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Diocese de São Gabriel da Cachoeira aprofunda os caminhos da Sinodalidade em Assembleia Pastoral

Nos dias 14 e 15 de novembro a Diocese de São Gabriel da Cachoeira realizou a primeira Assembleia Pastoral da cidade. Com o tema “A Sinodalidade, passos e caminho para a uma Pastoral de Conjunto”, o encontro tratou da redivisão da presença missionária dos presbíteros e da vida religiosa consagrada, da iniciação cristã e da catequese nas comunidades urbanas. A experiência enfatiza o desejo de comunhão, participação e missão. Com mais de 100 participantes, entre leigas e leigos, as Irmãs Filhas de Maria Auxiliadora, as Irmãs Filhas de Santa Maria da Providência, as Irmãs Catequistas Franciscanas e as Irmãs Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração. E também com os missionários do Sagrado Coração, os padres diocesanos locais e os padres fidei donum e o serviço pastoral paroquial dos Salesianos de Dom Bosco buscando uma melhor presença e experiência nas itinerâncias. No primeiro dia, foi apresenta a história desde o tempo das missões até o surgimento da nova área missionária que se chamará Sagrada Família, no bairro Miguel Quirino. Segundo Dom Vanthuy Neto, bispo da Diocese, com a ajuda de Pe. Sidcley e o Sr. Edivaldo, descobriram “espaços na cidade de São Gabriel onde nós não temos uma presença física ou uma capela ou mesmo uma comunidade humana”. E a partir disso, as comunidades urbanas se dividirão em três paróquias: Catedral Arcanjo São Gabriel, São João Bosco e Nossa Senhora Aparecida e a Área Missionária Sagrada Família. Caminhar juntos Durante o sábado, os participantes da assembleia identificaram a necessidade da construção de um Plano Pastoral de Conjunto para atender as necessidades da cidade. Especialmente após o último censo, que indicou um crescimento do número de evangélicos. Por isso, optaram por quatro caminhos: o da ministerialidade, da iniciação à vida cristã, da catequese e da sustentabilidade da Evangelização na região. Quanto a dimensão transversal da ministerialidade, as quatro áreas eclesiásticas da cidade contarão com uma comissão de trabalho para formação do povo de Deus à serviço nas comunidades. Já para os temas da iniciação cristã e da catequese, priorizarão a construção dos caminhos da catequese dentro da cidade, nas comunidades do Rio Negro, do Rio Curicuriari e do Rio Uaupés. Valorizando as duas experiências fortes das comunidades: o batismo e a catequese. Sustentar a vida comunitária Além disso, Dom Vanthuy Neto destaca “um clamor que veio das comunidades” de “como sustentar a Evangelização”. Essa perspectiva da sustentabilidade passa pelo dízimo, ofertas, envolvimento do povo, pela construção de capelas e sustento da formação do povo de Deus. Mas também pelo lado humano, com famílias que enfrentam o alcoolismo e o suicídio entre os jovens, nesse ponto, o carisma Salesiano apoiará a organização de um serviço juvenil. Ao final, as comissões de leigas e leigos formadas e demais participantes demonstram animação com o caminho pastoral iniciado para a cidade de São Gabriel, que os conduzirá a Assembleia do ano seguinte. Dom Vanthuy Neto sublinha que “a ideia é que se cada vez, mais se estreite uma comunhão”, principalmente com o crescimento urbano e as dinâmicas de êxodo rural e presença dos migrantes venezuelanos. Desse modo, o trabalho conjunto entre missionários, religiosos e religiosas; e padres diocesanos, nas quatro comissões, ajudaram a fazer o caminho completo em 2026. Fotos: Diocese de São Gabriel da Cachoeira

Leão XIV às Igrejas do Sul Global na COP30: “Tem se alcançado avanços, mas não suficientes”

