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Dom Altevir: “O Espírito Santo nos pede um coração aberto, simples e terno”

Mensagem de Pentecostes do Bispo da Prelazia de Tefé Queridos padres, diáconos, religiosos e religiosas, cristãos leigos e leigas da nossa amada Prelazia de Tefé, Neste dia sublime de Pentecostes, celebramos a presença viva e transformadora do Espírito Santo na Igreja nascente. Ela, filha da Missão, e a Missão que tem sua origem no coração da Santíssima Trindade. Assim como outrora os apóstolos, reunidos em oração, receberam o fogo divino que os encheu de coragem para anunciar o Evangelho, hoje também somos chamados a acolher essa mesma graça, permitindo que ela nos conduza sem reservas. O Espírito Santo nos pede um coração aberto, simples e terno. Não há espaço para resistências, para medos ou hesitações quando se trata de permitir que Ele atue em nós. Cada padre, diácono, religioso e religiosa, cada leigo e leiga são instrumentos preciosos nas mãos de Deus. Somos convocados a ser sinais vivos de amor, esperança e fé, especialmente em nossa querida Amazônia, onde a beleza da criação e os desafios da missão exigem de nós um testemunho vibrante e autêntico. A Prelazia de Tefé, com suas 14 paróquias, duas Áreas Missionárias e mais de 500 comunidades espalhadas entre cidades, rios e igarapés, é um espaço fecundo para a ação do Espírito Santo. Que Ele nos fortaleça, nos impulsione e nos conceda a mesma coragem que tomou conta dos apóstolos naquele dia abençoado. Que possamos anunciar o Evangelho com palavras, com vida e com entrega sincera. Feliz dia de Pentecostes! Que o fogo do Espírito Santo aqueça nossos corações e ilumine nossos caminhos. Com minha bênção e oração, Dom Altevir, CSSp, Bispo da Prelazia de Tefé

Um Papa a medida de cada um

Parece que já passou muito tempo, mas ainda não tem 30 dias que o Papa Leão XIV foi eleito sucessor de Pedro. Mesmo com quatro semanas de pontificado, já foram muitas as opiniões que aparecem constantemente em torno à pessoa daquele que até 8 de maio de 2025 era o cardeal Robert Prevost. Nem sempre tem se falado do novo pontífice de modo objetivo, pois cada um quer um Papa a sua medida. Em consequência disso nos deparamos com imagens ou frases fora de contexto que pretendem responder a interesses particulares, sejam religiosos, sejam políticos, que às vezes são mentiras e que outras vezes não falam toda a verdade. Em uma sociedade cada vez mais egocêntrica e autorreferencial, uma atitude que também tomou conta do universo religioso, as pessoas querem tudo à medida deles. Seu predecessor, o Papa Francisco, é alguém com quem muitas pessoas comparam o Papa Leão XIV. O fato de não ser igual é motivo para muita gente querer opinar, ignorando que cada pessoa é única e irrepetível. As pessoas esquecem que o que foi pedido pelo Colégio Cardinalício ao novo pontífice é que ele desse continuidade aos processos iniciados por seu predecessor. Temos que ser conscientes que a Igreja tem quase dois mil anos e que ela cresce na medida em que entende a necessidade de perpetuar aquilo que é constitutivo, mas assumindo que cada momento histórico precisa de respostas diferentes que são desenvolvidas por pessoas diferentes. Nesse sentido, a fidelidade do Papa Leão XIV a seu predecessor é algo evidente, mas também que ele é diferente. O Papa é um construtor de pontes, alguém que garante a comunhão na Igreja e essa comunhão se fez presente no Conclave em que o Papa Leão XIV foi eleito. O fato de ter sido eleito no quarto escrutínio manifesta que essa comunhão se fez presente entre os cardeais eleitores, querendo dar continuidade ao horizonte que a Igreja católica vem procurando nos últimos anos. Quando cada um pretende que as coisas sejam do seu jeito, que o Papa responda ao desejo de uma pessoa ou de pequenos grupos de interesse a comunhão vai se debilitando e o futuro da Igreja é colocado em risco. A grandeza da Igreja estriba em sua catolicidade, em sua diversidade, em fazer presente o mesmo Evangelho, de modos diversos, em diferentes culturas e realidades, no meio de povos distantes. Que este momento histórico que estamos vivenciando como Igreja seja uma oportunidade para entender a riqueza que nasce da comunhão. Que sejamos conscientes que aquele que hoje guia a barca de Pedro precisa de nossa oração, de nossa cercania, para assim poder responder a uma missão que Deus e a Igreja lhe confiaram, de modo supressivo, mas que com a força do Espírito vai concretizar neste momento da história da humanidade e da Igreja católica.

