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Pastorais no Regional Norte1: Sinais de sinodalidade e ministerialidade

As pastorais, que assumem o trabalho evangelizador nas igrejas locais do Regional Norte1, são um elemento decisivo na caminhada. Na Assembleia Regional, que acontece de 16 a 19 de setembro na Maromba de Manaus, foi apresentado os passos dados pelas pastorais presentes no Regional. Diversas pastorais mostraram o percurso percorrido no último ano: Pastoral da AIDS, Rede um Grito pela Vida, Pastoral Vocacional, Animação Bíblico Catequética, Pastoral Familiar, Pastoral do Migrante, Pastoral da Juventude, Pastoral da Pessoa Idosa, Conselho do Laicato, Pastoral do Menor, CEBs, Caritas, Conselho Indigenista Missionário, Comissão Pastoral da Terra, Comissão dos Presbíteros, Conselho Missionário Regional, Pastoral da Saúde e Pastoral Carcerária. Cada pastoral deu a conhecer, junto com os passos dados, os elementos que ajudam a identificar a ministerialidade nas pastorais, relatando os ministérios presentes e os passos que estão sendo dados para o avanço dessa ministerialidade, tendo como fundamento o Documento Final do Sínodo para a Amazônia, a Querida Amazônia e o Documento de Santarém 2022. As pastorais mostraram o papel fundamental das mulheres no trabalho evangelizador da Igreja, as mulheres são grande maioria entre os agentes das pastorais. Essas pastorais exercem diversos serviços, e, em muitos casos, exercem o ministério da escuta, do cuidado, especialmente com os vulneráveis. A ministerialidade se manifesta na participação coletiva, feminina e colegiada. Uma Igreja ministerial construída a partir das diversas vocações, que devem ser acompanhadas, que se concretiza assumindo os diversos ministérios, fomentando o protagonismo de todos e todas. Essa reflexão sobre a ministerialidade tem sido assumida por algumas pastorais, adotando ministérios que vão além do espaço eclesial. Vivenciar o Ano Jubilar, que não pode se esquecer que é uma experiência bíblica, é um dos elementos mais importantes da Igreja em 2025. Depois da abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, em Roma, no dia 24 de dezembro de 2024, as igrejas locais são convidadas a fazer essa abertura em nível local e programar seu calendário de atividades. O seguimento das atividades em Roma poderá ser realizado a través do site criado pelo Vaticano, apresentado aos participantes da Assembleia Regional Norte1. O Regional também quer programar alguma atividade, a ser realizada durante a Assembleia Regional 2025, para comemorar o Jubileu, sendo feitas algumas propostas. O Jubileu, que em 2025 tem como tema “Peregrinos da Esperança”, é uma peregrinação, que pode ser até um lugar, mas também até as pessoas, um caminhar com esperança. Para aprofundar no Jubileu, existem algumas propostas, como são as elaboradas pela arquidiocese de Manaus, apresentadas como possibilidades para outras igrejas locais: o estudo dos cadernos do Concilio Vaticano II, a leitura da bula de indicação do ano Jubilar 2025 e o texto Misericordiae Vultus, seminários sobre o Ano Jubilar, instituir os missionários da misericórdia, e especial atenção ao Sacramento da Reconciliação. Os participantes da Assembleia Regional Norte1 também conheceram o processo e conclusões da 6ª Semana Social Brasileira, que refletiu sobre Economia, Soberania e Democracia, sendo apresentados os passos dados ao longo do processo, marcado por Terra, Teto e Trabalho como grandes temas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ministerialidade no Regional Norte1: Modo de expressar a identidade como Igreja e responder aos sinais dos tempos

As assembleias, que em 2024 está sendo realizada de 16 a 19 de setembro na Maromba de Manaus, sempre são um momento marcante na caminhada da Igreja do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1). Em 2024, 80 representantes das nove igrejas locais e das pastorais participam da assembleia, mais uma expressão da profunda comunhão existente no Regional, que se concretiza em tantas iniciativas comuns que acontecem. Um Igreja Regional iluminada pela metáfora do corpo e seus membros, que São Paulo usa na Carta aos Coríntios, passagem lida na Eucaristia do dia, presidida pelo bispo emérito de São Gabriel da Cachoeira, dom Edson Damian. Ele destacou que “a fonte de tudo está no batismo”, da diversidade que garante a unidade, lembrando que a assembleia tem como um dos seus objetivos “descobrir e reconhecer novos ministérios, tão necessários para as nossas comunidades”, insistindo em que as mulheres participem deles, que desde a primeira Igreja tem sido protagonistas na missão da Igreja, também na Igreja da Amazônia. Dom Edson Damian disse que ao longo da história a Igreja foi discernindo a criação de novos ministérios para responder às necessidades que iam surgindo. Igualmente, em vista da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal, o bispo emérito de São Gabriel da Cachoeira, disse que o cardeal Steiner, que irá participar como membro, “certamente levará em seu