Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Blog

Um Papa despojado, servidor, semelhante aos homens

O hino de Filipenses 2:5-11 poderia ser considerado um bom termômetro a ser usado pelos 133 cardeais que, na tarde de quarta-feira, 7 de maio, às 16h30, entrarão na Capela Sistina. Na tarde de terça-feira, eles terão que estar na Casa Santa Marta, isolados do mundo exterior, para o qual é proibido qualquer dispositivo que permita a comunicação com o mundo exterior. Os quartos e a bagagem dos purpurados serão revistados. Um Papa despojado O propósito é eleger o sucessor de Pedro, mas também, e ninguém pode se esquecer disso, o sucessor de Francisco. No último pontífice, podemos dizer que as palavras de Paulo aos Filipenses se tornaram realidade: “Ele se esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens”. Alguns de seus amigos, quando o encontraram, comentaram que haviam estado com Jorge. Uma maneira de se referir ao Santo Padre que de forma alguma desmerecia o que ele era, o Sumo Pontífice, embora ele mesmo gostasse de ser considerado o Bispo de Roma. Francisco foi um Papa de sinais, com muitos detalhes que deveriam ser levados em conta por seu sucessor. Esses detalhes sempre tiveram grande aprovação dentro do catolicismo e entre muitas pessoas que não eram católicas ou não tinham uma prática religiosa frequente. Embora alguns possam pensar que tinha uma forte oposição, foram poucos os que pensaram dessa forma, embora seja verdade que eles tinham poderosos instrumentos de difusão de suas teorias na mídia, especialmente nas redes sociais. Os sinais de Francisco Seus sapatos, suas roupas litúrgicas, sua maneira de se comunicar, não apenas com as palavras, mas também com os gestos, a maneira como se vestia, o modo como ele se locomovia, em carros populares, sua renúncia a privilégios, presentes, sempre insistindo em pagar suas contas… são sinais do que ele tinha em seu coração, que nos mostram sua determinação de se despojar, de ser um servo, de ser semelhante aos homens, de ser um entre muitos. Entre os cardeais escolhidos por Francisco, especialmente entre aqueles que vieram das chamadas periferias, encontramos muitos exemplos disso. Um papa que busca retornar a elementos que possam diferenciá-lo teria um impacto negativo em seu papado. A pompa é mal vista pela maioria das pessoas, e querer usar sinais que se refiram a isso, uma prática entre alguns cardeais, até mesmo entre alguns dos considerados papáveis, não seria o caminho a seguir. Nenhum papado autorreferencial Um papa que procurasse se divinizar estaria se distanciando Daquele que, sendo de natureza divina, assumiu a natureza humana. Um papado autorreferencial, vivendo em seu próprio mundo, com pouco contato com as preocupações do povo, distanciaria ainda mais a Igreja do mundo, que, não nos esqueçamos, é o destinatário do anúncio do Evangelho. Aqueles que acusaram Francisco de ser um populista são aqueles que fizeram campanha pelo retorno de uma Igreja distanciada do mundo, o que na realidade a tornaria uma Igreja ignorada pela grande maioria. Se pedirmos e esperarmos a presença do Espírito na Sistina, que seja o mesmo Espírito que inspirou as Escrituras, o mesmo Espírito em nome do qual o Ressuscitado enviou seus discípulos. Que nenhum discípulo, nem mesmo o próximo Papa, tenha medo de se abaixar, de servir, de assumir a condição humana. O Evangelho não pode ser imposto de cima para baixo, ele é compreendido e assumido melhor quando é proclamado olhando-nos nos olhos, quando descemos do pedestal no qual nos colocamos ou no qual gostaríamos estar.