Regional Norte 1 participa de Formação da CNBB sobre Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com a Porticus e o Núcleo Lux Mundi, realiza de 03 a 05 de junho de 2025, na Casa Dom Luciano Mendes de Almeida, em Brasília, o Encontro Formativo de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis com as lideranças da Pastoral da Criança e da Pastoral do Menor em nível nacional. E junto com essas lideranças também foram convidadas outras pessoas, entidades e os secretários e secretárias dos regionais da CNBB. Do Regional Norte 1 participa a secretária executiva, Ir. Rose Bertoldo, dois representantes da Pastoral da Criança e uma da Pastoral do Menor. Fomentar a proteção O encontro, ele tem como objetivo tratar do tema da proteção de crianças e adolescentes, fazendo um resgate histórico na perspectiva da proteção de crianças e adolescentes por parte da Igreja. Nessa perspectiva, o bispo de Itumbiara e presidente da Comissão Especial de Proteção da Criança e do Adolescente da CNBB, dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, trouxe muitos elementos. Ele mostrou essa preocupação que a Igreja tem no cuidado de crianças e adolescentes, apresentando os documentos do Papa Francisco, que de fato pediu que as conferências episcopais se mobilizem para um trabalho mais efetivo com relação à questão da prevenção aos abusos nos espaços eclesiais. Querendo fazer uma retomada histórica, a professora Vanildes Gonçalves dos Santos, abordou a questão da política de proteção de crianças e adolescentes na realidade brasileira. Ela mostrou que a luta pela criança como prioridade absoluta vem de uma longa história de luta dos movimentos sociais. Tudo isso sem esquecer que a Constituição Federal tem a criança como prioridade absoluta. A coordenadora do Núcleo Lux Mundi, doutora Eliane de Carli, também colocou essa preocupação e o trabalho que o Núcleo tem realizado, sobretudo junto às comissões nessa questão da formação, principalmente com a Vida Religiosa Consagrada, as comissões em nível regional, diocesano, onde já se realiza esse trabalho. Os participantes abordaram a dimensão da Legislação Civil com o assessor da CNBB, doutor Hugo José Sarubbi Cysneiros de Oliveira, e o bispo auxiliar de Brasília, dom Denílson Geraldo, que apresentou de uma forma muito pastoral a dimensão da Legislação Canônica no que diz respeito à questão dos abusos nos espaços eclesiais. Os aportes dos palestrantes motivaram as rodas de conversa nos grupos para tentar aprofundar esses elementos a partir das políticas de proteção de cada Regional e de cada igreja local, abordando as orientações para o posicionamento junto à imprensa e a criação de ambientes seguros e o acompanhamento das vítimas. Foi abordado como criar a política de proteção e protocolos; as orientações para se posicionar diante da imprensa; a criação de ambientes seguros; e o acompanhamento das vítimas. Realidade do Regional Norte 1 da CNBB Segundo a secretária executiva, isso não é novidade para o Regional Norte 1 da CNBB, que já vem trabalhando através do documento, o regulamento, o decreto e o manual essa temática. Cada vez mais, enfatiza a Ir. Rose Bertoldo, “esse tema do abuso, da exploração sexual, é uma pauta que não tem mais retorno. Cada vez mais, a Igreja precisa se preocupar e trazer isso em todos os espaços. E como Regional Norte 1, a gente tem feito isso”. Segundo a religiosa, “o desafio que a gente tem é integrar os mais diversos grupos, por exemplo, a Pastoral da Criança, a Pastoral do Menor, que estão participando desse encontro, como também se integrarem no documento que o Regional Norte 1 tem. Sobretudo, no manual, onde tem orientações práticas de como proceder”, insistindo em que “esse também é um caminho processual”. “O processo de formação dos mais diversos grupos vai também nos mostrando o caminho e vai fortalecendo o trabalho em rede. Nós da Igreja, dos diversos espaços, as pastorais sociais, desde a Pastoral do Menor, Pastoral da Criança, Pastoral do Idoso, Pastoral da AIDS, e dos organismos”, disse a Ir. Rose Bertoldo. A religiosa também se referiu ao trabalho do CIMI, da CPT, da Rede Um Grito pela Vida, como um organismo da CRB, que nos ajuda também a trabalhar, sobretudo, os processos de prevenção nas igrejas locais”. Nessa perspectiva, a secretária executiva do Regional Norte 1 insistiu na “importância de criar nas nossas igrejas locais a cultura da proteção, que passa por todo um processo que vai sendo feito a partir de cada igreja local, de cada grupo, de cada pastoral, de cada organismo”. A religiosa disse que “o Regional Norte q amplia para todos os atores que participam das igrejas locais. Nós já iniciamos um processo de formação com o diaconato permanente, com as comunidades de vida, com a catequese, com as juventudes. E cada vez mais é importante nesse processo de cuidado, sobretudo a partir do trabalho de prevenção”.