coração a caminhada da nossa Igreja, a nossa sinodalidade, e também as conclusões dessa nossa assembleia”. Além disso, os estigmas da Amazônia e dos povos que a habitam. Igualmente, dom Edson Damian, comentando o Evangelho do dia, destacou três palavras do Papa Francisco que definem o jeito de agir de Deus: proximidade, misericórdia e ternura. Para isso o bispo pediu “que o Espírito Santo nos ensine, nos ajude, a ser semelhantes ao nosso amado irmão Jesus, agindo sempre com proximidade, misericórdia e ternura”. A caminhada do Regional se concretiza de diversos modos ao longo do ano, algo que foi recolhido no Relatório da Presidência, apresentado pelo bispo de Alto Solimões e vice-presidente do Regional Norte1, dom Adolfo Zon, e a secretária executiva, Ir. Rose Bertoldo. São os passos dados em nível universal, continental, nacional e regional, que mostram a vida que palpita nas pastorais e nas igrejas locais. Refletindo sobre a temática da assembleia, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, cardeal Leonardo Ulrich Steiner aprofundou a questão da “Igreja sinodal na Esperança, discípula missionária”. Ele partiu do conceito de evangelização, enfatizando que “o que nós anunciamos é o Reino de Deus”, afirmando que Jesus não pregou a Igreja, pregou o modo de ser, que é o Reino de Deus. O presidente do Regional disse que “nossas igrejas têm razão de ser porque existem comunidades que visibilizam o Reino de Deus e sua justiça”. Falando sobre missionariedade, o cardeal refletiu sobre a importância de ser enviado, de entender que a missão é recebida. Em uma Igreja discípula, com comunidades discípulas, pois, recordando as palavras do Papa Bento XVI: “discipulado e missão os dois lados de uma mesma moeda”. Se faz necessário ardor missionário para ser instrumento do Espírito na Igreja, “os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança de lado e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais”, segundo afirma Papa Francisco na Evangelii Gaudium. Falando sobre o atual processo sinodal, em que o cardeal Steiner é membro da assembleia sinodal, ele destacou que “a sinodalidade está presente na Amazônia há décadas”, vendo no Encontro de Santarém 1972 um momento decisivo nesse caminhar juntos, enfatizando que “quanto mais a Igreja é sinodal mais a autoridade cresce”. Uma Igreja Povo de Deus, que “visibiliza o todos a caminho: todos a serviço, todos a celebrar, todos a buscar, todos a anunciar, todos na fé”. Não podemos esquecer que “sinodalidade tem a ver com Povo de Deus, constituído por todos os batizados”, disse o cardeal. Ele citou Lumen Gentium, que chama a “serem casa espiritual, sacerdócio santo”, afirmando que a Sinodalidade não é uma questão restrita a organização ou funcionamento eclesial, mas pertence à própria natureza da Igreja. Uma Igreja sinodal tem que ser “lugar aberto, onde todos se sintam em casa e possam participar”, uma Igreja da proximidade, que leva em consideração os ministérios, carismas, serviços e dons do Povo de Deus. Uma Igreja que tem que levar em consideração as comunidades, “é lá que acontece a vida da Igreja”, sublinhou o cardeal Steiner. Comunidades chamadas a ser “um lugar aberto, onde todos se sintam em casa e possam participar”, tendo como fundamento a encarnação e libertação, os povos originários, a casa comum, os sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia, as palavras do Papa Paulo Vi, Cristo aponta para a Amazônia, ressaltando de novo a importância das comunidades e de fortalecer nelas a ministerialidade, elemento que será refletido ao longo da assembleia na busca da encarnação e libertação. A ministerialidade é o tema a ser discutido durante a assembleia, com a assessoria da Ir. Sônia Matos, e os padres Elcivan Alencar e Raimundo Gordiano, que iniciaram sua fala mostrando como essa dinâmica foi marcando a vida das igrejas do Regional e sua vocação. O número 94 da Querida Amazônia afirma que “uma Igreja de rostos amazónicos requer a presença estável de responsáveis leigos, maduros e dotados de autoridade, que conheçam as línguas, as culturas, a experiência espiritual e o modo de viver em comunidade de cada lugar, ao mesmo tempo que deixem espaço à multiplicidade dos dons que o Espírito Santo semeia em todos”, palavras que fundamentam a ministerialidade, advogando por uma Igreja marcadamente laical. Mesmo diante dos fundamentos teóricos, existem dificuldades para concretizar a ministerialidade, mas a Igreja do Regional continua caminhando, centrada naquilo que é essencial, que façam remar juntos, segundo os ventos do Espírito, para aportar no Reino, sendo a ministerialidade o modo para em sinodalidade caminharmos segundo o Espírito, é o Espírito que vai guiando as velas. Uma Igreja sustentada no batismo, que se entende como Povo de Deus, sendo os ministérios…
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Dom Zenildo Lima, dom Hudson e dom Vanthuy participam em Roma do Encontro de novos bispos