Um dos legados da COP30 para a cidade de Belém é o Museu das Amazônias. Neste 17 de novembro, as Igrejas do Sul Global contribuíram com mais uma peça para seu acervo. Trata-se de uma rede que acompanhou os trabalhos do Sínodo para a Amazônia, realizado em outubro de 2019 no Vaticano. A entrega da peça foi acompanhada por uma mensagem em vídeo do Papa Leão XIV. A Amazônia, símbolo vivo da criação O Santo Padre enviou uma saudação às Igrejas particulares do Sul Global reunidas no local, com a qual ele quis acompanhar a voz profética dos cardeais que representam essas Igrejas: Jaime Spengler, Fridolin Ambongo e Felipe Neri Ferrão, presentes na COP30, “dizendo ao mundo com palavras e gestos que a Amazônia continua sendo um sinal vivo da criação com uma urgente necessidade de cuidado”, como afirma o Papa em sua mensagem. Leão XIV reconhece que “escolheram a esperança e a ação frente à desesperação, construindo uma comunidade global que trabalha em conjunto”. Além disso, ressalta que “tem se alcançado avanços, mas não suficientes”. Diante dessa situação, reconhece que “a esperança e a determinação devem se renovar, não só com palavras e aspirações, mas também com ações concretas”. A mudança climática não é algo distante O Papa cita alguns dos clamores da criação: “enchentes, secas, tormentas e um calor implacável”. Uma situação que faz com que “uma em cada três pessoas vive em grande vulnerabilidade em consequência dessas mudanças”. Diante dessa realidade, denuncia que “para eles, a mudança climática não é uma ameaça distante”. Por isso, “ignorar essas pessoas é negar nossa humanidade compartilhada”. Em suas palavras, reconhece que “ainda há tempo para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C, mas a janela está se fechando. Como custódios da criação de Deus, somos chamados a agir com rapidez, fé e profecia para proteger o dom que Ele nos confiou”. Não falha o Acordo de Paris, mas nossa resposta Em palavras do pontífice, “o Acordo de Paris tem impulsionado um progresso real e continua sendo nossa ferramenta mais poderosa para proteger as pessoas e o planeta. Mas devemos ser honestos: não é o Acordo que está falhando, senão nossa resposta. O que está falhando é a vontade política de alguns. A verdadeira liderança implica serviço e apoio em uma escala que possa fazer a diferença. Ações climáticas mais contundentes criarão sistemas económicos mais sólidos e justos. Medidas políticas e climáticas firmes constroem uma inversão em um mundo mais justo e estável”. Ao mesmo tempo, reconhece Leão XIV que “junto com cientistas, lideranças e pastores de todas as nações e credos. Somos guardiões da criação, não rivais por seus bens. Enviemos juntos uma mensagem global clara: nações que permanecem unidas na firme solidariedade com o Acordo de Paris e a cooperação climática.” Finalmente, antes de pedir que “Deus lhes abençoe a todos em seus esforços por seguir cuidando a criação de Deus”, o Papa pede “este Museu Amazônico seja recordado como o espaço onde a humanidade escolheu a cooperação frente à divisão e a negação”. SAUDAÇÃO DO SANTO PADRE LEÃO XIV ÀS IGREJAS PARTICULARES DO SUL GLOBAL REUNIDAS NO MUSEU AMAZÔNICO DE BELÉM –  17 DE NOVEMBRO DE 2025 Saúdo às Igrejas particulares do Sul Global reunidas no Museu Amazônico de Belém, acompanhando a voz profética dos meus irmãos Cardeais na COP 30, dizendo ao mundo com palavras e gestos que a Amazônia continua sendo um sinal vivo da criação com uma urgente necessidade de cuidado. Vocês escolheram a esperança e a ação frente à desesperação, construindo uma comunidade global que trabalha em conjunto. Tem se alcançado avanços, mas não suficientes. A esperança e a determinação devem se renovar, não só com palavras e aspirações, mas também com ações concretas. A criação clama em enchentes, secas, tormentas e um calor implacável. Uma de cada três pessoas vive em grande vulnerabilidade em consequência dessas mudanças. Para elas, a mudança climática não é uma ameaça distante. Ignorar essas pessoas é negar nossa humanidade compartilhada. Ainda há tempo para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C, mas a janela está se fechando. Como custódios da criação de Deus, somos chamados a agir com rapidez, fé e profecia para proteger o dom que Ele nos confiou. O Acordo de Paris tem impulsionado um progresso real e continua sendo nossa ferramenta mais poderosa para proteger as pessoas e o planeta. Mas devemos ser honestos: não é o Acordo que está falhando, senão nossa resposta. O que está falhando é a vontade política de alguns. A verdadeira liderança implica serviço e apoio em uma escala que possa fazer a diferença. Ações climáticas mais contundentes criarão sistemas económicos mais sólidos e justos. Medidas políticas e climáticas firmes constroem uma inversão em um mundo mais justo e estável. Caminhamos junto com cientistas, lideranças e pastores de todas as nações e credos. Somos guardiões da criação, não rivais por seus bens. Enviemos juntos uma mensagem global clara: nações que permanecem unidas na firme solidariedade com o Acordo de Paris e a cooperação climática. Que este Museu Amazônico seja recordado como o espaço onde a humanidade escolheu a cooperação frente à divisão e a negação. Que Deus lhes abençoe a todos em seus esforços por seguir cuidando a criação de Deus. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

“A vida por um fio”: “A agenda climática atualmente é a agenda da vida”