Cardeal Steiner em sua paróquia em Roma pede orações pelo Conclave

No III Domingo da Páscoa, dia em que o Colégio Cardinalício não realizou congregação geral, os cardeais celebraram a eucaristia em suas paróquias de Roma. O Papa confia uma igreja romana a cada um dos cardeais. O arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), celebrou na paróquia de São Leonardo da Porto Maurizio. Pedro, tu me amas? Na homilia, o cardeal Steiner destacou três pensamentos. No Evangelho, ele se referiu à pergunta de Jesus a Pedro por três vezes: “Pedro, tu me amas?” Uma pergunta que leva a estabelecer uma relação profunda, refletiu o arcebispo de Manaus. “Podemos entender como cada vez mais Deus pergunta se nós o amamos, não porque duvida do nosso amor, mas para nos lembrarmos e aprofundarmos, correspondermos a este amor que veio da Cruz. É um amor tão grande, que é tudo”, disse o arcebispo. Ele lembrou que “estamos no tempo da Páscoa e esse é o primeiro pensamento, cada vez que perguntamos a Deus, Deus nos ama, eu te amo, como Ele me ama, com a mesma liberdade, com a mesma intensidade, com a mesma profundidade”, sublinhando que “Deus nos faz a nossa vida, quando Ele nos chama a amar”. O segundo pensamento que o cardeal destacou “é da segunda leitura da Bíblia, é belíssimo. Quando fechamos os olhos e vemos a multidão, todos ali, a glória, o poder. Todos os crentes que disseram, confessaram o amor de Deus. Quantas vezes Deus não perguntou a esses homens, a essas mulheres, que estão agora na eternidade, participando intensamente da vida de Deus, mas eles peregrinaram neste mundo, como fazemos nós. Deus também nos pergunta, tu me amas?”. Para isso, se faz necessário nos abaixar diante dos outros. Segundo o cardeal Steiner, “nós fazemos parte dessa multitude, a Igreja sempre falou da comunhão dos santos”, o que significa que não estamos sozinhos. Ele vê essa experiência de amar Deus e amar os outros como uma participação da Trindade”. O terceiro pensamento que ele destacou foi que toda Jerusalém percebia o anúncio da morte e da ressurreição de Jesus. Lembrando um pensador do Medioevo que diz que “Jerusalém não é uma cidade. Jerusalém é toda a vida do mundo, a nossa vida, o mundo é Jerusalém”. Ele destacou que todo o mundo sentia o anúncio da morte, afirmando que o amor é a morte ressuscitada pelo amor. Daí surge a pergunta “Tu me amas?”, dizendo que esse amor é uma participação do amor de Deus. A arquidiocese de Manaus A leitura do Livro dos Atos, levou o cardeal Steiner a pensar na arquidiocese de Manaus, com suas 1.300 comunidades, em uma diocese de 94.000 quilômetros quadrados. Uma realidade que lhe leva a se perguntar como poder levar essa bela notícia a todos, para que todos possam dizer amo a Deus. Isso lhe levou a pedir que nossa vida seja uma correspondência de amor. No final da celebração, o cardeal Steiner, um dos 133 que na tarde da quarta-feira entrarão na Capela Sistina para eleger o sucessor de Francisco, pediu orações pelo Conclave. Ele lembrou Papa Francisco, que “nos ensinou a viver o evangelho com alegria”. Um Papa que ele definiu como um homem de paz, um homem de esperança, um homem de Deus.

