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A enfermidade do Papa Francisco, mais uma prova de um mundo e uma Igreja doente

  A enfermidade do Papa Francisco, uma pneumonia bilateral, que provocou seu internamento no Hospital Gemelli de Roma, tem sido uma das notícias mais impactantes nas últimas duas semanas. As reações em torno a esse fato têm que nos levar a refletir como sociedade e como Igreja e assumir as doenças que nos atingem. No final de muitas de suas mensagens e discursos, Francisco acostuma dizer “rezem por mim”, mas também é conhecido que, em diversos momentos, ele tem pedido, meio brincando, mas também fazendo um chamado a refletir, que essa oração seja a favor e não contra. Infelizmente, nos deparamos com pessoas, muitas delas que se dizem católicas, que pedem a morte do Papa e dizem rezar para que assim seja. No último domingo, o Evangelho nos levava a entender a necessidade de sermos misericordiosos, de amar sempre e a todos, inclusive aos inimigos. A gente fica pensando diante daqueles que desejam a morte do Papa, certamente com um sentimento que nunca pode vir de Deus e sim de uma ideologia que tem levado à polarização na sociedade e na Igreja. Católicos, inclusive bispos, que promovem sentimentos de ódio contra os outros, inclusive contra o Papa. Pessoas que sempre escolhem o caminho contrário àquele que nos indica o Sumo Pontífice como atitude vital. Um caminho que também é o contraponto daquilo que Deus nos diz em sua Palavra, principalmente na mensagem do Evangelho, que está claramente enfrentada com qualquer tentativa de polarização, uma atitude cada vez mais presente na sociedade e na Igreja católica e em outras Igrejas. Devemos dizer abertamente que aqueles que promovem a polarização se afastam de Deus, aqueles que fomentam sentimentos de ódio estão longe de Deus. Tudo o que nos leva a gerar esses sentimentos tem que nos fazer refletir, ainda mais pelo fato de sermos cristãos. O discipulado tem que nos levar a um compromisso com a vida, a gerar sentimentos de comunhão, a saber caminhar juntos na diversidade de pensamentos. Também tem que nos levar a refletir o excesso de vontade de mostrar que se reza pelo Papa, especialmente da parte daqueles, inclusive cardeais, que em muitos momentos tem se posicionado abertamente contra ele e desprezado suas palavras e ensinamentos. Quando alguém reza, e essa é uma necessidade na vida de todo cristão, não precisa publicá-lo constantemente. Tem pessoas que se aproveitam do mal alheio para ser mostrar, para tirar proveito. Que ele tenha recuperado sua agenda de trabalho, que continue trabalhando do quarto do hospital onde ele está internado, é um claro sinal de que sua saúde melhora e que não vai demorar para ele voltar para o Vaticano. A prudência é necessária, mas sem cair no pessimismo. Uma pessoa de 88 anos, com uma grande carga de trabalho, com doenças crónicas que arrasta por muitos anos, é normal que sofra achaques de saúde, mas isso não pode ser oportunidade para confabular e gerar notícias falsas ou interessadas. É claro que o mundo precisa de Francisco, daquele que é luz para tanta gente, daquele que é voz de tantas pessoas que nunca são escutadas e sempre são colocadas do lado de fora da história. Pensar o contrário, ainda mais rezar contra, é sinónimo de mentes doentes, que perderam sua humanidade e estão longe do Deus de Jesus Cristo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Prelazia de Itacoatiara realiza formação para a Campanha da Fraternidade 2025

A Prelazia de Itacoatiara promoveu a formação da Campanha da Fraternidade 2025, que traz como tema: “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema inspirado no livro do Gênesis: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). O encontro foi conduzido pela Irmã Rosiene Gomes de Freitas, referência das pastorais sociais do Regional Norte 1, e aconteceu no auditório do Centro Pastoral São Paulo VI. Durante a formação, os participantes foram convidados a refletir sobre a responsabilidade cristã no cuidado com a criação, promovendo a sustentabilidade e a justiça socioambiental à luz do Evangelho. O momento foi marcado por partilhas, estudo do texto-base e aprofundamento das das tematicas que nortearão as ações da Prelazia ao longo da campanha, fortalecendo o compromisso comunitário com a Casa Comum e com a dignidade de todas as formas de vida. Prelazia de Itacoatiara