Ser defensor dos direitos humanos se tornou um risco em diversos lugares do Planeta. Para defender esses defensores existe a campanha “A vida por um fio”, focada nos líderes sociais que trabalham na proteção da Casa Comum na América Latina. Dela faz parte a Igreja Católica, e durante o Jubileu da Esperança tem realizado diversas atividades. Responsabilidade comum Uma delas aconteceu no Pavilhão da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), na Zona Verde da COP30, nesta segunda-feira 17 de novembro, com a presença do presidente de Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), cardeal Jaime Spengler, o presidente da Federação de Conferências Episcopais da Asia (FABC), cardeal Felipe Neri Ferrão, o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), cardeal Barreto, e a representante da Caritas Brasileira, Valquiria Lima. Juntos debateram sobre o tema “A vida por um fio: adaptação, mitigação e transição energética justa, transparência e responsabilidade no Sul Global”. Solidariedade com os líderes ameaçados O cardeal Spengler recordou que a campanha, liderada por diversas instituições, dentre elas o CELAM, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e a Pontifícia Comissão para a América Latina (PCAL), foi lançada em 10 de dezembro de 2024 na Sala Stampa vaticana, coincidindo com o Dia Internacional dos Direitos Humanos, e tem como lema: “tecendo futuros, protegendo vidas”. O objetivo é “desenvolver diversas ações solidárias com os líderes que estão sendo ameaçados por seu trabalho em defesa dos direitos humanos e da casa comum”, salientou o presidente do CELAM. O arcebispo de Porto Alegre (RS) recordou que entre 2012 e 2024 foram registrados 2.253 assassinatos e desaparecimentos de defensores do meio ambiente e do território em todo o mundo, 146 em 2024, 48 deles na Colômbia. Vidas que em palavras de Spengler, “nos interpelam e nos mobilizam a levantar nossas vozes para que eles e tantas outras comunidades que zelam pela defesa dos direitos socioambientais e dos direitos humanos não continuem sendo vítimas da violência e de uma economia que mata, como costumava dizer o Papa Francisco”. Segundo ele, “a vida do planeta está por um fio, assim como a dessas pessoas, verdadeiros mártires da nossa Casa Comum, que derramaram seu sangue pela defesa de seus territórios e pelo cuidado do planeta”. Garantir informações verdadeiras “A agenda climática atualmente é a agenda da vida”, segundo Valquíria Lima, que fez um chamado a colocar no centro essa agenda. A representante da Caritas insistiu na necessidade de garantir informações verdadeiras, de combater a indústria da mentira, grande inimiga do combate às mudanças climáticas. Uma indústria da mentira ao serviço do lucro, o que demanda, diante do risco da desinformação na sociedade atual, garantir informações na íntegra, que segundo Valquíria Lima “é um ato de coragem”. A mentira, que se tornou instrumento de manipulação, muitas vezes através das redes sociais, leva a desacreditar relatórios dos cientistas, e faz com que a desinformação distorça o debate público. Sair juntos da crise Enfrentar a crise climática é uma responsabilidade comum, segundo o cardeal Pedro Barreto. Em suas palavras, ele ressaltou que “estamos ameaçados como humanidade, o que exige ações urgentes e consensuais em favor da vida e do cuidado da casa comum”. O cardeal peruano lembrou que os mais vulneráveis, entre eles os povos da Amazônia, são os que menos influenciam a mudança climática, porém os mais afetados. Dessa crise climática só é possível sair juntos, porque somos membros de uma mesma família humana, como dizia Papa Francisco. Algo que exige agir agora, como o presidente Lula insistiu no início desta COP, ainda mais pelo fato de realizá-la na Amazônia. Para isso, Barreto destacou que a Igreja, de maneira desinteressada e firme, quer colaborar nessa tarefa, dada a fé no Deus Criador. Um caminho no qual é necessário unir a ciência com a fé, neste tempo oportuno, neste Kairos, que chama a trabalhar juntos. O Trabalho da Igreja na Ásia “Na Ásia, estamos vivenciando com grande intensidade os efeitos desastrosos da crise climática”, declarou o Cardeal Ferrão. Diante dessa realidade, “em março passado, por ocasião do décimo aniversário da Laudato Si’, a Federação das Conferências Episcopais da Ásia publicou uma carta pastoral dirigida a todas as Igrejas da Ásia sobre o cuidado da nossa casa comum, um apelo à conversão ecológica”. Um texto que, segundo o Cardeal, “destaca a devastação que a crise climática está causando em todo o continente asiático. Ao mesmo tempo, descrevemos os diversos sinais de esperança que estão surgindo na Ásia como resposta das nossas comunidades às consequências desastrosas da crise climática, e lançamos um apelo à ação para que todas as pessoas, comunidades, governos e líderes religiosos respondam à crise climática”. Importância da Educação Ambiental Uma necessidade é a educação ambiental, com um investimento de qualidade para garantir seu papel fundamental. Essa educação vai reforçar esse caminho, dado que vai providenciar informação íntegra e verdadeira, evitando que o debate entorno do clima se degrade. Uma educação que vai ajudar no progresso social, no avanço da democracia, combatendo tudo aquilo que cria confusão na mente do povo. Junto com isso, a importância da família como escola de educação integral, que favoreça a integralidade da pessoa humana e da criação de Deus.

Justiça Climática no Sul Global: “horizonte na busca de uma convivência harmônica”