Um Papa que mostra que o Evangelho é sempre uma novidade

O cristianismo permanecerá vivo na medida em que as pessoas puderem descobrir a novidade que ele contém. Proclamamos alguém que está vivo entre nós, que não faz parte do passado, que nos abre para o presente e para o futuro como aquilo que nos leva a sonhar com a utopia de um mundo melhor para todos, todos, todos, com o Reino de Deus. A importância do Vaticano II Um Deus que se tornou mais compreensível para a humanidade com o Concílio Vaticano II. Foi nessa dinâmica conciliar que Francisco, o Papa dos deserdados da Terra, que nunca deu as costas aos pobres, exerceu seu pontificado. Esse é um legado pelo qual não devemos deixar de agradecer, pois tem sido um testemunho de autenticidade evangélica, que deve ser sempre um ponto de referência para a Igreja em qualquer momento da história. O grande desafio é responder às preocupações da humanidade, algo que Francisco tem feito em suas encíclicas, exortações e constituições evangélicas, mas também em suas homilias, discursos e em tantos momentos em que saiu do roteiro, que é onde o autêntico Bergoglio aparece. Um magistério que a Igreja, mas especialmente seu sucessor, deve continuar a promover ou, pelo menos, não deve deixar de levar em conta. Os últimos anos de seu pontificado foram marcados por seu firme compromisso com a sinodalidade, por seu chamado a olhar para o futuro, a ser corajosos, proféticos, uma qualidade que os cardeais pediram explicitamente para o próximo Papa nas congregações gerais, um Papa profético. Apostar na coragem que se sente quando se experimenta o impulso do Espírito, que nos leva a proclamar o Evangelho, com alegria e sem medo, como uma Igreja sinodal em missão. O batismo como sacramento fundamental Daí a necessidade de continuar em um caminho que tem como data marcante a Assembleia Eclesial convocada por Francisco para outubro de 2028. Seu sucessor é desafiado a encorajar esse processo, na prática, com um compromisso resoluto, sem ficar só em palavras. Mostrar que estamos diante de um caminho que tem como fundamento o Espírito que nos chama a viver em comunhão, a caminhar juntos, entendendo que o Batismo é o primeiro sacramento, o fundamento da vida cristã, independentemente do ministério que a Igreja confia a cada pessoa. Um Espírito que se revela quando, como e em quem Ele quiser. No final das contas, a Igreja é Mãe, e uma mãe sempre quer um futuro melhor para seus filhos, especialmente para aqueles que, por vários motivos, estão passando por momentos difíceis. Isso é o que pode construir a novidade que o futuro exige da Igreja. Está na hora de ela encontrar aquele que pode guiá-la, uma missão confiada aos 133 cardeais que entrarão na Capela Sistina na tarde de quarta-feira, 7 de maio, para eleger o sucessor de Pedro e Francisco.

Nona congregação geral: Um Papa profético e uma Igreja não fechada no Cenáculo

A quatro dias do início do Conclave, que começa na tarde de quarta-feira, 7 de maio, os cardeais participaram na manhã deste sábado, 3 de maio, da nona congregação geral. Estavam presentes 177 cardeais, dos quais 127 eleitores, e depois da oração, foi realizado o sorteio dos cardeais que irão acompanhar o cardeal Marx em suas funções durante o Conclave, sendo eleitos os cardeais Prevost e Semeraro, segundo informou o diretor da Sala Stampa vaticana, Matteo Bruni. 26 cardeais interviram neste sábado Bruni disse que na segunda-feira, no domingo não será realizada congregação geral e os cardeais devem celebrar missa nas paróquias de Roma onde eles são titulares, irão acontecer duas sessões na congregação geral, às 9 horas da manhã e 17 horas, no horário de Roma. Na nona congregação geral interviram 26 cardeais. Entre as temáticas destacadas pelo diretor da Sala Stampa a comunhão na Igreja e a fraternidade no mundo. Alguns cardeais recordaram com gratidão o Papa Francisco, citando frequentemente a Evangelium Gaudium e lembrando os processos iniciados pelo último pontífice. Foi falado de colaboração e solidariedade entre as igrejas, e sobre o serviço da Igreja e do Papa a favor da paz e do valor da educação. Uma Igreja luz do mundo Os cardeais pedem que o próximo Papa seja profético e que a Igreja não se feche no Cenáculo, mas que leve luz ao mundo que desesperadamente precisa de esperança, que conduz o Jubileu deste ano. Foram retornados alguns temas dos dias passados, como o da sinodalidade e da colegialidade, o olhar para o mundo, a sede e o interesse com que o mundo olha para a Igreja. Uma Igreja que vive no mundo, mas não no próprio mundo, com o risco de se tornar insignificante. Também tem sido falado de diálogo ecumênico e de missão. Aos poucos, os cardeais vão avançando em sua reflexão, fruto da escuta e do diálogo, em vista da eleição do sucessor de Francisco. Aos poucos vão se vislumbrando os rasgos que deveriam ser assumidos pelo próximo pontífice, uma dinâmica que marcou o rumo do conclave realizado em 2013.