Juventude Missionária realiza Ação Sem Fronteiras na Diocese de Borba (AM)

  Nos dias 21, 22 e 23 de fevereiro, aconteceu na Diocese de Borba a I Ação Sem Fronteiras Diocesana da Juventude Missionária, realizada na cidade de Novo Aripuanã, Amazonas. Foram dias muito significativos para os jovens e para toda a Diocese de Borba, especialmente para a Forania São Lucas, que compreende a Paróquia Nossa Senhora da Conceição e a Área Missionária Santo Antônio Maria Claret. O local do encontro foi na quadra esportiva da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. A coordenação diocesana da JM foi a protagonista, conduzindo a programação da Ação Sem Fronteiras, com a assessora diocesana somando esforços nesta ação. Com alegria, participaram 35 jovens inscritos de várias paróquias, representantes da JM, da PJ e do grupo de Jovens Orionitas. Eles chegaram de barco, canoa ou carro, trazendo nas bagagens muitas expectativas, curiosidades e corações abertos. Participaram também duas assessoras da JM dos grupos de base. Além dos inscritos, tivemos a participação das lideranças e jovens locais, que acompanharam esse momento, totalizando cerca de 60 pessoas. No primeiro dia, pela manhã, ocorreu o credenciamento e as dinâmicas de integração. A abertura da Ação Sem Fronteiras aconteceu com a Santa Missa na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, seguida pela programação. Contamos com a presença do jovem Caio Eduardo Oliveira Barbosa, que assessorou o tema do encontro: “Jovens missionários, da esperança entre os povos”, com o lema: “A esperança não decepciona.” À noite, concluímos com as oficinas, realizadas por lideranças locais. Em seguida, Ir. Silvana e o jovem Antônio Ítalo deram explicações sobre o livro de orientações e o guia das visitas às famílias. Foram organizadas sete equipes para visitar as famílias das comunidades, sendo uma delas uma comunidade ribeirinha que possui a JM. Finalizamos esse momento com oração e descanso. No dia 22 de fevereiro, logo cedo, as equipes se organizaram para o momento de oração e, em seguida, partiram para a missão, realizando visitas nas casas. Durante as visitas, tiveram encontros com as lideranças das comunidades para troca de experiências. À tarde, retornamos ao local do encontro para o momento de Espiritualidade e Adoração ao Santíssimo. Concluímos a noite com a Noite Cultural, cheia de diversão, alegria e leveza, com bingo, brincadeiras e apresentações de danças regionais, entre outras atividades. No dia 23 de fevereiro, domingo pela manhã, realizamos a partilha das experiências significativas de cada equipe, um momento ímpar e profundo, de emoção, cuidado com a vida, partilha da fé e da experiência de Deus vivenciadas nas visitas às famílias, e dos desafios enfrentados na missão, especialmente para quem foi à comunidade ribeirinha. Em seguida, realizamos a avaliação, destacando muitos pontos positivos que impulsionam a caminhada, com a expectativa de continuar realizando a segunda Ação Sem Fronteiras. Após um momento de lazer, com passeio, jogo de futebol e roda de conversa, à tarde concluímos com a Celebração Eucarística na Área Missionária. Foram dias de partilha, de conhecimento, aprofundamento, espiritualidade, troca de experiências, convivência, criação de novas amizades, anúncio da Palavra de Deus, missão, falar de Jesus e sentir seu amor. Por fim, caminhamos em comunhão, numa Igreja sinodal e missionária, nesta “terra Sagrada” de Novo Aripuanã. A ação Sem Fronteiras diocesana teve o apoio do Bispo Diocesano, Dom Zenildo Pereira da Silva, da coordenação diocesana e estadual, Ítalo Goes e Caio Eduardo e a assessoria Diocesana da JM de Borba. Por Ir. Silvana Pauletti, Assessora Diocesana da JM

Encontro Nacional do SAV-PV sobre direção espiritual e projeto de vida, com representantes do Regional Norte1