A justiça climática é uma preocupação para a Igreja católica. Refletir sobre essa temática foi o objetivo do painel realizado no início da segunda semana da COP30, que está acontecendo em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro de 2025. Diálogo entre atores sociais e eclesiais No Pavilhão do Banco de Desenvolvimento para Latinoamérica e o Caribe (CAF), na Zona Azul da COP três cardeais debateram sobre o tema “Construir a justiça climática no Sul Global”. O arcebispo de Goa e presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia, cardeal Felipe Neri Ferrão, o arcebispo de Manaus e presidente do Conselho Indigenista Missionário do Brasil (CIMI), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, e o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), cardeal Pedro Barreto. Junto com eles, a secretária da Pontifícia Comissão para América Latina (PCAL), Emilce Cuda, o vice-presidente da CAF, Cristian Asinelli, e o vice-presidente da Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC), Carlos Greco. Um diálogo entre diversos atores, uma das propostas que tem impulsionado Papa Francisco e Papa Leão XIV, que quer ajudar a avençar na construção da justiça em diversos âmbitos, também na realidade climática. Uma dinâmica que as universidades que fazem parte da RUC têm assumido, segundo seu vice-presidente, ajudando a sensibilizar os jovens através da formação acadêmica, sobre a necessidade da consciência ambiental e o cuidado da Casa Comum. Apoiar o desenvolvimento A CAF reconhece o papel tradicional da Igreja Católica em questões ambientais, que se intensificou com o impulso do Papa Francisco, especialmente com a Laudato Si’. Asanelli destaca sua voz potente e seu chamado para reconhecer que “estamos vivendo uma dupla crise ambiental e social porque os efeitos do ambiente também estão ligados às questões sociais”. Essas crises sociais e ambientais são causas de migrações, algo que preocupa a CAF, que chama a “resolver entre todos e todas”, recordando as palavras de Emilce na introdução do painel.  Asanelli insistiu na importância da presença da Igreja Católica na COP30. O vice-presidente da CAF lembrou que o presidente Lula destacou na Assembleia das Nações Unidas, em setembro, o trabalho do Papa Francisco em favor da ecologia integral e do cuidado da Casa Comum. Igualmente, enalteceu o trabalho pela paz de Francisco e de Leão XIV, mostrando que a América Latina é uma região de paz, onde os problemas se resolvem de forma diplomática. Uma paz que é condição necessária para a justiça climática, o desenvolvimento social e a própria vida. COP30: a esperança posta em ação Para o cardeal Barreto, a COP30 “é a esperança posta em ação!”. O presidente da CEAMA lembrou da importância da Cúpula do Rio 1992, que iniciou a busca por consenso climático por parte da ONU, com avanços que tem sido tímidos e com respostas globais ineficazes, como registra Laudate Deum. Para o cardeal peruano, “chegou o momento de sairmos juntos desta crise socioambiental, pois somos parte de uma única família humana”, como diz Fratelli tutti. Por isso, insiste que a COP30 “é decisiva e urgente”, ainda mais se levarmos em consideração os dados científicos e a grande desigualdade entre os países do Norte e do Sul Global, onde os pobres, que nunca são ouvidos, “enfrentam condições de vida que atentam contra sua dignidade inalienável”. A isso se soma que a pressão financeira sobre as economias mais pobres se intensifica. Entre os sinais de esperança, citou algumas iniciativas de conservação no Peru. Isso evidencia a necessidade de soluções que promovam equidade e bem-estar para todos, especialmente para as comunidades mais vulneráveis. Uma realidade que levou Barreto a dizer: “Esta é a hora da justiça socioambiental!”, citando as palavras do Papa Leão XIII: “no rosto ferido dos pobres encontramos impresso o sofrimento dos inocentes e, portanto, o mesmo sofrimento de Cristo”. Corrigir erros históricos A Ásia é um dos continentes que “se encontra na linha de frente ao sofrer os efeitos desastrosos da crise climática”, em palavras do cardeal Ferrão. Para o purpurado, “a justiça climática no sul global consiste fundamentalmente em corrigir um erro histórico profundamente enraizado”. Isso coloca um desafio, “restaurar nossa relação com nossa casa comum com vistas a proteger as gerações futuras”. A justiça climática exige uma abordagem holística, afirmó. Algo que, em palavras do cardeal Ferrão, demanda cinco mudanças não negociáveis: a distribuição equitativa dos encargos e benefícios da ação climática, em particular o apoio financeiro; financiar as comunidades afetadas pelas mudanças climáticas; reconhecer as vulnerabilidades específicas, o contexto histórico e os conhecimentos ecológicos tradicionais das comunidades do Sul; apoio proativo à resiliência climática e à aplicação da justiça; reconhecer a liderança das mulheres, setor mais vulnerável e protagonistas da construção de uma resposta eficaz de resiliência. Diferença entre direito e justiça Por sua vez, o cardeal Steiner, a partir de sua experiência na Amazônia, abordou três questões. A primeira, a diferença entre direito e justiça, dado que “quase sempre discutimos direitos. Não conseguimos abordar a questão da justiça”. Nesse sentido, destacou que “a justiça é um horizonte onde nos movimentamos”, considerando a justiça ecológica como “o horizonte que nós queremos nos movimentar na busca de uma casa comum, de uma convivência harmônica”. Ele denunciou que “nós temos povos inteiros que são colocados de lado e são ignorados pela sociedade em termos de uma justiça ecológica”, mesmo sabendo que ‘eles vivem a justiça ecológica, sabem conviver, mas são ignorados quando nós discutimos a questão ecológica”. O segundo ponto que o cardeal destacou foi a questão da dívida ecológica dos países do Norte Global, “que não querem ouvir falar de justiça ecológica”, e fazem de tudo para que não seja aprovado aquilo que possa nos ajudar na superação das mudanças. Uma questão abordada por Papa Francisco, que levou o cardeal a insistir na necessidade do debate sobre uma justiça ecológica. Finalmente, estabelecer uma nova relação com as criaturas, seguindo uma compreensão medieval, “onde todas as criaturas são sinais de um mesmo amor. São dimensões diferentes ou manifestações diferentes de um mesmo amor”. Um pensamento esquecido que tem provocado graves consequências na Amazônia,…
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Diocese de Parintins realiza Assembleia Eletiva da Pastoral da Criança