158 bispos chegados de todo o mundo participam em Roma, de 15 a 21 de setembro de 2024, do encontro dos novos bispos: “Pastores enraizados em Cristo a serviço de uma Igreja chamada a habitar o presente e guardar o futuro”. Do curso participam os bispos auxiliares de Manaus, dom Zenildo Lima e dom Hudson Ribeiro, e o bispo de São Gabriel da Cachoeira, dom Raimundo Vanthuy Neto. Também participa o bispo de São Félix do Araguaia (MT), dom Lúcio Nicoletto, que até ser nomeado bispo era missionário na diocese de Roraima. Cada dia é marcado por uma temática: o serviço do bispo para a custódia e transmissão da fé; a Igreja no mundo em diálogo; o serviço do bispo para o desenvolvimento humano integral; reunião com Pedro; Igreja Identidade e missão. Um curso para refletir sobre a visão teológica geral do Papa Francisco sobre a transmissão da fé, a colegialidade e a sinodalidade; encontros com membros de diversos dicastérios; conhecer o relacionamento entre a Santa Sé e os diversos países; o diálogo inter-religioso e intercultural; o Sínodo dos Bispos e o Jubileu; a gestão pastoral das divisões e dos conflitos devidos a étnicos e/ou políticos, propondo itinerários de reconciliação e paz; o apostolado dos leigos; evangelização e missão; a unidade do ministério episcopal; os abusos na Igreja; o fenómeno da migração; Igreja e cultura digital; Igreja e Inteligência Artificial, dentre outros temas. Segundo dom Zenildo Lima, “para nós que já participamos de um encontro formativo oferecido pela CNBB temos agora a expectativa de considerar a tarefa evangelizadora numa perspectiva mais ampla, considerando a universalidade da Igreja e da tarefa missionária”. O bispo auxiliar de Manaus destaca “a possibilidade de compartilhar com irmãos de outras realidades bem diversas como se tem vivido o início do ministério episcopal”.  Durante o encontro, os bispos terão a possibilidade de se encontrar com o Papa Francisco na manhã da quinta-feira, que “para nós é sempre um reencontro com os caminhos traçados para a evangelização na Amazônia”, lembrando o Sínodo para a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco, em vista de novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral, que em sua assembleia sinodal, realizada em outubro de 2019, contou com a participação como auditores de dom Zenildo e dom Vanthuy. Lembrando da Assembleia do Regional Norte1, que está sendo realizada em Manaus de 16 a 19 de setembro, o bispo auxiliar de Manaus, disse que “nos sentimos em comunhão com nosso regional que apenas iniciou também sua Assembleia Regional, na busca de caminhos para uma ministerialidade que corresponda ao caminho sinodal de nossa Igreja da região”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Regional Norte1: “Uma Igreja onde cada comunidade busca viver o Evangelho”

Leigos e leigas representando as diversas pastorais, a Vida Religiosa, presbíteros, diáconos e também os bispos estão reunidos na Maromba de Manaus para a Assembleia do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que reúne 80 participantes de 16 a 19 de setembro. Um encontro que acontece sinodalmente, segundo sublinhou o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, cardeal Leonardo Steiner, na Eucaristia de abertura. Ele quis trazer presente “os nossos bispos que estão em Roma, dom Zenildo, dom Hudson, dom Vanthuy, participando do encontro dos bispos novos, eles que tantas vezes nos ajudaram nas iluminações, nas discussões, nos ajudaram também na parte de síntese, nos ajudaram a encaminhar a nossa vida eclesial”. Ele pediu “que a nossa Igreja sinodal possa estar sempre a caminho na esperança”, enfatizando que “a busca de Jesus se dá na esperança de sermos salvos”. Na homilia, o cardeal destacou que na primeira leitura do dia aparece como erão as comunidades cristãs no começo. Segundo o presidente do Regional, “ali onde existe a finitude humana, existe também a fraqueza humana”, ressaltando que o texto ajuda a descobrir “aquilo que é fundamental, alimentar-se de Jesus”, pois “a comunidade celebra porque busca viver de Jesus, da sua Palavra”. O cardeal disse que “nós sabemos das fraquezas do nosso Regional, nós sabemos onde estamos, onde nos encontramos, mas sabemos mais, nós sabemos que desejamos ser uma Igreja sinodal que vive da Palavra e do Pão. Nós sabemos como Igreja que não nos reunimos em torno de nós mesmos, mas nos reunimos em torno de Jesus, que nos alimentamos de sua Palavra e dele que é pão”. É por isso, que ele pediu “que essa nossa assembleia possa expressar essa alegria de estarmos juntos porque vivemos de Jesus e de sua Palavra, e nos alimentamos da Palavra e do Pão”. No texto do Evangelho, ele destacou que “é cheio de esperança”, mostrando “um pagão que busca em Jesus a salvação de quem está a servir”. Lembrando o tema da assembleia: “Igreja Sinodal que caminha na Esperança”, o arcebispo de Manaus afirmou que “caminha na esperança porque caminha no seguimento de Jesus, caminha na esperança porque procura fazer do caminho de Jesus a razão da sua vida, a razão da vida das nossas comunidades. Não é uma Igreja aérea, é uma Igreja de comunidades, é uma Igreja onde cada comunidade busca viver a sua fé, busca viver o Evangelho. A maioria das nossas comunidades vivendo da Palavra de Deus”. Uma presença-palavra que cura, que transforma, que se ouve dizer, “mas se torna presença, uma presença transformativa, cheia de esperança para as nossas comunidades”, enfatizou o cardeal, se perguntando: “Se não tivéssemos a Palavra de Deus, o que seria das nossas comunidades?”