violência contra a pessoa e violência por omissão. O evento iniciou com rituais dos povos Guarani Kaiowá, Patoxó e Tubinambá.   A Igreja ao lado dos que mais precisam O Arcebispo de Manaus e presidente do Cimi, Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou saudando e agradecendo a todos e a todas os presentes no “momento importante do Cimi, mas, especialmente, dos Povos Indígenas que é o lançamento do relatório 2024 e que há muitos anos vem apresentando”. Saudou também os “irmãos e irmãs indígenas, representantes de tantos povos, os missionários e missionárias do Cimi” e agradeceu a Dom Ricardo Hoepers, pela oportunidade de fazer o lançamento na sede da CNBB e explicou que a ligação com a CNBB expõe que “nós somos uma expressão da Igreja do Brasil que deseja viver o Evangelho, estar do lado daqueles que mais precisam”. Antes da apresentação dos dados do relatório, o presidente ressaltou que ele “é a oportunidade visibilizarmos o lento extermínio dos povos indígenas” não tanto em “número de pessoas, mas de culturas, de línguas, da presença dos primeiros habitantes, é uma continuação de 1500, uma continuação até os dias de hoje”. O arcebispo fez um recorte onde analisa que ao “olhar a história do Brasil, nós não vamos encontrar nos nossos manuais, os ataques, as mortes que os povos indígenas sofreram durante a história desde mil e quinhentos. Nós não vamos ouvir dizer que os Goianos não existem mais. Nós não vamos ouvir dizer que os Manaós não existem mais”. Processo contínuo de luta E continuou afirmando que esse processo continua, mesmo com a luta povos indígenas “que lutaram e foram mortos, desapareceram” e a luta hoje permanece “seja nas praças de Brasília, seja nas aldeias. Seja onde for, sempre de novo recordando quem são e recordando os direitos constitucionais que têm.” O Cardeal Steiner esclareceu que “esse relatório nos ajuda a conscientizar a sociedade brasileira, especialmente em relação ao Marco Temporal” e  também que “nos ajude e que nós, como Cimi, possamos continuar a servir para que os nossos irmãos indígenas, os povos originários tenham seus direitos respeitados, direitos constitucionais respeitados e tenham casa, o seu espaço, o seu lugar. Se nós continuarmos como estamos, nós não daremos chance a tantos pequenos povos que existem, eles desaparecerão, o que nós chamamos de povos isolados”. Aproveitou para expressar gratidão pelos relatórios e dados enviados “quantas pessoas nos ajudaram, quanto esforço para a elaboração desse relatório” porque, nas palavras do presidente, “é um registro da história, se torna um documento” e disse que assim como os anteriores, será enviado para o Papa “que tem uma sensibilidade tão grande para a questão indígena, ele fala corretamente a língua do povo Quechua com quem trabalhou, esteve junto” e que ele perceba “as nossas necessidades e vá nos ajudando com as suas orações mais também com o seu testemunho e a sua palavra”. O Marco Temporal e crescimento dos conflitos Um dos destaques do relatório de 2024 são os reflexos do primeiro ano sob vigência da lei 14.701/2023, conhecida como Lei do Marco Temporal, que fragilizou os direitos territoriais indígenas. As restrições impostas pela Lei 14.701 resultaram numa demora ainda maior na demarcação de terras indígenas e, consequentemente, num aumento de conflitos territoriais. Por este motivo, 2024 foi, também, um ano marcado pela violência contra comunidades indígenas em luta pela terra. Outra abordagem contemplada é sobre as ameaças aos povos indígenas em isolamento voluntário no país e artigos com reflexões sobre temas ligados aos dados sistematizados na publicação, como racismo contra povos indígenas, a política indigenista brasileira sob a ótica orçamentária e a luta por justiça, os direitos indígenas no sistema de justiça criminal e a luta por justiça, memória e verdade acerca das violações de direitos dos povos indígenas. A união de vozes pela causa indígena Participaram do lançamento lideranças indígenas, representantes da CNBB, do Cimi e organizações parceiras da causa. Dos quais, o cacique Felipe Mura, do Amazonas, que denunciou com firmeza a atuação da empresa de potássio do Brasil na região de Autazes. O cacique Alvair Pataxó, da Terra Indígena (TI) Barra Velha, na Bahia; Ifigênia Hirto, liderança Guarani Kaiowá da TI Panambi Lagoa Rica, em Mato Grosso do Sul, destacando a resistência das mulheres mesmo diante de constantes embates, ameaças e intimidações ocorridos na retomada; e Roberto Antonio Liebgott, um dos organizadores do relatório. O relatório completo pode ser baixado no site do Cimi: https://cimi.org.br/2025/07/relatorioviolencia2024/

Ordenação de Michel Carlos da Silva: “Ministério Diaconal é Encarnação”