A Diocese de Parintins realizou a Assembleia Eletiva da Pastoral da Criança Diocesana, de 14 a 16 de novembro, no Centro Pastoral Mãe de Deus, em Parintins. A reunião contou com momentos de avaliação, planejamento e visitas às comunidades. O encontro fortalece a proximidade com a realidade local e o compromisso missionário com as famílias assistidas. Estiveram presentes representantes das paróquias Nossa Senhora de Lourdes, São Sebastião, São José Operário, Nossa Senhora da Conceição, de Maués. Além de Dom José Albuquerque, bispo diocesano, e com a assessoria da Coordenadora Estadual Alriane da Silva Santos, da Pastoral da Criança do Regional Norte 1, que conduziu a assembleia. Durante os três dias, houve a avaliação das atividades de 2025, um momento formativo sobre a missão da Pastoral da Criança, a eleição da nova equipe de coordenação diocesana e o planejamento do ano de 2026. Os participantes definiram como meta implantar a PC em todas as paróquias da Diocese e contribuir com o caminho sinodal assumido pela diocese. Além disto, celebraram os 37 anos da Pastoral na Diocese de Parintins. Com espírito de unidade, partilha e comprometimento, a Pastoral da Criança reafirma sua missão de serviço, cuidado e amor ao próximo na Diocese de Parintins. Com informações e fotos da Diocese de Parintins

Conselho Missionário Diocesano de Parintins realiza assembleia anual

A Diocese de Parintins realizou a Assembleia Anual do Conselho Missionário Diocesano (COMIDI), nos dias 14 e 15 de novembro, no Centro Pastoral Mãe de Deus, em Parintins. O encontro reafirmou o compromisso da diocese com a animação missionária, a comunhão e o fortalecimento da ação evangelizadora nas comunidades. Kennedy Affonso, integrante da Equipe de Articulação Regional do Conselho Missionário Regional (COMIRE), conduziu momentos de reflexão, estudo e aprofundamento sobre a missão na Amazônia. Os participantes pautaram a ampliação da Equipe de Coordenação do COMIDI, composta pelo Pe. Oséias e pela Ir. Valéria, e indicaram mais duas novas lideranças para integrar a coordenação. Essa movimentação busca fortalecer a articulação missionária e ampliar a representatividade dos agentes pastorais no serviço diocesano. O encontro reuniu representantes das paróquias, áreas missionárias e comunidades para avaliar a caminhada missionária do ano e definir as prioridades para 2026. A assembleia foi concluída com o envio dos missionários participantes e da nova coordenação ampliada, às 19h, com a Celebração Eucarística na Catedral Nossa Senhora do Carmo. Com informações e fotos da Diocese de Parintins

Pastoral dos Surdos realiza formação na Diocese de Parintins

A Pastoral dos Surdos da Diocese de Parintins realizou um encontro formativo para agentes pastorais no último sábado (15), na Escola de Áudio Comunicação Padre Paulo Manna, em Parintins. A iniciativa reforça o compromisso da Diocese com a inclusão, a acessibilidade e a presença pastoral junto às pessoas surdas. Com objetivo de fortalecer a participação plena na vida e missão da Igreja. Participaram da formação presencialmente 23 agentes e virtualmente dois representantes da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Maués. O evento contou com a presença de Dom José Albuquerque, bispo da Diocese de Parintins; de Dom Giuliano Frigeni, bispo emérito; e do Pe. Eduardo Lima, representante da Coordenação Diocesana de Pastoral. Além da formação, os participantes também avaliaram as atividades realizadas ao longo do ano, a definição da programação e do planejamento para 2026 e a eleição dos dois membros que representarão a Diocese de Parintins no Encontro Nacional da Pastoral do Surdo (ENAPAS), em janeiro 2026, em Fortaleza (CE). As integrantes da Coordenação Regional da Pastoral dos Surdos do Regional Norte 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Regional Norte 1), Ir. Andréia Müller e Alice Costa, assessoraram a formação. A programação contemplou a temática do Seguimento a Jesus, com o aprofundamento na perspectiva dos sacramentos, nos turnos da manhã e da tarde, com momentos de estudo, reflexão, escuta e orientações sobre o fortalecimento da ação pastoral junto à comunidade surda. O encerramento ocorreu com a participação na Celebração Eucarística na Catedral de Parintins. Com informações e fotos da Diocese de Parintins