. No fato de que “na assembleia nos reunirmos em torno de Jesus e sermos uma Igreja sinodal”, está “a diversidade das vocações e dos ministérios que aqui se encontram, porque queremos ser cada vez mais uma Igreja missionária, sermos cada vez mais uma Igreja discípula, uma Igreja que vai aprendendo”. Desde 1972, lembrando o Encontro de Santarém, “uma Igreja que busca o caminho do discipulado e o caminho da missionariedade”, destacou o cardeal. Segundo o presidente do Regional, “sabemos que estamos no bom caminho e que não erramos no caminho permanecendo fiéis ao discipulado e à missionariedade”. É por isso que o cardeal pediu que “permaneçamos fiéis nessa busca”. Falando sobre a temática da assembleia, ele sublinhou que “nós durante nossa assembleia, nós desejamos aprofundar na ministerialidade das nossas igrejas”, pedindo “que esta ministerialidade seja realmente refletida, aprofundada, para que as nossas comunidades, cada vez mais, em torno de Jesus, sejam sinais de esperança”. O cardeal Steiner, lembrou sua viagem como presidente do Conselho Indigenista Missionário, na semana passada, ao Mato Grosso do Sul, onde os indígenas estão retomando as suas terras e o conflito é enorme, as mortes são muitas. Segundo o presidente do Regional, “eles desejam voltar à terra dos antepassados, porque é a terra da promessa, mas o agronegócio os recebe a bala”, ressaltando que “eles não perderam a esperança”. Finalmente, o cardeal insistiu em que “nós como Igreja sejamos sinais de esperança neste mundo em que vivemos da nossa Amazônia, com tantos conflitos, com tantas queimadas, com tanta fumaça, nós não queremos perder a esperança. Que Deus nos dê essa graça, e possamos anunciar sempre o Reino novo que é o Reino da esperança”, concluiu. Os trabalhos da assembleia iniciaram com a apresentação dos participantes, que representam as nove igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1, e também dos representantes das pastorais. Posteriormente, a secretária executiva do Regional, Ir. Rose Bertoldo apresentou a programação da assembleia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Encontro Cultural Local “A Festa da Moça Nova” Fortalece a Tradição e a Espiritualidade do Povo Magüta

Entre  os dias 12 e 14 de setembro, na Comunidade de Yahuma, Vicariato Apostólico de San José del Amazonas-  Peru, aconteceu o encontro cultural intitulado “A Festa da Moça Nova“, uma celebração tradicional do  povo Magüta, também conhecida como a festa da puberdade. O evento, liderado por Robinson, Pedro y Daniel,  líderes Magüta em preparação do encontro internacional da triplice fronteira Brasil, Colombia  e Peru. Um momento sagrado para a comunidade, transmitido pela sabedoria dos ancestrais do povo Magüta. Essa celebração faz parte dos processos de acompanhamento do Projeto Magüta, cujo objetivo é preservar e fortalecer a cultura, a origem, o território e a espiritualidade do povo Magüta.  A “Festa da Moça Nova” resgata elementos culturais fundamentais por meio da história oral e da sabedoria dos abuelos (anciãos), promovendo a valorização da identidade indígena e prevenindo situações de vulnerabilidade social. O ritual se inicia com a pintura dos corpos, simbolizando o nascimento da criança. Daniel explica que a pintura é um elemento protetor, marcando o primeiro momento do ciclo de vida da menina. No segundo dia, a preparação da “tataricaia” — um símbolo de convite à menina nova — marca o início das danças e da perfuração da orelha da jovem, uma parte essencial do rito de passagem. Nesse momento, a árvore sagrada é cortada e sua casca é utilizada para confeccionar as vestes e a bolsa da menina, que será parte do clã Tigre ou Cascavel. Esses elementos, segundo a tradição, foram entregues pelos deuses do povo Magüta e são considerados sagrados, reforçando a conexão espiritual e cultural dessa etnia com seus ancestrais e a madre terra. O terceiro dia foi marcado por um banho coletivo no Rio Amazonas, onde todos os símbolos foram lavados, e os participantes se purificaram, permitindo que o rio levasse os ” maus espíritos” .  Para Daniel, o ritual de purificação é essencial para manter viva a identidade do povo Magüta e a sua conexão com a mãe natureza. “Resgatar esses elementos sagrados é fundamental para não perdermos a nossa identidade e fortalecer nossa tradição“, afirmou Daniel. O Projeto Magüta busca fortalecer essas celebrações como a “Festa da Moça Nova”, pois  elucida de como  a preservação das tradições indígenas é vital para a proteção da cultura e da espiritualidade e dos territórios, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e consciente da importância de suas raízes culturais.  Esses momentos fortalecem a fé, a cultura e o patrimônio imaterial das comunidades indígenas da Amazônia. Ir. Jackson Luiz Nunes Bentes- Lassalista