O Centro de Estudos Sumaré, no Rio de Janeiro, acolhe de 24 a 26 de fevereiro de 2025, o Encontro Nacional do Serviço de Animação Vocacional – Pastoral Vocacional, com o Tema: “A Direção Espiritual e Projeto pessoal de Vida no Discernimento Vocacional “. O assessor do encontro é o bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo, dom Cícero Alves. Entre os 85 participantes, em representação do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), se fazem presentes o bispo de Parintins e membro Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, dom José Alburquerque de Araújo, a coordenadora do SAV-PV Regional Norte 1, Ir. Gervis Monteiro, a Ir. Michele Silva e o padre Jair Vieira Alves, da diocese de Borba. Segundo o bispo de Parintins, “o objetivo desse encontro, que acontece todos os anos, é realizarmos um momento de formação.” Na programação, junto com o momento formativo, aparece os encaminhamentos para as atividades que vão acontecer a nível nacional e também compartilhar o que vai acontecer nos regionais no que diz respeito à animação vocacional. Dom José Albuquerque de Araújo sublinhou que “o nosso foco é ajudar os nossos animadores vocacionais a se prepararem para, por exemplo, o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que acontece no quarto domingo do tempo da Páscoa, fazendo repercutir a mensagem que o Papa sempre escreve por ocasião desse dia. O bispo destacou igualmente a proposta de divulgar o material, o subsídio que já está aprovado, está sendo já comercializado para o Mês Vocacional deste ano, que acontece em agosto. Ele também se referiu à preparação do 5º Congresso Vocacional no Brasil, que vai acontecer em setembro de 2026, que será precedido pelos congressos nos regionais. Um encontro que segundo a Ir. Gervis Monteiro é uma oportunidade para aprofundar sobre o projeto de vida e a direção espiritual. A religiosa Paulina enfatizou que o encontro, “realmente nos ajuda para que nós possamos ter cada vez mais facilidade e capacidade e nos preparar para acompanhar melhor as pessoas do nosso Regional e, claro, do Brasil todo, porque aqui estamos representando todos os regionais do Brasil do Serviço de Animação Vocacional.” “O encontro tem sido muito interessante nessa dimensão do aprofundamento da direção espiritual, projeto de vida”, disse a Ir. Michele Silva. Ela ressaltou a significativa presença da Vida Consagrada, “que também se adentra nessa temática para melhor desenvolver o serviço de animação vocacional nas diversas regiões do Brasil.” Igualmente, a religiosa do Imaculado Coração de Maria afirmou que “para nós também está sendo um momento bem oportuno para aprimorar o nosso trabalho que está iniciando, como SAV, na CRB”, destacando que esse trabalho busca “desenvolver processos que ajudem principalmente as nossas juventudes a descobrirem a vocação.” O padre Jair Vieira Alves afirmou que no encontro se faz presente “o desejo de uma cultura vocacional em todas as dioceses do Brasil.” O reitor do Seminário Propedéutico e animador do SAV e a Pastoral Vocacional na diocese de Borba, disse que “o encontro está sendo muito proveitoso pelo fato de que o testemunho, a experiência, a partir da temática, faz com que nós possamos nos fortalecer e descobrir a grandeza do ministério que é o serviço de animação vocacional.” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Na Quaresma, Papa Francisco pede uma conversão à Sinodalidade e à Esperança

Um chamado a caminhar juntos na esperança é o pedido de Papa Francisco para a Quaresma 2025, fazendo assim uma referência à vivência da sinodalidade e a praticar a esperança, tema do Ano Jubilar. O texto explica o sentido da Quaresma: nos prepararmos para a Páscoa, oferecendo “algumas reflexões sobre o que significa caminhar juntos na esperança e evidenciar os apelos à conversão que a misericórdia de Deus dirige a todos nós, enquanto indivíduos e comunidades.” O Santo Padre parte da necessidade de caminhar, tendo como referência o Êxodo, fazendo um apelo à conversão.  Para isso, ele suscita algumas perguntas e sugere durante a Quaresma, “confrontar-nos com a realidade concreta de algum migrante ou peregrino e deixar que ela nos interpele, a fim de descobrir o que Deus pede de nós para sermos melhores viajantes rumo à casa do Pai.” Um caminho juntos, sinodal, que ele define como “a vocação da Igreja”, pedindo “percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários.” Isso porque “o Espírito Santo impele-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos.” Papa Francisco explica o que significa caminhar juntos: tecer a unidade, caminhar lado a lado, sem pisar ou subjugar o outro, sem alimentar invejas ou hipocrisias, sem deixar que ninguém fique para trás ou se sinta excluído.” Para isso, ele pede seguir o mesmo rumo e escuta com amor e paciência. O Santo Padre questiona “se somos capazes de trabalhar juntos ao serviço do Reino de Deus, como bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos”, com gestos concretos, sendo acolhedores com todos, uma conversão à sinodalidade. E