Encerrada a Cúpula dos Povos, “uma chave de esperança” na COP30

A Cúpula dos Povos, o movimento mais importante em volta da COP30, encerrou suas atividades neste 16 de novembro. Mais de 23.000 credenciados, de mais de 60 países, além de muitas pessoas que passaram nas diversas atividades realizadas na Universidade Federal do Pará (UFPA). Dentre eles diversas pastorais, movimentos e organismos da Igreja católica. Compromisso da Igreja com os marginalizados Uma presença da Igreja católica que o bispo da diocese de Brejo (Maranhão), e presidente da Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Valdeci Santos Mendes, considera muito importante, “nesse sentido do testemunho, do compromisso com os marginalizados e marginalizadas”. No dia em que a Igreja católica celebra a Jornada Mundial dos Pobres, o bispo enfatizou que “isso requer de nós um testemunho, um compromisso e uma luta pela vida. E eu diria que essa luta pela vida é luta pelo território livre dos povos, é luta pela dignidade, é luta pelo direito, é luta para que a justiça social, a justiça socioambiental seja de fato realizada no nosso meio”. Dom Valdeci ressaltou que “as pastorais sociais, os organismos do povo de Deus têm esse compromisso grande de assumir a luta juntamente com os movimentos populares, com aqueles e aquelas que lutam por vida, vida humana e vida do Planeta”. Nessa perspectiva, quando o Brasil acolhe a COP30, o bispo insistiu em que “a Igreja católica precisa ouvir mais as comunidades tradicionais, os povos originários e aprender também, ter essa humildade de aprender também para que de fato possa cumprir o seu papel e testemunhar Cristo. Cristo que sofreu, Cristo que foi perseguido e assim também são os nossos povos e nossas comunidades”. Finalmente, o bispo da diocese de Brejo, disse que “precisamos assumir cada vez mais, ouvindo o grito de tantos irmãos e irmãs que ainda hoje são torturados, são marginalizados. Precisamos dar esse passo no compromisso e fidelidade ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo”. A voz de Raoni Metuktire A clausura da Cúpula dos Povos contou com a presença de uma das maiores lideranças indígenas do Brasil e do mundo, Raoni Metuktire. O indígena do povo Kayapó, que foi recebido pelo Papa Francisco no Vaticano, pediu união entre todos, fazendo um apelo pela “continuidade para que possamos lutar contra aqueles que querem o mal neste universo, querem destruir esta terra”. Diante das mudanças climáticas, das guerras, ele pediu o respeito um pelo outro e poder viver em paz nessa terra. Junto com isso, o cacique Raoni pediu “dar continuidade nessa missão de poder defender a vida”. O cacique do povo Kayapó chamou ao diálogo com as autoridades, com os estados, em vista de acabar com o desmatamento, o garimpo e a exploração da terra. Ele pediu proteção e cuidado para os povos indígenas, sobretudo na área da saúde. Finalmente, Raoni refletiu sobre as consequências das mudanças climáticas, advertindo sobre o caos muito grande que pode acontecer “se não tivermos a consciência de defender o que resta”. Declaração da Cúpula e Carta das Infâncias A Cúpula dos Povos elaborou uma declaração onde mostram sua disposição para assumir “a tarefa de construir um mundo justo e democrático, com bem viver para todas e todos”, ressaltando que “somos a unidade na diversidade”. O texto afirma que “não há vida sem natureza. Não há vida sem a ética e o trabalho de cuidados”. Para isso apostam nos “intercâmbios de conhecimentos e saberes, que constroem laços de solidariedade”. Um texto que analisa a realidade atual em sete pontos para depois fazer 15 propostas. Para avançar nesse caminho, fizeram um chamado a unificar forças mediante a organização dos povos. Também foi apresentada a Carta das Infâncias na Cúpulas dos povos, que se reuniram em Belém (PA) para conversar sobre o clima. O texto denuncia o aumento da temperatura e suas consequências na vida das crianças. Elas afirmam que “Nós somos natureza, o planeta é natureza. A natureza é tudo!”, e pedem “um futuro bonito para viver”. Para isso “Temos que cuidar e proteger a AMAZÔNIA”, destacam as crianças, que fazem uma longa lista de propostas e exigências, dado que “queremos continuar vivos e vivas! Crescer num mundo bonito, num mundo que ainda respire. Com esperança e sem medo!” Levar em conta a sociedade civil Tanto a declaração como a carta foram apresentadas ao presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, e ao Governo Federal do Brasil, representado pelas ministras Sônia Guajajara, Marina Silva e o ministro Guilherme Boulos. Corrêa de Lago recordou o recordou o pedido do presidente Lula da COP30 levar em conta a sociedade civil. Nesse sentido, ele destacou a importância dos textos, que serão levados à reunião de alto nível onde são tomadas as decisões. Sônia Guajajara insistiu em que a democracia precisa da participação do povo, que deve ser escutado. A ministra dos Povos Indígenas definiu os participantes da cúpula como “os maiores guardiães da vida, seja no território, seja nas periferias das grandes cidades, dos quilombos”. Ela enfatizou a presença indígena na Zona Azul, com mais de 900 representantes, que ajudam a mudar o foco das discussões. Mensagem do presidente Lula A ministra Marina Silva leu a mensagem do presidente Lula à Cúpula dos Povos. Ele disse que “a COP30 não seria viável sem a participação de vocês”, ado que “o combate à mudança do clima precisa da mobilização e contribuição de toda a sociedade, não só dos governos. O entusiasmo e o engajamento de vocês são fundamentais para que possamos seguir nessa luta. Vocês são portadores da força e da legitimidade dos que almejam o melhor”. O presidente do Brasil insistiu na urgência da mudança e defendeu o desenvolvimento sustentável, e “um mundo em paz, mais solidário, menos desigual, livre da pobreza, da fome e da crise”. É por isso que “não podemos adiar as decisões que estão sendo debatidas há tantos anos”. Para isso, ele pediu “mapas do caminho para que a humanidade, de forma justa e planejada, supere a dependência dos combustíveis fósseis, pare…
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COP30: Na Marcha dos Povos, a Igreja se une aos defensores do meio ambiente