Arquidiocese de Manaus agradece e envia dom Tadeu para sua missão na prelazia de Itacoatiara

A catedral Nossa Senhora da Conceição acolheu neste domingo 15 de setembro, a celebração de envio do bispo auxiliar de Manaus, dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, que no dia 21 de setembro assume sua nova missão como bispo da prelazia de Itacoatiara. Com a presença do arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, do bispo de Parintins, dom José Albuquerque de Araújo, e de representantes do clero, da Vida Religiosa e das pastorais, comunidades e paróquias da arquidiocese. Dom Tadeu Canavarros, que iniciou sua missão como bispo auxiliar de Manaus oito anos atrás, presidiu uma celebração “para agradecer o ministério dele aqui na arquidiocese, louvar e bendizer por todo o bem que ele fez, por toda ajuda que nos deu na arquidiocese, e pedir também que Deus lhe abençoe na nova missão que ele está para assumir no próximo sábado”, segundo o cardeal Steiner. O cardeal pediu a dom Tadeu que “leve esse seu jeito, esse seu modo de servir, de proximidade”. Na homilia, dom Tadeu Canavarros disse que Marcos, “com um estilo quase que ‘jornalístico’, envolve o leitor no movimento da maravilha sem fim, que surge da revelação progressiva de um deus insuspeito no homem Jesus”, vendo no Evangelho de Marcos que “somos convidados a aprofundar o nosso caminho em direção a Cristo Jesus”. Nessa perspectiva ele questionou: “Quais caminhos temos de andar para que a nossa vida seja plenamente realizada?”. Diante disso, o bispo eleito da Prelazia de Itacoatiara disse que “quem quiser salvar a sua tranquilidade, o seu bem-estar, os seus interesses, os seus bens materiais, destruirá a sua vida para sempre, quem aceitar servir de forma simples e humilde, cuidar dos mais frágeis e necessitados, lutar por um mundo mais justo e humano, alcançara a plenitude da existência, pois a sua vida alimenta-se de amor”. Falando que o Evangelho apresenta Jesus como o Messias, o bispo destacou que “segundo Jesus, o caminho da Vida plena e definitiva é o caminho da cruz, do dom da própria vida, do amor até o extremo”, afirmando que “Jesus vai percorrer esse caminho, e quem quiser ser seu discípulo, tem de aceitar percorrer um caminho semelhante”. Diante da pergunta: “O que é que faz de nós verdadeiros discípulos de Jesus?”, dom Tadeu destacou que além de ritos, fórmulas, práticas de piedade, obrigações legais, “a identidade cristã constrói-se à volta de Jesus, do seu Evangelho, da sua proposta de vida”. O bispo questionou: “Sentimo-nos verdadeiramente discípulos de Jesus? Estamos disponíveis, de alma e coração para ir atrás d´Ele no caminho da doação da vida e do amor até as últimas consequências?” Diante do pedido de Jesus a renunciar a se mesmo, ele perguntou “o que é renunciar a se mesmo?”, afirmando que “o seguidor de Jesus não vive fechado na sua zona de segurança, a olhar para se mesmo, indiferente aos dramas que se passam à sua volta, insensível às necessidades dos irmãos, alheado das lutas e reivindicações dos outros homens, mas vive para Deus na solidariedade, na partilha e no serviço aos irmãos”. Igualmente lembrou o pedido de Jesus a tomar a cruz, “a gastar cada instante da vida a servir, a amar, a cuidar, a fazer o bem. O seguidor de Jesus é aquele que está disposto a dar a vida para que os seus irmãos sejam mais livres e mais felizes. Por isso, o cristão não tem medo de lutar contra a injustiça, a exploração, a miséria, o pecado, mesmo que isso represente enfrentar a morte, a tortura, as represálias dos poderosos”. O bispo falou sobre a missão que cada um carrega, afirmando que “descobrir essa missão não é nada simples, requer sensibilidade para perceber os sinais”, sublinhado que “não são nossas habilidades que revelam verdadeiramente quem somos, mas nossas escolhas”. Ele mostrou seu agradecimento à arquidiocese de Manaus, “na alegria de servir e trabalhar com os nossos sacerdotes companheiros na missão do Reino”, assim como os bispos com que ele trabalhou nos oito anos de ministério episcopal em Manaus, “por me ajudar a ser bispo na arquidiocese com os seus mais variados movimentos, pastorais, serviços e novas comunidades. A todos vocês irmãos e irmãs cuja confiança me permitiu acolher sofrimentos e esperanças”., pedindo as bençãos de Nossa Senhora Imaculada Conceição. O padre Mateus Marques, em representação da Pastoral Presbiteral da arquidiocese de Manaus, agradecu a presença e serviço de dom Tadeu e a proximidade aos padres, lhe definindo como um grande pastor e guia, especialmente na Região Episcopal Nossa Senhora dos Navegantes. Os padres elevam suas orações “para que o Espírito Santo o guie nessa nova etapa da sua missão”, pedindo a companhia e benção da Imacula Conceição. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Fotos Ana Paula Lourenço