Na manhã desde sábado, 26/07, a Arquidiocese de Manaus acolheu, com muita alegria, pela imposição das mãos do Bispo Auxiliar, Dom Zenildo Lima, seu mais novo diácono, Michel Carlos da Silva, que escolheu como lema “O verbo se fez Carne e habitou entre nós” (Jo,1 14), A celebração aconteceu na Comunidade São Paulo Apóstolo, Área Missionária São João Paulo II, bairro Jorge Teixeira. Dom Zenildo iniciou a celebração dizendo que “a comunidade está em festa,toda a nossa Igreja de Manaus!” e enfatizou que a Igreja de Manaus é “uma Igreja ministerial”. Ele convidou para que a “Eucaristia enriqueça a nossa experiência de Igreja, que se faz carne e arma a sua tenda no meio das pessoas, no meio desta Amazônia, que essa Eucaristia renove a nossa disponibilidade para o serviço, nos diversos ministérios que se reúnem nesta celebração, que essa Eucaristia faça bem a todos nós” reforçando a ideia do lema escolhido. A solicitude do ministério é reflexo da comunidade Em sua homilia, insistiu que a solicitude é uma “ação tão urgente, tão necessária, tão essencial pra esses tempos de referencialidade com o risco de ministérios e ministros que pensam em si mesmo e a partir de si mesmo” e seguiu dizendo que a Igreja pede que “seja um ministério de solicitude, que seja um ministério de mansidão”. E aproveitou para recordar que “vivemos tempos violentos, vivemos tempos intolerantes, tempos de serviços que mais do que amenizar as dores do povo parecem impor pesos maiores e insuportáveis”. E novamente pediu um “ministério de mansidão,e um ministério na constância na intimidade com Jesus”. Dom Zenildo disse também que o pedido para esse ministério a ser “vivenciado, conferido, entregue e exercido pelo Michel é um reflexo da vida da comunidade. A gente não reflete só o ministério da pessoa, do indivíduo, do sujeito, a gente reflete também a vida ministerial da comunidade e a Palavra que vai nos ajudar a gente compreender essa vida, essa identidade comunidade essa identidade do ministério.” A Palavra plenifica a identidade comunitária O presidente da celebração conduziu os presentes a pensar que na Palavra encontramos experiências que ainda permeia nosso tempo “É uma comunidade com uma realidade de diversidade. tem gente de todos os lugares, de todas as origens, de todas as experiências precedentes que agora estão fazendo parte da comunidade como as nossas comunidades que foram frutos de processos de ocupação, de pessoas que vieram de tantos lugares, tantos bairros diferentes, de tantas histórias diferentes.” Destacou que há pessoas de um percurso de experiência religiosa anterior e que se aproximaram “da vida da comunidade: tem gente pequena, tem gente pobre, tem mulheres, tem pessoas estrangeiras na comunidade”, e por isso “nascem conflitos por causa dessa diversidade as pessoas mais pobres, as mulheres, as viúvas”. O sentimento é de que “estão sendo deixadas pra trás porque existe uma ocupação, uma preocupação, uma atenção maior da comunidade”. Um ministério em direção aos pequenos O Dom Zenildo explicou que no texto o “drama e o conflito que se apresenta na comunidade não se resolve com a tentação de tornar todo mundo igual, uniformidade. A comunidade busca respostas diferentes. Recorre a autoridade dos doze” e eles “respondem com os sete, não mais os doze, mais os sete. Essa resposta, segundo o bispo auxiliar, nos aponta que “o ministério se abre na direção dos pequenos dos pobres, dos estrangeiros. A Igreja sempre costuma se afirmar a partir dos doze da sua solidez”, mas também que “se construiu a partir dos sete, da missionariedade, da disponibilidade, do tornasse Igreja em saída” alicerçada sobre a experiência dos doze, mas também na experiência dos sete porque que “vai ao encontro de pessoas”. A Vocação como força e inspiração para as comunidades Dom Zenildo questionou como a comunidade encontra esta inspiração, força e respostas? E respondeu que “a comunidade invoca o Espírito de Deus. Para que o Espírito suscite respostas” e acrescentou que “os ministérios são sempre respostas do Espírito para as necessidades que aparecem no seio da comunidade.” E continuou afirmando que “a ordenação do Michel hoje é fruto de um processo vocacional, pessoal, comunitário. É fruto de uma caminhada de formação presbiteral, que envolve o seminário, casas de formação, mas é também uma resposta do Espírito pra esses tempos que nós estamos vivendo”. Ministério Diaconal é Encarnação Retornado ao lema escolhido, do evangelista São João, o bispo disse que “mostra a realização Deus de modo muito aproximado. O Verbo se fez Carne e habitou entre nós” e essa e a “compreensão do amor de Deus”, que é falar do ministério “como participação desta escolha de Deus, de realização da proximidade de Deus” e completou que o “Ministério Diaconal é