Cardeal Steiner no Seminário Faça Bonito: “Que cresça cada vez mais o cuidado de nossas crianças”

O auditório Deputado Belarmino Lins, na Assembleia Legislativa do Amazonas, acolhe de 04 a 06 de junho de 2025 o Seminário Estadual Faça Bonito, que comemora os 25 anos do 18 de Maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O resultado de uma caminhada O Seminário conta com a participação de representantes da Igreja católica, dentre eles o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus, dom Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, e a coordenadora estadual da Rede um Grito pela Vida, Ir. Michele Silva. Na abertura, o cardeal Steiner destacou que o seminário vem precedido por um caminho de muitos anos, que “tem antecedentes, tem buscas, tem discussões, tem mulheres guerreiras, pessoas que se preocuparam até chegarmos aqui”. Ele ressaltou que “o 18 de maio é resultado de uma caminhada, de uma busca, de uma preocupação, de uma admiração, especialmente de um cuidado, um cuidado em relação às nossas crianças e adolescentes”. É por isso que “poder celebrar 25 anos é poder também agradecer a todas essas pessoas que nos ajudaram nessa longa caminhada”. Ser criança O arcebispo de Manaus fez um chamado a “não esquecer o passado, não esquecer as buscas, e por isso é uma possibilidade de estarmos aqui porque há passado, há busca, há cuidado”. Ele recordou as palavras de Jesus no Evangelho, onde ele nos chama a ser criança. O cardeal disse que “criança é o melhor ser, criança é futuro, mas futuro presente, criança é a possibilidade de ser cada vez mais pessoa, ter uma identidade própria. Criança é a possibilidade de ser mulher, de ser homem, de ser pessoa. E nós que cremos, dizemos, a possibilidade de cada vez mais ser filho, filha de Deus. É por isso que nós nos reunimos e nos preocupamos com as nossas crianças”. Uma preocupação que segundo o presidente do Regional Norte 1, é em relação “à sexualidade, a nossa preocupação em relação aos abusos que acontecem. Não ao sexo, mas à sexualidade, porque a sexualidade é uma grandeza de alma”. Analisando a etimologia da palavra sexualidade, ele disse que “ela carrega uma força, uma energia, uma vitalidade. A sexualidade é uma vitalidade de cada um de nós”. Diante disso, o cardeal Steiner refletiu sobre o ser abusado, quando a alma é abusada. Maior cuidado e políticas públicas      O cardeal Steiner pediu que o seminário seja oportunidade “para que cresça cada vez mais o cuidado de nossas crianças, mas cresça cada vez mais também políticas públicas, os nossos governos se interessem e ajudem a cuidar”. Ele destacou o compromisso da arquidiocese de Manaus “para podermos superar essa agressão à sexualidade humana”. Finalmente, o arcebispo pediu que “nós, ao olharmos as crianças, não vejamos lágrimas, mas sorrisos. Ao olhar as crianças, não vejamos crianças que se escondem. Não por vergonha, mas pela agressão recebida. E possamos vê-las na liberdade, possamos vê-las na liberdade porque pessoas, filhos e filhas de Deus, não se imaginam como nós. Ao longo do seminário serão abordados os avanços, normativas e desafios na Rede de Proteção, assim como as boas práticas na atenção às vítimas de violência sexual. Igualmente será apresentado o papel da pesquisa na prevenção da violência sexual, com os aportes de dom Hudson Ribeiro. Também será realizada uma contextualização dessa problemática no Brasil, o papel do homem na prevenção dessas violências ou os desafios a enfrentar quando o agressor também é adolescente. O último dia, será tratado sobre a “Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências e os Núcleos de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde”. Junto com isso a vigilância e a importância da Saúde na identificação das violências e outras questões relacionadas com o tema da Saúde.           