fazer isso, “na esperança de uma promessa”, fazendo um apelo à esperança, à confiança em Deus e a sua grande promessa, a vida eterna. Nesse ponto, Francisco questiona novamente sobre nossa convicção do perdão de Deus, lhe pedir ajuda, nos comprometermos com a justiça, a fraternidade, o cuidado da casa comum, garantindo que ninguém seja deixado para trás. Nesse caminho quaresmal, ele pede a intercessão da “Virgem Maria, Mãe da Esperança”. Caminhemos juntos na esperança Queridos irmãos e irmãs! Com o sinal penitencial das cinzas sobre as nossas cabeças, iniciamos na fé e na esperança a peregrinação anual da Santa Quaresma. A Igreja, mãe e mestra, convida-nos a preparar os nossos corações e a abrir-nos à graça de Deus para podermos celebrar com grande alegria o triunfo pascal de Cristo, o Senhor, sobre o pecado e a morte, como exclamava São Paulo: «A morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» (1Cor15, 54-55). Realmente, Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é o centro da nossa fé e a garantia da nossa esperança na grande promessa do Pai, já realizada n’Ele, Seu Filho amado: a vida eterna (cf.Jo10, 28; 17, 3)[1]. Nesta Quaresma, enriquecida pela graça do Ano Jubilar, gostaria de oferecer algumas reflexões sobre o que significacaminhar juntos na esperançae evidenciar os apelos à conversão que a misericórdia de Deus dirige a todos nós, enquanto indivíduos e comunidades. Antes de tudo,caminhar. O lema do Jubileu – “Peregrinos de Esperança” – traz à mente a longa travessia do povo de Israel em direção à Terra Prometida, narrada no livro do Êxodo: a difícil passagem da escravidão para a liberdade, desejada e guiada pelo Senhor, que ama o seu povo e sempre lhe é fiel.E não podemos recordar o êxodo bíblico sem pensar em tantos irmãos e irmãs que, hoje, fogem de situações de miséria e violência e vão à procura de uma vida melhor para si e para seus entes queridos.Aqui, surge um primeiro apelo à conversão, porque todos nós somos peregrinos na vida, mas cada um pode perguntar-se: como me deixo interpelar por esta condição? Estou realmente a caminho ou estou paralisado, estático, com medo e sem esperança, acomodado na minha zona de conforto? Busco caminhos de libertação das situações de pecado e falta de dignidade? Seria um bom exercício quaresmal confrontar-nos com a realidade concreta de algum migrante ou peregrino e deixar que ela nos interpele, a fim de descobrir o que Deus pede de nós para sermos melhores viajantes rumo à casa do Pai. Esse é um bom “exame” para o viandante. Em segundo lugar, façamos esta viagemjuntos. Caminhar juntos, ser sinodal, é esta a vocação da Igreja[2]. Os cristãos são chamados a percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários. O Espírito Santo impele-nosa sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos[3]. Caminhar juntossignifica ser tecelões de unidade, partindo da nossa dignidade comum de filhos de Deus (cf.Gl3, 26-28); significa caminhar lado a lado, sem pisar ou subjugar o outro, sem alimentar invejas ou hipocrisias, sem deixar que ninguém fique para trás ou se sinta excluído. Sigamos na mesma direção, rumo a uma única meta, ouvindo-nos uns aos outros com amor e paciência. Nesta Quaresma, Deus pede-nos que verifiquemos se nas nossas vidas e famílias, nos locais onde trabalhamos, nas comunidades paroquiais ou religiosas, somos capazes de caminhar com os outros, de ouvir, de vencer a tentação de nos entrincheirarmos na nossa autorreferencialidade e de olharmos apenas para as nossas próprias necessidades. Perguntemo-nos diante do Senhor se somos capazes de trabalhar juntos ao serviço do Reino de Deus, como bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos; se, com gestos concretos, temos uma atitude acolhedora em relação àqueles que se aproximam de nós e a quantos se encontram distantes; se fazemos com que as pessoas se sintam parte da comunidade ou se as mantemos à margem[4]. Este é o segundo apelo: a conversão à sinodalidade. Em terceiro lugar, façamos este caminho juntosna esperançade uma promessa. Aesperança que não engana(cf.Rm5, 5), mensagem central do Jubileu[5], seja para nós o horizonte do caminho quaresmal rumo à vitória pascal. Como o Papa Bento XVI nos ensinou na EncíclicaSpe salvi, «o ser humano necessita do amor incondicionado. Precisa daquela certeza que o…
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Implicações amorosas de Irmã Santina Perin