Um Papa sem medo de sujar seus sapatos

A cada dia que passa, o ritmo cardíaco vai acelerando. A poucos dias do início de um Conclave incerto, embora haja nomes circulando, fala-se mais de atitudes, de maneiras de entender a Igreja e o papado. As poucas informações que saem da Sala do Sínodo, onde ocorrem as congregações gerais, dão origem a indagações, embora também possamos dizer que elas nos levam a sonhar. A missão é fundamento da Igreja Há elementos que não podem ser ignorados; eles são fundamentais para ser uma comunidade de discípulos e discípulas. Ninguém pode ignorar o fato de que a missão é o alicerce da Igreja. O mandamento de Jesus aos seus discípulos, incluindo todos nós que somos ou queremos ser hoje, obviamente todos os cardeais e o possível Papa, é “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. Pode ser usado o argumento de que todos os cardeais consideram a missão como algo fundamental em suas vidas, mas quando se fala em missão, pensa-se em realmente ir até os confins da terra. Trata-se de chegar às periferias, como Francisco tanto disse, especialmente naqueles lugares onde você suja os sapatos e entre aqueles com quem você pode sujar as mãos. Um Papa samaritano Esse é um perfil que não falta entre os eleitores. Há vários cardeais sem pompa, homens simples que já percorreram muitos quilômetros em estradas empoeiradas, que nunca tiveram o menor receio de se misturar com os descartados, de levantar os vulneráveis, de se mostrar samaritanos. Para que a misericórdia se torne carne, estender a mão aos pequenos é uma premissa necessária. Estamos saindo de um papado que é acusado de não ter olhado para a parte interna, para a estrutura eclesiástica. Algo que, por outro lado, Francisco nunca escondeu, pois optou por uma Igreja em saída, uma Igreja pobre e para os pobres. Admitindo a possibilidade de um papado mais equilibrado, seria um erro alguém se preocupar demais com o bem-estar da Igreja, com a estrutura, com o que está dentro, com a sacristia. Não podemos nos esquecer de que o testemunho é válido quando deixamos transparecer as atitudes de Jesus de Nazaré. Uma Igreja que não tem medo de se expor Uma Igreja e um Papa com sapatos sujos nos ajudam a tornar presente Aquele que andou pelos caminhos da Galileia, que saiu para encontrar as pessoas, que não ficou trancado em sua zona de conforto. Uma Igreja que se coloca em campo aberto, que assume riscos, movida por sua confiança no Senhor, para ir aonde a maioria não quer ir, aonde o medo não nos permite chegar. As perguntas são claras: o estilo de vida de Francisco influenciará a escolha de seu sucessor? A Igreja em saída, pobre para os pobres, que suja e gasta seus sapatos, terá continuidade? É um tempo de oração, de espera pelo sopro do Espírito Santo. Mas sem ignorar o fato de que o próximo pontífice será aquele que obtiver dois terços dos votos dos 133 cardeais que entrarão na Capela Sistina na tarde de 7 de maio.

Com a chaminé já instalada continuam os debates prévios em busca do novo Papa

Depois da pausa de 1º de maio, na manhã desta sexta-feira foram retomadas ascongregações gerais, com a participação de 180 cardeais. Deles 120 eleitores, dado que a grande maioria já está em Roma, só faltam 6 em fazer o juramento, os dois que já anunciaram não irão participar e mais quatro que ainda não chegaram em Roma. A chaminé instalada na Capela Sistina Tudo  isso no dia em que um dos grandes sinais do Conclave foi instalada, a chaminé por onde aparece a fumaça que anuncia o resultado das votações, foi instalada no teto da Capela Sistina, onde na tarde da quarta-feira 7 de maio, entrarão os 133 cardeais eleitores, que permanecerão isolados até aparece a fumaça branca, sinal tradicional de que o Papa tem sido escolhido. Foram duas horas e meia de reunião, segundo comunicou aos jornalistas o diretor da Sal Stampa vaticana, Matteo Bruni. O tema principal que foi abordado nesta sexta-feira foram os abusos sexuais e os escândalos financeiros, enfatizando que isso é um “contratestemunho”. Diante disso, foi enfatizado que deve ser encontrado o modo para superar “uma ferida aberta que tem que ser fechada”. Diversidade de temas abordados Os 25 cardeais que interviram também destacaram a evangelização como “centro do pontificado de Papa Francisco”. Igualmente foi partilhado sobre a “hermenêutica de continuidade” entre São João Paulo II e Francisco”, os jovens, o sofrimento da Igreja do Médio Oriente, procurar instrumentos mais eficazes de evangelização, das paróquias e comunidades até a Cúria vaticana, e dar passos que ajudem na busca do testemunho e da unidade. Igualmente, foi debatido sobre a vigência do Direito Canônico e sobre a sinodalidade, um dos grandes temas no pontificado de Papa Francisco. Foram destacados três aspectos com relação à sinodalidade: a colegialidade, a missão e o secularismo, sempre em vista da missão. Tudo isso antes de entrar em Conclave e se fechar na Casa Santa Marta, onde não tem quartos para os 133 eleitores. Será realizado um sorteio para determinar que irá se hospedar na chamada Santa Marta velha.