As ruas de Belém foram tomadas pelos povos, que marcharam por uma das maiores cidades da Amazônia para gritar ao mundo a necessidade de conversão, de mudança em todos os níveis. Movimentos sociais, sindicatos, políticos, povos indígenas e a Igreja católica, com a presença de vários cardeais e bispos, juntos pelo cuidado da Casa Comum. Povos que sentem excluídos das decisões Uma marcha que é expressão de um povo que “não concorda com o que está acontecendo dentro da COP, porque mesmo estando no Brasil muitos povos têm se sentido excluídos, não se sentindo partícipes dentro de seu próprio ecossistema, que é a Amazônia”, segundo denunciou uma das maiores lideranças indígenas em nível mundial, a vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia, membro do povo Kichwa de Sarayaku (Equador), Patrícia Gualinga. Que a COP30 seja realizada na Amazônia tem um forte significado para a Igreja católica, dado que “Papa Francisco convocou a Amazônia a Roma faz seis anos, e agora as Nações Unidas que convocam o mundo à Amazônia. Um retorno que conecta os povos do mundo para o cuidado daquilo que é fundamental para o equilíbrio sistêmico e climático do Planeta”, segundo o irmão João Gutemberg Coelho, secretário executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM). Uma rede que nasceu para isso, que tem “na sua índole, na sua identidade, no seu projeto de existência o cuidado da sociobiodiversidade amazônica”, sublinhou o secretário executivo, que vê nisso, “aquilo que salva o clima, que salva a nossa vida no Planeta”. Cardeais na marcha dos povos A CEAMA e a REPAM, expressões da caminhada eclesial na Amazônia, encontram apoio na Igreja universal, também presente na COP30 e em todas as atividades que estão sendo realizadas em Belém nesses dias. Especialmente as igrejas do Sul Global, que sentem que aquilo que está sendo debatido na COP “afeta a toda a humanidade, especialmente os pobres, os vulneráveis”, segundo o cardeal Felipe Neri Ferrão, arcebispo de Goa e presidente da Federação de Conferências Episcopais da Asia. Ele reconhece que “a missão da Igreja é para toda a humanidade, mas especialmente os pobres, os vulneráveis”, vítimas principais das consequências das mudanças climáticas. A participação da Igreja católica na Marcha dos Povos é importante. Acompanhar os povos sempre fez parte da sua missão. Papa Francisco e atualmente Papa Leão XIV têm colocado os pobres no centro. O atual pontífice, em seu recente discurso aos Movimentos Populares disse que “é necessário estar do lado dos pobres, dos descartados”. Nesse encontro, Papa Leão XIV disse: “eu estou com vocês”. Palavras que tem que nos levar a “seguir esse exemplo”, como fez a Igreja católica na marcha com a presença dos cardeais e bispos. Participar da COP30 e da Marcha dos Povos “é uma oportunidade para nos unirmos a outros defensores do meio ambiente”, segundo o cardeal Pablo Virgílio Davi, bispo de Kalookan (Filipinas). Ele enfatizou que “estamos rodeados por pessoas que realmente se preocupam com a integridade da criação”. Ao mesmo tempo, o cardeal recordou que “Papa Francisco nos ensinou a adotar a atitude da sinodalidade, caminharmos com todas as pessoas de diferentes estilos de vida”. Ele reconheceu que “as pessoas aqui podem ter diferentes motivos para defender o meio ambiente, para se juntar à comunidade, mas o importante é que encontremos nossos pontos de convergência juntos, que é o nosso cuidado com o bem comum”. Incluir na Igreja as demandas da sociedade organizada Não podemos esquecer que “a questão ambiental e social depende da democracia direta, da participação ampla de todos os movimentos sociais, de todos os segmentos que acreditam em mudanças profundas na humanidade, de mudanças civilizatórias”, disse dom Reginaldo Andrietta, bispo diocesano de Jales (SP). Ele sublinhou que “devemos sempre incluir as demandas da sociedade organizada”. Dado que essas demandas nem sempre são ouvidas, o bispo brasileiro destaca que a “articulação de todos os segmentos na unidade de ação é que faz a diferença”. O bispo disse que a Marcha dos Povos é “uma expressão a ser ouvida na COP por aqueles que misteriosamente estão fazendo as negociações, sem conhecermos todos os acordos que estão sendo feitos”. Dom Reginaldo cobrou o conhecimento íntegro dos acordos alcançados. Para isso é importante que o clamor da Marcha dos Povos seja ouvido. Ministras brasileiras cobram implementação dos acordos O governo brasileiro, que nem sempre tem assumido a importância do cuidado do Planeta, se fez presente na Marcha nas ministras Marina Silva e Sônia Guajajara. A ministra de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas destacou a importante presença daqueles “que sabem o que é a mudança do clima”. Daí a necessidade de “desenhar o mapa e o caminho que precisa sair desta COP” que deve conduzir ao fim do desmatamento e do uso de agrotóxicos. Por sua vez, Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas destacou a presença daqueles que cuidam da Amazônia e se encontram em Belém para dizer “Basta”. Um grito necessário diante da emergência climática, que deve levar com urgência a assumir o compromisso de combater juntos as mudanças climáticas em vista de “um mundo mais justo, um mundo mais inclusivo, um mundo que compreenda as nossas causas”, concluiu a ministra.

Cardeal Steiner: “a ecologia integral tem que ser expressão da fé daqueles que seguem o Evangelho”