Encarnação”. Ele ressaltou que o “Ministério Diaconal faz parte desse processo encarnatório que começou com a palavra de Deus e que é continuado pela Igreja, Igreja também se faz carne, ministério é encarnação da igreja, Michel você se faz carne”. Dom Zenildo desejou que a “palavra amorosa de profecia, de promessa de Deus se transforme no teu serviço na vida das pessoas” e disse também que “a grande inspiração, a grande realização ministerial, de serviço a grande realização desta encarnação é Jesus Cristo”. Explicou que nossa compreensão do Ministério do Diácono passa pelo horizonte dos serviços: da palavra, da pregação, da animação bíblica, da liturgia, do cuidado do altar, da mesa, da promoção humana, da caridade e que isto “é próprio da encarnação”. Retomou o texto da primeira leitura onde os diáconos “tinham diante de si um problema, uma situação de carência do povo, daquelas mulheres, daquelas viúvas” reafimando que o diaconato “é um trabalho, de Palavra, é Trabalho de mesa, é trabalho de compaixão humana, de encarnação e a gente se inspira sempre na pessoa de Jesus, o Verbo que se faz Carne. A vida de Jesus, o ministério de Jesus é um ministério de realização da promessa do Pai, da palavra do Pai. A vida de Jesus é um ministério de serviço à mesa.” Presença na realidade concreta das pessoas No…
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1° Nortão de Catequese: o caráter querigmático e mistagógico da Catequese como folêgo da Evagelização

De 24 a 27 de julho de 2025, em Castanhal, no Pará, acontece o 1° Nortão de Catequese, com o tema: Iniciação à Vida Cristã na Amazônia: Anúncio, Mistagogia e Ecologia Integral. A reflexão busca oferecer elementos para as Igrejas Locais em seus processos catequéticos, fortalencendo a pluralidade da idetidade amazônica. Representação do Regional Norte 1 O evento contará com a presença do Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, 23 catequistas, 2 irmãs Consagradas e 2 padres das dioceses de Parintins, Alto Solimões, São Gabriel da Cachoeira, Borba, Roraima, Coari, Prelazia de Tefé e Arquidiocese de Manaus. Dentro dos 5 painéis, nosso regional apresentará 3: Catequese Ribeirinha (Diocese de Parintins), Catequese Indígena (Diocese de São Gabriel da Cachoeira) e Catequese Urbana (Arquidiocese de Manaus), partilhado nossas experiências. Chegada dos participantes Padre Jânio Negreiros, do clero da Diocese de Parintins e coordenador de catequese do Regional Norte 1, expressou a expectativa dos participantes “com muita alegria que nós assim acompanhamos esse início e da chegada dos das nossas catequistas, assessores da catequese, dos nossos bispos, dos conferencistas, dos que vão conduzir as oficinas as e também os painéis”. Destacou também a Catedral de Castanhal como “lugar extraordinário de convivência”, visto que ela é “toda pensada no aspecto bíblico” e é como “um ver a bíblia desenhada, expressada nas paredes” e “toda sua estrutura pensada dessa forma” favorecendo um “ambiente acolhedor” e aumentando a “expectativa dos nossos catequistas”. Novo olhar para catequese na Amazônia O evento reunirá aproximadamente 500 catequistas, juntamente com as religiosas e religiosos, padres, diáconos e bispos que estarão juntos tratando das diversas temáticas e desenvolvendo o tema geral. O coordenador enfatizou que isto traz um “novo olhar para uma realidade em nossa Amazônia”. O padre explicou que o encontro acolhe “todos os regionais do Norte para esse momento realmente inaugural, inicial” de algo que “foi pensando pelos nossos bispos no ano passado, em agosto, e assim foi levado adiante essa preparação” e culminou “para vivenciar esse primeiro momento”. Por fim, padre Jânio manifestou que o evento “é algo de grande significado pra nossa catequese na nossa região amazônica”. E por isso “queremos que seja um encontro de partilha, de aprendizado e que possa trazer realmente um fôlego para Evangelização”. E “especialmente para o processo inicial da fé das nossas crianças, adolescentes e adultos que estão no processo de Iniciação à Vida Cristã e também o trabalho pastoral, bíblico dentro das nossas pastorais e movimentos de nossas prelazias, dioceses e arquidioceses”. As temáticas das quatro conferências serão: “A Igreja deve crescer na Amazônia (QA, 66): Querigma, um anúncio de Esperança“, (Cardeal Leonardo Steiner,OFM); “Aceitar corajosamente a novidade do Espírito (QA, 69): Fundamentos para catecumenatos amazônicos”, (Victor Paiva, OFS); “Cuidar da Amazônia (QA, 51): Catequese a serviço de uma ecologia integral” (Moema Miranda, OFS); e “A este mundo, só a poesia poderá salvar (QA, 46): A literatura na transmissão da fé”, (Dom Antônio Fontinele), respectivamente, e finalizará com a peregrinação Jubilar até a Igreja Catedral.