Dom Luis Marín: “A sinodalidade é irreversível e marcará o futuro da Igreja”

Um dos grandes legados deixados por Francisco é a promoção da sinodalidade, que “não é uma invenção dele, mas faz parte do que a Igreja é em si mesma”. Essa é a opinião do subsecretário da Secretaria Geral do Sínodo, Dom Luis Marín de San Martín, que se diz otimista, ressaltando que “a sinodalidade é irreversível e marcará o futuro da Igreja”. Ele destaca a “abertura ao Espírito” do último Papa como uma herança muito profunda. Com relação ao próximo pontífice, espera que se esforce pela paz, que se comprometa com a vida e sua dignidade e que promova a cultura cristã, em diálogo com o mundo. Para o Papa que será eleito no Conclave que começa em 7 de maio, ele pede “nosso apoio e fidelidade, seja ele quem for”. Poucos dias após a morte do Papa Francisco, a atmosfera é de pré-conclave e expectativa de outro Papa. Para alguém que trabalhou em um dos elementos fundamentais do pontificado de Francisco, especialmente nos últimos anos, como a sinodalidade, apesar da morte do Papa da sinodalidade, podemos dizer que a sinodalidade ainda está tão viva quanto antes? O Papa Francisco promoveu resolutamente a sinodalidade porque ela é uma dimensão constitutiva da Igreja. Isso é atestado pela Sagrada Escritura, pela eclesiologia, pela patrística, pela história e pelo direito canônico. A sinodalidade está viva e nunca poderá morrer, porque não é uma invenção de Francisco, mas faz parte do que a Igreja é em si mesma. Nosso compromisso é ajudar a torná-la um modo de vida em toda a Igreja e em tudo o que é Igreja. Acredito sinceramente que esse é um compromisso com a coerência como cristãos. O próximo Papa será, de alguma forma, obrigado a continuar nessa linha de sinodalidade? A Igreja não retrocede no tempo, ela sempre vai para frente, vive no presente e olha para o futuro; voltar ao passado é impossível. Pretender fazer isso só gera frustração e melancolia. O próximo papa, é claro, continuará a desenvolver a linha eclesiológica do Concílio Vaticano II, da qual a sinodalidade é um fruto maduro. No entanto, há espaço para nuances, estilos, acentos e prioridades. Mas sou muito otimista, a sinodalidade é irreversível e marcará o futuro da Igreja. Não devemos esperar um Francisco II, mas que elementos de seu pontificado o próximo pontífice deve ter em mente? Cada papa é diferente. Ele não é e não pode ser uma fotocópia do anterior. Cada um tem sua própria personalidade, sua própria maneira de ver a vida, suas próprias características, sua cultura e formação; cada pessoa é diferente. Entretanto, se considerarmos os papas dos últimos séculos, veremos que eles têm duas características em comum. Em primeiro lugar, a união com Cristo e a disponibilidade para o Espírito. E, em segundo lugar, o amor pela Igreja e o serviço ao povo de Deus. O Papa Francisco deixa um legado muito profundo. Eu destacaria, acima de tudo, sua abertura ao Espírito. Isso o tornou um homem muito livre. Gostaria que o próximo Papa continuasse