De 16 a 19 de setembro, Assembleia do Regional Norte1 debaterá sobre ministerialidade

A Maromba de Manaus será sede de 16 a 19 de setembro de 2024 da Assembleia do Regional Norte1, onde se espera a presença de mais de 80 representantes das nove igrejas locais e das diversas pastorais. Bispos, presbíteros, vida religiosa e laicato, reunidos sinodalmente para debater sobe o tema “Igreja sinodal que caminha na esperança”. A Assembleia do Regional Norte1, que quer ser uma Igreja discípula missionária, tem como lema: “Recomendo-vos Febe, nossa irmã que está como diaconisa da Igreja, a fim de que a acolhais no Senhor, do modo digno dos santos” (Rm.16, 1-2). Uma Assembleia que seguirá o método ver-julgar-agir e tem por objetivo: “Identificar, estudar, consolidar os ministérios dos cristãos e cristãs leigas para contribuir na liderança das comunidades”. A celebração de abertura será presidida pela Presidência do Regional Norte1: o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, presidente do Regional, o vice-presidente, o bispo de Alto Solimões, dom Adolfo Zon, e o bispo de Tefé e secretário do Regional, dom José Altevir da Silva. Uma primeira jornada em que serão apresentados os participantes, a pauta e os trabalhos a serem realizados ao longo da Assembleia. O relatório da Presidência abrirá a pauta do segundo dia, que será iniciado com uma celebração eucarística. A reflexão sobre a Igreja discípula e missionária e a ministerialidade, a partir de três aspectos: o estudo, a experiência e como identificar os ministérios na vida das comunidades, será ponto central dos trabalhos, e contará com a assessoria da Ir. Sônia Matos e os padres Raimundo Gordiano e Elcivan Alencar. A Assembleia Regional será oportunidade para a partilha das pastorais e organismos, buscando identificar os ministérios locais nas pastorais, organismo, igrejas locais, mostrado os ministérios presentes nas comunidades. Igualmente, partilhar os passos significativos, concretos, ministério da diaconia e serviços presentes nas comunidades. Foi pedido às pastorais e organismos ter presente a fundamentação do Documento Final do Sínodo para Amazônia, a Querida Amazônia e o Documento de Santarém 2022. Os participantes da Assembleia conhecerão os passos dados na 6ª Semana Social Brasileira, e no Seminário das Pastorais Sociais. Igualmente, será apresentado como será vivenciado o Jubileu da Esperança. As igrejas locais apresentarão os passos que estão sendo dados em relação à sinodalidade e a ministerialidade, na mesma perspectiva da apresentação das pastorais e organismos. Com o que será partilhado pelas igrejas locais, pastorais e organismos, serão recolhidos os aspectos significativos e luzes. Na Assembleia será partilhado o acontecido no V Encontro da Igreja na Amazônia, realizado no mesmo local da Assembleia no mês de agosto de 2024, e os encaminhamentos para a COP30. Posteriormente, nas reservadas dos bispos, coordenadores de pastoral, coordenadores de pastorais e organismos e vida religiosa, será visto o que se reafirma e assume no caminhar juntos. Na Eucaristia de encerramento será realizada a instituição dos catequistas, sendo abordado no último dia os encaminhamentos dos ministérios para as igrejas locais. Também será apresentado o Protocolo de Proteção de Crianças e Adolescentes e Pessoas Vulneráveis, sendo encerrada a Assembleia, que em diversos momentos terá comunicações de diversas entidades, com uma mística. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

10 anos da REPAM: “Uma ferramenta vital para a Amazônia”

A sede das Pontifícias Obras Missionárias (POM-Brasil), em Brasília, o mesmo local em que foi fundada a Rede Eclesial Pan-Amazônica no dia 12 de setembro de 2014, acolheu no dia 12 de setembro de 2024 a celebração pelos 10 anos de caminhada da REPAM, um momento para “fazer memória agradecida do caminho percorrido” pela REPAM, “comprometida com o cuidado e a defesa da Amazônia”, segundo o secretário executivo da rede, Ir. João Gutemberg Sampaio. Uma rede que, segundo o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Ricardo Hoepers, é “um farol de esperança em meio a tempos desafiadores”. Ele destacou que “a REPAM tornou-se um sinal profético da defesa da vida, dos territórios, dos povos amazônicos, sempre iluminada pelo Evangelho e pelos ensinamentos da Igreja”, tendo um papel essencial e iluminador no cuidado da casa comum”. Dom Ricardo Hoepers fez um chamado a uma renovação da visão ética, que saiba colocar no centro as pessoas, com o objetivo de não deixar ninguém à margem da vida. Isso em um tempo “marcado por grandes desafios que colocam em risco a vida do planeta e das suas populações mais vulneráveis”, especialmente na Amazônia que vive uma crise sem precedentes, que se manifesta na devastação de suas florestas, contaminação das suas águas, violação dos direitos dos seus povos, enfatizou o secretário geral da CNBB. Uma celebração para “visibilizar a história e o caminho sinodal em defesa da Amazônia e da ecologia integral, celebrar os frutos do trabalho