Há 14 anos, Irmã Santina Perin chegava em Manaus para retomar, em terras amazônicas, as ações em favor do povo haitiano. Parcela dos haitianos desembarcou no Amazonas, em Tabatinga, município da tríplice fronteira brasileira, no Alto Solimões, entre os anos de 2010 e 2011. Em família ou sozinhos, chegaram ao Norte brasileiro debilitados e desesperados, após o terremoto de 12 de janeiro de 2010, com intensidade de 7.3 graus na escala Richter. Mais de 200 mil morreram e os desabrigados somavam mais de um milhão. Santina, hoje com 84 anos, nascida em Marau (RS), viveu por 25 anos no Haiti e ali construiu história sólida na luta pelos direitos humanos dos haitianos ora submetidos à ditadura ora em deslocamento para outros países igualmente tratados com severidade. A vida da missionária está impregnada do povo do Haiti, das comunidades mais vulneráveis, das mulheres e das crianças. A morada em Manaus se transforma em acolhida e bússola para os haitianos que chegaram à capital amazonense e lidaram com rejeição, desconfiança e racismo. Santina, pequenina e franzina, se fez gigante na abertura dos espaços, nos diálogos com autoridades e lideranças locais, nas parcerias pelo sim aos imigrantes. Intérprete dos haitianos, por falar crioulo (creóle) e francês, construiu pontes fundamentais em tempos difíceis para centenas de pessoas completamente vulneráveis na terra manauara. Em Santina, não existe fronteira e idioma amor está colocado na dimensão mais elevada. O efeito dessa receita, ela comprovou em ações diárias por mais de dez anos. Liderou movimentos contra o tráfico humano, atravessou rios e igarapés, pôs os pés em terrenos arriscados, recebeu ameaças. Nas manifestações e marchas públicas estava presente, com bandeira de pano esticada e voz firme para denunciar as injustiças e conclamar a participação do povo nas lutas, sem jamais perder a ternura. Na segunda-feira (17), Santina Perin seguiu à nova morada, em São Paulo, para, vigiada de perto pela família, cuidar melhor da saúde. Não pretende se aposentar. No domingo (15), o pároco da Igreja São Geraldo, bairro São Geraldo, zona Centro-Sul de Manaus, Marco Antônio Alves Ribeiro, e a comunidade haitiana realizaram missa-homenagem à Irmã Santina. Um momento pluricultural de boniteza emocionante. Aprendizado no jornalismo – Para jornalistas e o jornalismo de Manaus, Irmã Santina Perin é escola viva. Quem teve a oportunidade de entrevista-la, de escutar a fala, de sentir os gestos, aprendeu muito e saiu desse encontro diferente. A capacidade de criar ambientes de escuta, de promover diálogos e de demonstrar o valor da generosidade é marca da missionária. Não diz o que é, ela faz! Nesse tempo de um jornalismo acelerado, descolado da escuta profunda e colado ao assessorismo de uma porção do poder político e econômico que o asfixia cotidianamente tem em Santina um outro molde: aprender a escutar as vozes, a conhecer os trajetos das vidas, aprofundar as fontes de informações, agir de forma responsável e generosa na produção dos relatos. Para aqueles que compreendem a função social do jornalismo e questionam o estado em que se encontra parte das práticas jornalísticas voltar-se à Irmã Santina – por vezes negada como “pauta que rende” – é possibilidade de perceber e de avançar na leitura crítica da realidade, de teimar contra os silenciamentos impostos por motivações político-econômicas ou questionar os barulhos encomendados pelas mesmas razões e dentro da lógica do ‘mudar para manter’. No mundo atravessado em e por Santina Perin são as histórias dos povos marginalizados o livro da resiliência, da esperança e dos laços de cipós construtores de obras que enunciam o cuidado com o Outro e confrontam a ideia do vale-tudo na destruição do Outro em nome do triunfo pessoal. Em Manaus, o agir de Santina Perin ajudou a nós, jornalistas, a ver o efeito do racismo e, nas suas atitudes, ensinou como enfrenta-lo, com gestos e palavras. Andarilha, reapresentou as periferias socioeconômicas do Amazonas, confrontou os poderes político e econômico utilizados criminosamente contra os mais pobres. Ivánia Vieira – Fonte IHU Unisinos

Cardeal Steiner: “No perdão não existem inimigos, no perdão se encontram irmãos”