essa linha de abertura, de liberdade. De parresia evangélica. Ele também foi um Papa muito humano, muito solidário com os homens e mulheres de nosso tempo. Embora fosse um homem de caráter forte e personalidade marcante, encontramos nele um pai que nos acolheu, abraçou, ajudou e caminhou conosco. Ele também foi um Papa que se fez entender, que se conectou com pessoas simples. Aquelas frases concretas e lapidares que ele usou, tão bonitas, tocaram o coração e ficaram com ele. O próximo Papa terá de levar em conta essa herança. Com seu próprio estilo, ele ajudará todos nós, que formamos o povo de Deus, a continuar caminhando com passo firme, com esperança e com o maior entusiasmo possível nos tempos em que vivemos. E dada a situação que o mundo e a Igreja estão atravessando, quais são as principais questões urgentes que o próximo Papa deve enfrentar? Com relação ao mundo, a primeira coisa é o compromisso com a paz. É terrível que, mesmo depois de tantos conflitos devastadores no século XX, ainda estejamos comprometidos com a guerra, a força e a destruição. Essa é uma das maiores urgências que temos hoje: a luta pela paz. Para isso, os cristãos devem ser a voz daqueles que não têm voz. E devemos denunciar as injustiças que são tanto a causa quanto a consequência dessas situações. Também temos um compromisso com a vida e sua dignidade, desde o primeiro momento até o último. A Igreja deve oferecer uma alternativa válida, crível e concreta à cultura da morte, que está avançando. E, em terceiro lugar, eu gostaria que a Igreja continuasse a gerar cultura cristã, em diálogo com o mundo. Sem se fechar de forma autista em suas seguranças ou se deixar levar pela tentação das trincheiras. É necessário saber ler os sinais de nosso tempo. Às vezes a mensagem não passa porque usamos uma linguagem que não é mais compreendida, estamos ausentes, vivemos ancorados em um mundo que não existe mais.  Precisamos repensar nossa presença tanto na mídia quanto nos fóruns culturais. Francisco plantou muitas sementes durante seu pontificado, quais são os frutos que foram colhidos e os que ainda estão por vir? O fruto será, obviamente, a forte vivência da fé cristã e seu testemunho. Ou seja, o encontro experiencial com Cristo e o desafio de comunicá-lo na missão evangelizadora. As sementes da participação foram lançadas, da corresponsabilidade diferenciada que brota do batismo. Devemos continuar a progredir nesse sentido. Fazemos parte da Igreja, não somos espectadores, mas membros, do corpo de Cristo. Sempre sabendo que toda responsabilidade na Igreja é serviço.  Nessa linha, devemos continuar a desenvolver a colegialidade episcopal, a descentralização e, ao mesmo tempo, a comunhão e a troca de dons entre as Igrejas. Outra semente é a da unidade pluriforme, a integração da unidade e da pluralidade na Igreja. Primeira unidade (de fé, de sacramentos, de hierarquia). Disso resulta tanto a pluralidade de vocações, carismas e ministérios (superando o clericalismo) quanto a consideração de uma…
Leia mais