Mulheres que nas Pastorais Sociais cuidam da vida

As Pastorais Sociais representam a concretude da caridade, a caricia de Deus que se faz presente através da Igreja. Nessas pastorais, a participação das mulheres se torna decisiva. Como sucede na Igreja como um todo, também nas Pastorais Sociais predomina o rosto feminino. Exemplos disso nós encontramos em muitas comunidades, áreas missionárias, paróquias, prelazias, dioceses… Diocese de Roraima Na diocese de Roraima, Maria Helena, indígena do povo Wapichana, faz da prática da medicina tradicional um modo de concretar o cuidado de Deus para com as pessoas. Junto com outras mulheres da comunidade indígena Truaru da Cabeceira produzem xarope, pomada, tintura, garrafadas, “tudo com as plantas que temos na nossa própria comunidade. E quando nós não temos, a gente vai buscar”, disse a indígena do povo wapichana. São plantas que cultivam na horta medicinal, que conta com o apoio muito grande da diocese de Roraima e também do DISEI (Distrito Sanitário Especial Indígena). Uma parceria, que segundo ela, serve “para a gente estar buscando a melhoria para a saúde dos nossos povos indígenas, também preservando o meio ambiente”. Prelazia de Tefé Na área missionária São Francisco (Tamaniquá), na prelazia de Tefé, formada por 23 comunidades, mora Ramilda. Ela desenvolve um trabalho nas comunidades ribeirinhas, acompanhando as pastorais sociais, mas também as outras pastorais, como Catequese, Juventude. Em cada comunidade, as lideranças desenvolvem um trabalho, que é coordenado por Ramilda. Ela é ministra do Batismo, e quando demora o padre, ela é chamada também a fazer batizado nas comunidades. Ela destaca a importância do trabalho que é realizado na missão nas comunidades, “indo ao encontro das famílias nas comunidades e reivindicando o direito que as comunidades precisam”. Em uma prelazia muito extensa, o laicato, sobretudo as mulheres, fazem “esses trabalhos pastorais de encontro. de formação, de visita às comunidades”, enfatiza a missionária. Diocese de São Gabriel da Cachoeira Patrícia Lizardo Santos é indígena do Povo Baré, da diocese de São Gabriel da Cachoeira, onde vivem 23 povos indígenas. Na diocese, “nós mulheres indígenas, trabalhamos em favor da vida”, afirma. No Centro Mamãe Margarida, ela acompanha a luta das crianças, das pessoas portadoras de necessidades especiais, trabalhando com as mães, para que as crianças possam ter todas as suas habilidades. No dia a dia, passam um tempo no centro, que funciona de segunda a sexta-feira, para ajudar às mães indígenas. Ela lembra que o projeto foi implantado por dom José Song, e “hoje continua fazendo esse trabalho no nosso município”. Ela disse que as mulheres da diocese de São Gabriel da Cachoeira, “lutamos em favor da vida dos povos indígenas. Esse cuidado com a natureza, cuidado com as florestas. Nós defendemos a vida das famílias indígenas e hoje a diocese vem buscando esse meio de preservar a nossa cultura indígena dentro das nossas aldeias, dentro da cidade, para preservar o valor da vida dos povos indígenas na nossa diocese de São Gabriel da Cachoeira”.

Cardeal Steiner: “Na medida em que vamos caminhando na fé, nós vamos percebendo a presença de Jesus”