  No 7º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner inciou sua homilia dizendo que “o Evangelho proclamado, quase nos importuna com o seu ensinamento: amar os inimigos, bendizer os que nos amaldiçoam, rezar pelos que nos caluniam, oferecer a face a quem nos bate, a quem leva o manto deixar também a túnica, dar sem esperar uma troca, uma recompensa; estarmos na dinâmica de fazermos somente o bem. É um convite de estarmos na receptividade de filhos e filhas do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e maus.” Segundo o arcebispo, “Deus não faz acepção de pessoas, não rejeita a nenhum de seus filhos e filhas, mesmo que sejam ingratos e maus. Está sempre na disposição e na disponibilidade da receptividade do pai que recebe o filho mais novo que volta para casa. Para Deus não existem inimigos, maus, ingratos, mas filhas e filhos. Se soubéssemos como somos amados, certamente viveríamos na gratidão, na honestidade, na solidariedade, com generosidade, na misericórdia.” Diante disso, “Jesus a nos indicar o modo do agir do Pai Celeste e nele expressar o que somos na profundidade de nós mesmos: semelhantes a Deus no cuidado e no amor. E por vivermos no esquecimento dessa nossa dignidade de seguidores do Filho amado e vivermos na sonolência dessa grandeza, Ele nos indica o caminho do amar os inimigos. Amar os inimigos com um transbordamento, como uma medida desmedida onde somos irmãos e irmãs em Jesus. A desmedida, uma medida transbordante colocado em nosso colo, concedido à nossa existência”, ressaltou. Segundo o cardeal Steiner, “a palavra do Evangelho nos propõe um modo de vida, um modo existencial. Um modo que vai contra todas as nossas compreensões, contra as nossas vontades, objetivos, afirmações, realizações. O contrário do nosso modo de tirar satisfação, de não queremos passar por idiotas, de não sermos humilhados na nossa dignidade. O modo que Jesus nos indica, oferece, é o do amor e da liberdade: amar os inimigos; bendizer os que nos amaldiçoam; rezar pelos que nos caluniam; oferecer a face a quem nos bate; a quem leva o manto deixar também a túnica; dar sem esperar em troca; fazer o bem sem recompensa. Uma mudança completa no nosso estilo de vida, do horizonte de leitura das nossas interpretações e ações, da nossa relação com tudo e com todos.” “Um ensinamento de que ‘Deus é bondoso também para com os ingratos e maus’. A bondade para com todos indistintamente nos leva à misericórdia. Mas a misericórdia: ‘Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso’. No perdão não existem inimigos, no perdão se encontram irmãos, irmãos. No perdão, na misericórdia se volta à familiaridade, onde reina a harmonia e solidariedade. A misericórdia que possibilita a familiariedade, até as notas dissonantes tem harmonia, pois uma mesma pertença que não é consaguinidade.  Na misericórdia, no amor se encontra uma medida, isto é, um modo de relação: ‘Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos’”, disse o arcebispo de Manaus. “Uma medida calcada, sacudida, transbordante! Na medida sacudida, calcada não encontramos falta de alguma coisa; não indicamos uma carência, uma falta, um sacrifício. Na medida sacudida e calcada não se percebe nada que conote não querer sentir dor, sofrimento”, lembrou. E por isso ele questionou: “Nada na medida sacudida e calcada soa como: para que serve tanto serviço? para que tanta dedicação? que sentido tem trabalhar tanto? para que tudo isso se no final fica tudo como está?” Nessa perspectiva, o cardeal sublinhou que “tudo é apenas transbordamento, entrega! Uma verdadeira desmedida, pois sem peso, sem medida. Tem o seu peso, na suavidade de quem é por ela carregado; sem medida, pois transborda de amor e afeto e misericórdia. Como a mãe no cuidado do recém-nascido: toda atenção, toda cuidados, toda ouvidos, toda feita mãe; sem extremismos, sem medos, sem afobações; esquecida de si, sem cuidados para si, sempre toda inteira no cuidado com a graça da vida recebida. Ela transborda na sua maternidade, pois nada é demais, nada deixa de ter sentido, tudo vale, pertence à grandeza de sua maternidade. Mas transbordamento da maternidade quer dizer: em tudo fazendo nem sequer se lembrar da generosidade, da liberdade, do esquecimento de si mesma. Ela transborda: é mãe!” Talvez, nos ajude a palavra de um pensador da Igreja, disse citando o Mestre Eckhart: “Quer dizer que o amor com que amamos deve ser de tal sorte tão puro, nu e livre de não se dirigir nem a mim mesmo, nem ao meu amigo, nem sobre alguma coisa próxima. Os mestres dizem que não se poderia chamar boa nenhuma obra humana, nem virtude nenhuma, se não realizada no amor. A virtude