Implantação da Pastoral da Sobriedade na paroquia de Benjamin Constant

Aconteceu no auditório Benjamin Constant, no dia 24 de abril, o encontro promovido pela Paróquia Imaculada Conceição para a implantação da Pastoral da Sobriedade. Estiveram presentes várias outras instituições e, nos receberam com muito carinho e cheios de boa vontade e esperança com propósito de ajudar com parcerias, fornecendo seus serviços e formando redes. O objetivo do encontro foi “Prevenção, Recuperação Intervenção, Reinserção e Políticas públicas voltadas para Dependência química ou outras dependências”.  Também tivemos a oportunidade de apresentar a Pastoral ao Padre João Evandro da Paróquia São Sebastião em Atalaia do Norte. Visitamos Dom Adolfo Zon, bispo da Diocese de Alto Solimões e almoçamos com ele, onde ouvimos dele uma rica orientação sobre o trabalho da Pastoral da Sobriedade que é um Organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Pastoral da Sobriedade Regional Norte 1

Situação econômica, procedimentos e como ser Igreja hoje marcam a 7ª Congregação Geral

183 cardeais, incluindo 124 eleitores, participaram da sétima Congregação Geral realizada na quarta-feira, 30 de abril, que prepara o Conclave que começará dentro de uma semana, na tarde de 7 de maio. No mesmo dia, às 10h, horário de Roma, a Missa Pro Eligendo Pontifice será celebrada na Basílica de São Pedro, presidida pelo Decano do Colégio de Cardeais, Cardeal Re. Pouco antes de entrar na Capela Sistina, os cardeais rezarão na Capela Paulina do Palácio Apostólico, onde, na tarde de 5 de maio, os oficiais e funcionários do Conclave irão fazer juramento. Debate sobre a situação econômica da Santa Sé Na primeira parte da manhã, conforme relatado pelo diretor da Sala Stampa do Vaticano, Mateo Bruni, após um momento de oração e uma meditação de cerca de 40 minutos, novamente conduzida por Dom Donato Ogliari, abade da Basílica de São Paulo Fora dos Muros, foi discutida a situação econômica e financeira da Santa Sé, com intervenções dos cardeais Marx, Farrell, Schönborn, Vérgez e Krajewski. O Cardeal Marx, como coordenador do Conselho para a Economia, apresentou alguns desafios, problemas e propostas sob a perspectiva da sustentabilidade, com o objetivo de garantir que as estruturas econômicas continuem a apoiar a missão do Papado. O Cardeal Farrell, presidente da Comissão de Investimentos, falou sobre as atividades dessa Comissão. O Cardeal Schönborn, como presidente, falou sobre as atividades do IOR. O Cardeal Vérgez deu alguns detalhes sobre a situação do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano. O Cardeal Krajewski, esmoleiro pontifício, falou sobre a atividade do Dicastério da Caridade. Questões processuais Na segunda parte da manhã, foi lido um comunicado no qual o Sínodo deu a conhecer duas questões de caráter processual sobre as quais teve a oportunidade de refletir e discutir nos últimos dias. Em primeiro lugar, “com relação aos Cardeais eleitores, a Congregação observou que Sua Santidade o Papa Francisco, ao criar um número de Cardeais superior a 120, como estabelecido no n. 33 da Constituição Apostólica da Santa Sé. 33 da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis de São João Paulo II, de 22 de fevereiro de 1996, no exercício de seu poder supremo, dispensou essa disposição legislativa, de modo que os Cardeais que excederam o número limite adquiriram, de acordo com o n. 36 da mesma Constituição Apostólica, o direito de eleger o Romano Pontífice, a partir do momento de sua criação e publicação”. Em segundo lugar, o Cardeal Giovanni Angelo Becciu observou que este último, tendo em vista o bem da Igreja e a fim de contribuir para a comunhão e a serenidade do Conclave, comunicou sua decisão de não participar do mesmo. “A esse respeito, a Congregação dos Cardeais expressa seu apreço por seu gesto e espera que os órgãos competentes da justiça possam esclarecer definitivamente os fatos”. Questões abordadas Entre os temas abordados nos 14 discursos, Bruni destacou a eclesiologia do Povo de Deus, os desafios a serem enfrentados de acordo com as perspectivas dos continentes e regiões de origem dos cardeais. Também foram abordadas questões sociais, relativismo, individualismo, solidão, a centralidade de Jesus na resposta às necessidades do mundo moderno, a necessidade de consolação, evangelização e a responsabilidade da Igreja pela paz. Outros temas abordados foram a ferida representada pela polarização na Igreja e a divisão da sociedade, a sinodalidade ligada à colegialidade episcopal, também como corresponsabilidade diferenciada para superar a polaridade na Igreja. A vocação para a vida sacerdotal e religiosa, a evangelização e sua relação com a corresponsabilidade foram discutidas, com referências constantes às constituições apostólicas do Vaticano II: Lumen Gentium e Gaudium et Spes. Orações pelo Conclave O Colégio de Cardeais convidou o Povo de Deus a viver este momento eclesial como um evento de graça e discernimento espiritual, ouvindo a vontade de Deus. Para isso, sentem a necessidade de contar com o apoio das orações de todos os fiéis, considerando que “esta é a verdadeira força que na Igreja promove a unidade de todos os membros do único Corpo de Cristo (cf. 1Cor 12,12)”. O Colégio de Cardeais insistiu que “em vista da enormidade da tarefa que nos espera e da urgência do momento atual, é necessário, acima de tudo, fazer-nos humildes instrumentos da infinita sabedoria e providência de nosso Pai celeste, em docilidade à ação do Espírito Santo. De fato, Ele é o protagonista da vida do Povo de Deus, Aquele a quem devemos escutar, aceitando o que Ele diz à Igreja (cf. Ap 3, 6)”. Para esse fim, eles pedem a companhia da Santíssima Virgem Maria.