das pessoas e organizações que constroem a Rede, desenhar novos caminhos para a articulação da Rede na sinodalidade na Igreja Amazônica”, afirmou a diretora das POM Brasil, Ir. Regina da Costa Pedro. O bispo do Vicariato de Puyo (Equador) e presidente da REPAM, dom Rafael Cob, lembrou que foi naquele vicariato que a rede foi semeada, “uma rede que defende a vida na Pan-Amazônia e é referente para todo o mundo”. Ele definiu os 10 anos como “um caminhar de benção, um caminhar de esperança, um caminhar de justiça e também um caminhar de trabalhar e tecer a paz”. Igualmente, ele destacou a capacidade da REPAM de unir e trabalhar em equipe, sublinhando a importância dessa plataforma que une vontades, ações e pensamentos em defesa da vida na Amazônia e do cuidado da casa comum. Segundo mostrou o vídeo comemorativo, a REPAM é uma resposta diante do pedido que o Papa Francisco fazia: “a obra da Igreja deve ser incentivada e relançada na Amazônia”. Foi por isso que a REPAM surgiu como “uma rede que quer somar forças, uma rede que quer articular, uma rede que quer capacitar e encorajar, sobretudo as populações da Amazônia”, lembrando as palavras do primeiro presidente da REPAM, cardeal Cláudio Hummes. Uma rede que é vista pelo cardeal Pedro Barreto, segundo presidente da REPAM como “a resposta de Deus a todos os grandes desafios que se apresentam como Igreja e como sociedade latino-americana”. Uma rede que, segundo o cardeal peruanoo, “articula todo o esforço que a Igreja realiza na Amazônia”, destacando o impulso dado pelo Papa Francisco. Uma rede que tem suas raízes na Conferência de Aparecida, que chamou a criar uma pastoral de conjunto, lembrou Maurício López, primeiro secretário executivo da REPAM, e que no início teve como maior preocupação, fazer que a rede chegasse aos territórios, destacou a Ir. Irene Lopes, secretária executiva da REPAM-Brasil. Isso, porque era uma estrutura em função de um bioma, numa relação territorial totalmente nova, segundo o padre Dário Bossi. A REPAM foi fundada pelo Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), o Secretariado Latino-americano e Caribenho Cáritas (SELACC), a Conferência Latino-americana e Caribenha de religiosos (CLAR) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A presidenta da CLAR, Ir. Gloria Liliana Franco Echeverri, reafirmando seu compromisso com a promoção e a defesa da vida, com a causa dos pobres e a causa da terra, seu compromisso de abraçar todo empenho de cuidado com a nossa casa comum, definiu a  REPAM como “uma ferramenta vital para a Amazônia”, sublinhando que “os diversos campos de missão da Igreja, a promoção da justiça social, a promoção dos direitos dos povos originários, a proteção do meio ambiente e a evangelização”, como motivos pelos que a CLAR apoio a fundação da REPAM. Representando o SELACC, seu secretário executivo, Nicolás Meyer, disse ver na REPAM “um sinal da Igreja sinodal que estamos querendo construir”, invitando a “renovar esforços, compromissos e a abertura ao Espírito para que sempre nos permita continuar em estado permanente de conversão, de escuta do território e de desenvolvimento de estruturas mais justas”, Finalmente, o arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB e do CELAM, dom Jaime Spengler, falou dos 10 anos de caminhada, 10 anos de história, 10 anos de prece, 10 anos de trabalho, 10 anos promovendo rede, vivenciados pela REPAM. Ele destacou a importância de a celebração acontecer neste momento de grande seca na região amazônica, de queimadas no Pantanal, o que demanda “nos empenharmos ainda mais na promoção e no cuidado da casa comum”. Ele questionou sobre o mundo que desejamos deixar para as novas gerações, pois “o futuro passa por nossas escolhas e o empenho de todos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Campanha eleitoral: usar o nome de Deus para construir o Reino, e nunca em vão

Os Mandamentos da Lei de Deus orientam nossa vida, e o terceiro mandamento diz: “Não tomar o nome de Deus em vão”. Diante das atitudes de alguns candidatos podemos dizer que o respeito por esse mandamento passa longe daqueles e daquelas que pretendem assumir um lugar nas prefeituras e câmaras de vereadores. Não são poucos os quem em seus discursos e propagandas falam de Deus, mas de que Deus? Muitas vezes um Deus que responde aos seus próprios interesses, se distanciando daqueles que são os preferidos de Deus, os mais pobres e vulneráveis, aqueles a quem a sociedade, inclusive muitos que assumem cargos públicos em diversos níveis, descartam. Quando um político ou um candidato fala de Deus, deveria assumir as atitudes de Deus, atitudes que nos levam a escutar os outros, a defender a vida sempre, a respeitar as diferenças, a cuidar da casa comum, a estar disposto a dialogar e perdoar, a defender a democracia. De fato, acreditar em Deus é bem mais do que falar dele, é viver segundo seus mandamentos. O mau uso da política tem fomentado que aqueles que não tem a mesma opinião sejam vistos como inimigos, quando em verdade eles só são adversários. O