é de tal sorte nobre e livre, tão pura e nua em si mesma que não conhece nada melhor de si e de Deus. A um homem perguntado porque ama a bondade, responderia ‘pela bondade mesma’, e à pergunta porque ama a Deus, diria ‘por Deus mesmo’”. “Quando estamos na ação do amor, da bondade, não tem dentro e fora, antes e depois, somos somente ação de bondade, de amor sem perguntas de para que, porque, pelo sentido. Estamos tão dentro da ação que nem sequer temos tempo para perguntas e muito menos para respostas. Estamos ali apenas, unicamente, exclusivamente, inteiramente, amando, sendo bons, doando. É transbordamento! Amando, em sendo bons, não sobra tempo para fazer a distinção entre inimigo ou amigo”, lembrou. Segundo o arcebispo de Manaus, “quem está na bondade, é todo bondade, é somente bondade; bendiz não consegue amaldiçoar; reza não vê a calúnia; oferece a outra face. Quem ama, está no amor, é tomado pelo amor, é somente amor, a quem leva o manto entrega também a túnica; dá sem esperar em troca; faz o bem sem saber a quem; ama e não importa a quem. Quem assim está todo inteiro, por completo,…
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Diocese de Parintins: Encontro Formativo do Conselho Missionário Diocesano

Nos dias 21 e 22 de fevereiro de 2025 a diocese de Parintins realizou no Centro de Pastoral Mãe de Deus o primeiro encontro de formação diocesana, organizado pelo Conselho Missionário Diocesano (COMIDI). Foram convocados os párocos e conselhos missionários paroquiais (COMIPAs), sendo abordado a missão dos COMIPAs e do COMIDI. O encontro, que teve a participação do bispo local, dom José Albuquerque de Araújo, foi iniciado com o credenciamento, a missa de abertura e a acolhida e introdução ao tema, que contou com a assessoria de Kennedy Afonso, do Conselho Missionário Regional (COMIRE). Além da reflexão sobre o tema e dos momentos de formação, o encontro foi oportunidade para planejamento das ações missionárias na diocese de Parintins, principalmente da Semana Missionária, e de outros encaminhamentos que irão fazer parte da caminhada do Conselho Missionário Diocesano ao longo do ano 2025. Estiveram presentes todos os representantes dos COMIPAs e também os outros organismos missionários, como a Infância Missionária, da diocese de Parintins. Segundo o padre Ozeias Cativo, coordenador do Conselho Missionário Diocesano, “foi um momento de aprendizado, um momento de conhecimento, para, assim, fortalecermos cada vez mais de forma organizada as ações missionárias e pastorais na diocese de Parintins.”  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Pastoral dos Coroinhas da Arquidiocese de Manaus apresenta novas coordenações

Uma missa presidida pelo assessor arquidiocesano, padre Thiago Alves, concelebrada pelo padre Matias Luna e Helton Luiz Wachholz de Souza, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima acolheu neste sábado 22 de fevereiro de 2025 a apresentação de coordenações dos Setores e da Arquidiocese de Manaus da Pastoral dos Corinhas e agradeceu à antiga coordenação pelo serviço desenvolvido com empenho e dedicação, contribuindo para o crescimento deste ministério. A nova coordenação arquidiocesana está formada por Sílvia Luísa Ramos da Silva, Ian Luíz Rodrigues do Nascimento e Ruan de Lima Silva. Segundo Sílvia Luísa Ramos da Silva, “a Missa de Início do Ano Pastoral dos Coroinhas foi um momento de comunhão e renovação para toda a Arquidiocese.” A membro da coordenação arquidiocesana destacou que “durante a celebração, expressamos nossa gratidão às coordenações anteriores, reconhecendo seu empenho e dedicação ao longo dos últimos anos.” Também vivemos, disse Silvia Luísa, “o envio dos novos coordenadores, que assumem essa missão com entusiasmo e compromisso, prontos para guiar os coroinhas no serviço ao altar.” Finalmente, ela destacou que “a celebração fortaleceu laços, inspirou a caminhada pastoral e renovou o espírito de unidade entre todos os presentes. Foi um tempo de graça, marcado pela alegria do servir e pela perseverança de cada um que faz parte da Pastoral dos Coroinhas.” O padre Thiago Alves disse aos coroinhas presentes que “ser coroinha é muito mais do que vestir uma túnica. É servir com o coração, com amor, com dedicação a Igreja de Manaus e onde estamos, junto de nossas paróquias e áreas missionárias.” Ele mostrou a alegria de iniciar o ano junto aos coroinhas, e lhes pediu “que possamos servir como Jesus nos ensinou: com amor, alegria e disposição.” Para 2025, o assessor arquidiocesano ressaltou o desafio de “servir com alegria, ser exemplo para os outros e mostrar que ser coroinha é uma missão incrível para a Igreja e para mundo.” Para a missão que está se iniciando em 2025, o padre Thiago pediu a benção de Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Arquidiocese de Manaus e Rede de Proteção fiscalizam obra do Centro Integrado de Proteção à Criança e ao Adolescente