PL da Devastação é aprovado no Dia Nacional de Proteção às Florestas

Na madrugada desta quinta-feira (17/07), o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei n° 2.159/2021, Lei Geral do Licenciamento Ambiental, o PL da Devastação. Contrariando todo o discurso de protagonismo ambiental do Brasil, a Câmara de Deputados opta pelo enfraquecimento das leis ambientais do país. A decisão ocorre no dia em que o país celebra a importância da preservação das matas nacionais e internacionais. Esta opção, revela uma dinâmica de interesses e contraria às inúmeras frentes  de participação popular que buscam a mitigação dos efeitos na mudança do clima. O Paradigma ético do Cuidado com a Casa Comum Na carta encíclica Laudato Si’, sobre o Cuidado da Casa Comum, Papa Francisco expõe que os “poderes econômicos continuam a justificar o sistema mundial actual, onde predomina uma especulação e uma busca de receitas financeiras que tendem a ignorar todo o contexto e os efeitos sobre a dignidade humana e sobre o meio ambiente. Assim se manifesta como estão intimamente ligadas a degradação ambiental e a degradação humana e ética” Nossos representantes políticos partilham dessa mesma perspectiva, e a recente aprovação do novo Marco do Licenciamento Ambiental escancara a ideia de distanciamento entre homem e natureza e expõe a necessidade de refletirmos decisões pelo horizonte do cuidado, Francisco também explicita isso ao dizer que o “crescimento econômico tende a gerar automatismos e a homogeneizar, a fim de simplificar os processos e reduzir os custos.” E segue dizendo que “é necessária uma ecologia econômica, capaz de induzir a considerar a realidade de forma mais ampla. Com efeito, «a protecção do meio ambiente deverá constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não poderá ser considerada isoladamente».[114]” Diálogo e transparência O Brasil se prepara para Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro, onde estarão reunidos líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil para discutir as mudanças no clima.  Na encíclica, o papa reforça que “Se a informação objectiva leva a prever um dano grave e irreversível, mesmo que não haja uma comprovação indiscutível, seja o projecto que for deverá suspender-se ou modificar-se.” A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já havia se unido a diversas organizações da sociedade civil, movimentos sociais, comunidades tradicionais e povos originários para denunciar que o projeto desmonta mecanismos essenciais de controle e prevenção de danos socioambientais. A denúcia como dinâmica de cuidado É necessário retornamos ao cuidado, num resgaste ontológico, manifestando-o concretamente no cotidiano. Cuidado para com a cidade, com tudo, para com todos. De refletirmos o modo de ser ético que cuida. Ético porque se incorpora na emergência daquele que necessita. Hoje impera a dicotomia que divide a natureza e ser humano, floresta e cidade. E isto, é retirar da essência humana mais profunda: seu pertencimento ao ambiente natural. Francisco é claro ao convidar “a um debate honesto e transparente, para que as necessidades particulares ou as ideologias não lesem o bem comum” Este é o momento de acrescentar ao cuidado o posicionamento de denúncia, de confrotar as dinâmicas de morte, de enriquecer os processos educativos que permitam ao ser humano abandonar o sujeito de consumo, que submete tudo a uma uniformidade egoica e desgastante, e construir o sujeito ecológica capaz de reconhecer o todo nas partes e se reconhecer como parte do todo. O texto, aprovado com 267 votos, será enviado para análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pode sancionar ou vetar.