Na solenidade da Ascensão do Senhor, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando que a liturgia dos últimos dias, “veio nos preparando para a solenidade que celebramos hoje. E a solenidade que celebramos hoje da Ascensão do Senhor nos prepara para a celebração de Pentecostes, que celebraremos no próximo domingo”. Nas leituras da última semana “Jesus estava como que se despedindo e preparando os discípulos para a vinda do Espírito Santo”. Voltam com grande alegria Na Solenidade da Ascenção, o Senhor “desaparece aos olhos e não é visto e não vendo adoram, e retornam à sua cotidianidade, ao seu dia a dia”. Junto com isso, segundo o cardeal refletiu, na primeira leitura, “Jesus foi elevado ao céu à vista deles”, destacando que longe de se entristecerem, os discípulos “voltam para Jerusalém com grande alegria”. O arcebispo disse que “é verdade, temos necessidade de ver. Ver nos dá a percepção de segurança e sabermos onde nos encontramos em determinado lugar. Ver nos faz perceber onde nos encontramos, mesmo quando nosso sofrimento. É que no ver, vemos mais do que os nossos olhos. Ver é aquela percepção de nos situarmos, nos localizarmos, nos encontrarmos. Ver, porque também os cegos veem”. Analisando a primeira leitura, nos dois homens vestidos de branco, ele disse que “recordam aos apóstolos que a nova situação deve levá-los a caminhar, mas caminhar na esperança”. Um chamado a caminhar com aquele que “se fez caminho: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ele agora será visível no caminhar, e caminhando vemos Jesus”. Nesse sentido, ele sublinhou que “na medida em que vamos caminhando na fé, nós vamos percebendo a presença de Jesus, e o vemos”. Jesus “faz descobrir nos passos sempre uma nuvem de não saber de antemão, invisível aos olhos, mas que faz fazer o caminho da luta, da labuta, da nossa cotidianidade. Ele encoberto pela nuvem dos nossos saberes, das nossas dogmatizações, das nossas definições, das nossas determinações”, disse o arcebispo de Manaus. Sobre o fato de os apóstolos serem conduzidos a Betânia, o cardeal recordou as palavras do venerável Beda, mostrando que Betânia significa “a casa da obediência”. É por isso que “foi para essa cidade da obediência, da atenção, da descoberta, da reverente audição que Jesus conduziu os seus discípulos porque viveram da nuvem do não-ser. Saber pré-determinado, um saber encoberto a ser descoberto, que é eterno na riqueza da presença de Deus em nossa humanidade. E Jesus continua presente no meio de nós, mesmo tendo subido aos céus”. Permanecer na escuta Algo que se faz presente na Liturgia, pois “quantas vezes nós dizemos, o Senhor esteja convosco, e nós respondemos, Ele está no meio de nós”, lembrou o cardeal. É por isso que Solenidade da Ascenção, “nos faz ver sem os olhos e permanecermos na escuta, na busca da presença salvadora, libertadora de Jesus, como quem perscruta o horizonte no deserto esperando chuva. E no perscrutar o horizonte da nossa cotidianidade, nos nossos afazeres, vemos o Senhor em contato. Coberto pela nuvem, mas vivo e presente no meio de nós. A ele ninguém viu, mas se nos amarmos uns aos outros e guardarmos a sua palavra, ele virá e fará em nós sua morada”, disse o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. “Nesse tatear, nesse buscar, nesse servir, nesse amar, é que somos tocados pela presença do Senhor, porque ele virá e fará em nós a sua morada. Ele se aproxima, nos toca e nos liberta. E vivemos numa espécie de eterna não fixação em Jesus. É como se Jesus sempre de novo fosse se revelando, através dos nossos momentos de oração, através do nosso serviço aos pobres, no cuidado do meio ambiente. A nossa assembleia celebrando presencializa Jesus que subiu aos céus, não estamos sós, continua no meio de nós”, refletiu o cardeal Steiner. Seguindo as palavras de Paulo aos Efésios, o arcebispo de Manaus disse que “o caminho agora é o da esperança e nós estamos no Ano da Esperança”. Uma reflexão também presente em Santo Agostinho, que diz que “Cristo já foi elevado ao mais alto dos céus, contudo continua sofrendo na terra através das tribulações que nós experimentamos como seus membros”. É por isso, que ele enfatizou que “Cristo está no céu, mas também está conosco e nós, permanecendo na terra, estamos também com Ele e por sua divindade, por seu poder, por seu amor, Ele está conosco e nós, embora não possamos realizar isso pela divindade como Ele, ao menos podemos realizar pelo amor que temos aos irmãos e as irmãs”. Ter olhos e coração para o encontrar O cardeal recordou as palavras de Papa Francisco na Solenidade da Ascensão, que falava sobre a nova forma de presença de Jesus no meio de nós, que “pede-nos para ter olhos e coração para o encontrar, para servir, para testemunhar Jesus aos outros. Trata-se de ser homens e mulheres da ascensão. São os que já buscadores de Cristo nas sendas do nosso tempo, levando a sua Palavra de salvação até os confins da terra”. Segundo ele, “nesse caminho, nesse itinerário, encontramos o próprio Jesus nos irmãos e irmãs, sobretudo nos mais pequenos, sobretudo nos pobres, enquanto sofrem na própria carne a dura, mortificadora experiência de antigas e novas pobrezas. Assim, como inicialmente Cristo ressuscitado enviou seus apóstolos com a força do Espírito Santo, também hoje Ele nos envia com a mesma força para dar sinais concretos e visíveis de esperança”. É por isso que Jesus “nos devolve a esperança, porque nos enviará o Espírito Santo”, disse o arcebispo. Segundo ele, “nessa visão e participação, recebemos gratuitamente os olhos da fé, que vê em novos céus e nova terra, e que a nuvem anuncia um novo tempo, o tempo da esperança”. Na Solenidade da Ascensão do Senhor, o cardeal Steiner pediu que “voltemos também nós, com alegria, a nossa cotidianidade, voltemos com satisfação ao dia a dia, para bem vivermos o dom de sermos participantes de Jesus, já agora…
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Dom Altevir no Dia das Comunicações Sociais: “Utilizar os meios de comunicação com responsabilidade”