O túmulo de Franciscus: Uma Luz e uma Cruz para continuar acompanhando todos, todos, todos

Desde sua eleição em 13 de março de 2013, Francisco sempre foi um Papa surpreendente. Uma atitude que o acompanhou até o túmulo. A simples lápide embutida no muro de uma das quatro basílicas papais de Roma, a de Santa Maria Maior, é uma prova clara disso. As pessoas têm passado continuamente por ela desde que foi aberta à visitação, olhando para a lápide onde se lê “Franciscus”. A única companhia é a reprodução de sua cruz peitoral e uma rosa branca que parece ter ficado intacta. Uma luz na qual não são poucos os que veem a Luz do Ressuscitado, que sempre acompanhou a vida da Igreja, ilumina a atmosfera. Um túmulo escondido e pronto há dois anos Nada é improvisado. O túmulo de Francisco estava pronto há dois anos, ele mesmo havia dado sua aprovação e fornecido o dinheiro para a construção. Nada diferente do que sempre fez o Papa Bergoglio, que nunca aceitou não ser cobrado por suas contas. Era motivo de discórdia quando alguém não queria lhe cobrar. Um túmulo que pouquíssimas pessoas sabiam de sua existência. Passar em frente a ele é algo que toca o coração de todos nós que nos identificamos com o papado de Francisco. É uma mistura de tristeza e esperança. A fé nos diz que o último pontífice já está na casa do Pai. Nosso sentimento humano nos leva a sentir a falta de alguém que estava continuamente presente em nossos pensamentos, alguém em quem encontrávamos orientação. Olhando para o longo prazo Ninguém sabe o que Francisco levou com ele para o túmulo, mas também não sabemos o que ele deixou para continuar ajudando a Igreja. O Papa Bergoglio sempre teve uma visão de longo prazo, embora nunca tenha se esquecido do dia a dia, das curtas distâncias. Essa mistura de perspectivas, de pontos de vista, de sonhos, mas, ao mesmo tempo, nunca se esquivando dos problemas concretos, foi o que fez dele um Papa admirado por muitos. Ele sempre teve consciência de que não seria capaz de cumprir a tarefa que lhe foi solicitada pelos participantes do Conclave em que foi eleito. Mas ele sempre viu sua vida e os serviços que lhe foram confiados pela Igreja como parte de um processo. Um processo no qual ele se sentia como um elo em uma corrente que atravessa a história da humanidade e de uma Igreja de quase dois mil anos. Vaticano II seu roteiro Longe de qualquer protagonismo, o desafio que a Igreja enfrenta neste momento em que os cardeais precisam encontrar um sucessor é descobrir quem pode dar continuidade ao seu legado. Francisco tinha seu roteiro no Concílio Vaticano II, mas estava ciente de que ainda há um longo caminho a percorrer até que esse modo de caminhar seja compreendido e aceito por todos, todos, todos. Vivemos em um momento histórico em que a tentação de se deslumbrar com múltiplos elementos está presente em muitas pessoas. Diante disso, a meia-luz que envolve as laterais do túmulo de Franciscus nos ajuda a focar na cruz no centro. É a cruz peitoral que sempre o acompanhou em seu episcopado, primeiro em Buenos Aires e depois em Roma. É uma cruz onde a imagem do Bom Pastor se destaca, mostrando-nos a determinação que Jorge Mario Bergoglio sempre teve em carregar os mais vulneráveis, os descartados. Estender sua misericórdia Foram eles que mais se identificaram com ele, e são eles, os deserdados da terra, que estão aguardando impacientemente a chegada de alguém que não os ignorará. Alguém que tenha a misericórdia que lhe permita olhar para baixo e descobrir que há alguém jogado à beira da estrada. Alguém que não se apresse para o Templo, que não se apresse para cumprir com ritualismos dos quais os últimos poucas vezes conseguem participar. Franciscus continua a cuidar, daquele lugar escondido na parede, que aos olhos de muitos pode passar despercebido. É para lá que sempre irá aquele que se deixa iluminar pela luz que coloca no centro o sinal daquele que deu a vida por todos, todos, todos. Francisco, sabemos que seu corpo está escondido naquele lugar, mas seu espírito continua a inspirar muitas pessoas.