A arquidiocese de Manaus, com a presença do arcebispo, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, e do bispo auxiliar, dom Hudson Ribeiro, junto com a Rede de Proteção de Crianças e Adolescentes, visitaram nesta sexta-feira o andamento das obras do Centro Integrado de Proteção à Criança e ao Adolescente, que está sendo construído na capital amazonense, sendo apresentado pela equipe técnica os passos que estão sendo dados na obra. A Rede de Proteção de Crianças e Adolescentes militou muito para a realização deste Centro Integrado, vendo o avanço das obras como a concretização de um sonho que vai se realizando. A coordenadora do Comitê Estadual de Enfrentamento a Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Amanda Ferreira, agradeceu os passos dados pelo poder público e destacou o papel do Ministério Público do Trabalho no impulso de um centro que “vai ser o diferencial do Brasil”, agradecendo a força dada pelo cardeal Steiner no processo, uma labuta de quase seis anos. Ela lembrou que o Amazonas é o terceiro Estado do Brasil em violência contra criança e adolescente. Até hoje, as crianças, elas têm que peregrinar por várias zonas de Manaus para conseguir fazer o atendimento, sendo o Centro Integrado um meio para diminuir o sofrimento delas depois que a denúncia é realizada. Daí a importância de um sonho que “ainda está longe, mas ele começa a sair do chão”, que é fruto da efetivação da política pública para a criança e adolescente, que além de ser garantida, ela tem que ser efetivada. Amanda Ferreira insistiu na necessidade de “lutar por um serviço mais humanizado, mais qualificado, um serviço bom. E esse centro integrado, ele sai com o objetivo disso, de integrar o serviço.” O arcebispo de Manaus destacou que “nós temos a obrigação de agradecer às pessoas da sociedade que tiveram essa visão”, lembrando que “foi difícil convencer, foi uma luta, mas as pessoas não estão interessadas em si mesmas, estão interessadas numa causa, que são as crianças e as famílias, e isso é muito importante para nossa sociedade”, o que possibilitou a construção que está se realizando. O Centro Integrado de atenção às vítimas e testemunhas, crianças e adolescentes, é consequência dos “elevados números de violência sexual, especificamente exploração sexual que o nosso Estado tem e sempre despertou no Ministério Público a necessidade de apoiar e estruturar a legislação que regulamenta o centro integrado, dentre outras coisas”, segundo Alzira Melo Costa, procuradora chefe do Ministério Público do Trabalho. Ela destacou a importância da visita, vendo nela “uma oportunidade para a gente constatar realmente o avanço”, lembrando que “foram muitos anos esperando que saísse, então é um momento de acompanhar e verificar se está sendo executado conforme foi planejado por todas as pessoas.” A procuradora chefe do MPT destacou a participação da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania – SEJUSC e da atual secretária desse organismo para a saída do papel dessa obra. Nesse sentido, ela disse que “realmente, se não houver vontade política, esse serviço não seria executado.” A Secretária da SEJUSC, Jussara Pedrosa Celestino da Costa ressaltou que a execução das obras é a todo vapor, afirmando que o Centro Integrado será entregue no início do mês de maio, tendo a previsão de fazer o Faça Bonito, que é o dia D do combate à exploração sexual das crianças e dos adolescentes, no dia 18 de maio, nesse espaço, para ser um marco mesmo dessa mudança em relação ao governo do Estado do Amazonas. A secretária insistiu em que há uma união mesmo do poder público, sociedade civil, e também da Igreja Católica, sublinhado que todo mundo está trabalhando, em prol de um bem maior, que são nossas crianças e nossos adolescentes. E a união é o resultado do Centro Integrado, fruto da multa do MPT e da vontade política de tirar esse projeto do papel. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1