No 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais, “uma data instituída pelo Papa Paulo VI em 1967 e vivenciada pela Igreja no dia da festa litúrgica da Ascensão do Senhor”, o bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva, enviou uma mensagem. Segundo ele, “é um momento de reflexão sobre o papel fundamental da comunicação na evangelização e no fortalecimento da comunhão entre os fiéis”. Dom Altevir lembrou que na prelazia de Tefé, “contamos com a graça de termos a Rádio Rural de Tefé, rádio de longo alcance que nos permite levar a Palavra de Deus a muitos corações, atingindo lugares distantes e aproximando-nos daqueles que, por diversas circunstâncias, não podem estar fisicamente presentes na comunidade, e também aos comunitários que sempre estão ligadinhos ouvindo nossos programas. A comunicação é, assim, um instrumento valioso para espalhar o amor, a fraternidade e a esperança”. O bispo lembrou o tema deste ano para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, proposto pelo saudoso Papa Francisco, “Partilhai com mansidão a esperança que está em vossos corações”. Segundo ele, “nos convida a refletir sobre a importância de comunicar com verdade e mansidão, especialmente em um mundo onde a desinformação e a concentração do controle das redes sociais ameaçam a autenticidade das relações. E neste dia da Solenidade da Ascensão do Senhor ao céu, dia que a Igreja celebra o Dia Mundial das Comunicações Sociais, somos chamados a ser testemunhas da esperança, a utilizar os meios de comunicação com responsabilidade e a promover um diálogo sincero e respeitoso”. Finalmente, ele pediu aos párocos e membros dos Conselhos Paroquiais, que “possam motivar, apoiar e criar onde ainda não tem, a PASCOM, oferecendo os meios, equipamentos e formação necessários de modo que possamos, como Igreja, renovar nosso compromisso com a comunicação inspirada pelo Evangelho, promovendo um ambiente de escuta, acolhimento e partilha”.  Para isso, o bispo pediu, “que o Espírito Santo nos guie para sermos instrumentos da verdade e da paz em todos os espaços onde nos comunicamos”.

Cardeal Steiner: Um Conclave para eleger um Papa “que desse continuidade ao Concílio Vaticano II”