debate político enriquece e a diversidade de pensamentos em busca do bem comum, de um mundo melhor para todos e todas, é uma necessidade no exercício da política, do cuidado daquilo que é de todos, daquilo que é comum. O político que fala de Deus deve ser tolerante com as opiniões dos outros, o que deve levar a ser respeitoso e valorar que é possível viver de diversos modos. O desafio é concretizar aquilo que o Papa Francisco, na encíclica Fratelli tutti chama amizade social, a boa política. Ele fala sobre saber reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas, de evitar todo desejo de domínio sobre os outros, de formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros. São questionamentos que todo cidadão, todos aqueles que votam, deveriam se fazer. Quem não se preocupa com todos, quem não está disposto a olhar os prediletos de Deus, quem responde a interesses pessoais ou de pequenos grupos de poder, nunca deveria assumir um cargo público. O político que diz olhar e escutar a Deus tem que descobrir que para isso tem que dirigir seu ouvido, seu olhar, para baixo, porque o Deus cristão é um Deus que está no meio de nós, que passa fome, sede, necessidade, naqueles em que Ele está encarnado. Digamos com o Papa Francisco: “O amor ao outro por ser quem é impele-nos a procurar o melhor para a sua vida. Só cultivando essa forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos”. Que aquilo que o Papa nos diz em Fratelli tutti possa ser luz em nossa vida, também quando a gente apertar as teclas da urna eletrônica. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Tráfico de pessoas nas redes sociais, tema do 9º encontro da Rede de Enfrentamento na Fronteira Brasil-Colômbia-Peru

As regiões de fronteira são locais onde os riscos relacionados ao tráfico de pessoas aumentam exponencialmente. Na Tríplice Fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru não é diferente, dada a facilidade de ultrapassar as fronteiras. Nesse contexto, o mundo virtual se tornou um perigo adicional, especialmente as redes sociais, um espaço onde os traficantes realizam o recrutamento de vítimas, enganadas por falsas promessas. Uma luta transfronteiriça da Igreja Católica Para enfrentar essa realidade, existe na região a Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira Amazônica (Brasil, Peru e Colômbia), que recentemente realizou seu 9º encontro em Puerto Nariño (Colômbia). Formada por representantes da Vida Religiosa e do Laicato, ela faz parte do projeto “Igreja Sinodal com Rosto Magüta”. Este 9º Encontro foi assessorado pela Ir. Isabel Miguélez, membro da Rede Kawsay, uma rede de Vida Consagrada dedicada à erradicação do tráfico de pessoas, com o tema “Tráfico de pessoas e redes sociais”, que pode ajudar diante do avanço da tecnologia e do uso massivo de plataformas digitais, que aumentaram os riscos e facilitaram o recrutamento de vítimas, particularmente em regiões vulneráveis como essa Tríplice Fronteira. Três dias de trabalho foram dedicados a aprofundar o impacto que as redes sociais estão tendo na exploração de pessoas. O resultado do encontro foi o conhecimento de ferramentas práticas para a prevenção, identificação e combate a esses crimes. Redes sociais e tráfico de pessoas Não podemos ignorar, como apontou a religiosa, que as redes sociais se tornaram um novo campo de captação para as redes de tráfico. Nessa perspectiva, os participantes discutiram o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) como meio de recrutamento e exploração, estudando fatores de risco e comportamentos de risco em crianças e adolescentes, destacando a importância de reconhecer padrões de aliciamento, sexting e outras formas de abuso em ambientes digitais. Os 60 participantes do encontro, incluindo 22 representantes de comunidades indígenas da região, analisaram pesquisas internacionais que fornecem uma visão mais ampla do tráfico de pessoas, permitindo a elaboração de melhores planos de prevenção na região. Eles também discutiram estratégias de incidência pública e política, com o objetivo de entender que a cooperação entre atores locais e internacionais pode fortalecer a proteção das pessoas mais vulneráveis a esse flagelo. Promoção de um papel ativo nas comunidades locais O encontro foi um espaço de troca de experiências e compromissos para avançar na luta contra o tráfico de pessoas. O objetivo é promover um papel ativo entre as comunidades locais na defesa dos direitos humanos na região amazônica, a fim de prevenir o tráfico e proteger as vítimas. A Rede Kawsay desempenha um papel importante nesse sentido, promovendo a articulação entre a Vida Religiosa, a sociedade civil e os líderes das comunidades indígenas. O objetivo é enfatizar a dignidade da pessoa humana e a necessidade de acabar com as redes de tráfico de pessoas que atuam em vários países. Essa é uma dinâmica na qual querem continuar insistindo, aprimorando o uso da tecnologia e estendendo esse aprendizado às comunidades locais. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1