Organizado pelo Movimento Laudato si´, o Pavilhão Balanço Ético, na Zona Azul da COP30, que acontece em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro de 2025, foi realizado, na manhã da sexta-feira 14, o painel: “Espalhando a Esperança: 10 anos do Acordo de Paris e da Encíclica Laudato si´”. Laudato Si’: um movimento contracorrente Jean-Pascal van Ypersele, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o órgão das Nações Unidas responsável pela avaliação científica relacionada às mudanças climáticas, Josianne Gauthier, de Cooperação Internacional pelo Desenvolvimento e la Solidariedade (CIDSE), e o cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), debateram sobre o impacto que o Papa Francisco teve nesta década na agenda climática. O Movimento Laudato Si’ é um dos frutos desse caminho nos últimos 10 anos, e a encíclica pode ser considerada “não apenas como um documento, mas como um catalisador”, que foi decisivo no decorrer da COP21, facilitando o processo político para o Acordo de Paris, segundo o coordenador mundial do Movimento Laudato Si’, Yeb Saño. “Um movimento contracorrente, um movimento tremendamente difícil, porque não é um movimento do lucro, do ganho, não é um movimento econômico, mas é um movimento que nos leva a uma fraternidade universal e cuidado da casa comum”, afirmou o cardeal Steiner. Laudato Si’: uma encíclica além da comunidade católica Jean-Pascal van Ypersele refletiu do ponto de vista científico, incidindo na importância decisiva de preservar a camada de ozônio. Para isso, em palavras do cientista climático, “precisamos da chamada neutralidade de carbono. Isso significa não emitir mais CO2 do que a natureza, incluindo as florestas e os oceanos, pode absorver”. Ele insistiu em que “Laudato Si’ vai além da comunidade católica e da comunidade religiosa. Ela influenciou um público muito mais amplo, são centenas de milhões de pessoas no mundo”. Isso porque, a encíclica “proporcionou uma ponte entre a ciência e os valores”, influenciando nas políticas. Uma encíclica que colocou em palavras coisas que, em nossos corações e em nossa experiência de vida, não tínhamos como expressar, como é a expressão “casa comum”, recordou Josianne Gauthier, fazendo com que “começamos a entender que a crise, a forma como tratamos uns aos outros, era a mesma coisa”, ajudando a ter uma nova visão. Isso criou, reconhece Gauthier, “um movimento de solidariedade, aprendizado e compreensão dentro de nossa fé para ter um papel a desempenhar”. Ela fez um chamado a ser políticos, a ser ativos, a estar unidos. Laudato Si’ influenciou decisivamente o Acordo de Paris O cardeal Leonardo Steiner foi um dos delegados da Santa Sé na COP21, em Paris. Ele testemunhou que “era impressionante ouvir como quase todas as delegações mencionavam Laudato Si’. E talvez se tenha alcançado o resultado que se alcançou em Paris devido ao texto Laudato Si’”. Um texto que, segundo o arcebispo de Manaus, “abre um horizonte de discussão, de reflexão exigente”, um texto que faz um grande aporte para a questão da mudança climática. O fundo da encíclica, afirmou o cardeal Steiner, “é a busca de uma nova relação, do cuidado diante da dominação e da destruição”. Ele insistiu em que “essa relação que precisa mudar porque o horizonte das mudanças climáticas está dentro do lucro, dentro do dinheiro. Não existe o horizonte de uma compreensão fraterna, como o Papa menciona no início, citando Francisco de Assis. Esse horizonte de compreensão que é a fraternidade universal do irmão Sol e irmã Lua”. A ecologia integral expressão da fé Frente aos negacionistas climáticos, o cardeal ressalta que “onde existe respeito pela natureza, que propõe a Laudato Si, existe a harmonia, existe a possibilidade da vida como um todo”. Ele sublinha a importância da educação para uma ecologia integral, uma questão que aparece em Querida Amazônia, onde ao mencionar os quatro sonhos, Papa Francisco aborda uma totalidade das relações, “nada fica fora dos sonhos”. Junto com isso, a Laudato Si e Querida Amazônia mostram que “a questão da ecologia integral tem que ser expressão da fé, daqueles que seguem o Evangelho”, destacou o cardeal. “O meio ambiente tem a ver com o desaparecer de povos. O meio ambiente tem a ver com o desaparecimento de culturas, de línguas. O meio ambiente tem a ver com os povos indígenas, os povos originários. O meio ambiente tem a ver com a nossa humanidade”, refletiu o arcebispo de Manaus. Ele mostrou como Papa Francisco ao abordar a questão do meio ambiente, nos faz pensar que existe um todo. Daí ele deduze que “esse todo é que dá razão de nós, como Igreja, como comunidades de fé, não deixarmos de lado a questão ambiental”. De fato, no Evangelho de Marcos, Jesus disse: “Ide e anunciai a toda criatura”, o que mostra que “a redenção tem a ver com todo o universo. Todo o universo está dentro do mistério da cruz e da ressurreição”. O meio ambiente presente na vida das comunidades Uma reflexão que leva o cardeal a dizer que “o meio ambiente não pode estar excluído da vida das nossas comunidades”, dado que tudo é obra criada. Nessa perspectiva, somos chamados a ser cuidadores da obra criada, não dominadores, seguindo o texto de Gênesis. Uma nova relação, que considera o todo e não só o lucro, “uma relação de cuidado, uma relação de cultivo, mas especialmente uma relação fraterna”, a exemplo de Francisco de Assis, desafiou o cardeal. Daí o chamado a, sustentados na teimosia, “levar adiante todo esse horizonte de compreensão que nos foi dado por Papa Francisco, em vista de que a nossa terra não chegue ao seu colapso, não chegue a sua destruição. E que todos possam se sentir em casa, também os outros seres, até os seres que nós chamamos de inanimados possam se sentir em casa”, dado que cada ser é um modo diferente de manifestação de um mesmo amor. Uma encíclica que nos leva a “continuar firmes nessa luta”, reafirmou o cardeal Steiner. Mesmo diante da pressão que a COP recebe das grandes empresas, que não querem se desfazer do…
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