O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, um dos 133 eleitores que participaram da escolha do Papa Leão XIV, partilhou com o clero da arquidiocese suas vivências durante o Conclave e as congregações gerais prévias. Saber o estado da Igreja no mundo Ele iniciou sua partilha com a oração que os cardeais eleitores fizeram antes de entrar na Capela Sistina. Uma oração que, segundo o arcebispo de Manaus, resume o caráter eclesial da eleição do Romano Pontífice. Uma escolha do Papa que foi precedida pelas congregações gerais, onde cada cardeal, que fazia um juramento, podia tomar a palavra. A grande questão desses encontros prévios era “sabermos como a Igreja se encontrava no mundo inteiro”, aparecendo a enorme riqueza expressada pelos cardeais de mais de 70 países, aparecendo como “a Igreja vai se inculturando nas diversas realidades”. O pedido dos cardeais foi que o Papa fosse “alguém que desse continuidade ao Concílio Vaticano II como deu o Papa Francisco”, destacou o cardeal Steiner, ressaltando a necessidade de continuar com suas propostas evangelizadoras. O arcebispo de Manaus mostrou a importância da homilia do cardeal Re no funeral de Papa Francisco, que “tinha conseguido trazer alguns elementos importantes do pontificado de Papa Francisco”, enfatizando que “a reação na Praça de São Pedro àquilo que ele falava, repercutiu depois nas congregações”, dado que “os fiéis sabem por onde a Igreja deve ir”. As congregações gerais foram um momento dos cardeais se conhecerem, de troca de ideias para ir descobrindo o perfil daquele que poderia ajudar a conduzir a Igreja. Toda a Igreja presente no Conclave Depois da Missa pro Elegendo Pontífice, na manhã do dia 7 de maio, os cardeais ficaram isolados na Casa Santa Marta. Na tarde, os cardeais se dirigiram à Capela Paulina, sendo colocados conforme a data de criação de cardeais e conforme as três ordens dentro do Colégio Cardinalício: bispos, presbíteros e diáconos. O cardeal Steiner destacou a quase meia hora de silêncio nesse momento antes do cardeal Parolin dar início ao Conclave e iniciar a procissão até a Capela Sistina. Esse foi para o arcebispo de Manaus o momento mais emocionante, o mais significativo, com o canto da Ladainha de todos os santos, mostrando assim que “toda a Igreja estava presente. Igreja não como organização, mas a Igreja como Reino de Deus, a Igreja como Povo de Deus”. Algo que o cardeal considera muito importante, “porque você está invocando aqueles que já peregrinaram, já fizeram o itinerário, já viveram o Evangelho, já experimentaram a grandeza do Evangelho”, ressaltando que esse é um momento eclesial. Logo em seguida foi invocado o Veni Creator, “de novo esse sentido de que não somos nós que estamos ali, mas é a Igreja”. O fato de os cardeais estar com a veste litúrgica, é explicado por que “não é uma votação, é uma celebração”. Uma longa salva de palmas Ele contou brevemente os elementos que fazem parte das votações, destacando como algo que impressiona o fato de votar na frente do Juízo Final. No quarto escrutínio, quando deu o número de 89 votos, que eram os necessários para ser eleito, uma longa salva de palmas tomou conta da Capela Sistina e todos os cardeais se levantaram. Nesse momento, disse o cardeal Steiner, “você percebe o significado enorme de Pedro para a Igreja católica”. Terminada a recontagem, o cardeal Parolin perguntou ao cardeal Prevost se ele aceitava. Ele aceitou e disse que o nome seria Leão, que posteriormente, já com as vestes de Papa, foi cumprimentado por todos os cardeais e cerimoniários que estavam a serviço. Mesmo tendo trabalhado com o cardeal Prevost, no Sínodo sobre a Sinodalidade, e em um grupo de trabalho criado em torno ao Sínodo, para abordar a questão da nomeação dos bispos, o cardeal Steiner disse que uma vez que ele coloca a veste de Papa, “parece que tem uma autoridade que você antes não via”.  Ele insiste em que o Conclave “é uma experiência única”. Com o jeito latino-americano Do novo Papa, o arcebispo de Manaus destaca que “ele tem muito do jeito latino-americano, é muito simples, no trato muito próximo, é um homem que escuta muito. Não é de falar muito, mas que depois de escutar, encaminha”. Segundo o cardeal Steiner, “essas virtudes vão ajudá-lo a conduzir a Igreja”, ressaltando que “ele irá dar continuidade às iniciativas de Papa Francisco”. O Papa irá reunir os cardeais uma vez por ano, e desde a primeira reunião com os cardeais, no dia 10 de maio, ele quis escutá-los, perguntando o que a Igreja deveria fazer daqui para frente. O cardeal insistiu em que o Papa Leão XIV será alguém que “vai ouvir antes de tomar certas decisões”. Das conversas previas ao Conclave, o arcebispo de Manaus destaca como admirável que “os cardeais tenham insistido que a Igreja precisava de alguém que fosse um pastor e que tivesse profunda experiência de pastoreio numa diocese”, algo que considera bastante decisivo para elegê-lo. Os cardeais, mas que com a procedência do novo Papa, queriam alguém preocupado com “a questão dos pobres, a questão da paz”. Um Papa que escuta Com relação à sinodalidade, o cardeal Steiner disse que no grupo que aborda a questão da eleição dos bispos, o cardeal Prevost tinha insistido na necessidade de ouvir os conselhos pastorais diocesanos para indicar o perfil do bispo que precisa essa diocese. Algo que o arcebispo de Manaus percebeu na fala aos fiéis da diocese de Chiclayo pouco depois de ser eleito, de quem ele disse que tinha aprendido tanto, destacando a questão do sensus fidei. De fato, sendo bispo no Peru, ele ouvia muito às comunidades, ficava anotando as coisas, aprendendo com a experiência de fé que o povo faz nas comunidades, que para o cardeal Steiner é um ensinamento, uma espécie de Magistério. O Papa Leão XIV é visto pelo cardeal Steiner como alguém do meio dos pobres, afirmando que “quem viveu no meio dos pobres não sai o mesmo”. Mais do que unidade, o arcebispo de Manaus disse que…
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Desrespeito a Marina Silva, mais um exemplo de uma economia que mata

O cuidado da casa comum, o cuidado da Amazônia, deve ser um compromisso de todos, ainda mais quando estamos comemorando 10 anos da encíclica Laudato si’. O desrespeito com a Ministra de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas acontecido no Senado Federal na última terça-feira, 27 de maio de 2025, é algo inaceitável. Além dos 10 anos da Laudato si’ o Brasil sedia no próximo mês de novembro a COP 30, uma conferência que tem como desafio fazer com que as decisões tomadas em outras conferências sejam assumidas de fato. Uma atitude que não tem muitos políticos brasileiros, que em vez de promover o cuidado da casa comum se empenham em promover uma economia que mata, segundo dizia Papa Francisco. Que representantes do povo da Amazônia, dentre eles senadores do Estado do Amazonas, tenham essas atitudes, é algo que deve levar os amazonenses a pensar em quem depositam sua confiança. O compromisso da ministra Marina Silva com o cuidado da Amazônia é algo que não pode ser questionado, uma atitude que claramente não está presente naqueles que a atacaram e desrespeitaram. No atual momento histórico e diante das graves consequências das mudanças climáticas, que tem provocado o aumento das temperaturas e estiagens cada vez mais prolongadas, o Poder Público, sobretudo o Poder Legislativo, cada vez mais dominado por grandes grupos econômicos, não pode continuar promovendo leis que aceleram o sofrimento da humanidade, especialmente dos mais pobres. Ainda mais usando argumentos mentirosos que tentam manipular a consciência das pessoas. A Boa Política, uma realidade cada vez mais incomum entre aqueles que em vez de cuidar do bem comum fazem politicagem, se fundamenta na capacidade de servir ao próximo, segundo Papa Francisco. Frente a isso, nos deparamos com políticos que procuram benefícios pessoais ou corruptos. A Ministra Marina Silva é alguém que faz política a partir de sua história de vida e de sua fé cristã. Ela conhece as condições de vida dos mais pobres da Amazônia a partir da própria experiência pessoal e sabe que o sofrimento daqueles que a sociedade descarta é muitas vezes consequência das decisões tomadas por grupos políticos aliados ao poder econômico. Junto com isso, como mulher de fé e conhecedora da Bíblia, a ministra entende que respeitar a Criação de Deus é uma exigência para todo ser humano, mas especialmente para aqueles que dizem ter fé. Não podemos continuar olhando para o outro lado, não podemos deixar passar batido esse tipo de atitudes. Os senadores são obrigados a ter atitudes respeitosas. Episódios como o acontecido com a Ministra Marina Silva no Senado, algo que se repete constantemente nos diferentes níveis do Poder Legislativo, desrespeitam a democracia e fazem com que o povo, aos poucos, perca seus direitos, que são trocados pelos interesses de uma economia que mata.

REPAM lança curso virtual “Água e Vida na Pan-Amazônia: Resistência, Direitos e Esperança”

Iniciativa fortalece a campanha “Água: vida, direitos e futuro na Amazônia” e promove formação aberta sobre os desafios e lutas em defesa das águas amazônicas A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, por meio do Núcleo Justiça Socioambiental e Bem Viver, em articulação com o Núcleo de Direitos Humanos e Incidência Internacional, lança o curso virtual “Água e Vida na Pan-Amazônia: Resistência, Direitos e Esperança”. A atividade integra as ações da campanha continental “Água: vida, direitos e futuro na Amazônia”, com o objetivo de oferecer um espaço formativo sobre a realidade da água nos territórios amazônicos, as violações de direitos sofridas pelos povos da região e as experiências de resistência e defesa desse bem essencial. O curso, que é gratuito e aberto ao público de toda a Pan-Amazônia e demais países da América Latina e Caribe, acontecerá em sete sessões virtuais, sempre às quartas-feiras, entre os dias 18 de junho e 30 de julho de 2025, via plataforma Zoom, com transmissão simultânea pelo canal da REPAM no YouTube. A programação conta com a participação de lideranças indígenas, especialistas, pesquisadores e agentes pastorais que atuam diretamente nos territórios amazônicos. Os encontros abordarão temas como: ecologia integral e justiça socioambiental, dados científicos sobre a situação da água na Pan-Amazônia, casos de violações de direitos, legislações emergentes e propostas políticas, além de experiências territoriais de luta e esperança. Entre os convidados e convidadas já confirmados estão Mari Luz Canaquiri (povo Kokama – Peru), Tania Ávila (Bolívia), Prof.ª Márcia Oliveira (Brasil), José Manuyama (Comitê de Defesa da Água), Barbara Fraser (Vigária da Água – Peru), entre muitos outros nomes representativos do compromisso com os direitos socioambientais na região. A iniciativa conta com a parceria de organizações como a Vicaría del Agua (Peru), o Centro de Innovación Científica Amazónica – CINCIA (Peru), o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES (Brasil), e a Cátedra Laudato Si’ da Universidade Católica de Pernambuco (Brasil). A certificação do curso será apoiada pela Associação de Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina – AUSJAL. Segundo os organizadores, o curso busca fortalecer redes de cuidado com a Casa Comum, formar lideranças e ampliar a consciência sobre os riscos e desafios que ameaçam as águas da Pan-Amazônia, patrimônio dos povos e da biodiversidade. As inscrições estão abertas e podem ser feitas por meio do link: Formulario de inscripción – Formulário de inscrição REPAM